sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O TRIUNFO DO SER HUMANO


Excerto do final de "Quem Nos Faz Como Somos", último livro de J. Pio Abreu (Dom Quixote, 2007):

Paradoxalmente, a mais desprotegida produção da natureza acabou por sair vencedora. Ninguém daria nada por esse ser frágil e precocemente nascido, pouco energético e mal armado, que terá tentado a avenrura da água para logo se estabelecer em terra. Rodeado de adversidades, deambulou, aninhou-se e virou-se para os seus próximos; procurou contactos, cooperou e lutou, estabeleceu linguagens comuns, enfrentou línguas desconhecidas, alcançou consensos e também se desentendeu; adaptou a natureza aos seus desígnios e, enquanto o fazia, melhor a conhecia; incorporou os outros e aquilo que produziu na forma de identidades; fez alianças e decretou guerras, ajudou e recebeu ajuda, usou muitos em seu proveito e serviu outros fervorosamente, destruiu e construiu, aventurou-se em realizações impossíveis à partida. Fez o pior e o melhor que se possa imaginar, mas, com altos e baixos, acabou por criar regulações culturais que permitem a sobrevivência do maior número dos seus semelhantes.

Nascido do paradoxo, o animal humano não cessa de o enfrentar. Eternamente insatisfeito, sonha futuros impossíveis mas desejáveis e, não desistindo de os tentar, acaba por realizá-los. Que se saiba, foi assim com Keops, Abraão, Buda, Jesus Cristo, Leonardo Da Vinci, o Infante Dom Henrique, Thomas, More, Júlio Verne. Para o conseguir, criou um palco de observações, ensaios, demonstrações e refutações que chamou Ciência. Hoje, o animal humano domina a energia, voa, vive debaixo de águou no espaço, atinge os outros planetas, vence a distância, comunica-se instantaneamente, faz da noite dia e cria mundos virtuais. Fruto da vida, ele domina já a vida na sua génese, fazendo num ápice o que a a natureza fez em milhares de milhões de anos. Chegou ao fundo da vida pelo conhecimento do gene, e ao fundo da matéria pelo conhecimento do átomo.

2 comentários:

Fernando Martins disse...

É favor corrigir a gralha no título...

Anónimo disse...

É favor corrigir TODAS as gralhas...

35.º (E ÚLTIMO) POSTAL DE NATAL DE JORGE PAIVA: "AMBIENTE E DESILUSÃO"

Sem mais, reproduzo as fotografias e as palavras que compõem o último postal de Natal do Biólogo Jorge Paiva, Professor e Investigador na Un...