terça-feira, 11 de setembro de 2007

Avaliação moderna

Mais uma anedota que circula na Web:

A. Exercício:

6 + 7 = 18

B. Análise:

A grafia do número seis está absolutamente correcta;

O mesmo se pode concluir quanto ao número sete;

O sinal operacional + indica-nos, correctamente, que se trata de uma adição;

Quanto ao resultado, verifica-se que o primeiro algarismo (1) está

correctamente escrito - corresponde ao primeiro algarismo da soma pedida. O

segundo algarismo pode muito bem ser entendido como um três escrito

simetricamente - repare-se na simetria, considerando-se um eixo vertical!

Assim, o aluno enriqueceu o exercício recorrendo a outros conhecimentos... a

sua intenção era, portanto, boa.

C. Avaliação:

Do conjunto de considerações tecidas nesta análise, podemos concluir que:

A atitude do aluno foi positiva: ele tentou!

Os procedimentos estão correctamente encadeados: os elementos estão

dispostos pela ordem precisa.

Nos conceitos, só se enganou num dos seis elementos que formam o exercício,

o que é perfeitamente negligenciável.

Na verdade, o aluno acrescentou uma mais-valia ao exercício ao trazer para a

proposta de resolução outros conceitos estudados - as simetrias... -

realçando as conexões matemáticas que sempre coexistem em qualquer

exercício...

Em consequência, podemos atribuir-lhe um...

...."EXCELENTE"...

14 comentários:

Anónimo disse...

E não é que o «eduquês» é mesmo isto!
abraço
Rolando A

Carlos Medina Ribeiro disse...

Há uma anedota semelhante:

- Quanto é metade de 8?

- Aritmeticamente, é 4. Mas, graficamente, tanto pode ser 3 como 0; depende se se corta ao alto ou à largura.

Anónimo disse...

Mais um clássico:

(1/n)sin x = six = 6

A resolução do problema é fácil: basta cortar os "n's"!!

A. Marques

Anónimo disse...

A caricatura pode ser cruel e exagerada como todas as caricaturas, mas é justíssima. Basta compará-la com as «folhas de critérios» emitidas pelo GAVE

Anónimo disse...

Pois o josé luis tirou-me a gave da tecla! por este andar ...deixa de ser anedota e passa a realidade.

pedro oliveira
vilaforte.blog.com

Anónimo disse...

Este post e os seus comentários encontram-se incompletos por abordar, apenas, embora com muita verve, a avaliação dos alunos sem ter em conta uma nova realidade: a avaliação dos professores.

Pelo que se diz, a ironia é a forma mais corrosiva de criticar os costumes sociais. E se, para Jean Cocteau, “não é sério o homem que não ri”, ponhamos os responsáveis pelo estado caótico a que chegou o ensino em Portugal a rir (ainda que com um riso amarelo!) para que a seriedade possa regressar a este rectângulo europeu assolado pela iletracia. Esta uma tentativa que tenho como falhada, mas bolas sempre é uma tentativa!

Numa réstia de esperança de vegonha nacional por parte dos seus responsáveis, aqui deixo, extraído do “Portal das Curiosidades”, as 4 Fases do Ensino em Portugal (entretanto, tremamos como varas verdes pelo que ainda possa vir a acontecer numa 5.ª fase):
- 1ª fase (antes de 1974) : O aluno ao matricular-se ficava automaticamente chumbado. Teria de provar o contrário ao professor.
- 2ª fase (até 1992) : O aluno ao matricular-se arriscava-se a passar.
- 3ª fase (actual) : O aluno ao matricular-se já transitou automaticamente de ano, salvo casos muito excepcionais e devidamente documentados pelo professor, que terá de incluir no processo, obrigatoriamente um “curriculum vitae” extremamente detalhado do aluno e nalguns casos da própria família.
- 4ª fase ( em vigor a partir de 2007) : O professor está proibido de chumbar o aluno; nesta fase quem é avaliado é o próprio professor, pelo aluno e respectiva família, correndo o risco quase certo de chumbar…

Anónimo disse...

no mundo digital 8 pode ser considerado como a junção de E e 3, isto é 8 = E e 3 se considerarmos a representação num "display de uma máquina de calcular com os seus traços verticais e horizontais".
Sendo assim, a soma 6+7 = 1 E 3 onde E teria o poder de aglutinar o 1 com o 3. A junção entre 1 e 3 é 13. Está correta a soma!
Valmir Brasil - SP

Anónimo disse...

Perdoem-me se revelar aqui alguma irreverência face à condenação normal de uma situação destas, mas julgo que o interesse da situação trascende a operação matemática em si ou os motivos do erro da soma.
O nosso modo de aprender e ensinar, faz-nos acreditar que seja um absurdo dar um excelente ou granjear positivismo a respostas desta natureza, mas pergunto-me até que ponto não é legítimo para uma aprendiz, arricar respostas menos óbvias ou erradas do ponto de vista matemático, que revelem outras valências de que um teste/avaliação de matemática parece estar condenado a excluir.
É a problemática da divisão temática das aulas.

Marcelo Melo
www.3vial.blogspot.com

Anónimo disse...

Anedota?!Nem por isso!
E se fosse Calor = massa + capacidade calorífica + variação da temperatura, em que na fórmula correcta o sinal é X. Deve ter sido esta a argumentação utilizada por quem ordenou considerar que um exercício que use esta fórmula esteja correcto.
Isso aconteceu nos exames de Física e Química A deste ano.

Luis Correia disse...

E há também esta:

Ensino de 1960: Um camponês vende um saco de batatas por 100 escudos. As suas despesas de produção elevam-se a 4/5 do preço de venda. Qual é o seu lucro?

Ensino tradicional de 1970: Um camponês vende um saco de batatas por 100 escudos. As suas despesas de produção elevam-se a 4/5 do preço de venda, ou seja 80 escudos. Qual é o seu lucro?

Ensino moderno de 1970: Um camponês troca um conjunto B grande de batatas por um conjunto M de moedas. O cardinal do conjunto M é igual a 100 e cada elemento b de M vale um escudo. Desenha 100 pontos que representem os elementos do conjunto M. O conjunto C dos custos de produção compreende menos 20 pontos que o conjunto M. Representa o conjunto C como um subconjunto de M e responde à seguinte pergunta: qual é o cardinal do conjunto L do lucro (escreve-o a vermelho)?

Ensino renovado de 1980: Um agricultor vende um saco de batatas por 100 escudos. Os custos de produção elevam-se a 80 escudos e o lucro é de 20 escudos. Trabalho a realizar: sublinha a palavra "batatas" e discute-a com o teu colega de carteira.

Ensino reformado de 1990: Um kanpunez kapitalista privilejado enriquesse injustamente em 20 eskudos num çaco de batatas, analiza u testo e procura os erros de kontiudo, de gramatica, de ortugrafia, de pontuassão e em ceguida dis o que penças desta maneira denriquesser.

Anónimo disse...

Marcelo Melo,
não tenho a certeza se compreendi bem o seu comentário, mas face ao problema colocado no post, só existe uma correcção possível: está incorrecto. E não existe nada de mais pedazgógico e genuinamente humano do que dizer a um aprendiz que está errado e mostrar-lhe porquê. Tudo o que vai em contrário disto não é pedagogia, mas uma magia qualquer sem bons resultados.
Rolando Almeida

Anónimo disse...

Marcelo Melo,
não tenho a certeza se compreendi bem o seu comentário, mas face ao problema colocado no post, só existe uma correcção possível: está incorrecto. E não existe nada de mais pedazgógico e genuinamente humano do que dizer a um aprendiz que está errado e mostrar-lhe porquê. Tudo o que vai em contrário disto não é pedagogia, mas uma magia qualquer sem bons resultados.
Rolando Almeida

Anónimo disse...

Parece-me o tipo de lógica essencial para perceber o "Código de DaVinci" e revelar o segredo dos templários ou outros problemas "absolutamente relevantes" q a sociedade dos nossos dias nos põe. É como n saber de computadores, éme-éme-esses, uaifais (acho q em estrangeiro se escreve WiFi's), etc. É um "upgrade" absolutamente essencial que pode decidir se somos dignos de pertencer à sociedade do sec.XXI. Quem não o fizer fica de fora. Depois n há a desculpa que é do "xistema"

Anónimo disse...

Esta anedota teria muita piada se não passasse disso, apenas uma anedota. Infelizmente os professores são obrigados a "passar", com 7 negativas alunos que brincaram o ano todo, insultaram, destruiram, etc...
O objectivo é evidente, embora ainda haja quem acredite que Novas Oportunidades e afins são positivas, melhorar estatísticas. não imaginam ao que os professores são obrigados a fazer, pressionados contra a parede, ou talvez o penhasco da avaliação....
Pronto, para mim é óbvio que a minha sanidade mental já esteve melhor, perante o actual cenário como estarei daqui a 20 anos neste ambiente? Se lá chegar...

Do século das crianças ao século de instrumentalização das crianças

Muito em virtude do Movimento da Educação Nova, iniciado formalmente em finais de 1890 e, em especial, do trabalho de Ellen Key, o século XX...