quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Sobre o ritmo do tempo


Partilhamos uma das mais interessantes mensagens de fim de ano que recebemos. Veio do jornalista estudioso do tempo Fernando Correia de Oliveira:

"A vida tem na aldeia um ritmo que a cidade nunca poderá entender. Cada compasso, aqui, dura um ano certo. Porque se mata o porco só pelo Natal, se os salpicões ficam salgados passam-se trezentos e sessenta e cinco dias a repetir:
- Os salpicões ficaram salgados.
A correcção apenas se poderá fazer no ano seguinte. Cada semente que a mão lança à terra, cada árvore enxertada, cada lagar de vinho, prendem o homem a um pelourinho de expiação, de doze meses. Desde que haja engano numa realização, só na próxima sementeira, época ou colheita se poderá retomar a liberdade, para de novo semear, enxertar e pisar -- e apagar da própria lembrança e da dos vizinhos o erro vital cometido."
Miguel Torga - Diário IV

Nesta época de tradicional regresso às origens, às raízes, votos de Boas Festas. Siga o seu ritmo, seja ele qual for.

Fernando Correia de Oliveira

2 comentários:

UNIVERSIDADE MAIS PÚBLICA: UMA ESTRATÉGIA DE INGRESSO AO ENSINO SUPERIOR disse...

Gostei do conteúdo do seu Blog.

Gerson Machado de Avillez disse...

Para mim estes são ritmos dentro dos ritmos, do qual acredito haver simplesmente algo mais fino e impercetivel a estas medidas mas talvez ligue-se aquela sensação de que o tempo está passando mais rápido, frequências dos quais os mesmos equipamentos e medidas estão presos assim como nós. O Senso comum e cientifico negará, pois não que esteja errado a mesma ciência que mede o tempo está presa aos parametros de compassos resultantes não concausuais.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...