sexta-feira, 10 de agosto de 2012

OS MARCIANOS SOMOS NÓS

Texto publicado hoje no SOL:

A ciência e a tecnologia são irmãs inseparáveis. Se a tecnologia é filha da ciência, a ciência é impulsionada pela tecnologia. A ciência é, por exemplo, o conhecimento da lei da gravitação universal e das leis da aerodinâmica, que ajudam a explicar o movimento na atmosfera da Terra ou de qualquer outro planeta. Tecnologia é, sabendo-as, colocar um carro de quase uma tonelada numa cratera de Marte, depois de uma impecável manobra de aterragem (ou amartagem?) totalmente automática.Também eu, logo que acordei a 6 de Agosto, estava curiosioso em saber se o robô Curiosity, lançado pela NASA a 26 de Novembro último, tinha chegado com segurança ao seu destino, na cratera Gale de Marte, onde vai procurar vestígios de vida. Porque as leis que conhecemos da mecânica, tanto gravitacional como dos fluidos, estão certas e porque, conhecendo-as, e de posse de várias outras leis da Natureza, como as do electromagnetismo e da mecânica quântica que explicam a electrónica, construímos mais um engenho para chegar ao planeta vermelho. Invadimos, mais uma vez, Marte com sucesso, não temendo a praga que parecia vir do facto de, das 38 missões a Marte, metade terem falhado. O robô Opportunity, em Marte desde 2004, já tem companhia, o Curiosity.

Não sabemos se existiu ou se existe vida em Marte. Os instrumentos do novo robô vão procurá-la e, passados alguns minutos, logo teremos notícias na Terra. Mas um dia havemos de ir a Marte, levando connosco a vida que lá eventualmente falta. Este é o único planeta conhecido, além do nosso, que tem condições para ser habitável pelo homem. Essas condições poderão ser melhoradas com o auxílio da tecnologia. Demorará, mas atrevo-me a prever: será tão ou mais confortável viver em Marte do que como aqui.

O escritor norte-americano Ray Bradbury, autor das Crónicas Marcianas, morreu em Junho passado sem ter tido oportunidade de assistir ao êxito do Curiosity. Mas há três anos, já de cadeira de rodas, visitou o Laboratório da NASA em Pasadena, que controla o Opportunity e o Curiosity. Ouviu os cientistas e engenheiros dizerem-lhe que a exploração marciana não teria sido possível sem a inspiração dada pelos seus livros. Foi Bradbury que escreveu que os marcianos somos nós. Mas só quando lá chegarmos...

Carlos Fiolhais

4 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Voltar ao paraíso


Talvez um dia o homem descontente
com a visão da Terra poluída
a troque por um sítio diferente
onde reconstruir a sua vida.


Mais próximo de Deus seguramente
e sob a sua paternal guarida,
em Marte, onde é propício o ambiente,
terá nova existência garantida.


Sem precisar de leis, em anarquia,
em liberdade física e mental,
outro será… seu meio social:


nada de “excelentíssimo senhor”
nem presidente seja do que for
ainda que tão-só de freguesia!


João de Castro Nunes

Luís disse...

Isto é tão lamentavelmente mau que nem pobre ou miserável consegue ser:

"A ciência e a tecnologia são irmãs inseparáveis. Se a tecnologia é filha da ciência, a ciência é impulsionada pela tecnologia. A ciência é, por exemplo, o conhecimento da lei da gravitação universal e das leis da aerodinâmica, que ajudam a explicar o movimento na atmosfera da Terra ou de qualquer outro planeta."

As "irmãs inseparáveis" são afinal mãe e filha. A Ciência (ou "ciência", com letra pequena, como Fiolhais escreve) é o conhecimento da lei da gravitação universal...

Mau uso da língua natural. Ignorância do que é Ciência (que não é o conhecimento da lei da gravitação universal, nem é "ciência" em letra pequena) e desconhecimento do que distingue a Ciência da Tecnologia (as tais irmãs que afinal são mãe e filha).

Muito, muito mau.

João de Castro Nunes disse...

Há maneiras e maneiras
de a mesma coisa dizer:
o que importa é ter maneiras
na maneira de dizer!

JCN

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Brilha-nos estrelas.

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...