A Poiares Baptista (Prof. Jubilado da UC)
24 de Outubro de 2014, 18:00 horas, auditório do Exploratório Centro Ciência Viva / Coimbra
As
 figuras de cera são conhecidas desde a antiguidade egípcia e romana, 
utilizadas para fins mágicos, religiosos ou procurando reproduzir 
imagens. Na idade média eram utilizadas essencialmente como ex-votos, 
tradição que permanece. Foi nos fins do séc. XVII que surgiram as 
primeiras figuras reproduzindo modelos anatómicos, procurando dar-lhes 
uma maior “objectividade” que os desenhos, embora estes fossem já de 
grande qualidade, a exemplo dos efectuados por Leonardo da Vinci, Rafael
 ou Miguel Ângelo, no séc. XV. Tinham a vantagem de procurarem 
reproduzir as características naturais, serem de tamanho real, terem 
relevo e cor. Embora a ceroplastia fosse de difícil e demorada execução 
os modelos tornaram-se muito apreciados e considerados como objectos de 
curiosidade, com marcado cunho demonstrativo, utilizados essencialmente 
nas ciências humana e zoológica. Eram reunidos em museus, os chamados 
“Gabinetes de Curiosidades” que na época pretendiam mostrar o progresso 
da ciência. São exemplos o Museu da Zoologia (Dominico Vandelli - Univ. 
Coimbra, 1735-1816) ) e a “Câmara de Raridades” ( S. Petersburgo – Pedro
 o Grande, 1682-1725). A primeira escola de ceroplastia aplicada ao ser 
humano foi iniciada em 1771 pelo Padre G. Zumbo, em Bolonha, tendo 
durado até 1893. A expansão dos modelos de cera no ensino médico, quer 
na anatomia normal quer em diversas patologias (doenças cutâneas, 
malformações, patologia tumoral, etc) foi enorme. Numerosas são as 
colecções existentes nas Universidades e Faculdades de Medicina; as mais
 famosas, seja pela quantidade seja pela qualidade dos modelos, são as 
do museu do Hospital de S. Luís (Paris) que conta com 4807 exemplares 
essencialmente dedicados ás doenças cutâneas e venéreas, e a do “Museo 
La Specola Florence” pela qualidade artística dos 513 modelos anatómicos
 humanos.
Em Portugal há três 
colecções de algum valor. Na Faculdade de Medicina de Coimbra existe , 
com início em 1861, o Museu de Anatomia Patológica, com 196 peças ( 161 
de patologia cutânea, 10 de patologia cardíaca e 25 de patologia 
variada) e, no Instituto de Anatomia Normal, 36 modelos. A totalidade 
são de origem francesa. No Museu da Faculdade de Medicina do Porto há 
uma colecção de 112 peças variadas, também de origem francesa. Nos 
Hospitais Civis de Lisboa há o Museu Sá Penela, dedicado às doenças 
dermatológicas, com 245 exemplares por artistas portugueses. 
O
 recurso aos modelos de cera no ensino da matéria médica foi diminuindo 
com o aparecimento dos modelos em “papier maché” , mais resistentes, 
mais acessíveis, mais fáceis no fabrico e permitindo os modelos 
clásticos (modelos desmontáveis) e sobretudo, e naturalmente, com o 
rápido desenvolvimento da arte e ciência fotográfica. O método da 
plastificação de cadáveres humanos, recentemente utilizado, não parece 
ter tido sucesso científico-pedagógico, mas como curiosidade museológica
 discutível. 
Hoje
 a ceroplastia é utilizada quase que exclusivamente nos chamados 
“Gabinetes de cera” reproduzindo com fidelidade as celebridades 
artísticas, desportivas, politicas ou cientificas, ou procurando recrear
 figuras históricas.
São exemplos bem conhecidos, o Museu Grévin, em Paris, criado em 1889, e o Museu Mme Tussaud, em Londres, da mesma época, com 13 filiais no mundo.
São exemplos bem conhecidos, o Museu Grévin, em Paris, criado em 1889, e o Museu Mme Tussaud, em Londres, da mesma época, com 13 filiais no mundo.

 
 
 
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