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Tanto assim é que foi o nosso país que levou a maior delegação de alunos (oito) a uma reunião internacional ("Melhores políticas para uma vida melhor"), recentemente realizada em Paris com o fim de "juntar à mesma mesa alunos e decisores políticos".
No vídeo disponibilizado pela TVI (aqui), que acompanhou a delegação, encontro afirmações surpreendentes. Deixo de lado as dos decisores e centro-me nas dos alunos e da jornalista, sublinhando os aspectos mais críticos.
Dizem duas das alunas:
"Acho extremamente importante o currículo ser mais curto e mais focado em coisas que realmente importam".
"Os alunos acabam por memorizar matéria e não aprendê-la, ou seja, em vão, o que se memoriza para um teste após o teste já se esqueceu completamente, portanto foi conhecimento perdido".
"(...) uma das coisas que mais pessoas disseram é que precisam de tempo, precisam de mais tempo para elas, para serem elas próprias (...)".
"Nós é que estamos dentro do sistema agora, por isso nós é que sabemos o que está a funcionar ou não, visto que os decisores já não estão lá há algum tempo, não é?"Diz/escreve a jornalista:
"Sentir-se acolhido na escola, dizem estudos realizados em vários países, é tão ou mais importante do que os programas e os recursos existentes."
"Muitas das competências que são necessárias no futuro não são ainda valorizadas na sala de aula" [e, de seguida, no vídeo, surge o mais alto representante da OCDE a lembrar que entre essas competências estão as sociais, a empatia, a coragem, ou seja as que se incluem na "narrativa" da própria OCDE].
"Espera-se que estes adolescentes possam também ser embaixadores das mudanças que estão a ser propostas junto dos colegas, professores e famílias!Também diz que:
"A educação é para os estudantes, mas, muitas vezes, estes são pouco ouvidos nas decisões que afetam a sua vida escolar."
A OCDE "uma das principais referências mundiais nesta área [da educação], quer mudar as coisas" (...) "um dos principais centros de decisão do planeta em matéria de educação [saberá a jornalista que se trata de uma entidade cuja vocação não é a educação escolar?].
[E acrescenta, fazendo eco] "Para a OCDE, os alunos não só têm razão como estão a apontar a direção certa aos decisores.Acrescento uma passagem do texto:
"No projecto "Educação 2030", declara a OCDE, não é só no currículo nacional que a voz dos alunos está presente mas também nas orientações globais para a educação escolar. Assim, deste evento sairão recomendações para todo o mundo".Cruzem-se estes discursos com as "orientações" da OCDE para a educação escolar no mundo, no planeta e constatar-se-á uma perfeita sincronia entre ambos. O mundo, o planeta pensa e diz o que a OCDE quer que se pense e se diga acerca da educação escolar. A educação escolar é o que a OCDE quer que seja a educação escolar. Por outras palavras, o mundo, o planeta entregou a educação escolar à OCDE, o que significa, muito simplesmente, que desistiu dela. Este é o ponto em que estamos.