“Os políticos em qualquer parte são sempre os mesmos. Eles prometem construir pontes, mesmo quando não há rios” (Nikita Kruschev).
Começo por esclarecer que pela importância de que a verdadeira chaga social do desemprego se reveste, e por dados estatísticos por mim colhidos anteontem num jornal de referência, entendi dar a forma de post a esta minha resposta a um comentário de uma leitora, com o nickname Nam, relacionado com o meu post aqui publicado: “Rui Moreira e o Desemprego dos Professores” (10/08/2012). Assim,embora com ligeiro atraso, que a moleza cálida do verão tolera, cumpro a promessa de uma resposta a esse comentário feito com bom senso o que me leva a não navegar em águas de intolerância: “Só achamos que as pessoas tem bom senso quando são da nossa opinião” (François de La Rochefauld).
Aliás, nem não estava à espera de uma concordância com todo o meu post. E tanto assim foi que, logo de início, numa espécie de aviso à navegação, escrevi: “’Toda a verdade gera um escândalo’, disse-o Marguerite Yourcenar. Mas, apesar de um possível incómodo que me possa trazer, entendo ter o dever cívico de não silenciar uma discussão que tem reflexos sociais que merecem ser meditados e discutidos publicamente, que é a do desemprego dos actuais professores e futuros candidatos à carreira docente dos ensinos básico e secundário”.
Daí eu ter compreendido os “senões” por si colocados ao meu post. Mas pondo de lado as razões apresentadas nesse comentário (v.g., aumento de número de alunos por turma), outras bem mais ponderosas me foram dadas a conhecer neste excerto de artigo de opinião de um professor e investigador de História, de que acima fiz referência, e que transcrevo:
“No meio de todos os ‘slogans’ conhecidos, ninguém refere um dado essencial: há menos alunos nas nossas escolas. (…) Basta consultar os dados estatísticos. No ensino básico, por exemplo, em 1985 havia 1.487.600 alunos no ensino público; em 2011, já só eram 932.297. Nos cursos gerais do ensino secundário, o pico foi atingido em 1996, com um total de 272.951 alunos, mas em 2010 já só eram 175.658”. (…) Desde os anos 90, o número de alunos caiu mais de 30%. No entanto, o número de professores passou de 120.000 para 146.000, ou seja, aumentou 21%” (José Carvalho, Público, 14/08/2012).
Para abreviar razões, na crueza dos números, os factores principais do desemprego, repito, factores principais do desemprego dos professores ou dos candidatos futuros à docência, evocados pelos sindicatos, são gotas de água, ou ainda que mesmo chuva copiosa, num mare magnum de outros factores que justificam o sentimento de frustração sentido, com razão e na própria pele, pelos que têm o espectro do desemprego à sua espera na primeira esquina do dia de hoje ou de amanhã.
Mas muito de mal ficaria com a minha consciência, ,como diria Torga, “malditos sejam aqueles que se negam aos seus nas horas apertadas”, se não me aliasse ao clamor de protestos sindicais, ou de outras origens, numa situação não tanto despicienda como isso. Refiro-me à existência no ensino oficial de menos alunos, escolas recentemente ampliadas e melhoradas, por vezes até numa espécie de novo-riquismo pouco compatível com as dificuldades económicas que o país atravessa, e professores no desemprego ou em vias de correrem esse risco, e simultaneamente continuarem a ser revalidados contratos de associação com escolas privadas em localidades com escolas oficiais com vagas e delas separadas por distâncias entre si que não cumprem o mínimo estipulado por lei.
Várias décadas atrás, os liceus eram um lugar de eleição em que as pessoas mesmo de posses e com elevado estatuto social e/ou profissional matriculavam os filhos. Estou-me a recordar, por exemplo, de alguns desses alunos do festejado Liceu Pedro Nunes de Lisboa, colhidos como exemplos de entre muitos outros: Nuno Crato, Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão. Será que são tomadas estas medidas com a intenção de cumprir os versos do soneto do nosso maior épico, tantas vezes evocado : Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades? Estão traçadas com números estatísticos acima referidos as razões para o desemprego que aflige os professores e, last but not least, uma percentagem preocupante da população portuguesa de outros estratos profissionais. Isto implica, em nome de uma justiça social que não tenha os cidadãos como filhos e enteados, que se procurem soluções que encarem este verdadeiro drama como um todo em que as soluções para uns não sejam melhores ou piores do que para outros. Um engenheiro, um operário, um advogado, um empregado de escritório no desemprego são seres humanos que merecem do Estado atitudes sérias que não lhes prometam construir pontes (ou soluções) , mesmo quando não há rios (ou dinheiro). Ou pior do que isso, em termos de injustiça social, construi pontes para uns (com dispêndio para um erário público deficitário) e obrigar outros a atravessar o rio a nado com o perigo de se afogarem antes de chegarem à outra margem. A sabedoria do povo bem adverte: Ou há moralidade, ou comem todos!
Começo por esclarecer que pela importância de que a verdadeira chaga social do desemprego se reveste, e por dados estatísticos por mim colhidos anteontem num jornal de referência, entendi dar a forma de post a esta minha resposta a um comentário de uma leitora, com o nickname Nam, relacionado com o meu post aqui publicado: “Rui Moreira e o Desemprego dos Professores” (10/08/2012). Assim,embora com ligeiro atraso, que a moleza cálida do verão tolera, cumpro a promessa de uma resposta a esse comentário feito com bom senso o que me leva a não navegar em águas de intolerância: “Só achamos que as pessoas tem bom senso quando são da nossa opinião” (François de La Rochefauld).
Aliás, nem não estava à espera de uma concordância com todo o meu post. E tanto assim foi que, logo de início, numa espécie de aviso à navegação, escrevi: “’Toda a verdade gera um escândalo’, disse-o Marguerite Yourcenar. Mas, apesar de um possível incómodo que me possa trazer, entendo ter o dever cívico de não silenciar uma discussão que tem reflexos sociais que merecem ser meditados e discutidos publicamente, que é a do desemprego dos actuais professores e futuros candidatos à carreira docente dos ensinos básico e secundário”.
Daí eu ter compreendido os “senões” por si colocados ao meu post. Mas pondo de lado as razões apresentadas nesse comentário (v.g., aumento de número de alunos por turma), outras bem mais ponderosas me foram dadas a conhecer neste excerto de artigo de opinião de um professor e investigador de História, de que acima fiz referência, e que transcrevo:
“No meio de todos os ‘slogans’ conhecidos, ninguém refere um dado essencial: há menos alunos nas nossas escolas. (…) Basta consultar os dados estatísticos. No ensino básico, por exemplo, em 1985 havia 1.487.600 alunos no ensino público; em 2011, já só eram 932.297. Nos cursos gerais do ensino secundário, o pico foi atingido em 1996, com um total de 272.951 alunos, mas em 2010 já só eram 175.658”. (…) Desde os anos 90, o número de alunos caiu mais de 30%. No entanto, o número de professores passou de 120.000 para 146.000, ou seja, aumentou 21%” (José Carvalho, Público, 14/08/2012).
Para abreviar razões, na crueza dos números, os factores principais do desemprego, repito, factores principais do desemprego dos professores ou dos candidatos futuros à docência, evocados pelos sindicatos, são gotas de água, ou ainda que mesmo chuva copiosa, num mare magnum de outros factores que justificam o sentimento de frustração sentido, com razão e na própria pele, pelos que têm o espectro do desemprego à sua espera na primeira esquina do dia de hoje ou de amanhã.
Mas muito de mal ficaria com a minha consciência, ,como diria Torga, “malditos sejam aqueles que se negam aos seus nas horas apertadas”, se não me aliasse ao clamor de protestos sindicais, ou de outras origens, numa situação não tanto despicienda como isso. Refiro-me à existência no ensino oficial de menos alunos, escolas recentemente ampliadas e melhoradas, por vezes até numa espécie de novo-riquismo pouco compatível com as dificuldades económicas que o país atravessa, e professores no desemprego ou em vias de correrem esse risco, e simultaneamente continuarem a ser revalidados contratos de associação com escolas privadas em localidades com escolas oficiais com vagas e delas separadas por distâncias entre si que não cumprem o mínimo estipulado por lei.
Várias décadas atrás, os liceus eram um lugar de eleição em que as pessoas mesmo de posses e com elevado estatuto social e/ou profissional matriculavam os filhos. Estou-me a recordar, por exemplo, de alguns desses alunos do festejado Liceu Pedro Nunes de Lisboa, colhidos como exemplos de entre muitos outros: Nuno Crato, Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão. Será que são tomadas estas medidas com a intenção de cumprir os versos do soneto do nosso maior épico, tantas vezes evocado : Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades? Estão traçadas com números estatísticos acima referidos as razões para o desemprego que aflige os professores e, last but not least, uma percentagem preocupante da população portuguesa de outros estratos profissionais. Isto implica, em nome de uma justiça social que não tenha os cidadãos como filhos e enteados, que se procurem soluções que encarem este verdadeiro drama como um todo em que as soluções para uns não sejam melhores ou piores do que para outros. Um engenheiro, um operário, um advogado, um empregado de escritório no desemprego são seres humanos que merecem do Estado atitudes sérias que não lhes prometam construir pontes (ou soluções) , mesmo quando não há rios (ou dinheiro). Ou pior do que isso, em termos de injustiça social, construi pontes para uns (com dispêndio para um erário público deficitário) e obrigar outros a atravessar o rio a nado com o perigo de se afogarem antes de chegarem à outra margem. A sabedoria do povo bem adverte: Ou há moralidade, ou comem todos!
24 comentários:
Quem perde a dignidade, sr. Rui Baptista, perde a credibilidade! JCN
Refere-se no texto que cita: "No ensino básico, por exemplo, em 1985 havia 1.487.600 alunos no ensino público; em 2011, já só eram 932.297." Consideremos estes números como corretos.
Acaso pensou no número de alunos em escolas privadas (em qualquer nível de ensino) em 1985 e em 2011 e na sua evolução? Ou escapou-lhe a acentuada privatização do ensino nas décadas de 90 e seguintes?
Não tenho dúvida de que lhe seria interessante ler http://dianeravitch.net/2012/08/16/a-former-coal-miner-said-this-about-teachers-today/ ou em geral o blog de Diana Ravitch.
Os políticos em qualquer parte são sempre os mesmos... Ora, se são sempre os mesmos, e os mesmos igualmente nós, por humanos e seríamos eu e você políticos Sr. Rui Baptista?! Então onde mora a pontência sem conflito?! Em ser professor, em fazer valer a palavra de ensino, pois parece-me que ser professor tem encerrado a missão definitiva quando nem sustentável e bem veja que por sustento a voz destes termos orientam a necessidade por quanto aparato a ferramenta cosnciência de ensino desperta, este cujo papel fundamenta valores a formação e sofrem enquanto projecto parcial de impotência social, pois resolvem-se ao compromisso do próximo quando em circunstâncias de aprendizado o professor nem deveria ser instrumento de poder, apenas por em sê-lo professor o próprio poder do conhecimento: a força de uma nação, o desenvolver das perspectivas, o alcance por acolher dos valores, a presença fundamental e garantia de qualidade a responsabilidade a massa crítica; então aos desígnios do que seja moral, assentado ao eleito a ponte.
Excelentíssimo Senhor Professor João de Castro Nunes: Seria conveniente, pelo respeito que ainda me merece, que elucidasse o leitor a que dignidade se refere. É o mínimo que lhe posso pedir em nome de uma passado de troca de mensagens pautadas por regras de civilidade.
Caro Rui Baptista
Fiquei deveras confuso ou tinha um optimismo exacerbado ao ler o tema do post pois viria a ser esclarecido sobre os factores de desemprego no caso especifico dos professores. Os numeros continuam aser numeros e valem o que valem. Dizer que no ano tal eram tantos alunos e havia tantos professores só quer dizer isso mesmo. A questão na altura e a de hoje é se o numero de professores e a sua distribuição seria a necessária e suficiente para levar a cabo uma determinada missão neste caso a educação das diferentes classes de jovens. A questão que se coloca hoje é a mesma face a um determinado numero de jovens que educação, que metas a atingir que objectivos traçados tendo em conta uma estratégia global de desenvolvimento do País. Estamos adar a melhor educação tendo em conta os objectivos globais? Serão necessários quanto professores e que qualificações? As escolas e o tipo de organização é o mais adequado para estes objectivos? Qual o papel dos diferentes "players" no conjunto da educação? Acho e continuo à espera que quando se debate um determinado tema dentro de uma esfera académica ou a um nivel decisório que a discussão tenha em conta os principios cientificos e não perca a objectividade que lhe é intrinseca. Não sou da área da educação mas como cidadão empenhado custa ver o desperdicio de recursos mesmo quando se trata de uma mera discussão nos blogs. Outra questão interessante que o desemprego dos professores me tem colocado e partindo do principio que existe um excesso de professores, não tem lógica e em termos económicos é um desperdicio deixá-los no desemprego. Se tivessemos um poço de petróleo a jurrar a céu aberto não iamos desperdiçar este recurso só porque não tinhamos colocado os dispositivos necessários para o canalizar. O mesmo se trata com os professores ( e outras profissões que estão a emigrar) que devem ser canalizados para a sua área sendo reciclados para reforçar a educação de um povo que tem as mais baixas taxas de ileteracia da Europa.
O principal argumento que Rui Baptista defende para justificar o desemprego docente baseia-se nos seguintes dados retirados de um artigo:
«No ensino básico, por exemplo, em 1985 havia 1.487.600 alunos no ensino público; em 2011, já só eram 932.297. Nos cursos gerais do ensino secundário, o pico foi atingido em 1996, com um total de 272.951 alunos, mas em 2010 já só eram 175.658”. (…) Desde os anos 90, o número de alunos caiu mais de 30%. No entanto, o número de professores passou de 120.000 para 146.000, ou seja, aumentou 21%” (José Carvalho, “Público”, 14/08/2012).»
Então e se a estes números se considerasse a evolução do ensino particular e cooperativo, residual na década de 80, mas com forte presença hoje? Seria chato, estragaria argumentos.
Caro Paulo Maurício: Como compreenderá, não podia num post (sem qualquer pretensão a tese académica) abordar as inúmeras questões que lança. Acresce que não tenho dados com elementos sobre a evolução dos alunos de escolas privadas (de ensino não superior) entre 1985 e 2011. Somente, prevejo (e as previsões valem o que valem!) que tem aumentado.
Curiosamente, o jornal Público (16/08/2012), na primeira página, dá-nos conta da involução sofrida no ensino superior privado (passo a citar): “Número de alunos matriculados nas universidades e politécnicos privados caiu de 114.173 em 2000/01 para 89.200 em 2010/11. No ensino público registaram-se no período mais 34.448 matrículas”.
As conclusões que julgo poder tirar destes dados são essencialmente duas: 1. O descrédito, que saltou para os media, que nos últimos anos o ensino universitário privado sofreu com os casos da Moderna, da Independente e da Lusófona (que a fazer crédito em notícias vindo a lume está a fazer saldos das respectivas propinas); 2. O decréscimo dos candidatos ao ensino superior público permitiu que houvesse mais vagas que são, preferencialmente, ocupadas (as propinas são mais baratas e o seu prestígio é maior, com excepção da Universidade Católica que pede meças ao ensino universitário público).
Um facto me parece indiscutível: as escolas de ensino secundário público (antigos liceus), mesmo ante das respectivas ampliações, de há anos para cá, utilizando uma metáfora, estão a meia haste por decréscimo de alunos. Tenho como indesmentível outro facto (qual verdade de Monsieur La Palisse): havendo menos alunos há necessidade de menos professores. Acresce que os contratos de associação com os colégios obedeciam à doutrina de prover as necessidades que as escolas oficiais não satisfaziam, por excesso de alunos ou por não haver ensino público em zonas do país distanciadas e não como sucede separadas de poucos centenas de metros umas das outras. Este situação retira alunos do ensino não superior oficial e…como tal provoca o inevitável desemprego dos respectivos docentes!
Há uma ocorrência (nem sempre tomada em devida linha de conta) que em muito contribuiu para o desemprego dos professores. A criação mestastásica de escolas superiores de educação sem ter em conta as necessidades de docentes do país na altura da respectiva ciação. Já em 87, o titular a pasta da Educação, como escrevi então, lançava o alarme: “A relação entre o número de necessidades que temos nos ensinos preparatório e secundário, para os próximos anos, e o número de alunos da Faculdade de Letras é de um para três. Apesar disso, é outorgada autorização às Escolas Superiores de Educação para poderem organizar cursos de formação de professores do ensino básico, nas variantes de português e francês!” (“Diário de Coimbra”, 21/11/1996). Ora, qualquer indivíduo sabe, mesmo sem ser economista, que um fábrica que produz materiais sem escoamento está condenada a uma anunciada falência com o desemprego dos seus operários. Não há volta a dar! Igualmente a formação de professores sem alunos para ensinar tem o destino trágico a que estamos a assistir e que nos deve merecer o maior respeito e a procura de possíveis soluções.
Ela, na verdade, pode ser minorada com turmas menores, mas não será esta solução uma simples aspirina para tratar pneumonias em estado terminal? Não tenho números que me dêem conta de quantos professores teria emprego com esta medida. Poucos que sejam, por uma questão de solidariedade social seria sempre bem vindos e um estudo a fazer a levar avante, salvaguardado o período difícil que as finanças públicas atravessam. Por esse facto, continuo a insistir, os professores não são uma ilha isolada no vasto arquipélago do desemprego com soluções encaradas numa perspectiva egoísta e, como tal, socialmente reprovável que se ouve, por vezes: “Com o mal dos outros podemos nós bem”!
Caro Anónimo: Compreendo a sua desilusão perante um "optimismo exacerbado" (expressão sua) em face do título do meu post. Em comentário anterior, escrevi que o meu post não tinha pretensões académicas e...muito menos procurar unguentos milagrosos para o tratamento da verdadeira chaga social do desemprego dos professores (e não só, não me canso de o repetir!).
A exemplo do radiologista, limitei-me a tirar uma simples radiografia (a necessitar de uma TAC ou mesmo de uma Tomografia por Emissão de Positrôes?)de possíveis causas que atormentam um paciente que se chama Sociedade Portuguesa. Especialistas terão a seu cargo a terapêutica em termos de soluções que se compaginem com a crise de natureza económica (o vil metal, sempre ele!) que o mundo moderno sofre num sistema de vasos comunicantes que não deixa de lado qualquer parte do globo.
Não queria, nem quero, que visse em mim um economista "que levasse metade do tempo a dizer o que vai a acontecer e outra metada...porque não aconteceu!"
Permita-me não concordar consigo. Pelo contrário, aumentaria o desemprego docente no ensino oficial por diminuir a respectiva fequência. Por estar na razão directa e não na razão inversa,quanto maior for o número de alunos maior será o número de professores para lhes ministrar a docência.
Os números estão errados pois não consideram o ensino profissional que tem vindo a aumentar todos os anos. Considerar apenas os chamados Cursos Gerais do Ensino Secundário é enganador pois só considera uma parcela, que se tem vindo a aproximar de 50% do Ensino Secundário. O artgio citado de José Carvalho peca pois num elemento essencial. Como já foi referido seria preciso considerar também os números do ensino privado. Quando se fala da evolução do desemprego "dos professores" não se pode considerar apenas uma das parcelas. Infelizmente há poucos dados estatísticos oficiais e as discussões comuns citam apenas artigos de jornais, fonte de duvidosa credibilidade!
Rectificação à 3.ª linha, último §, do meu comentário anterior: substituir "dêem" por deem.
Caro Jaime:
Se verificou (e verificou certamente) os dados apresentados no artigo do jornal Público não se referem, apenas, ao decréscimo do número de alunos do ensino secundário, reportam-se também aos alunos do ensino básico: em 85, um total de 1. 497.600 alunos, em 2011, de 932.297 alunos. Por outro lado, como escreve “há poucos dados estatísticos oficiais”, e, como diz o povo, “quem não tem cão caça com gato”. “In dubio”, há que fazer fé nos artigos dos jornais e nos seus autores não vendo neles perigosos manipuladores da opinião pública. Ou serão mais digno de crédito os números de participantes, por exemplo, em teatrais encenações sindicais contados, a olho? E num passeio de meia dúzia de gatos pingados para a respectiva tutela oficial?
Tenho a forte convicção (a menos que me demonstrem o contrário) que este princípio não sofre contestação: se o número de alunos tem vindo a decrescer e o número de professores a aumentar, assiste-se a um excesso de professores e a uma carência de alunos, o que trará forçosamente um desequilíbrio que se traduzirá no desemprego docente. Aliás, o autor do referido artigo escreve: “basta consultar as estatísticas” Prova de que ele o fez. Compete, portanto, aos seus detractores apresentarem estatísticas que as desmintam, na obediência do princípio jurídico de que compete ao acusador fazer a prova.
Mesmo, ainda, que os números apresentados (não sejam como o algodão do famoso anúncio televisivo: “o algodão não mente”) tenham uma variação para mais ou para menos, a diminuição do número de alunos (anos atrás, por exemplo, a Escola Secundária de José Falcão, de Coimbra, tinha, por verificação "in loco" quando aí fui professor, uma população escolar que excedia grandemente a actual) e o aumento do número de candidatos à docência não é passível de contestação . Em apelo que possa ser feito, inclusivamente, à falibilidade das estatísticas (aliás a própria Ciência, depois de Karl Popper, passou a ser refutada), chamo a terreiro esta opinião do professor catedrático, um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Matemática e antigo Ministro da Educação do Estado Novo, Francisco Leite Pinto: “Há duas maneiras de mentir, uma é não dizer a verdade; outra, mentir!” Buscando exemplo em George Canning, não se mostra ele mais optimista a este respeito: “Posso demonstrar qualquer coisa mediante estatísticas, excepto a verdade”.
Mas daí a duvidar dos jornais de referência, como o Público, ou da idoneidade dos seus artigos de opinião não me parece ser o caminho mais sério e mais justo do apuramento de algumas das causas do desemprego dos professores. Aliás, hoje reconheço que deveria ter titulado o meu post ( na modéstia de nunca ter tido a pretensão de lhe dar características de tese académica sociológica ou de qualquer outra natureza) ,“Principais Factores do Desemprego dos Professores” de uma forma mais modesta como, por exemplo, “Alguns Factores do Desemprego dos Professores”. Quiçá assim a polémica tivesse sido menor ou quase inexistente, porém, em prejuízo de uma questão que merece ser discutida para apuramento da verdade e não de meia-verdades até porque, como reconheceu George Bernanos. “não há meias-verdades!”
Este era apenas um dos «senões», mas deixe-me então explicar-me melhor: é verdade que há menos crianças. Não vou acrescentar aqui os adultos, jovens e menos jovens, que regressam à escola nem os que não o fazem e deveriam fazer. Vamos às crianças entre 6 e 18 anos.
Quando eu andei na escola - e frequentei a escola pública a partir do que hoje será o 5º ano - estive sempre em turmas com mais de 40 alunos. Então porque é que a dimensão das turmas me preocupa? Porque os actuais alunos não são já filhos de uma pequena elite, nem foram educados como a minha geração foi. As turmas que tenho tido nos últimos 28 anos - tantos quantos tenho de serviço - foram sempre diminuindo (até aqui há 3 ou 4 nos, quando começaram de novo a crescer) e foram sempre sendo cada vez mais difíceis. Os alunos que tive no ano lectivo de 2011-2012 foram os mais difíceis que alguma vez tive. Quer alguns exemplos? Não reconhecem autoridade a ninguém, uma vez que não estão habituados a reconhecer autoridade aos pais. Conversam entre si na sala de aula, durante a aula, num tom de voz entre o normalmente audível e o francamente alto e, se os repreendo, nem sequer entendem por que motivo o faço. Repetem o mesmo erro vezes sem conta, pois é por esse método que estão habituados a conseguir que os progenitores mais renitentes façam o que eles querem ou os deixem fazer o que querem. Mesmo os melhores, vão à escola para ser ensinados e não para aprender - recusam-se a participar activamente no processo e esquecem rapidamente o que aprenderam uma vez que tenha «saído no teste». Podia continuar por mais algumas centenas de linhas mas não vale a pena, já deve ter percebido o filme.
O aumento de alunos por turma é um erro crasso, que custará muito mais do que o que se possa poupar com os professores contratados que este ano não terão trabalho.
Os outros «senões» continuam a ser «senões».
Acrescentava às razões para o aparente contrassenso entre a diminuição de número de alunos e o crescente número de professores e o súbito aumento dos excedentes:
- o ensino de segunda via para adultos foi, nas escolas públicas, para o próximo ano letivo reduzido quase a zero; não estou a falar de RVCC, estou a fazer de ensino, com aulas convencionais; neste momento, para quem queira retomar ou fazer os estudos que não pode em devida altura, não há alternativas (na rede que engloba Coimbra, Figueira da Foz, Cantanhede, Mealhada, Soure, Condeixa, Mira e Montemor foram propostas duas, atente-se bem, duas turmas, as quais, para abrirem têm de ter mais de 25 alunos inscritos); estou a apontar uma razão, não estou a defender que se deve voltar ao ensino recorrente do qual poucos ou nenhuns resultados se obtinha apesar de custar milhões e milhões de euros anuais, conforme o mostraram alguns estudos levados a cabo pela Universidade do Minho; ora, muitos dos professores existentes na rede de ensino não foram contratados para os quadros apenas para ensinarem jovens, pois muitas das necessidades decorriam de existir ensino noturno;
- a organização do currículo: se há 10 disciplinas e áreas não disciplinares, são precisos mais professores do que se o currículo contemplar apenas 8 (veja-se o caso do ensino básico e a eliminação das áreas não disciplinares); se há disciplinas de opção, que se consideram essenciais para o desenvolvimento curricular dos alunos como o Latim, o Grego, a Psicologia, a Literatura Clássica e afins, que abrem com 10 alunos, são necessários mais professores do que as opções ficarem reduzidas a uma ou duas (veja-se http://www.ionline.pt/portugal/curriculo-secundario-mais-pobre-nova-regra-obriga-eliminar-disciplinas) em lugar das 3 ou 4 que se podiam abrir; parece-me que impedir a abertura de opções como a Física, o Latim, a Biologia ou outros e reduzir a uma ou duas quando se podiam ter quatro ou cinco (sobretudo se isso não implicasse mais contratação do que a possível com os professores do quadro), parece-me um disparate cultural a pagar caro;
- a duplicação de ofertas: é certo que nascem cada vez menos crianças; também é certo que com a emigração jovem a aumentar, vão para fora, ou nascem lá fora, crianças que podiam entrar no nosso sistema ; mas, para além do financiamento público de escolas privadas quando temos escolas e professores no ensino público em excesso (política que não compreendo), há diferentes ofertas públicas e privadas concorrentes que explicam a diminuição de alunos no ensino público, nomeadamente de nível secundário (e até do básico): finalização profissionalizante do ensino básico; cursos profissionais oferecidos pela rede pública, mas também pela rede privada de escolas profissionais e oferta massiva (no atual ano) de cursos de aprendizagem pelo IEFP; todas estas ofertas de dirigem a alunos com 15 anos ou mais e são todas concorrentes;
(continua)
(continuação)
- a organização do horário dos professores: a organização do horário dos professores, até há cerca de 6/7 anos era um disparate económico total; um professor com pouco mais de 45 anos podia ficar apenas com uma turma, pois entre reduções de horário, cargos e carga horária da disciplina que lecionava, tal era possível; as necessidades, que levaram a muitas das contratações existentes, decorriam disso, entre outros fatores; ora, foram sendo introduzidas mais e mais restrições na distribuição de serviço, nomeadamente a quase total eliminação das reduções por tempo de serviço e a quase total eliminação das reduções para exercícios de cargos; como professora, considero que a situação anterior era um disparate; no entanto, neste momento, a conjugação estas alterações, com o aumento do número de aluno por turmas e os crescentes papéis que se pedem à escola, com a multiplicação de cargos, funções, etc, etc, está a tornar a situação insustentável, já para não falar na profunda desigualdade dentro da carreira: é que podemos ter professores que com duas turmas (60 alunos) têm o seu horários feito (por exemplo, as turmas são de biologia/geologia, desdobram nos turnos e entre a carga horária, o desdobramento e uma redução de duas horas por idade, o professor fica com horário completo) e outros que precisam de 6 e 7 turmas, com 180 a 200 alunos para terem horário completo; professores esses que, por circunstâncias várias, podem ainda ser chamados a exercer cargos dentro da escola; depois, os decisores parecem não ter a noção de que quando se diz que um professor deve, da sua componente não eletiva, dar duas horas de estabelecimento para ocupação dos alunos em caso de falta dos professores, que isso não significa só retirar duas horas de trabalho individual (que não tem o mesmo peso para quem tem 60 ou 180 alunos; 60 ou 180 testes para ver; 60 ou 180 provas intermédias, trabalhos, etc.), mas também preparar materiais, atividades, preparação essa que, mais uma vez, sai do trabalho individual do professor.
Com estes exemplos, quer defender que não se pode aferir se temos muitos ou poucos professores apenas pelo rácio número de professores / número de alunos, mas temos também de nos perguntar porque é que, estando a população escolar a diminuir há vários anos, porque é que o número de professores de quadro aumentou. As imposições sobre as direções das escolas para fazerem uma rigorosa distribuição de serviço e as inspeções aos horários já existem há vários anos.
Há outros factores, entre os quais as inúmeras tarefas que se pedem à escola, não se podendo esperar que tudo seja feito dentro das reduzidas horas de trabalho individual (por exemplo, não se pode continuar a esperar que os professores de TIC continuem a tomar conta do enorme parque informático da escola, como o têm vindo a fazer, dentro das 4 ou 5 horas de trabalho de estabelecimento que têm) ou dentro dos tempos de trabalho de estabelecimento.
Bom, seria possível continuar…
Devo ainda acrescentar que a quase eliminação do ensino do Francês, do Alemão e do Latim vai ficar muito cara. O «Inglês no 1º ciclo» é uma brincadeira e sabe deus a quem está entregue - enquanto se lançam no desemprego milhares de professores de línguas, com formação superior, estágio pedagógico e experiência de leccionação, em alguns casos superior a dez anos.
Acrescentarei que a redução da componente artística do ensino sairá igualmente cara. Agora que todas as crianças têm, felizmente, acesso à escola, é preciso pensar nas que não têm acesso a bens culturais - concertos de música clássica, teatro, cinema de qualidade, balett, museus, livros, etc. - a não ser que escola lhos proporcione.
Não estou a querer isentar os professores da crise. Mas a educação dos nossos filhos (os professores também são pais) deve ser a última coisa em que se corta, a par da saúde. Baixar a qualidade da escola pública é criar um futuro hipotecado, é infinitamente pior do que deixar uma dívida em dinheiro.
Estimada Nan de 19 de Agosto de 2012 15:12
Quando pergunta:
"...mas temos também de nos perguntar porque é que, estando a população escolar a diminuir há vários anos, porque é que o número de professores de quadro aumentou."
Lembrei-me de Salazar ter mandado fechar as Escolas do Magistério Primário, porque já havia professores suficientes e não os queria desempregados.
O que se passou nos tempos correntes é que se multiplicaram universidades, politécnicas, escolas superiores, oficiais e particulares, a "fabricar" professores sem cuidarem do ratio de que fala.
Hoje fez-se tudo ao desbarato, e depois admiramo-nos dos despautérios e das desproporções, das desregulações e da falta de visão.
Alterar tudo isso é um trabalho ciclópico porque se criaram diversos tipos e sistemas de formação de professores, todos eles disformes, e cada um pior que os outros... e todos agora debaixo do mesmo chapéu.
Cordialmente
Prezada Nan: Finalmente, começamos a entendermo-nos ( no fim de ler o meu comentário, o confirmará ou não). Como escreve expressamente, esteve sempre em escolas públicas em turmas de mais de 40 alunos sem que esse facto impedisse que houvesse disciplina e as aulas decorrem-se num clima que permitia a aprendizagem das matérias leccionadas (e não como hoje se diz "aprender a aprender"!). Primeira conclusão lícita a tirar, o facto do elevado número de colegas de turma do seu tempo de aluna do ensino oficial pós ensino primário não impediu que o ensino fosse de qualidade, mesmo sem entrar em saudosismos de comparações temporais.
As razões por si apontadas, portanto, reportam-se a outros factores que escuso de voltar a mencionar porquanto estão bem explicitados e enumerados no seu comentário e que dão, como escreve, para eu ter "percebido o filme". Em resumo, esses factores assentam no laxismo que se instalou no actual ensino, na caça fácil aos diplomas, sejam eles do ensino básico, secundário, politécnico ou mesmo universitário.
O triste e badaldo caso Relvas(não tanto que lhe faça perder o ar de "orgulho" no seu diploma de "dr.") é paradigmático,como se o diploma obtido o colocasse num plano superior ao de vultos nacionais sem qualquer formatura superior ( de entre eles, o mais evidente o do romancista Ferreira de Castro que possuía apenas o diploma do antigo ensino primário, mas que habilitava os alunos a bem escrever, a bem saber ler e a bem saber contar). Bastava-lhes esse saber adquirido para posteriormente, com essa base sólida construirem uma pirâmide de saberes vários tornando-se em respeitáveis ( não naqueles autodidactas que são "ignorantes por conta própria", como escrveu Mário Quintana).
Pelo andar da carruagem em satisfazer egos medíocres, qalquer dia ainda iremos assistir a cursos ditos universitários, ministrados por partidos políticos, a atribuírem, com a generosidade de quem atribui um bodo aos pobres, licenciaturas, mestrados e até doutoramentos especificamente para se desempenhar os cargos de ministros, secretários de Estado ou deputados..
Finalmente, “nihil obstat” que ambos consideramos, como condição suficiente mas não bastante, que quanto menor for os alunos por turma melhor será a aprendizagem. Numa altura em que o recurso às explicações (desde o actual primeiro ciclo do ensino básico ao ensino universitário), em pequenos grupos ou individuais se tornou uma coisa corriqueira, o demonstra. E demonstra, por outro lado, que o ensino se transformou, em muitos casos, numa espécie de “part time” ou tempo completo de uma actividade económica rendosa (ou rendível, como está em moda dizer-se).
Os próprios "rankings" das melhores escolas não nos dizem se os respectivos alunos tiveram explicações ou não. Com um certo exagero, no meu tempo de estudante liceal contavam-se pelos dedos os alunos que tinham explicações (no ensino primário não existiam e no ensino superior quaquer excepção assumia foro de verdadeiro escândalo). Antes da crise que o país atravessa, com igual exagero, quase se pode dizer que raros alunos não tinham explicações em todos os ciclos e patamares de ensino, e, no caso específico dos candidatos ao curso de Medicina, as excepções "excepcionais!" mais não faziam do que confirmar a regra.
Ou seja, tudo na vida é relativo e por melhor que seja a boa vontade do emissor e do receptor em se entenderem, em questões polémicas como estas, há sempre um ruído de fundo e...como muito bem diz vários "senões"! Mas já não é nada mau a tentativa de esclarecimento para alguns "senões" vão ficando pelo caminho contribuindo para que quem queira discutir os assuntos com seriedade tenham a jornada mais facilitada!
Erratas ao meu comentário anterior:
1. Penúltima linha do 3.º§: "tornando-se em respeitáveis", acrescentar autodidactas.
2. Ante antepenúltima linha do derradeiro §,"alguns 'senões'", anteceder "que"
caro joão boaventura, acho que está equivocado. Já reli os meus comentários e em nenhum encontrei a «pergunta» - que, de facto, é uma afirmação, desculpe os tiques profissionais de uma professora - que cita. Aliás, nunca a faria, sob uma ou outra forma. O número de professores do quadro desceu muito nos últimos anos, devido às aposentações, muitas antecipadas. E os milhares de professores que foram, até ao ano lectivo de 2011-12, contratados, alguns durante mais de uma década (em que outro emprego se mantém contratos precários por tanto tempo?) eram obviamente necessários. Nenhum estava na escola a fazer crochet!
Caro Senhor Professor João Boaventura:
Permita-me que corrija uma afirmação sua: «Lembrei-me de Salazar ter mandado fechar as Escolas do Magistério Primário, porque já havia professores suficientes e não os queria desempregados.»
A razão não foi essa, a verdadeira razão foi Salazar ter considerado haver uma contaminação inultrapassável do espírito das suas novas escolas do magistério primário (criadas em 1931 por rebaptismo das anteriores escolas normais primárias) pelo espírito escolanovista (do movimento da escola nova) de que estavam imbuídas as escolas normais, cujos professores foram transferidos de umas para as outras.
Não lhe restou senão encerrar as suas escolas do magistério primário entre 1936 e 1942, socorrendo-se de regentes escolares (cuja habilitação era apenas a 4.ª classe e um atestado de bom comportamento cívico - imbuído dos valores cristãos - passado pelas autoridades eclesiásticas de cada diocese) para colmatar as graves faltas de professores que começaram a existir.
As escolas rurais (que eram a maioria num país rural) e mesmo algumas nas vilas foram providas com estes professores (na esmagadora maioria professoras) «excepcionalmente bem preparados», a que se juntava a exiguidade de meios didácticos, remetidos ao quadro negro, giz, ponteiro, pobre manual escolar e à menina dos 4 olhos.
E há hoje, apesar da imensa produção historiográfica de altíssima qualidade sobre esta realidade, demasiada gente (e não uma gente qualquer) a considerar de grande qualidade o ensino primário de então: vá-se lá saber porquê?
Prezada Nan: Acabo de publicar um post em resposta a este seu comentário, intitulado "Resposta a um comentárii ao post 'Principais Factores do Desemprego dos Peofessores'".
Caro anónimo do comentário de 19 de Agosto (15:12): Como compreenderá, a riqueza da documentação do seu comentário (e a extensão e prolixidade de temas levantados) não prermite uma análise exaustiva de que é merecedor.
Reconheço-lhe, todavia, desde já, o valor de enriquecer uma discussão que se ampliou para fronteiras difíceis de abarcar com grande pena minha em não ter o poder de síntese requerido e numa ocasião em que me tenho desdobrado em respostas a múltiplas questões levantadas noutros comentários.
Todavia, esta polémica discussão não fica esgotada, podendo´o seu comedntário abrir novos caminhos de discussão. Podendo, não; pode mesmo!
A afirmação de "há que fazer fé nos artigos dos jornais e nos seus autores não vendo neles perigosos manipuladores da opinião pública". Quando não se conhecem os autores é perigoso porque não sabemos que religião lhes tolda a mente. Hoje vieram duas notícias no jornal "Público" que desmentam cabalmente esses números e deitam por terra todas as ilações que tirou:
"entre 2008/2009 e 2010/2011, último ano com estatísticas publicadas, no ensino público do continente a redução do número de jovens alunos foi apenas de 9112. "
http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/crato-utilizou-novas-oportunidades-para-justificar-diminuicao-de-alunos-1562719
"A percentagem de alunos entre os 15 e os 19 anos vai aumentar 10% ou mais por comparação com a última década."
http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/previsoes-da-ocde-contrariam-nuno-crato_1562526
Nestas coisas de contas é preciso fazê-las como deve ser e não embandeirar em arco atrás do primeiro pirómano.
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