Texto recebido de Arnaldo Dias da Silva:
O
projecto parece muito sedutor na versão que chegou às mãos: incluir na dieta de
monogástricos (aves e suínos) um alimento single cell protein resultante
da cultura de uma ou mais bactérias utilizadoras de metano como fonte de
energia, fazer crescer essa cultura de bactérias, granular, incorporar em dose
adequada nas rações daqueles animais e... esperar que os animais comam, tenham
saúde e cresçam!
Desde que
sejamos capazes de captar metano em quantidade suficiente e segura das inúmeras
fontes disponíveis – pelo menos as mais importantes -, incluindo os milhões de
ruminantes existentes à superfície da Terra, certamente que não será muito
difícil fazer o resto.
(Antes de
prosseguir é preciso dizer que a bactéria em causa – Metylococcus capsulatus –
foi descoberta após a assinatura do protocolo de Kyoto, em Fevereiro de
2005)
O
Departamento de Ciência Animal da Universidade de Agricultura em Aarhus,
propõe-se justamente realizar o trabalho de alimentação, para já em porcos (HanneDamgaard.Poulsen@agrsci.dk).
O trabalho
será realizado em conjugação com outro estabelecimento de ensino superior
agrário da Dinamarca e com uma empresa, também ela dinamarquesa, que domina a
componente tecnológica do processo - a produção industrial da bactéria ou, o
que é o mesmo, de single cell protein.
Este
projecto, que se espera possa durar 3 a 5 anos, é apoiado financeiramente pelo
fundo dinamarquês para a inovação (InnovationsFonden) que, para o
efeito, disponibiliza desde já 15 milhões de coroas dinamarquesas.
Como
anunciou a Universidade de Aarhus, este projecto pode bem representar uma
prenda para o ambiente - a gift for the environment, assim pode ler-se
no Boletim de divulgação da Universidade de Aarhus do mês de Outubro de 2014.
Se nos
lembrarmos da enorme dependência dos países da UE para fontes proteicas
usadas em alimentação animal como a soja e seus derivados – a dependência de
Portugal é bem maior que a da média comunitária – é fácil perceber o alcance do
projecto.
Devemos
acentuar que a via da produção de single cell protein, além de poder
contribuir para reduzir a dependência europeia em fontes proteicas para animais
(e, portanto para o homem), pode dar contribuição valiosa para a redução do efeito
de estufa diminuindo as responsabilidades do metano para (potencialmente)
tão grave problema.
Na minha
opinião seria excelente se o nosso INIAV – sigla, permitam que lembre,
de Laboratório Nacional de Investigação Agrária e
Veterinária (sob alçada do Ministério da Agricultura e Pescas) - e das
várias unidades ID das várias universidades e institutos politécnicos
trabalhassem sobre este assunto.
E porque que
me parece ser a altura muito boa,
infelizmente para todos os portugueses, seria também muito bom que o Presidente
da FCT em conjunto com os seus assessores para a parte agrária se
ocupassem seriamente destes problemas. Se os assessores que o actual
presidente da FCT tem, não ficarem ofendidos por ter empregue esta
maldita palavra agrária …
Arnaldo Dias da Silva
Vila do
Conde,15 de Outubro de 2014
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