domingo, 10 de junho de 2012

Quais são os limites da computação?



Em 2006 a TSF fez a várias pessoas 125 perguntas de ciência. Eis a minha resposta a uma delas, sobre os limites da computação:

TSF: Basta olharpara um computador caseiro de há dez anos atrás para se perceber o quanto atecnologia tem evoluído. Fica-nos a ideia de que esta evolução não tem limites,mas Carlos Fiolhais, professor de Física na Universidade de Coimbra, explicaque, apesar de ainda estarem longe os limites da computação convencional, estesexistem mesmo.

Carlos Fiolhais:Tudo o que se passa no Universo tem limites e os limites são dados pelas leisda física. Não podemos violar as leis da física. Mesmo uma máquina que faça umacoisa tão simples como 1 + 1 = 2 tem de respeitar esses limites. Por exemplo,os nossos computadores, que funcionam com transístores, são cada vez maispequenos, mas não podem ser infinitamente pequenos. Esse é um dos limites dacomputação, entre outros. Outro é que a informação não pode viajar mais rápidoque a luz. Ainda outro é que em todos os processos de computação há dissipaçãode energia: o computador aquece e esse facto não pode ser ultrapassado.

A indústria informáticaé a que, entre todas, tem progredido mais. Se o mesmo progresso se tivesse dado na indústriaautomóvel, por exemplo, hoje andaríamos num Ferrari pelo preço de uma bicicleta,o que infelizmente não é verdade. Deu-se, de facto, nos computadores umdesenvolvimento vertiginoso. Podemos perguntar: será que isso vai continuar? Aresposta é sim, nos tempos mais próximos vai continuar. Vamos ter “laptops”ainda mais rápidos, quer dizer, daqui a dez anos vamos ter os supercomputadoresde hoje no nosso colo. Como é que se vai conseguir essa coisa fantástica?Graças à chamada nanotecnologia, a engenharia à escala atómica e molecular. Elavai permitir tornar os transístores mais pequenos, ou seja, vai permitir empacotarmais transístores no mesmo espaço, embora haja um limite para isso. Como nãoqueremos interagir com um computador que não seja visível, o computador vai naturalmente continuar dotamanho da nossa mão, embore passe a ter um poder de cálculo muito maior. Há umlimite para isso, um limite que ainda não está à vista, quando a certa altura chegarmos ao tamanho do átomo. Mas os próximos dez anos serão ainda de aumento dopoder de cálculo, com a diminuição do tamanho dos transístores e o empacotamentode mais transístores no mesmo espaço.

5 comentários:

escritas de mp.b disse...

Sr Silva já alguém falou disso há já muito tempo, talvez voltem a repor a peça.Isto até poderia ser uma sugestão para o de "Rerum Natura" .-

escritas de mp.b disse...

Já alguém escreveu sobre isso há já muito tempo. E se repusessem esse tema ?

Cláudia S. Tomazi disse...

Diria a simplicidade do limite humano e que evidentemente preenche qualquer suposição fantasiosa, afinal criação é evolução e aperfeiçoar tem sido a generalidade de possibilidade; desde a invenção do rádio a pilha que imitara os golfinhos.

José Batista da Ascenção disse...

No livro "O mistério do bilhete de identidade e outras histórias", de Jorge

Buescu, 6ª edição, de 2002, da Gradiva, págs 58-59, escreve o autor: ..."já

há investigação, artigos científicos, conferências e até cadeiras

universitárias, sobre computação com ADN", continuando, mais à frente:

"Alguém pode dizer seriamente o que será a computação por ADN dentro de 50

anos? Será o Windows 2050 fornecido em tubos de ensaio?"

E, coroando o meu espanto, recorrendo a factos irrefutáveis, facilmente

compreensíveis, conclui: "E, afinal de contas, num certo sentido, a ideia

dos computadores de ADN nem sequer é nova: o leitor está a usar o seu neste

preciso momento".

Um simples mortal lê e vai aos píncaros.

Agora, se o autor ou alguém como o Prof. C. Fiolhais pudesse escrever (e

esclarecer) mais alguma coisinha sobre o assunto, eu (era dos que) ficava

(muito) agradecido e contente.

Aquilo ficou-me, ficou-me... E está como... me ficou, quer dizer, não se

apagou...

Cláudia S. Tomazi disse...

Creio, futuramente a cadeira de Física seja a mais concorrida.

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