sexta-feira, 28 de setembro de 2007
A CAÇA À CULPA
Minha crónica do "Público" de hoje:
Houve recentemente um grande coro de protestos porque os radares colocados em várias artérias da cidade de Lisboa estavam a registar demasiadas infracções. Em resultado, os limites de velocidade passaram nalguns sítios de 50 quilómetros por hora para 80 quilómetros por hora, um aumento de mais de 50 por cento. Tal mudança encorajará decerto algumas vozes que se têm levantado contra o limite de 120 quilómetros por hora nas auto-estradas nacionais.
A mensagem emitida vai no sentido errado. Em Portugal há desde há muito tempo um grave problema de sinistralidade rodoviária. Nas estatísticas de acidentes e de vítimas de acidentes estamos, na Europa, no grupo da frente. Apesar de, nos últimos anos, ter havido alguma diminuição dos acidentes nas estradas, essa tendência não continua no corrente ano. Os números são aterradores: de 1 de Janeiro a 2 de Setembro de 2007 registaram-se 551 mortos, 2070 feridos graves e 28.167 feridos ligeiros, com o recorde distrital em Lisboa. É como se uma epidemia matasse e debilitasse a torto e a direito. A razão mandaria, portanto, que os limites de velocidade vigentes fossem mantidos e bem fiscalizados.
Mas o acelera tem razões que a razão desconhece. O português gosta definitivamente de acelerar (só na estrada, porque no resto não acelera nada, acelera até chegar ao trabalho para aí abrandar!). A fama dos automobilistas portugueses, apesar de ser proverbial em todo o mundo, continua a ser comprovada com espanto por todos os estrangeiros que nos visitam. O automobilista português considera, nas cidades, 50 quilómetros por hora a velocidade mínima e não máxima e, nas auto-estradas, 120 quilómetros por hora a velocidade mínima e não máxima. "É proibido, mas pode-se fazer..." Não admira, por isso, que os choques se sucedam. Admira, isso sim, que eles não sejam ainda mais numerosos. Já alguém disse que a rede de estradas nacionais é uma enorme pista de carrinhos de choque, com a diferença de que nas pistas das feiras se procura evitar o choque...
A acusação de "caça à multa" a quem pôs os radares a funcionar não passa de uma desculpa de mau pagador. Pela minha parte, acho muito bem que a multa seja "caçada". Uma sociedade civilizada - que é o que gostaríamos de ser - funciona impondo um conjunto de regras e essa imposição passa necessariamente por sanções a quem não as cumpra. Pode não se concordar com as regras e até tentar mudá-las exercendo pressões de vária ordem (foi, aparentemente, o que se passou em Lisboa). Mas, uma vez fixas as regras, a tolerância devia ser pequena. Aliás, com regras adequadas, a tolerância devia ser nula (em Portugal a "tolerância zero" nas estradas, o cumprimento normal da lei, foi apenas uma campanha temporária). As autoridades que façam a "caça à multa", pois estão para isso devidamente autorizadas. O que precisamos, além disso, é de fazer a "caça à culpa"...
E de quem é a culpa? Não é seguramente dos automóveis, que são cada vez mais seguros (só falta equipá-los com um dispositivo automático que impeça velocidades loucas). E também não é das estradas que estão cada vez melhores (com excepções, nomeadamente os troços em obras das auto-estradas, que são um autêntico perigo e que deviam dar direito a descontos nas portagens). Eu não me considero menos português do que os outros e não vou, por isso, nas estradas citadinas ou nas auto-estradas, mais devagar do que a média. Contra mim falo, portanto. Mas estou em crer que a causa principal da morte e invalidez nas estradas é a imprevidência dos condutores. Muitos portugueses guiam como se acreditassem que, por milagre, as leis da física se pudessem suspender no último instante antes do choque. Ou, para dar uma imagem inspirada na lenda, têm o que se pode chamar "síndroma de D. Fuas Roupinho", isto é, acreditam que, tal como o cavalo de D. Fuas no sítio da Nazaré, os muitos cavalos do motor se podem subitamente empinar por cima do abismo. Mas os números de vítimas aí estão, como um banho de água fria, a confirmar que não há milagres!
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30 comentários:
Uma prova que estes radares fazem parte de uma "operação de caça à multa" é que os aparelhos não foram instalados nas vias da Cidade onde a sinistralidade e o número de vítimas graves são maiores, mas sim nas vias onde o limite de velocidade é "tradicionalmente" desrespeitado. Ou seja, esta campanha não visa diminuir o número de acidentes ou vítimas (nem sequer educar o condutor lisboeta) mas sim financiar a CML...
De 50km/h para 80 km/h vai um «aumento de mais de 50 por cento»? Essa é muito boa!! Será um novo exemplo de ciência, ou um exemplo de ciência nova?
Amadeu Leite Furtado
Um aumento de 30km/h por hora (80-50) é de facto superior a 50% de 50 km/h (25 km/h). Essa matemática está um bocadito enferrujada caro Amadeu.
Ja muito que nao comento aqui, muitas vezes nao me parece que valha a pena!
Eu nao concordo muito com as teorias deste post. Claro que os condutores portugas sao um bocado burros, mas ha outras coisas a ter em atencao, como a fraquissima e perigosissima sinalizacao (ou falta dela!) nas estradas portuguesas de pouca qualidade.
Eu nao fico nada admirado que os condutores, que passam na estrada marginal Lisboa-Cascais, achem que 50km/h e' pouco, especialmente se tivermos em conta que e' uma estrada com 4 faixas, com uma divisao a meio, com barreiras nos passeios para os peoes, que mais parece uma autentica autoestrada! Eu acho que andar a 50 a hora numa estrada dessas e' uma grande seca, que nos deiam os 80 a hora, para nos gajos com sangue na guelra, e que os Carlosos Fiolhosos encostem a direita para nos passarmos!
Na Alemanha e' sempre a dar gas, nao ha la cento e vintes!
E porque e' que eu nunca vi uma reportagem na tv sobre a estrada que vai do Gerez a Braga, que tem umas 50 curvas sem visibilidade nenhuma e que estao marcadas com tracejado, linha descontinua, a dizer aos condutores que podem ultrapassar com seguranca???!!! E' a maior anedota que eu vi na vida mas ninguem fala disso! Como e' que o estado portugues marca umas 50 curvas sem visibilidade com linha tracejada e depois vem pedir maneiras na estrada ao povo?!
As estradas portuguesas estao cada vez melhores? Sera? Parece-me a mim que se tem feito muita burrice grande, especialmente se tivermos em conta que estas coisas sao feitas por senhores engenheiros que deviam ter alguma cabecinha, mas que pelos vistos andam por ai desenhar curvas perigosissimas, inclinacoes nas curvas ao contrario, marcacoes ridiculas, etc, como nos IP5, IP4, etc. Se fosse na America ja estavam esses engenheiros todos na jaula, porque ai o pessoal reclama no tribunal, nao e' como aqui que vem deitar as culpas todas ao povo.
O' Carlos, eu sei que vos, os catedraticos, os gajos da alta, tedes a mania de massacrar o povinho, mas vos tedes muitas vezes muita culpa no cartorio, nao me venha ca com estorias. Vela se fazes ai uma criticazinha aos teus colegas catedraticos engenheiros civis das fracas estradas portuguesas, se fazes o favor.
Esta coisa de te tratar por tu sem te conhecer tem a ver com as vossas teorias de que la fora e' que e', que la fora 'e tudo tus, por isso vamos la atuar e dar o exemplo!
Hasta la proxima!
luis
Esteve Moisés face a face com deus ?
[Êx, 33:11]
11 - E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; depois, tornava ao arraial; mas o moço Josué, filho de Num, seu servidor, nunca se apartava do meio da tenda.
[Êx, 33:20-23] :
20 - E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.
21 - Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; ali te porás sobre a penha.
22 - E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei numa fenda da penha e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.
Meu Caro Carlos Fiolhais
Olhe que não sei... Da maneira que se conduz mal em Portugal, se calhar há mesmo milagres... Talvez aqui possa dizer-se, parafraseando uma frase bílbica, que muitos são chamados a correr para o rochedo do Sítio, mas poucos os escolhids (para cair dele abaixo).
Aos Tugas basta colocar um Terço no retrovisor ou uma Vossa senhora de Fátima no Tablier (oferecidas pelas mãezinhas, claro, para proteção divina)e depois é só acelerar para se mostrar que se é macho (ou macha).É claro que se pode ser muito "viril" numa cadeira de rodas...mas parece-me ser bastante adulto "choramingar" às autoridades de transito o perdão da infração pois, "trata-se de uma emergência e foi só desta vez".
MORREM MAIS TUGAS em 1/2 ano nas estradas(já para não falar dos feridos) do que yankees em toda a Guerra do Iraque. Será que à semelhança dos terroristas da Alcaeda são suicidas compulsivos? Se os mandassem para o Iraque (bastava acenar 2000€)podiam bem mudar o rumo à situação!
Não creio que possa haver qualquer mudança de comportamento para os tugas, simplesmente é PEDIR DEMASIADO, é o mesmo que pedir a um puto para deitar fora o chupa chupa...
Caro Carlos Fiolhais:
É preciso ter em conta que as leis cegas tendem a ser contraproducentes.
Caro Fiolhais,
Li-o pela 1ª vez há muitos anos atrás (qualquer coisa sobre a formação do Universo, já naõ me lembro do título) e gostei muito. Via-se que sabia do que falava. é em atenção a esse passado que não venho aqui dizer hoje: vá-se catar. Mas vou dizer que estou muito decepcionado com o seu post. Então, um pedagogo concorda que a melhor forma de fazer os cidadãos cumprir uma regra é... caçá-los. Esta foi muito infeliz. Homessa, olhe que não. A educação (sim, também a cívica) faz-se pela positiva, pela aceitação, e não pela negativa, pela punição, e você melhor do que ninguém parecia saber isso. Classifico o seu texto com 7 valores, e isto tendo em atenção as provas anteriores dadas. Porque voçê merecia mesmo era 4 (mau).
Não procuro inimizar-me consigo. Pelo contrário, gostaria de ter uma resposta sua - fico com curiosidade relativamente à forma como aceita uma crítica. ;)
Transcrevo aqui um comentário (bastante longo, mas que contribui construtivamente para esta discussão, penso eu) feito por mim no blog http://pdiambiente.blogspot.com, em resposta a um comentário anterior do Sr. Penim Redondo, autor da petição que defende o aumento do limite de velocidade de 50 km/h para 80 km/h em algumas ruas de Lisboa:
"A petição do Sr. Penim Redondo é uma má iniciativa, levada a cabo por más razões, e os argumentos apresentados na sua primeira intervenção sugerem-me os seguintes comentários.
Chama o Sr. Penim Redondo "fundamentalistas do trânsito" aos detractores da sua petição, categorizando-os como: 1. Pessoas "traumatizadas" por acidentes de trânsito, 2. Os que sonham com um mundo idílico onde só haveria peões e talvez bicicletas. 3. Os que têm da sociedade uma versão "burocrática e legalista".
Acerca dos primeiros, é dito que "em vez de contribuirem para resolver os problemas", decidiram "castigar" a sociedade. Repare-se como se procura, por um lado, desvalorizar as ideias construtivas destes "traumatizados", como se se tratasse de gente diminuida psicologicamente, e portanto pouco credível. Por outro lado, é curioso que se equacione a imposição estrita de regras a um castigo (mais comentários sobre isto adiante).
Relativamente aos que sonham com um mundo sem carros (exagero deliberado), presume-se que, não sendo pessoas "crescidas", também não merecem credibilidade.
Há talvez uma sugestão subtil de que serão uma espécie de "hippies" sem emprego...
Finalmente, relativamente aos que têm da "vida em sociedade uma visão burocrática e legalista", supõe-se que o autor se refere às pessoas que defendem um cumprimento escrupuloso da lei.
Afirma ainda que "só esporadicamente a velocidade máxima estabelecida por lei pode ser usada, com razoabilidade, na vida prática".
Ficamos portanto a saber que quem tem da vida uma visão nem burocrática nem legalista se dedica a violar sistematicamente as leis... Muito bem!
No seguimento deste comentário, diz o Sr. Penim Redondo que "essas pessoas [burocráticas e legalistas] têm dificuldade em perceber que há uma diferença entre a velocidade máxima legalmente permitida e a velocidade máxima para circular em segurança". Esta afirmação está, aparentemente, em contradição com a própria petição, uma vez que o objectivo dela é precisamente alterar a velocidade máxima legal (supostamente para que esta possa ser cumprida, ou não?). Mas de qualquer forma a sua substância merece ser dissecada.
Estamos sempre demasiado prontos a
pensar que somos os detentores do discernimento sobre o que é a "velocidade máxima para circular em segurança". Infelizmente, por vezes demasiado tarde, apercebemo-nos que tal não é verdade. Parece-me que falta ao Sr. Penim Redondo, e aos subscritores da sua petição, a humildade para reconhecer que quem está politicamente incumbido de determinar os limites legais de velocidade possa ter maior discernimento sobre esta questão, ou a tenha ponderado mais cuidadosamente do que os próprios. Isto resulta, sem dúvida, de idiossincrasias culturais do nosso país, nomeadamente a falta de confiança mútua entre o poder político e os governados. Mas não me vou deter sobre este assunto.
Sobre a questão concreta dos limites de velocidade, umas noções rudimentares de estatística talvez nos façam compreender porque certos limites de velocidade, aparentemente demasiado restritivos, são de facto os mais razoáveis. Nas distribuições estatísticas existe o que se chama as caudas das distribuições, correspondendo aos eventos fortemente improváveis. No caso da condução automóvel, estas caudas poderiam ser equacionadas com os acidentes de consequências muito graves para uma determinada velocidade de condução. Ora, se uma distribuição estatística for translaccionada (correspondendo, por exemplo, a um aumento da velocidade média de condução), embora a probabilidade dos eventos altamente prováveis (ausência de acidentes ou acidentes pouco graves) possa ser pouco alterada, a probabilidade dos eventos altamente improváveis (ou seja, os acidentes de consequências muito graves) pode aumentar por um factor de 10 ou mais. Isto acontece porque as distribuições estatísticas tendem frequentemente a ter uma variação relativa consideravelmente rápida nas suas caudas.
Assim, embora se eu circular em Lisboa a 80 km/h em vez de a 50 km/h, na esmagadora maioria das vezes isso não traga problemas, nos raros casos em que pode haver um acidente grave, a diferença entre os 50 km/h ou os 80 km/h pode ser crucial (entre a vida ou a morte de um peão, por exemplo).
Penso que isto ilustra suficientemente o meu argumento.
Por outro lado, o Sr. Penim Redondo assume uma postura de vitimização dos automobilistas, como se estes fossem perseguidos. É verdade que a melhor defesa é o ataque, e só dessa forma pode ser entendida esta fuga para a frente... Os automobilistas são praticamente todo-poderosos na nossa sociedade (note-se que eu também sou um deles), e só demagogicamente se pode dizer que têm sido perseguidos ou castigados. Pelo contrário, não têm de forma alguma sido castigados o suficiente, devido ao laxismo por parte das autoridades na aplicação das leis relativas às velocidades máximas e ao estacionamento, entre outras. Mas a atitude do Sr. Penim Redondo é compreensível, sabendo que a tendência natural do ser humano é de, quando lhe dão a mão, arrancar o braço...
Refere o Sr. Penim Redondo que os verdadeiros causadores de acidentes, que insistem em comportamentos de alto risco, são punidos com muito pouca convicção. Mas nunca especifica a que comportamentos de alto risco se refere. Talvez porque, para nós, os comportamentos de alto risco são sempre os dos outros, não é?
Refere também que os automobilistas infractores dos limites de velocidade "São pessoas normais que trabalham [presume-se que os que cumprem os limites de velocidade não trabalham]; que precisam de chegar ao emprego a horas". E, subentende-se que, para fazer isto, necessitem invariavelmente de violar os limites de velocidade. Bom, para resolver este tipo de problema, há uma solução muito simples, que se chama sair de casa (ou de qualquer outro ponto de partida) mais cedo, se se quer chegar ao destino a horas.
Relativamente à suposta ideia de intencionalidade da "guerra civil nas estradas", censurada pelo Sr. Penim Redondo, refira-se que há várias maneiras de entender o conceito de intencionalidade. Um delito intencional pode resultar da perversidade pura e simples (o que manifestamente não é o caso na grande maioria dos acidentes de viação) ou da ignorância e irresponsabilidade (que são muito mais frequentes). Não é pelo simples facto de alguém provocar um acidente sem itenção de causar danos, que esse alguém não pode (e deva mesmo) ser responsabilizado por esses danos, como é evidente. O que se passa é que uma boa parte dos cidadãos, por falta de tempo para pensar sobre o assunto, não se dá minimamente conta do poder destruidor de um veículo motorizado, mas para o relembrar disso existem as leis, e mais especificamente os limites de velocidade. Em qualquer país civilizado, em que os cidadãos tenham uma relação normal com o Estado, isto é entendido.
Conclui o Sr. Penim Redondo dizendo que "se os cidadãos são suficientemente responsáveis para eleger o Presidente e a Assembleia da República, também são responsáveis nas questões do trânsito. Se assim não fosse teríamos que concluir que as leis do trânsito não são legitimas pois foram feitas pelos eleitos do povo."
Este argumento entra em total contradição com os anteriores, na medida em que foi defendido mais acima que os limites legais de velocidade eram "praticamente impossíveis de cumprir". Daí se depreende que as leis não são legítimas, e portanto os cidadãos não são responsáveis em questões de trânsito, o que em certos casos de facto já se suspeitava...
Ou será que, na opinião do Sr. Penim Redondo uma lei legítima não é para se cumprir?
A petição do Sr. Penim Redondo tem, contudo, uma virtude. Usa uma via adequada para tentar, junto do poder político, modificar uma situação com que os cidadãos, supostamente, estão insatisfeitos, em vez de a sua contestação se limitar ao simples incumprimento da lei. É pena que isto aconteça, não por um genuino empenho cívico, mas sim pelo incómodo causado pelas multas de trânsito, ou pela ameaça delas. Ficamos com a sensação de que, se não houvesse consequências a doer do incumprimento desta lei, a petição nunca teria existido, o que é uma constatação triste sob o ponto de vista cívico..."
Caro Ze de Portugal
Qume merecia um "mais que péssimo" era vc!
Segue uma recolha exemplar sobre como os condutores portugueses são encarados pelos que nos visitam e visitaram:
The worst thing about driving in Portugal is that the drivers tend to be extremely aggressive. Under most circumstances the Portuguese are very nice considerate people, but not when they are driving. Furthermore, although they tend to be more skilful in a technical sense than North Americans (they have to be to get through the terrible Portuguese roads), when it comes to getting places they tend to pretty foolish – racing from red light to red light for example . This is especially annoying on roads with electronic speed sensors which turn the traffic light red if you are going faster than the speed limit, even more so when you have drivers who not only set off the red lights but charge right through them!
The worst and most aggressive drivers tend to drive small cheap cars, which I suspect means that they never drove a car before.
William Silvert
As for the old chestnut of flying being safe or not, I can only point out that the majority of your readers will not have had the enlightening experience of daily driving in Portugal, after which the worry of terrorists on airplanes becomes positively irrelevant.
Site da BBC, Graham, Portugal
Rule of thumb for driving in Portugal - if the drivers around you are seemingly going twice the speed that you are, then you are most likely doing the right speed, you may even be slightly below.
Campbell Imray
Tales from a Small Planet
...driving is crazy in Portugal (no real law enforcement) , so accidents are frequent on the highway.
Guia Footprint Lisbon, por Caroline Lascome
Car driving in Lisbon and in Portugal for that matter is a hair raising experience. With incessant honking, constant rear-ending, a toxic riot of fumes and unbridled road rage, it's certainly not for faint hearted.
Getting around by car
When you have arrived by car, driving in the city is to be avoided. All the main sites are easily accessible on foot or by public transport and attempting to negotiate reckless traffic, precarious construction, complicated one way systems and the slender alleys of the older parts of the city can be horrendous.
Spiral Guide Portugal
Driving standards are generally poor and Portugal has one of the highest accident rates in Europe.
iExplore Guide
Driving in the City
Driving in Lisbon can be more than a little nerve-wracking – not only do cars speed around but road signs are also often inadequate.
Iknow Portugal
Drivers in the Algarve are pretty sensible overall (the talk of hair-raising Portugal driving usually pertains to driving around Lisbon which is a nightmare and best avoided).
São estes os doidos que nos dão má fama e que querem continuar a "voar" de semáforo para semáforo.
In Portugal, Wheels of Misfortune
New York Times
By ROBERT D. KAPLAN
The New York Times
LEAD: When I moved to Portugal last year after covering guerrilla wars in Ethiopia, Iraq and Afghanistan, I assumed I was putting the dangerous part of my life behind me. I couldn't have been more wrong.
When I moved to Portugal last year after covering guerrilla wars in Ethiopia, Iraq and Afghanistan, I assumed I was putting the dangerous part of my life behind me. I couldn't have been more wrong.
The Portuguese are the most mild-mannered and courteous people I have ever known, except when they get behind the wheel of a car. Then, whatever tension and anxiety they have built up in the course of being so polite and gentle is released all at once. It is a Jekyll and Hyde phenomenon without the use of laboratory chemicals.
(...)
My suspicions were recently confirmed when an article in the local Anglo-Portuguese News reported that the British Minister of Transport, Cecil Parkinson, ''has warned British holidaymakers who value their lives not to drive in Portugal.'' The warning amounted to a veritable travel advisory, the kind of action usually associated with revolutions, guerrilla wars, mud slides and other forms of peril.
Julio Barata
meus caros:
como lisboeta e condutor (semi-civilizado) venho aqui chamar a atenção para um pikeno facto que vossa celencia descurou: que o pedido de alteração de 50 para 80 não foi generalizado para todos os pontos, só o foi para alguns, sabia? e sabe porquê? se não sabe devia informar-se antes de escrever o post e se sabe omite factos importantes para a discussão , o que não abona a seu favor. como não o acho pessoa de má fé vou acreditar que não sabe porque só a alguns pontos foi pedida a alteração, com a qual eu estou inteiramente de acordo e passo a explicar.
Lisboa é atravessada por varias vias rapidas que foram feitas para isso mesmo, serem rápidas, estradas largas com seis faixas ou mais, sem passadeiras de peões que foram construidas para que fosse rapida a deslocação entre uma ponta de cidade e outra, estas vias rapidas têm em muitos casos melhores condições de circulação que algumas auto-estradas (em cujo limite de circulação é 120), foi nestas e só nestas vias que estão em perfeitas condições de albergar trafego a 80km\h que se pediu a alteração do limite.
a meu ver esta petição é legitima e perfeitamente justificada.
um exemplo: acha justificado que o limite de velocidade na radial de benfica seja de 80 para 100 metros à frente entrar no IC19 (estrada com as mesmissimas condições) e tre um limite de 100????? não acha que isto é um perfeito disparate???
Caro SATANUCHO:
Leia com atenção porque em parte alguma o post do Professor Fiolhais fala da petição! É sempre conveniente ler com atenção o que se critica.
Mas já agora, digo-lhe eu que a petição é legitima porque num estado de direito até a asneira é livre - desde que cumpra as regras democráticas (que é o caso desta petição).
Mas, digo eu, esta petição é um conjunto de disparates, recheada de demagogia (como dizer que 50 km/h dá sono). Não vou discutir consigo, tão só lhe fazer ver que o conceito de disparate varia e não é tão absoluto como você parece acreditar.
Mas uma coisa você está a faltar à verdade - TODOS os radares em que a petição pede para aumentar o limite de velocidade para 80 km/h, estão em vias com passadeiras e até paragens de autocarro.
Aconselho por isso a ler de novo o post do prof. assim como a petição, que pelos visto assinou, para depois fazer comentários.
Jaime Dias
A postura civica do Tuga ao volante (policias incluídos) é por demais conhecida e não há hipotese de a mudar!
Só recorrendo a forças ocultas, que por exemplo fizessem explodir imediatamente a cabeça daqueles que desrespeitam a vida alheia seria possivel mudar a situação.
OS TUGAS SÃO UMA VERGONHA AO VOLANTE!
curiosamente no estrangeiro não fazem (duma maneira geral) as merdas que fazem em casa, ou seja, na MERDALEJA os tugas Têm consciência daquilo que fazem, mas estão-se a Cagar!
É um círculo vicioso: quanto menos as pessoas cumprem as leis, mais duras e cegas as leis se tornam; e quanto mais duras e cegas são as leis, mais as pessoas têm vontade de não as cumprir.
Para romper o círculo vicioso é preciso mais moderação e flexibilidade na feitura das leis e ao mesmo tempo muito mais rigidez na sua aplicação.
Concordo plenamente com cyber: de facto, para os cabeças-de-burro que acham que Portugal é a pocilga em que se sentem bem a chafurdar, e para os quais a única coisa que defendem intransigentemente é o direito a NÃO SER GOVERNADOS, só o genocídio seria a solução...
Mas, felizmente, uma solução impraticável, portanto as minorias que teriam maiores ambições civilizacionais para este país têm que se acomodar, e resignar-se ao convívio com estes selvagens...
Caro Amadeu Leite Furtado,
De 50km/h para 80 km/h há uma diferença de 30 Km/h que em 50Km/h (a referência/unidade) corresponde a uma variação de 60 por cento. Ou seja, (80-50)/50=0,60; ou seja 60% (60 por cento);Assim, por favor queira considerar a afirmação do Carlos correcta. Obrigada.
Julio Barata said...
"Caro Ze de Portugal
Qume merecia um "mais que péssimo" era vc!"
Porque...? Escapa-se-me, por completo, a ligação entre esta afirmação e a que se segue, a qual será (supostamente) suporte ou justificação da primeira:
"Segue uma recolha exemplar sobre como os condutores portugueses são encarados pelos que nos visitam e visitaram:"
Sim? E então? O que é que isso tem a ver com o que eu disse? E que me interessam a mim as opiniões que alguns anglófonos têm do trânsito no meu país. Eu já estive por várias vezes em Inglaterra e deu para ver que eles não conduzem muito melhor que os portugueses. O que eles fazem muito bem é armar-se em superiores... o que pelos vistos resulta com alguns portugueses, que os citam, como se tudo o que eles dizem fosse verdade. Você deve ser uma inteligência muito rara, porque faz afirmações sem fundamentação adequada. Como ainda por cima parece gostar muito dos ingleses e americanos, porque é que não aproveita e se muda para um desses países maravilhosos. Ganhava você, porque se sentia muito mais importante; ganhavamos nós porque não tinhamos que o aturar mais.
Pois é Zé de Portugal, devem estar todos errados. As estatísticas rodoviárias em Portugal também são inventadas pelos americanos e ingleses para nos difamar. Os Portugueses que se queixam dos hábitos de condução em Portugal, são anti-patriotas.
Tem toda a razão, com pedagogia e incentivos conseguiremos mudar Portugal.
Julio Barata
O Fiolhais, que eu admiro como divulgador da ciência, tem uma lamentável recaída neste artigo pois abandona a objectividade em favor dos lugares-comuns pouco científicos.
Alguns exemplos:
"O português gosta definitivamente de acelerar"
- Penso que ele queria dizer que os portugueses, como ele próprio, desrespeitam, por inadequados, os limites legais de velocidade. Talvez devesse fazer introspecção pois confessa que ele próprio, Fiolhais, também o comete o mesmo pecado.
"Em Portugal há desde há muito tempo um grave problema de sinistralidade rodoviária"
- Em Portugal ? Em Espanha, para não ir mais longe morrem mais de 3.000 pessoas/ano contra as nossas 850. Parece que o espanhol também gosta definitivamente de acelerar.
Para se ter uma noção da importância do problema basta mencionar os 3.000 mortos/ano por erro médico, para não fazer a lista das causas de morte onde seria possível conseguir reduções importantes.
"...a rede de estradas nacionais é uma enorme pista de carrinhos de choque, com a diferença de que nas pistas das feiras se procura evitar o choque..."
- Aqui está uma baboseira de mau gosto de que o autor já se deve ter arrependido. Vem na linha da famosa "guerra civil nas estradas" que é um slogan manipulador e irresponsável.
"Aliás, com regras adequadas, a tolerância devia ser nula..."
- Neste ponto parece ter um vislumbre acerca do problema da adequação...
"Mas os números de vítimas aí estão, como um banho de água fria, a confirmar que não há milagres!"
- Não há milagres nem a solução virá deste tipo de declarações pouco científicas e muito emocionais de quem deixou a inteligência, que é bastante, no bengaleiro do hall.
Não se preocupe, tenho amigos inteligentes que, quando discutem futebol, lhes acontece o mesmo.
GRRRRR!!! GRRRR!!!!
MEA CULPA MEA CULPA
Confesso, só agora li a petição, confiei na imprensa escrita e comentei com base nas noticias do jornal (não me lembro de qual, dn ou publico)e confesso que o texto da coisa me parece um pouco aberrante. Concordo com o principio da coisa mas não com a forma em que foi escrita, contudo continuo a achar que limitar a velocidade numa via rápida para 50 km\h é um disparate. Estive em espanha recentemente (de carro) e vos digo que a malta de sevilla não conduz muito melhor que a malta de lisboa
Pela violência, baixeza e idiotice das respostas já todos percebemos que o Professor Carlos Fiolhais tocou nos viciados da velocidade. Estão a reagir como toxicodependentes a quem se quer tirar de repente a chupeta.
Daniel Santos
Solicito à Administração do blog que, SFF, seja retirado o comentário supra "Esteve Moisés face a face com deus ?".
Foi colocado por lapso e está totalmente fora de contexto.
Cumprimentos,
Ubíquo
meu caro daniel:
não sou maniaco da velocidade e nem sequer acho que 80km\h seja «velocidade» e tambem acho por exemplo que 120km\h em autoestrada é manifestamente pouco. Estes limites foram estabelecidos por volta dos anos 60\70 (acho...) numa altura em que a segurança rodoviaria ainda nem sequer tinha sido inventada, não acha concerteza que andar a 120 num nimi ou num datsun 1200 é o mesmo que andar a 120 em qualquer carrito de hoje em que se viaja a 150 em perfeita segurança, com sistemas de segurança activa e passiva que seriam considerados ficção cientifica nos anos 70.
A segurança de hoje é imcomparavelmente melhor que nos 60's , toda a gente concorda com isto, no entanto acho mal que os limites de velocidade não aconpanhem a evolução das coisas. Retrogado por retrogado preferia que não só os limites se mantivessem mas que tambem fossem acompanhados neste imobilismo pelo preço da gasosa e já agora das portagens....
Meu caro Santucho,
Posso concordar consigo que no caso muito particular das autoestradas, em que não existem peões e ciclistas, que a segurança pode não ser um problema crucial - mas mesmo assim tem que se lembrar que pequenos incrementos de velocidade têm um impacto enorme na probabilidade de acidente por dois motivos: as distancias de travagem aumentam exponencialmente com a velocidade e aumenta também a variabilidade de velocidade entre veículos. Por outro lado a diminuição da duração da viagem porta-a-porta pouco diminui pelo aumento da velocidade de ponta.
No entanto, existem muitos outros argumentos para não aumentar as velocidades nas autoestradas. Um dos mais importantes é a poupança energética e as emissões dos gases de efeito de estufa. Caso ainda não tenha reparado, Portugal estará em apuros brevemente por dois motivos: as multas do tratado de Quioto e a factura de importação dos combustíveis fosseis que se prevê muito em breve atingir os 100 dólares por barril. Não é por acaso que o Plano Nacional para as Alterações Climáticas impõe uma redução das velocidades médias nas autoestradas. Isto é para vc chegar uns minutos mais cedo ao seu destino, colocará mais pessoas em perigo e estará a contribuir para a ruína de todos.
Nem sequer acha que 80km\h é velocidade?
Já agora deixo o meu comentário sobre este assunto.
http://croquete-matinal.blogspot.com/2007/07/radares-nacional-espertisse.html
Tenho estado alheado deste problema, mas gostaria de comentar:
- Todas as vias com passadeiras NÃO devem ter limite superior a 50. Porquê? Exemplo: Presenciei em diferido (pois a pessoa que viu em directo ia ter comigo) a morte da rapariga em frente à paragem de BUS do Restelo.. Kika, acho que é o nome, ainda lá está uma cruz com flores. Nessa via, tenho ideia de que é 50. As pessoas que seguiam em directo atrás do assassino contam-me que a coisa começou com uma picardia entre o assassino (num Porsche) e um outro fdp num Mercedes. A picardia acabou em acelerações e no fim, a Kika pelo ar, e para o céu. Fim de exemplo.
Conclusão: Alguns(muitos) portugueses são impulsivos, avessos a obrigatoriedades/rotinas, teem a ideia de que é preciso defender a honra não sendo ultrapassado, ou reultrapassando quem o ultrapassou, ou quem fez sinal de luzes, etc. O que implica que aumentar limites em vias com passadeiras é imoral.
Solução: Educar. A pedagogia é simples: Mostrar num programa na RTP1, diário, imagens de resultados de acidentes em Lisboa, com indicações de velocidades, causas, culpas, etc. "Um acidente por dia". Acabava-se logo esta conversa toda.
Não é em Lisboa, mas aqui vai a minha primeira contribuição:
http://youtube.com/watch?v=_z8Mnf22D30
A utilização de filmes e "histórias" de acidentes, com apelo aos instintos mais básicos dos seres humanos, é uma manobra vergonhosa de manipulação. Só tem paralelo na odiosa campanha contra o aborto que exibia fotografias de fetos em frascos.
Por aqui se vê o grau de racionalidade das pessoas que a promovem e em que bases pensam resolver o problema dos acidentes.
Tenham vergonha...
O Sr Campos é que devia ter vergonha comparar alhos com bugalhos...
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