Apresentação por José Batista d'Ascenção:
O
livro «As Pedras na Ciência e na Cultura» é uma «viagem» extraordinária pelo
universo das rochas, de que a generalidade das pessoas tem um conhecimento
superficial. Numa escrita primorosa, o rigor da informação e a objectividade
são conseguidos com uma liberdade de exposição e uma «tonalidade» de escrita só
ao alcance de quem possui uma vastidão de conhecimentos e uma capacidade de
comunicação fantásticas, baseadas na paixão pelo saber e na vontade de o
partilhar com o público.
Muito
ganha o leitor ao iniciar esta «viagem». Porque pode seguir como quiser, do
início ao fim, ou saltar pelos temas, voltar atrás, ou começar até do fim para
o princípio, que não perde por isso. É como se navegasse num livro impresso
tradicional, porquanto, cada tema ou capítulo é claro e atractivo em si mesmo e
harmoniza-se com os restantes. Pode seguir ou «vaguear» por diversos
«percursos», tamanha é a riqueza dos conteúdos, em termos científicos, mas
também de cultura geral, onde cabem a explicitação dos étimos, a poesia, os adágios,
o conto, a escultura, a arquitectura, a toponímia, ou a referência aos vultos
que engrandece(ra)m a História do conhecimento geológico. Em qualquer caso, o
leitor é transportado muito para além do estudo específico de minerais e
rochas, como sejam as relações de uns e de outras com a economia dos povos e
seus usos e costumes – a sua cultura, ou o modo como influencia(ra)m paisagens
e seres vivos ao longo dos tempos.
Como
se não bastasse, para entendimento do que é esta bola planetária em que nos
cabe viver, há ainda a explicação alargada, em linguagem simples, dos impactos
de corpos rochosos na Terra e das cicatrizes que deixaram nela, como que a
transportar-nos para os limites do entendimento de quem somos no universo.
Acresce, a cada passo, a revelação de curiosidades pertinentes que aumentam o
prazer da leitura e a bagagem de conhecimentos.
Naturalmente,
o livro também se presta valiosamente a visitas curtas ou consultas pontuais,
em qualquer altura, aos seus diversíssimos temas ou a algum dos seus dois
glossários finais.
Ao
elucidar os fenómenos naturais (e artificiais) da origem e alteração de
minerais e rochas, além de explicitar com clareza muitas das condições, das
técnicas e das tecnologias com que o ser humano, desde as suas origens,
procedeu à sua exploração e emprego, o livro «As Pedras na Ciência e na
Cultura» poderia, resumidamente, classificar-se como uma obra de decifração (em
linguagem acessível) do que as «pedras» são, da sua importância na litosfera (do grego lithos, rocha, e sphaira, esfera), das
suas utilizações possíveis e da informação que nos podem fornecer. Como as
«pedras» são o suporte em que a Natureza registou a sua História, não há como
estudá-las para se entender o passado da Terra, imensamente anterior ao
aparecimento da espécie humana, e conhecer os mecanismos geodinâmicos
fundamentais, prevendo ou antecipando, de algum modo, os fenómenos geológicos
que podem ocorrer no presente e no futuro, com implicações mais ou menos
dramáticas no mundo vivo e nas realizações humanas. Esse estudo importa ainda
como meio de alargar os conhecimentos que permitam explorar e transformar
sustentavelmente os recursos minerais, assegurando a qualidade ambiental e o
respeito pela importância dos geomonumentos.
É
muito importante a divulgação e a compreensão, mesmo pelas pessoas comuns, dos
mecanismos básicos e gerais da origem das diferentes rochas e das condições em
que podem converter-se umas nas outras, ao longo do tempo geológico, num ciclo
(petrogenético) não perceptível à escala temporal dos humanos, porque de uma
dimensão muitíssimo mais longa. O Professor Galopim de Carvalho, no seu labor
incansável e fecundo, fala-nos de tudo isso com a paixão serena de quem ama o
que sabe e se dedica inexcedivelmente a divulgar o que estudou e aprendeu.
E
fá-lo como poucos, contagiando com o seu entusiasmo os que tiveram o privilégio
de terem sido seus alunos e muitos dos que leem o que escreve (em livros e
revistas, em jornais, em blogues diversos ou nas redes sociais) ou ouvem as
suas comunicações, sejam crianças de tenra idade, jovens ou adultos.
Por
consequência, este livro nasceu com tanto empenho e generosidade, quanto o
desejo de aumentar a literacia dos portugueses, numa área em que a preparação
geral é tendencialmente fraca. Uma parte muito significativa do público-alvo
são (ou deviam ser) os professores do 3º ciclo do ensino básico (7º - 9º anos
de escolaridade) e do ensino secundário. Especialmente para esses, a obra surge
plena de oportunidade. Da acção pedagógica dos professores depende a formação
dos jovens, a qual, no que se refere à Geologia, e devido a factores vários,
continua a revelar falhas comprometedoras e notória impreparação geral. Ora,
nada melhor que (in)formação rigorosa e fundamentada, de preferência exposta
com o dom da clareza, da elegância e da economia de palavras, numa escrita
plena de harmonia nos termos e nos conceitos, no discurso, nas ideias e nos
conhecimentos, que o saber e a arte do autor tornam próxima e convidativa.
Livros assim são como que «acções de formação» (cómoda, fácil, agradável e
proveitosa) sobre conteúdos relevantes prontos a assimilar e sempre
disponíveis.
Mas o
livro «As Pedras na Ciência e na Cultura» pode também ser muito útil no ensino
universitário, sobretudo para os estudantes de ciências geológicas e áreas
relacionadas dos primeiros anos, quer pelas falhas de preparação de anos
anteriores, quer pela visão integrada e global da abordagem às «pedras» que
proporciona.
Assim,
ganham todos os leitores interessados numa cultura geral abrangente ou em
conhecimentos específicos, desde o fabrico da cal e do cimento, às aplicações
artesanais e industriais do barro, à elaboração da calçada portuguesa, à
exploração de adubos, do gesso, do sal, do alumínio, do ferro, dos carvões ou
das pedras preciosas, passando pela informação fornecida pelo estudo dos
meteoritos, tudo isso e muito mais aqui harmoniosamente tratado pela pena do
Professor Galopim de Carvalho. E de que ele nos fornece vastíssimos exemplos,
por todo o território português ou em quaisquer locais do planeta - a “bola
colorida” que é a nossa casa e onde temos que encontrar e gerir
responsavelmente tudo o que precisamos para sobrevivermos enquanto espécie
biológica.
Em boa
hora este livro viu a luz do dia. Lê-lo é um prazer que faz crescer. É essa a
sua função. Aproveitemos, em benefício próprio e em homenagem ao Bom Mestre e
Homem Bom que o produziu.
Com
admiração profunda e sentido agradecimento”.
José
Batista d’Ascenção
1 comentário:
Boa noite. Gostava de saber de que forma poderei adquirir o livro acima referido. Muito obrigado.
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