domingo, 9 de setembro de 2007
MENTES BRILHANTES
Minha crónica do último "Sol":
Todos nós vibrámos com a vitória de Nelson Évora na competição de triplo-salto nos Campeonatos do Mundo de Atletismo e todos queremos vibrar de novo nos próximos Jogos Olímpicos, esperando que ele volte a saltar longe e a ganhar uma medalha. O governo aproveitou – e bem – a ocasião para felicitar o atleta e prometer melhores condições para o desporto nacional.
Mas há outras olimpíadas. Há, por exemplo, as Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática, nas quais jovens portugueses têm participado com êxito crescente. Ora, este ano compete a Portugal a organização das XXII Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática nas quais participam, além de Portugal e Espanha, 20 países da América do Sul e Central. O evento, que terá lugar em Coimbra de 6 a 16 de Setembro, é uma organização conjunta da Sociedade Portuguesa de Matemática e do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra. A prestigiada competição internacional tem-se realizado desde 1985, sendo a primeira vez que tem lugar no nosso país.
É de esperar que o governo manifeste, com a sua presença qualificada, o devido apoio à iniciativa e aos jovens participantes. Infelizmente, tem motivos para se preocupar com a situação da Matemática nas escolas portuguesas: os resultados do seu plano de apoio à Matemática estão à vista – a média do 9º ano desceu! E iniciativas como as Olimpíadas podem ser motivadoras para a mudança que é urgente na disciplina, podendo valer mais do que um plano feito à pressa.
Falou-se muito na ausência do governo na recente homenagem a Miguel Torga em Coimbra, mas era um evento nacional entre outros do mesmo tipo. Agora o evento é internacional e inédito entre nós. Em todas as Olimpíadas deste tipo o governo do país anfitrião tem estado presente ao mais alto nível. Se a Ministra da Educação, que decerto sofre com o desastre da nossa Matemática, estiver nas Olimpíadas Ibero-Americanas, ficará claro o apoio que o governo quer dar à Matemática e aos jovens portugueses que se esforçam por ser os melhores nessa disciplina... Eles são as mentes brilhantes!
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23 comentários:
Francamente, vocês também estão nessa de colocar a Matemática nesse estar de competitividade? Assim não chegamos a lado nenhum!... jamais conseguiremos melhorar o que quer que seja porque o «pior» está já instalado com esta dura e frieza naturalidade (realidade)!
Comparar os campeonatos mundais de atletismo com as olimpíadas ibero-americanas de matemática é um atentado à seriedade e inteligência.Isto, para além, de constituir um insulto aos atletas visado. Contudo, o pior é ainda a ideia que os resultados desta olimpíada (?) deveriam trazer consequências no ensino da matemática.
É com este tipo de pensamento, por parte de quem tem responsabilidade, que a seriedade e importância vital da ciência se vai esfumando. Ridículo.
Concordo em parte com o carlos p, se se pensa que a melhoria do ensino vai lá com campeonatos estamos muito mal. Também o paralelo entre mentes brilhantes e o pobre do John Nash que aparece na fotografia do filme e que infelizmente sofre de esquizofrenia é pobremente infeliz.
Não concordo com o apelo ao governo para se fazer representar. E não é apenas pelo facto de detestar o Sócrates e a quadrilha que nos governa. É porque penso que se o evento pode ter lugar sem a presença do governo, então que se faça sem a presença de representantes do governo. A permanente procura do apoio(subsidiozinho?) governamental é um defeito enraízado no nosso país. E que pessoas de valor, como o Prof. Carlos Fiolhais, têm alguma obrigação de dispensar.
Jorge Oliveira
Eu fui participante nas Olimpíadas Portuguesas de Matemática há alguns anos atrás e quero aqui confessar que foi das melhores experiências intelectuais que tive na vida. Infelizmente não cheguei à final, mas também não tive qualquer treino. Quero apenas deixar claro que, entre as pessoas que conheço, ninguém participou com a intenção de ser o maior mas com o objectivo de se desafiarem a sí própios e terem prazer por algumas horas. Todos eles, agora, são ainda novos e estão em boas empresas e com bons salários. É incrível como um gosto inocente desenvolve capacidades cruciais para a vida adulta. Um bem haja para a Matemática e para os seus entusiastas!
Em algum comentário foi ridicularizada a comparação entre as olimpíadas em Matemática com as olimpíadas clássicas (e físicas). Pois eu não entendo essa atitude. Em ambas é desenvolvida uma actividade de competição ao mais alto nível, em ambas é necessário treino e talento, em ambas é preciso começar-se bem cedo, em ambas é preciso estar-se apaixonado...São até bem semelhantes em muitos aspectos.
As olimpíadas de Matemática, apesar da pouca atenção do público, ainda têm a virtude de atrair pessoas para a tão importante área do saber humano que é a Matemática. Área esta que já se tornou indispensável para a nossa organização enquanto sociedade. Na minha opinião a Matemática só peca por se ter oferecido tão facilmente. Se as pessoas tivessem que lutar pela boa Matemática como lutam pela boa Medicina talvez lhe dessem o valor merecido.
Há muitas pessoas em Portugal que gostam muito de dinheiro e escolhem as suas formações de acordo com isso. Pois aqui vai um exemplo vindo do país mais desenvolvido do mundo. Nos E.U.A. são contratados jovens matemáticos (apenas com licenciatura) para trabalharem em bancos, seguradoras e para o estado com vencimentos líquidos de mais de $100 000 por ano (o que nos EUA significa ser-se rico). Estou a falar de pessoas com 23 anos. É interessante como os matemáticos são valorizados nesta sociedade. Em Portugal já começam a ser...mas essencialmente por empresas americanas. (Sim eu sei, os EUA têm muitas coisas más mas têm muitas mais que são boas.)
Boa sorte para os matletas portugueses nas Olimpíadas Ibero-Americanas deste ano!
João
Até a Bolsa de Nova York procura licenciados para lá trabalhar dando prefercia a quem tenha um doutoramento em Matemática!
Felizmente o anónimo anterior repôs a verdade dos factos. As Olimpíadas da Matemática são uma gota de água do que deveria ser feito. Não há mal nenhum, pelo contrário, numa sã competitividade.
"atentado à seriedade e inteligência" é considerar o atletismo mais importante que a matemática. Toda a gente sabe que a inteligência é produzida pelas pernas...
"Comparar os campeonatos mundais de atletismo com as olimpíadas ibero-americanas de matemática é um atentado à seriedade e inteligência.Isto, para além, de constituir um insulto aos atletas visado. Contudo, o pior é ainda a ideia que os resultados desta olimpíada (?) deveriam trazer consequências no ensino da matemática."
Este comentário é no mínimo infeliz por tudo e mais alguma coisa! Como é a bandeira dos bota-abaixistas que comentaram esta entrada, escolhi-o para deitar abaixo os bota-abaixo.
1. Uma competição é uma competição. Não vejo o que haja de profundamente diferente entre a excelência num campo e no outro. Os países da cortina de ferro sabiam-no e criaram escolas de atletas das diversas modalidades (do xadrez ao triplo salto à Matemática e Física) para fazerem de bandeira da sua sociedade perfeita.
Ideologias e doping à parte, o que interessa é que os que se destacaram eram a ponta do iceberg de um sistema de ensino com as suas virtudes. Paradoxalmente, a sua elite... numa sociedade igual... mas isso é outra conversa!
O que queria dizer e o que queria certamente dizer o Prof. Carlos Fiolhais é que se houver massa crítica e admiração pelo trabalho intelectual (como oposto à ideia que um tipo que gosta de Matemática é um marrão e um anormal), hão-de surgir Nelson Évoras com fartura nas Ibero-Americanas... e no mercado de trabalho!
Ou seja, insulto à inteligência é relativo e tem dois sentidos!
2. Ninguém quer dizer que os resultados da olimpíada tem consequências para o ensino da Matemática. É mais o contrário
O nosso país caracteriza-se pela individualidade, o que tem as suas virtudes. Temos um tecido produtivo que não foi pensado e casos de excelência que só foram possíveis porque algumas pessoas não pensaram que o que se preparavam para fazer era impossível. E não estou a falar das Descobertas, mas de coisas mais recentes.
Ou seja, é bem possível (provável até) que apareça um marmanjo que de repende decida que quer fazer Matemática a sério. Mais: devemos ter centos desses! Mas sem a parte de organização social que nos falta... o destino desses indivíduos excelentes é sairem do país. Porque neste não vingam! E isso não pode ser!
Mais que isso, se as condições para a Matemática (e outros) se alterarem em vez de termos 1 cento de bons matemáticos (e físicos, e químicos, e biólogos, e engenheiros, e economistas...) teremos 100 centos! E podemos ter!
Não temos petróleo, mas temos gente muito capaz! Temos é que os fazer brilhar e não ceder à nossa tentação de fazer quintaizinhos e tentar sufocar os que arrebitam cabelo e tentam suplantar o mestre!
Magda
O Anónimo que só vê no John Nash um esquizofrénico também deveria ir à missinha e rezar pelos seus pecados: um doente mental não é uma doença mas uma pessoa em desiquilíbrio químico e/ou emocional!
Além de tudo, no filme (não li a biografia, pelo que não sei até que ponto é fiel) uma frase importante foi: "Eu sou Matemático! Eu resolvo problemas". O John Nash, com a sua capacidade lógica, foi capaz de ver que estava a perder o juízo e o que ia fazer acerca disso (e fez porque pôde!).
Daí que classificá-lo como "um esquizofrénico", além de cruel é ignorante e arrogante! Tomara a muita gente a lucidez daquele homem que ainda hoje vê coisas que sabe que não existem!
Cara Magda:
Aquilo que fala no ponto 2 nada tem a ver com quaisquer olimpiadas ibero-americanas de matemática. Aquilo de que fala - a criação de escolas de pensamento - é um problema muito antigo em Portugal. Tem havido portugueses geniais ao longo da história. Mas estes nunca criam escolas. O mestre vai-se, o seu pensamento morre. Há várias razões para esse fenómeno. É complexo. Mas, uma das principais é o academismo Português. O mestre não é contestável, o mestre não tem que ser cooperante, e os alunos do mestre são, quase sempre, muito maus. É aqui que se secam as gerações.
Provas como olimpiadas da matemática existem há décadas e baseiam-se não no conhecimento disciplinar, mas na capacidade de resolver problemas fazendo uso da inteligência e de meia dúzia de conhecimentos básicos. Pelo que, uma melhor escolaridade não se traduz num resultado melhor. A prova disso mesmo é que, por vezes, os portugueses têm excelentes resultados neste tipo de olimpiadas.
Quanto ao primeiro ponto. As ditaduras têm como hábito o culto dos desportos e da sua representação exterior. Têm que mostrar resultados e a sua superioridade. Se olharmos para o caso cubano vemos até que ponto isso pode ser levado a extremos. Um povo com escolariedade garantida e de alguma qualidade. Um povo refém de si mesmo. Um povo com atletas de top. Um povo com fome.
A nós - creio - não nos interessa ir por aí.
Um atleta de alta competição não é alguém que, por acaso, começou a fazer umas corridinhas (por exemplo). Pelo contrário, é fruto de toda uma vida de trabalho e, por conseguinte, tem tanto mérito quanto alguém que passou uma vida de estudo, ou alguém que passou um vida inteira a trabalhar um instrumento musical. A inteligência é um bem maior. Mas fazemos mau uso dela se acharmos que os que usam, superiormente, as pernas, ou os braços, ou a voz, são comparáveis áqueles que começaram agora a usar cabeça.
Este é, precisamente, o tipo de arrogância que tem impedido a criação das escolas de pensamento em Portugal.
Carlos
Discordando, concordamos. Essa dos mestres é muito complicada e muito simples: tem que haver investimento nas gerações futuras, como oposto a um culto do mestre e um trabalhar para o mestre porque isso é adquirido.
Pior que isso, há por vezes um canibalismo do trabalho do aluno em favor do mestre. E quando não interessa ou não é suficientemente submisso, deita-se o aluno fora. É melhor deixar a designação de "mestre" e dar-lhe o nome: professor catedrático ou aspirante a!
Conheço casos demais de mentes brilhantes que foram descartadas porque não eram suficientemente dóceis! E o inverso: pessoas pouco acima de mediocres ou simplesmente medianas mas dóceis e mais ou menos trabalhadoras a ficarem com lugares que não lhes eram destinadas.
Entretanto outros que não podem passar sem os tais apoios do estado (porque a Ciência pura e dura não se pode fazer propriamente num barraco) ou vão dar aulas de vão de escada ou saltam para o estrangeiro. Empurrados não por deficiências estruturais ou atrasos de qualquer tipo mas por lutas de egos em que só há um vencedor à partida. O tipo de atitude que se fosse tomado por um empresário com a 4ª classe seria apelidado de muita coisa muito pouco simpática, mas como vem de um professor catedrático... é académico! E é assim! Porque sempre assim foi!
Continuo a defender as olimpíadas como a face visível de um sistema de excelência. Um pouco como o Nélson Évora e o Francis Obikwelu são a face visível de um sistema organizado de gosto e prática do desporto que culminam em medalhas. O caso do Obikwelu é paradoxal porque ele não é português de origem mas de adopção. E adoptou-nos porque lhe demos condições! Porque não chamar outros atletas, mentes brilhantes, de origem lusa e não só? Mas para isto concordo: é preciso muito mais que umas olimpíadas da Matemática!
Desculpem, esqueci-me de assinar, mas o meu perfil nos meus blogues indica claramente quem sou.
Magda Sá
Eu defendo que as Matemáticas e qualquer tipo de Ensino em Aprendizagem não tem de passar forçosamente pela Competição. E até porque, tudo o que diga respeito ao Educar jamais passará por competições ou qualquer tipo de competição. Só que agora entrou-se numa moda deveras alucinante muito à estilo político-economicista de sucesso imediatista, de que temos de competir por tudo e por nada, com tudo e com todos, mais parecemos uns selvagens sempre a ver onde é que está o melhor e a querer-se ser o melhor a todo o custo, para se poder espezinhar o pior. É de tal forma assustador que não se fala aqui da grande importância da Matemática que quanto a mim é crucial para o desenvolvimento dos seres humanos e por isso sentir ela até está inteiramente associada à Música, à Poesia, à Pintura, à Dança, ao sensível, isto é as Artes, o Artístico e todas as manifestações artísticas “alimentam-se” da Matemática... Agora andar a vermo-nos no melhor e no pior pela Competição, ou fazer jogos ou concursos para as triagens vangloriosas, não me agrada de todo, nem mesmo um pouco.
Por isso se apreenderem que se irá aprender melhor a Matemática associando-a à Competitividade e a competições creio que assim se afastará ainda mais dos objectivos do quanto a Matemática é crucial para a Vida do Ser Humano em todas as suas extensões do Pensamento e do Sentir.
E agora esquizofrenicamente há quem aprenda Matemática e valorize a Matemática para se ganhar depois, muito dinheiro, muito dinheiro a ser-se rico logo, logo aos 23 anos e até são contratados para isto para aquilo e para aqueloutro em cargos poderosos… Todos querem ser exclusivamente bem sucedidos a tornarem-se assim nesta prepotente ânsia em qual Futuro… Que estar perverso de se ver na Matemática em que guerra e luta por tanta pequenez de se verem vendidos à priori. É esgotante!
É que a Matemática é de fácil entendimento se dermos espaço e tempos em seus aprendizes, mas todos todos, embora cada um em seu tempo (timing) poderá aprender Matemática ou aprender com a Matemática. E por isso discordo por inteiro que se leve estas aprendizagens por estas formas e meios (de competições) que são completamente desmotivadores a induzir ainda mais a classificadores de afastamento e até repulsa e auto-renúnica, desenvolvendo ainda mais exclusão e desinteresse para com a Matemática.
Se quiserem façam lá as tais competições que entenderem, agora fazer disso algo que é indispensável para ser tido de exemplo, não concordo, muito pelo contrário, pois estão a negativizá-la ainda mais, e por isso o meu comentário inicial de grande indignação!
Alice
Aha! A Alice é uma "eduquesa"
É daquelas que defendem o que ia estragando a minha geração de alunos: tem que se gostar! Não se pode pôr os meninos a memorizar! Aprender é um prazer!
Aprende é um prazer, mas não só! A Matemáfica não é "de fácil entendimento"! A Matemática implica horas de estudo, como tudo! Não é um prazer imediato! Para prazer imediato dá-se charros aos alunos! Correr e saltar também são um prazer, mas o Nelson Évora e o Francis Obikwelu não sentem esse prazer intenso nem imediato todos os dias.
O que se tem é que motivar para a fruição deste prazer a médio/longo prazo! Como se motiva um atleta de alta competição ou amador! A competição é um dos incentivos para alguns espíritos mais dados a estes desafios. Não é para todos e não é nada de absoluto.
Em relação a "[a Matemática] (...)quanto a mim é crucial para o desenvolvimento dos seres humanos e por isso sentir ela até está inteiramente associada à Música, à Poesia, à Pintura, à Dança, ao sensível, isto é as Artes, o Artístico e todas as manifestações artísticas “alimentam-se” da Matemática"... nunca ouvi um disparate tão grande! Quer dizer, até já ouvi, mas normalmente nos discursos eduqueses já aqui tratados. E dou-lhes a mesma importância!
E sem mais a não entrar nesse seu estar de equivocada, aqui a «eduquesa» em que eduquês é você, Magda!!!
Cara Alice:
Que mal lhe pergunte, está contra todas as formas de competição, ou contra a competição cega e selvagem? É que "eduqueses" à parte, acho um erro pensar que não é preciso algum tipo de meritocracia!
Cumprimentos,
José Manuel Oliveira
Não é correcto comparar o desporto ou o trabalho em empresas em suas competitividades, com o Ensino! É que Ensinar ou Aprender e em que Aprendizagem é de uma outra responsabilidade e não passa, repito, por processos de competitividade e se passar é grave, gravíssimo até!… Agora não queiramos chamar à selecção ou auto-selecção que é feita ao relativo à meritocracia que diz pois respeito ao que é tido ou designado de avaliação ou auto-avaliação. E uma avaliação no ensino obrigatório, e porque o Ensinar diz respeito ao Educar, e assim a avaliação numa sala de aula por um professor para com seu(s) aluno(s) durante as aulas, no fim de um período, e no final do ano e em seus exames, nada terá a ver com a competitividade. Convenha que não se confunda competição e avaliação. E até Pierre Lévy preocupado com o que se está a passar com o que é tido de competitividade, acabou por arranjar uma outra designação para a competição na investigação e ensino e que é a «competitividade cooperativa», mas que eu também não aprecio. É que quem avalia e quem está a ser avaliado numa Escola e ou no Ensino, jamais terá a ver com qualquer tipo de competição ou competitividade. Pois Competição, dirá sempre respeito a um jogo para qualificar o Melhor em seus participantes que por interesses e ou iniciativa própria entraram nesse mesmo jogo. É que tudo o que diz respeito à competição tendencialmente ou forçosamente indicia perversidades. Pois Competição sabemos muito bem quais as suas significações e ao que nos poderá levar de pouco benéfico se somente a ele estivermos associados. E aí é que eu me insurjo a afirmar que não se pode levar para a sala de aulas essa ideia de competição, pois assim não conseguiremos ir ao encontro do que é o verdadeiro interesse do Ensinar, do Aprender e do Educar, pois nos processos de aprendizagem, terão de ser considerados outros processos que não os da competitividade mas sim os da criação e da criatividade para que a descoberta e o talento se efectivem com toda a naturalidade, e só possível se incentivado na sala de aula por essa mesma avaliação, mas num trabalho mútuo, árduo de grande rigor e numa consciente co-responsabilização entre professor e aluno e se possível ainda com a colaboração ou conhecimento e até apoio e acompanhamento dos respectivos pais, irmãos, avós ou encarregados de educação, mas para isso terão de existir estímulos para que o aproveitamento e essa responsabilização se conjuguem de uma forma eficaz e harmoniosa e por isso penso que se possa associar todas as matérias e aqui a dar como exemplo o citado neste post, a Matemática com as outras áreas do Artístico, exemplo com a Música… Já repararam o quanto é difícil saber a conseguir escrever e compor música??? E perceber o quanto existe de matemática na Música e assim como a Matemática é feita de uma encantadora melodia musical??? Bem mas isso não interessa agora aqui, pois…
E também tenho a dizer que eu não venho para aqui arranjar soluções mas posso afirmar que só conseguiremos lá chegar e a sermos todos Melhores, se criarmos formas de entendimento para que possamos aprender com as experiências e os exemplos uns do outros e para que essas soluções surjam o mais rapidamente possível adequadas às problemáticas existentes. E porque já se faz tarde demais. É que senão, andamos a aprender para copiar num estupidificante mimetismo que nos torna cada vez mais mesquinhos e desinteressantes e a tentar adquirir competências para competir num círculo vicioso a sermos cada vez piores, doentios e maus uns para com os outros. E quanto a mim não é isso que me interessa para o Futuro que se nos tem avizinhado tão dolorosamente assustador…
Muito mais teria a dizer, mas por agora termino.
Muito obrigada José Manuel Oliveira pela questão que me colocou, esperando que de alguma forma possa ter-lhe respondido.
Com os meus sinceros cumprimentos
Alice
Alice
Sim, o meu nome é Magda. Não é preciso gritá-lo. Ou por outra, agradeço que o tenha feito porque mostrou a sua irritação e a sua falta de razão.
Agradeço ainda o ter feito imensas frases sem sentido à vista, revelando assim a eduquesa que é.
Agradeço mais uma vez pela salada russa que fez com (poucos, diga-se) palavrões eduqueses. Repito: você é uma teórica que quer trazer para o mundo real pesadelos de teorias de educação. Muito se tem falado neste blogue contra esse tipo de coisas.
Muito agradecida: deu cabo da sua própria argumentação. Ainda bem, porque não me apetecia estar a fazê-lo!
Magda (sem berrar, que eu ouço bem)
Madga não seja tão precipitada!
Alice
Eu não sou precipitada, mas de facto não estava nos meus melhores dias. Mas você não se faz favores nenhuns. E enganou-se a escrever o meu nome e ainda o escreveu a negrito, como se o gritasse!
O que me interessa mesmo é que discordamos frontalmente em relação a uma série de coisas muito mais sérias. O prazer da Matemática e a arte na Matemática vêm DEPOIS de se suar muito a fazer coisas sérias.
Nesse aspecto sou insuspeita porque abracei o origami, uma arte que toca a Matemática. E porque é que me dediquei ao origami? Por prazer puro e simples! Pela beleza! Estou a tentar transmitir essa beleza e esse prazer aos meus sobrinhos e primos pequenitos, mas lembrando sempre que há um trabalho de fundo associado.
O origami tem mais uma vantagem: obriga a saber que há um caminho, não só um fim. Mas não se iluda: pode fazer muitas teorias acerca da beleza e o diabo a sete da Matemática, mas isso são ensaios académicos. O que os putos precisam é que de vez em quando lhes lembrem que há de facto muita beleza no saber (a Matemática, parecendo que não, não é o único ramo do saber), mas que é preciso disciplina e que se deve incentivar a excelência!
Não tenho mais a quem culpar senão a mim mesma por causa do extremo da competição que foram e são alguns regimes ditatoriais. Até nisso o nosso era uma porcaria: promovia a ignorância, que é mais fácil de controlar. Mas deixo isso para quem sabe mais que eu.
Uma última coisa: andou aqui à volta de teorias disto e daquilo (quando andou e não andou só a picar-me) e não comentou casos concretos que lhe apresentei e não desenvolvo mais porque envolve a privacidade de pessoas que não eu! mas quem se quiser dar ao trabalho, é só fazer umas continhas de cabeça e consultar processos da FCT e seguir licenciados nas Faculdades deste país.
Ou seja, voltei a chamar-lhe teórica, o que para mim é um relativo insulto!
Olá Alice!
Antes de mais nada, muito obrigado pela resposta.
Diz que "ensinar ou aprender não passa (...) por processos de competitividade e de passar é grave, gravíssimo até!" Concordo consigo. O ensino não se pode basear somente na competição. Mas também é preciso que se veja que os melhores têm de ser recompensados, sob pena de cairmos numa ditadura de igualdade, e, assim, em vez de se conseguir o escreveu num post no seu blog sobre Nietzsche e a educação, conseguimos somente o contrário que é a ditadura da igualdade. Estive há tempos a ler um artigo interessante de filosofia da educação sobre o pensamento dele, e tomei a liberdade de lhe enviar para o e-mail. Espero que não se importe...
"Pois Competição, dirá sempre respeito a um jogo para qualificar o Melhor em seus participantes que por interesses e ou iniciativa própria entraram nesse mesmo jogo." Nem sempre é preciso um jogo, para que haja competição, como viu Nietzsche. Lembre-se que para ele toda a vida era uma luta constante de "vida ou morte" e quem não se superasse a si mesmo não era digno...
Diz também que os processos de ensino e de aprendizagem são os processos da criação e da criatividade. Também, mas não só! Criatividade sem bases de conhecimento solidamente construídas dificilmente terá um bom resultado... É como dizer que Mozart foi um grande compositor simplesmente porque tinha um dom fenomenal; e que só isso bastou.
"Já repararam o quanto é difícil saber a conseguir escrever e compor música??? E perceber o quanto existe de matemática na Música e assim como a Matemática é feita de uma encantadora melodia musical???" Tanto a música como a Matemática se baseiam, tanto quanto aprendi, em regularidades. Por isso é que já Platão via grande semelhança entre as duas actividades. E aqui se coloca os mesmo problema que falei atrás sobre as bases sólidas.
Mas numa coisa eu repito que a Alice tem toda a razão: ensinar só com o intuito de ganhar muito dinheiro, é uma visão muito fraca do que é o ensino. Do mesmo modo, acrescento eu, que educar só para a criatividade -- o que constitui o reverso dessa medalha -- também não é a melhor forma. E a principal razão é encararmos o ensino, o saber ou o conhecimento como instrumentos para alguma coisa. Neste aspecto, a visão pragmática está sempre presente!
Como propõe Quintana Cabanas, devemos tentar uma síntese ou um compromisso entre as várias vertentes, para que as pessoas possam adquirir o gosto pelo conhecimento, não para usá-lo numa qualquer actividade, por mais bonita ou produtiva que ela seja, mas para valorizar o conhecimento em si mesmo. É isto que para mim constitui a educação...
Um abraço,
José Manuel Oliveira.
Magda (e deixando para lá os seus ataques e más disposições que afinal e jamais poderia ser iniciados por mim) tenho a dizer que ao se discutir frontalmente um assunto, não se entra logo a «rotular» tudo e todos sem se conhecer os factos que estão por detrás do que o «outro» afirma ou afirmou… E parece-me que foi o seu caso.
Primeiro «rotula-me» de “eduquesa”: (É daquelas que defendem o que ia estragando a minha geração de alunos: tem que se gostar! Não se pode pôr os meninos a memorizar! Aprender é um prazer! )
E depois em seus comentários parece que a sensibilidade para si até não interessa para nada:
Em relação a "[a Matemática] (...)quanto a mim é crucial para o desenvolvimento dos seres humanos e por isso sentir ela até está inteiramente associada à Música, à Poesia, à Pintura, à Dança, ao sensível, isto é as Artes, o Artístico e todas as manifestações artísticas “alimentam-se” da Matemática"... nunca ouvi um disparate tão grande! Quer dizer, até já ouvi, mas normalmente nos discursos eduqueses já aqui tratados. E dou-lhes a mesma importância!
E neste último comentário que deixou, até interessa afinal a sensibilidade:
Nesse aspecto sou insuspeita porque abracei o origami, uma arte que toca a Matemática. E porque é que me dediquei ao origami? Por prazer puro e simples! Pela beleza! Estou a tentar transmitir essa beleza e esse prazer aos meus sobrinhos e primos pequenitos, mas lembrando sempre que há um trabalho de fundo associado.
Ataca os outros dependendo das marés em que está, assim como se consegue entrar em diálogo consigo? E porque eu não sou psicanalista nem aprecio os que de ambas as partes se refugiam nestas teorias, e por isso não tenho de ir ao encontro do seu pensar a responder-lhe no seu tom compulsivamente conflituoso e prepotente ou a ter pena de si, mas sim limitei-me aqui a discordar neste post do assunto em questão e a expor o porquê da minha discordância.
E depois ainda escreve: Mas não se iluda: pode fazer muitas teorias acerca da beleza e o diabo a sete da Matemática, mas isso são ensaios académicos.
Sabe do que está a falar??? Com certeza que não!!! Mas quem é você para vir para aqui dar conselhos se se está a desdizer constantemente. Sabe se são ensaios académicos??? Não!!! Então não se precipite Magda (agora sem erros e sem os tais“gritos” escritos que ouve)!!!
E ainda sobre isto que escreveu: Uma última coisa: andou aqui à volta de teorias disto e daquilo (quando andou e não andou só a picar-me) e não comentou casos concretos que lhe apresentei e não desenvolvo mais porque envolve a privacidade de pessoas que não eu! mas quem se quiser dar ao trabalho, é só fazer umas continhas de cabeça e consultar processos da FCT e seguir licenciados nas Faculdades deste país.
Se ler o que escrevi verá bem que não a insultei uma única vez, mas você fê-lo com toda a zanga e fúria que lhe apraz!!! Mas sobre esta última parte é que nos devíamos de debruçar com muita atenção, nestes licenciados e cursos feitos para a competitiva vida que muitos acham (e porque foi isso que aprenderam convenientemente) que se deve de levar e por isso a paupérrima situação em que está a Educação do nosso país.
E para reflexão a estarmos atentos deixo este meu link: >>> O inapto relatório para o Ensino da Educação Artística
Cumprimentos
Alice
Alice
Cometi o erro de dizer que andava mal disposta e lá vem sua excelência a atribuir o que escrevi a isso sem reparar no que escrevi. Escreveria mais ou menos do mesmo modo se tivesse ganho o euromilhões sozinha e com jackpot de 9 semanas, fique a saber. Os eduqueses irritam-me todos os dias, várias vezes ao dia, fica a saber!
Não tenho mais a acrescentar ao que escrevi acerca deste assunto (o que teria não teve eco, por isso fico por aqui mesmo) e assino por baixo o que escreve com toda a educação e elevação o José Manuel Oliveira. Com muita mais categoria que você! Não quero transformar isto numa luta de egos que não interessa ao menino Jesus nem à vaquinha do presépio. E que os autores e comentadores deste blogue não merecem.
Não vou ler o seu blogue e agradeço que desinfecte dos meus porque não me interessa conversar consigo se a sua atitude é esta! Se mudar de atitude, é benvinda, mas não antes. Não há factos que a convençam, pelo que a conversa está morta à partida.
Eu não fui mal educada nunca. Você não foi formalmente mal educada, mas não vou discutir o que você foi. Só acrescento que para quem filosofa tanto, está uns furos abaixo do que possivelmente pretende.
Quanto aos rótulos, parece que a carapuça lhe serviu na perfeição. E tenha mais cuidado a dizer que os outros é que rotulam quando faz o mesmo. E, repito, com pouca categoria.
Pode berrar o meu nome (que é bem bonito e eu gosto) o que quiser, com e sem erros ortográficos: consigo a conversa acabou! Passe bem!
José Oliveira
Detesto ter mais a acrescentar quando é para dizer mal do que para dizer bem. Mas na verdade concordo consigo em quase tudo e da maneira como o exprime: com elegância e serenidade! Eu sou mais apaixonada na forma como me exprimo e por vezes sou mal interpretada.
Mas agora estou de saída para o almoço, pelo que não tenho tempo para comentar mais! Mas volto a agradecer a serenidade e a visão deste problema.
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