sábado, 16 de junho de 2012
EXAMES A SÉRIO - FINALMENTE UMA AUDITORIA AO «EDUQUÊS»
Artigo de Guilherme Valente saído no Expresso de hoje:
Considerando o facilitismo da escola e o simulacro de exames, o que terá surpreendido, durante todos estes anos, o observador menos advertido, foi os resultados terem sido sempre piores. Explicação óbvia: quando se pede zero, obtém-se menos que zero.
E foi para que se não descobrisse a efeito do projecto inconfessável, imposto à escola durante todos estes anos que foram desvalorizando os exames, que tentaram acabar com todos eles. Usando «argumentos» tão inteligente e ideologicamente reveladores como os de que os exames ferem a auto-estima dos alunos, discriminam os mais desfavorecidos e levam os professores a preocupar-se apenas (?!) em preparar os alunos para as provas.
Só a opinião pública, progressivamente esclarecida, impediu que acabassem com todos os exames. Vieram, então, as provas cada vez mais fáceis, de «faz-de-conta».
Mas mesmo assim, com exigência mínima, provas ridículas, pressão sobre os professores para «passarem» todos os alunos, as retenções aumentaram sempre. Por uma razão tão óbvia que só os «cientistas» da educação, preparados para perceberem apenas as coisas difíceis, não podem compreender: a descida da exigência gera cada vez mais ignorância, desinteresse e irresponsabilidade nos alunos e explicável desmotivação em muitos professores.
O facto da exigência, a auto-exigência, a avaliação a sério não serem cultivadas na escola, apresentadas como um auto-desafio, leva as crianças, desde o primeiro dia de aulas, a aprenderem o seu contrário, isto é, a não levarem a escola a sério.
Nesta perspectiva, os exames a sério – sendo um exercício de autonomia para os alunos – são o momento (educativo, diria mesmo ético e cívico) em que, alunos, professores, directores, os próprios pais e, claro, o ME, são confrontados com as suas responsabilidades.
Cada realidade educativa deve ter um regime de exames adequado. Em Portugal, a situação do ensino, a cultura dominante nas escolas, exige a regulação, durante um certo período, de um regime intensivo de exames.
Por isso, a imposição da exigência e de exames a sério, com todas as outras mudanças de fundo e instrumentais que serão progressivamente introduzidas, irá reduzir a necessidade de retenções. Como em breve se verá e o «eduquês» teme.
Esqueçamos as tretas, libertemo-nos da moda: os exames a sério não são, pois, para reprovar, mas, pelo contrário, para transitar... sabendo-se. (Havendo casos em que a transição sem o aproveitamento desejável pode ser considerada útil para o progresso do aluno ).
Todos temos consciência de que a generalidade dos alunos, na generalidade das disciplinas, só estuda empenhadamente quando a avaliação é a sério. Serão poucos os que investem quando a passagem é «de borla». E só se aprende quando se estuda, ao contrário do que é prometido pelos «especialistas» da educação.
O exame é uma orientação e um desafio de superação para os alunos, os professores e mesmo os pais. A competição é sempre connosco próprios, deve ser assim promovida e vivida.
Com o novo ministro da Educação vêm os primeiros exames a sério. Deveriam ter vindo antes de qualquer outra medida , para se avaliar o verdadeiro estado da educação.
Mas esses primeiros exames, convém sublinhá-lo, por serem a sério e não ter havido ainda tempo para mudar a escola, irão traduzir-se, como só o Professor Santana Castilho parece não compreender (?!), em resultados previsivelmente piores.
Devemos, no entanto, estar preparados para alguma surpresa: é que os alunos portugueses não são menos dotados, em inteligência, orgulho e vontade, do que os alunos dos outros países e, como dizia uma das personagens do Frei Luís de Sousa, «a necessidade pode muito». De facto, quando foi noticiado o nome do actual Ministro da Educação, um aluno do 11.º ano disse ao pai: «Temos de estudar, vem aí o Nuno Crato.»
É preciso, pois, aguardar com esperança os efeitos «imediatos» da libertação do «quartel-general» do «eduquês».
Guilherme Valente
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51 comentários:
Oh valha-me Deus! Que são exames a sério?! São aqueles em que os alunos papagueiam o que decoraram e que mais tarde para nada lhes servirá senão para dizerem que têm "cultura geral"? E o que é a cultura geral? E para que serve? Oh valha-me Deus - estamos a fazer o exercício do caranguejo: a andar para trás e a olhar para o lado!
Que raço de elitismo!...
Força, Guilherme Valente! 100% ao seu lado!
Tenho 52 anos.
Sou professora há cerca de 30 anos.
Passei pelo ensino público e privado e 'viajei' em todos os paradigmas socio-educativos do pós 25 de abril, como aluna, primeiro, depois como professora e ainda como aluna do ensino superior em pós licenciatura.
Fiz os meus primeiros anos de escolaridade (9 anos), ainda no Estado Novo, atravessando toda a 'primavera' marcelista.
Há muito tempo que não lia tanto disparate e arbitrariedade opinativa e bacoca, sobre educação, exames, aprendizagem, mérito e conceitos afins! Há muito tempo!
Porém, uma coisa é certa: este discurso não é senão um (perigoso) sinal dos tempos!
Meu caro Guilherme Valente
Os protagonistas do "eduquês" estrebucham. Parecem incomodados como nunca.
Até aqui tomavam-se Deuses de um qualquer Olimpo. O mundo era deles. Agora
têm que mostrar o que valem, como os outros (professores, os até aqui
desalinhados...) queriam.
As coisas mudam menos rápido do que nós queríamos, sim, mas nós queríamos
tudo agora, já, e isso não é possível. O paquiderme é monstruoso, a sua
inércia colossal, o poder de emperrar a máquina incomensurável, mas o chão
começou a tremer-lhe debaixo do corpanzil. E ainda bem.
Pela parte que conheço melhor, relativa aos exames de biologia, as coisas
andavam mal. Os exames tornaram-se artificialmente difíceis, de 2005-06 para
cá, apenas porque são mal feitos: perguntas de matéria que não consta dos
programas, perguntas de seleção com a opção pretendida errada, erros que
nunca foram reconhecidos, etc. E os critérios de correção foram, por vezes,
inenarráveis. Ora, os deste ano, porque foram feitos nos mesmos moldes, não
devem ter melhorado significativamente. Assim mesmo, já não temos que ter
vergonha de dizer que o "eduquês" é estúpido e que as suas exigências são
patéticas e burras: veja-se os PIT (planos individuais de trabalho para
alunos faltosos) entretanto já varridos da legislação, que eram uma fonte de
trabalho para o professor da disciplina, o diretor de turma, e para quem
tinha que vigiar os alunos durante a sua aplicação (por exemplo o
funcionário da biblioteca); só não o eram para os alunos incumpridores que
chegavam a rir-se do ridículo da coisa. Outra invenção que muito maça os
professores é o PCT - o plano curricular de turma: professores que há
décadas desempenham bem a função são incomodados com exigências processuais
patéticas que lhes consomem tempo e energia e lhes dificultam a ação. Ora,
esses professores é que podiam explicar, se valesse a pena, a certos
burocratas como é que se desempenha a preceito a função de Diretor de Turma.
Mas há outras coisas boas. Por exemplo, é bom que a "nota" de educação
física tenha deixado de contar para a média de acesso à universidade em
cursos para que não tem qualquer importância. A situação era escandalosa: na
escola pública, muitos alunos ficavam prejudicados porque não tinham jeito
para correr atrás de uma bola ou qualquer interesse em saber quais são as
medidas de uma baliza; e em certas escolas do ensino privado havia razias de
vintes nas pautas porque isso contribuía para elevar as médias dos meninos
sem haver o risco de tais notas serem contrastadas com as classificações de
exame. Agora, não se retire daqui uma diminuição da importância da
ginástica/exercício físico/desporto (prefiro estas designações a quaisquer
outras que tenham "educação" atrás, porque, aí, começa a ideologia, e já
ninguém sabe do que se trata; exemplifico: o papa é bem ou mal educado
fisicamente? e o Stephen Hawking? e o Cristiano Ronaldo?...), porque as
crianças portuguesas estão a ficar obesas em grande escala e incapazes de se
mexer..., problemas que, no entanto, não se resolviam com aulas teóricas, a
decorar apontamentos patetas, em tempos de quarenta e cinco minutos...
Continuo, por isso, esperançado na ação de Nuno Crato. Se dependesse de mim,
e se as ideias dele não mudarem, pedia a futuros primeiros ministros que o
deixem ficar a liderar o ministério nos próximos vinte anos. Talvez assim
conseguíssemos minimizar os estragos de tantos (todos os) incompetentes e
irresponsáveis que, desde há décadas, têm ocupado o lugar.
Professora Graça Sampaio;
Penso que a Senhora tem toda a razão, era bom que não a tivesse; mas quase de certeza que a tem, mas é assim que é, infelizmente.
Cordialmente,
Totalmente de acordo com o artigo!
joão moreira
Lá mais acima, na terceira linha do que escrevi: "Até aqui tomavam-se por Deuses de um qualquer Olimpo" é que devia ser, em vez de "Até aqui tomavam-se Deuses de um qualquer Olimpo".
Isso não são exames a sério; são exercícios de memorização.
Exames a sério avaliam não só o conhecer os conceitos fundamentais mas também a capacidade de os aplicar a situações novas.
A cultura geral não é uma coisa má. O facto de ser médico ou advogado, não impede que tenha conhecimentos de música, filosofia ou desporto. A mente que se restringe não pode produzir coisa boa. Até o corpo precisa de diversificar as suas fontes de alimento.
É questionável que a nota de Educação Física deixe de contar para o acesso à Universidade. E a de Matemática? Se é lógico e justo que conte para o acesso a Física ou Engenharia, já será lógico e justo que conte para o acesso a cursos de saúde? É preciso muito cuidado com estes critérios.
Os critérios de exigência e rigor devem ser progressivamente introduzidos, tendo sempre em conta o contexto sócio educativo onde vão ser aplicados.
Para dar uma imagem de exigência qualquer um pode opinar acerca da escola e seus ensinamentos, fazendo comparações com a escola do "nosso tempo" e cobrir de ridículo certas provas que até agora têm sido efetuadas.( às vezes com alguma razão)
Não faltam "especialistas em educação"aque agora descobrem coisas extraordinárias, parecem apostados num ajuste de contas com os aplicadores do eduquês, esquecendo-se que esse foi um processo que envol veu responsáveis que agora protestam contra a falta de exigência da escola.- E que tal conhecer as coisas no terreno?
Caro Dr. Guilherme Valente: “Quem não mede não se importa com as coisas", como li algures. O facilitismo de um ensino que licenciou, pelo menos, um aluno – será que a palavra educando caiu em desuso? - com diplomas passados ao Domingo e exames feitos por fax ), fez-se paradigma de princípio contrário: “Quem se importa com as coisas não mede”! Ou mede no dia sagrado do descanso e com as modernas tecnologias que não incomodam os alunos com deslocações desnecessárias às salas de exame…
“Na verdade a pedagogia que nivela tudo por baixo no intuito de esbater as diferenças tem como consequência tornar ignorantes milhões de pessoas e não privilegiar aqueles que podiam ir para a universidade e para escolas de excelência com professores respeitados e programas rigorosos; é por esta razão que há cada vez maia pessoas a quererem uma escola ais séria, mais rigorosa, com professores preparados e mais respeitados” , escreveu-o o sociólogo Francesco Alberoni, em 2010. Mas quem é Francesco Alberoni comparado com os “cérebros” do EDUQUÊS?
Esta a questão que a mediocridade do nosso ensino traz para uma discussão que não pode ser mais adiada: “Escolas de excelência com professores respeitados e programas rigorosos” ou escolas do ensino superior universitário e politécnico de cócoras perante o vil metal e o “eduquês” com, por exemplo, “provas de acesso ao ensino superior para maiores de 23 anos”, em substituição dos sérios e exigentes exames “ad-hoc”? Querer fazer sair a discussão destes parâmetros é pretender continuar a discutir o sexo dos anjos com os turcos às portas de Constantinopla.
Cumprimentos cordiais e solidários,
Senhor Professor Ascenção:
«As coisas mudam menos rápido do que nós queríamos» ou «As coisas mudam menos rapidamente do que nós queríamos»?
Como vê, independentemente do grau de razão que o senhor tenha relativamente ao «eduquês» (não me interessa entrar nessa discussão sem fim em que cada uma das partes quer ter a razão toda), os «anti-eduquêses» também dão erros que, se fossem dados pelos «eduquêses», logo seriam apontados como o exemplo acabado dos resultados da teoria «eduquêsa» aplicada à prática.
Como qualquer mortal sabe, independentemente de ser professor ou não, uma parte significativa dos erros de Português vêm da colonização da nossa Língua:
a) – pelo Português do Brasil (desde há quase 40 anos pela via das telenovelas, como é bom exemplo o uso do adjectivo rápido em vez do advérbio de modo rapidamente, que os brasileiros usam sempre; tal como mídia em vez do termo latino «media», embora este também tenha vindo pela via da influência anglo-saxónica –, de onde os brasileiros o importaram grafando a sua pronúncia saxónica – os anglo-saxónicos incorporaram o termo latino lendo-o como se fosse inglês, tal como fizeram com a forma verbal latina delete, etc., etc.);
b) – da colonização anglo-saxónica (desde há 60 ou 70 anos pela via, essencialmente, do cinema americano), com a introdução abusiva de termos que transformaram as frases em algo por vezes estranho, ou de formas de construção de outras frases com sentido de posse (This is John’s dog) que passaram a ser maneiras de pluralizar acrónimos – o que é uma insensatez absoluta (ex. PPP’s);
c) – mais recentemente das novas tecnologias (Internet, telemóveis, SMS).
Estas três fontes de «contaminação» da Língua estão hoje tão presentes nas nossas vidas, devido ao peso percentual diário da influência que os diversos «media» exercem, as nossas vidas estão mesmo invadidas pelos «media», que não há gramáticas, Acordos Ortográficos, professores, escolas ou ministros da Educação com força suficiente para lhes fazer frente.
O poder de divulgação, e de ampliação do erro gramatical, a que estamos sujeitos diariamente é incomensuravelmente mais forte do que toda a acção normativa que a Escola exerce (e deverá continuar a exercer).
Um exemplo acabado disto que defendo são os erros dados por pessoas cultas e/ou importantes (presidentes, ministros, intelectuais e universitários com idade suficiente para não terem frequentado a escola no tempo do «eduquês», mas que nem por isso deixam de dizer cada barbaridade.)
Esquecer isto em nome de outras «guerras», por mais justas que sejam, é iludirmo-nos tomando a parte pelo todo.
Tal como o médico que, perante uma doença complexa de um doente diagnostique apenas um das suas causas terá muita dificuldade em o tratar convenientemente, não nos devemos iludir nem relativamente aos problemas da Educação nem em relação a quaisquer outros tomando a parte pelo todo.
P. S. Ser eventualmente quiser contestar ou responder-me, o que está no seu pleno direito, embora para mim me seja completamente indiferente que o faça ou não, se o fizer, peço-lhe por favor de fuja do registo da guerra entre «eduquêses» e «anti-eduquêses», a qual observo com alguma atenção mas não me interessa perder muito tempo com ela, pois não sou nem quero ser parte dessa guerra.
Sou professora do ensino secundário e concordo, totalmente, com a análise que Guilherme Valente fez no seu artigo. É verdade que, como ele diz, a descida da exigência gera ignorância, desinteresse, irresponsabilidade e conduz em última análise alguns alunos (a maioria, parece-me, pelo que observo) a não levar a escola a sério.
Não há muitos alunos que tenham sobrevivido ao facilitismo e, já agora, também professores. Eu julgo que a existência de exames pedagogicamente adequados e cientificamente exigentes pode ser neste primeiro embate um tratamento de choque. Contudo, estou convencida que a médio prazo é a única forma de tratar o estado lamentável a que chegamos - após anos a frequentar a escola, os alunos portugueses revelam, em geral, uma enorme falta de conhecimentos, tal como os resultados obtidos em testes internacionais credíveis demonstram.
Mas, sublinho, são precisos exames exigentes bem-feitos. Aguardemos, então. Os testes intermédios realizados em algumas disciplinas este ano letivo revelaram alguns defeitos que, espero, sejam corrigidos, para que o descrédito não se instale.
Lamentável este comentário: para que serve a cultural geral? E o conhecimento? Para que serve?
Para nada, sr.ª professora, para nada!
De facto, qual é o interesse de saber que AH foi o 1.º rei? Tudo coisas irrelevantes, perfeitamente desnecessárias no mercado de trabalho.
Ora bolas para esta gente que não pensa!
Caro Emanuel
É claro que a nota de matemática é muito importante para os cursos de saúde: há muitos campos da saúde, em qualquer profissão, enfermeiros, paramédicos, analistas, bioquímicos, fisiologistas, socorristas e, naturalmente, médicos, em que os conhecimentos de probabilidades, bem como a capacidade de rapidamente calcular doses, fazer proporções, conhecer e interpretar curvas de tendências ou limites, etc, etc, etc, se podem revelar fundamentais.
A matemática é fundamental em todos os aspetos da vida, até em literatura...
É a minha opinião, que nem sou de matemática.
Com todo o respeito por outras opiniões, claro.
Correcção de 2 gralhas no meu comentário anterior:
«Se, eventualmente, quiser contestar»
«peço-lhe, por favor, que fuja do registo»
Caro Manuel João Castelo Branco
No que me toca, a única coisa que quero do "eduquês" é que me deixe em paz.
E quem gostar dele pois que com ele se contente.
Mas os que o não querem, senhor?
A isso chamo proceder democraticamente.
Eu, que não faço outra coisa senão trabalhar no terreno, desde que iniciei a minha profissão.
Senhor anónimo
Se quer dialogar comigo dispa, por favor, a "burka" do anonimato.
Se não for em respeito por mim, que seja pelas regas deste sítio.
Condescendendo, esclareço, num rápido, que a palavra "rápido" pode ser usada como adjetivo e como advérbio, neste caso com o significado de "depressa". Por isso, sem pretensões de dar lições, mantenho o que escrevi.
Mas agradeço-lhe a generosa atenção que dedica aos meus comentários.
O mesmo já não posso dizer do resto que escreveu, por nada adiantar ao pouco que sei.
Mas, para quem tão zelosamente se preocupa com a língua, já viu como faz o plural de "eduquês"?
Ora, bem prega Frei Tomás...
Guerra consigo?
Homem (ou mulher), eu sou mais pelas batalhas da paz.
A colonização da língua pelo inglês, brasileira, etc. é uma coisa péssima, porquê? Mas se for pelo latim, grego clássico ou árabe já é uma coisa boa? Porquê? A mania das purezas, na língua, na cultura ou na raça não dá bom resultado. As línguas são coisa viva e influenciam-se umas às outras. Vamos tentar impedir isso? Digo tentar porque tentar é possível, impedir mesmo é impossível por mais pureza que se procure.
"e/ou" isto é que é bom português (para rir).
No meu comentário mais recente, onde escrevi "a palavra "rápido" pode ser usada como adjetivo e como advérbio" devia ter escrito "a palavra "rápido" pode, nuns casos, ser usada como adjetivo, e noutros como advérbio"...
Li de relance artigo e comentários e fiquei perplexo por ninguém falar no abominável Acordo Ortográfico que este Ministro deveria pura e simplesmente pôr em stand-by (passe o inglesismo!). É que os pobres dos alunos não sabem se hão-de escrever como lêem nos livros que os pais lá têm em casa(fora dos adoptados na Escola, já com os lobbies - outro english! - das editoras a funcionar...), se segundo as novas regras do Acordo que são uma baralhada. Depois, já alguém reparou na barbaridade da linguagem gramatical imposta pelos novos programas e que os alunos tem de saber? Uma coisa e outra tornam as aulas de Português e a aprendizagem do manuseamento escrito da Língua uma estopada monumental, mesmo para os "antigos" que querem ajudar os mais novos que lhes pedem auxílio.
Quem pode pressionar para que alguém responsável (AR ou MEC)dê um murro na mesa contra estes atentados à Língua Pátria?
Claro que não se pode/deve confundir isto com as influências inevitáveis - e, diria, saudáveis! - de outras línguas no português. Esse facto parece-me - sempre me pareceu! - mais um enriquecimento que uma corrupção.
Comentário ao comentário de Graça Sampaio:
Uma Senhora Professora que escreve cultura entre aspas! Não é surpresa, claro, porque se sabe qual é a matriz ideológica, irracionalista e antihumanista, obscurantista, nilista, do eduquês. Diga-nos, por favor, o que tem contra a cultura (conhece a frase de Goobels - porventura não conhece, porque para se conhecer é necessário... cultura, está ver a vantagem? -- pense nisso).
O que fizeram à sua cabeça, minha Senhora. De substantivo, revelador, é só isso que o seu comentário ao meu texto traz: o ódio à cultura. O resto do que escreveu não é nada, nenhum argumento contra o que escrevi, nenhuma ideia. De facto, a maior parte de vós nem sabe o que tem andado a defender e a servir, a tragédia de que têm sido cúmplices, ingénuos ou irresponsáveis. Com toda a franqueza, o que a Senhora escreveu indica ser esse o seu caso.
Que escola e que resultados, produziu o eduquês em trinta anos de reinado absoluto e repressivo? Que capacidades, autonomia, espírito crítico, civismo, consciência política, inconformismo, auto superação, liberdade, progresso? Que homens e cidadãos formou? Com que valores, exemplos, ideais?
O vazio. Criou vazio, gente sem cabeça, sem alma, sem sensibilidade, sem espírito de justiça, sem o conhecimento e a cultura que são a distinção e possibilidade de superação da nossa humanidade.
O vazio, esse é o programa do eduquês. E fique sabendo que o eduquês não é moderno, mas muito velho. As pessoas cultas, informadas ou que queiram informar-se sobre o tema, conhecem-lhe as origens, a genealogia, as suas outras medonhas manifestações na história. Actual, sempre, é o pensamento livre e crítico, que tem de resultar de uma mente informada e culta, a capacidade de ver com os o próprios olhos e de gritar que o rei vai nú, a coragem de enfrentar a moda avassaladora.
Sem conhecimento nem cultura não há espírito crítico. Só são livres os homens cultos, escreveu Epiteto, há quase dois mil anos, era «burguês»? O eduquês não quer homens livres, quer homens-servos, como pretenderam todos os programas ideológicos anti-cultura. Mas para se saber e perceber isto é preciso...cultura. Vê a Senhora porque é que o eduquês odeia a cultura?
Se pensar, concluirá que não exagero nada. E que tudo o que afirmo é documentável.
Leia, por exemplo (um exemplo no início de um processo no espaço cultural mais perto de nós), A Apologia de Sócrates. É «cultura burguesa»? É velho? Que igorância tão estupida seria o eduquês, se não fosse, como é para os que conscientemente o promoveram (não será o caso, da senhora, obviamente), uma utopia assassina, instrumento e manifestação de um interregno de barbárie que aí está.
Pense, Senhora... Professora, e descobrirá o que o eduquês, por exemplo e bem intencionalmente, quis fazer, fez e está a
fazer aos Professores. Até tentou a violência maior: roubar-lhes o nome. Tentou impor o nome de «ensinantes», para destruir, apagar, o nome mais dignificante de todos os nomes: PROFESSORES. Leia a Apologia de Sócrates. Talvez se faça luz no seu espírito e perceba o que é a cultura, o que ela gera e como liberta. Liberte-se!
(«Capacidade de aplicar os conceitos fundamentais a situações novas», diz Emmanuel Mendonça. Aplicar o quê?).
(Estão realmente muito nervosos, meu Caro Amigo José Batista Ascenção, e vão ficar ainda mais.)
Guilherme Valente
Senhor Professor Ascenção:
Antes de mais, em rigor, eu não sei se o senhor se chama o nome que aparece nos seus comentários.
Tem havido aqui tantos anónimos a comentar que me parece não ser regra da casa não se ser anónimo para o fazer, de outro modo, os comentários não eram aceites pois está activada a moderação editorial.
Se a memória não me atraiçoa, o principal editor do blogue, Ruy Baptista, não se chama assim, pois foi confrontado com um comentador e confirmou-o (o que digo poderá ser confirmado ou infirmado nos posts anteriores).
Apesar de frequentar esporadicamente o De Rerum Natura, não é a primeira vez que observo que o senhor fica extremamente irritado quando algum comentador o questiona nas suas «verdades», sejam elas opinativas (o «eduquês» é a fonte de todos os males do mundo educativo, quiçá de todo mundo), sejam elas a propósito de questões mais objectivas, como as gramaticais.
Foi a primeira vez que o interpelei e, pela sua reacção, quem o faz uma vez não fica com vontade de o fazer uma segunda.
É evidente que cada um pode usar a Língua como quiser, se quiser continuar a considerar rápido como um advérbio, continue, torna a frase muito mais fluida e elegante, porque não rapidinho, como dizem os brasileiros: eu vou ali rapidinho.
Não dedico, portanto, nenhuma atenção particular aos seus comentários porque eles são sempre demasiado previsíveis, sempre iguais a eles mesmos, sempre e só sob o lema: o eduquês é a fonte de todos os males; e depois há sempre as palmas incondicionais aos «anti-eduquêses» encartados e as trocas mútuas de galhardetes. Patético.
Quanto ao plural de «eduquês», podemos usar a liberdade que entendermos na sua grafia, pois é um termo não estabelecido; aliás, é uma «coisa» que ninguém verdadeiramente sabe o que é, uma arma de arremesso que só convida à preguiça intelectual, pois reduz de tal modo o campo de análise e de discussão que nele só cabem os fanáticos e os fundamentalistas de tipo religioso (quer sejam os pró ou os contra).
Fim de troca de argumentos.
Senhor Anónimo das 23:07:
É evidente que as línguas se influenciam e que não há pureza. Mas outra coisa é a «invasão bárbara» da Língua que nos causa desconforto e perturbação funcional.
Em cada momento a Língua é regida por um conjunto de normas, que, por exemplo, são ensinadas nas escolas. Se a norma ensinada é naturalmente pervertida no dia-a-dia qual a função dos professores e do ensino?
É lícito ensinar regras gramaticais, testá-las nos exames e achar normal (por vezes nem sequer se admitir) que se esteja a violá-las?
E quanto ao Latim, ele não colonizou, nem coloniza, a nossa Língua, porque é a sua fonte.
Quanto à colonização, esta é sempre má porque pressupõe uma imposição violenta contra a vontade de alguém, coisa bem diferente é a influência recíproca das línguas, a qual ocorre naturalmente ao longo dos tempos.
Senhor Anónimo das 23:24:
e/ou (sem espaço antes e depois da barra) é uma forma simplificada de apresentar duas hipóteses alternativas.
Por exemplo:
pessoas cultas e importantes
pessoas cultas ou importantes.
Já e / ou (com espaço antes e depois da barra) é uma forma de agregação de duas coisas diferentes.
Por exemplo:
Academia do Livro / Leya
Isto é a informação que consta na ficha técnica de um livro e que nos diz que foi editado pela Chancela Academia do Livro, que faz parte do Grupo Editorial Leya.
A Apologia de Sócrates? Francamente, tem cada ideia. Ainda se fosse a Apologia de Passos Coelho ou de Nuno Crato talvez eu lesse.
G. Samp.
E se for um espaço antes e dois depois do /? Eu não conhecia essas teorias e queria aprofundar. Obrigado.
Senhor anónimo
Parecem-me do mesmo jaez as suas mentirolas, a sua ignorância e a sua
cobardia. A primeiras desprezo-as, a segunda lamento-a (se quiser
consultar a velhinha 5ª edição do "dicionário da língua portuguesa" de
J. Almeida Costa e A. Sampaio e Melo, da Porto Editora, na página
1196, ao fundo, na coluna da direita, o penúltimo vocábulo a ser
tratado é precisamente "rápido", onde, como advérbio, tem os
significados «com rapidez; depressa; num ___: num instante»), a
terceira deixo-a por sua conta, e que lhe faça bom proveito.
Fica assim mais compreensível o seu refúgio no anonimato.
Só mais uma coisa: isto não é o fim de qualquer troca de argumentos,
porquanto, da sua parte, não houve apresentação de um qualquer que
fosse.
Como exemplo típico das parlapatices do "eduquês", e não obstante a
tristeza e a saturação, ainda bem que se expôs, mesmo que anonimamente.
Senhor Anónimo:
Não são teorias, muito menos inventadas por mim, são regras.
A Língua (todas as Línguas, umas mais do que outras, a nossa neste aspecto, porventura, abusa um pouco, as anglo-saxónicas são mais simples) tem um vasto conjunto de regras, tipificadas nos Acordos Ortográficos, nas Gramáticas, nos Prontuários, nos Vocabulários Ortográficos que a regem em cada momento.
Tudo é mudável, a Língua e as regras, mas enquanto duram devem ser respeitadas (na medida do possível, isto é, se não houvesse transgressões as regras nunca mudariam).
É o uso que, tantas vezes, consagra a regra, a nova regra.
Outra coisa é cada um usar a Língua como quer, fazer a sua regra, usar palavras erradamente, importar palavras, estruturas gramaticais e estruturas sintácticas a seu belo prazer.
Se o fizer no espaço privado (ou restritamente público) nada a objectar; se o fizer no espaço público, quase ilimitado como é hoje um blogue, também não, mas, pelo menos, deve estar preparado para que possa ser chamado à atenção e não deve ficar incomodado por isso.
Os dois exemplos que lhe dei do uso da barra (/) estão tipificados em alguns destes instrumentos de que lhe falei e aprendem-se nos Cursos de Revisão e Edição de Texto ministrados, por exemplo, na Faculdade de Letras de Lisboa e na Universidade Católica, entre outros locais.
Quero com isto dizer que não dou erros de vez em quando, que sou infalível?
Não, jamais, nem sequer alguma vez tive essa pretensão.
Mas sempre tive a humildade de, quando constato claramente que não tenho razão, não só reconhecer o erro como até agradecer a chamada de atenção.
Não sei que se passa entre nós, mas há uma dificuldade extrema de boa parte das pessoas em reconhecerem os erros e, especialmente, em aceitarem as chamadas de atenção.
Uma última pergunta: Que sentido tem andar-se a perorar contra a ignorância dos alunos, a ignorância dos outros (atribuir-se rapidamente culpas a esmo) e, ao mesmo tempo, revelar-se uma completa incapacidade para se aceitar que alguém nos diga que cometemos um pequeno erro ou um simples lapso?
A é uma afirmação. B é outra afirmação. Se digo que "A e B" digo que as duas são verdadeiras. Se digo "A ou B" digo que pelo menos uma delas é verdadeira (podendo ser as duas ao mesmo tempo). Se digo "A e/ou B" digo que pelo menos uma delas é verdadeira (podendo ser as duas ao mesmo tempo). Ou seja a forma "A e/ou B" não acrescenta nada a "A ou B" salvo deselegância. Quem não gostar de escrever português elegante pode sempre optar por "A e/ou B". Não há problema, a asneira é livre.
Raio, no comentário que fiz antes deste lá me ficou, logo na segunda linha, "A primeiras desprezo-as", onde devia ter ficado "As primeiras desprezo-as"...
Acrescento um pedido de desculpas à generalidade dos autores,
leitores e comentadores do "De Rerum", que tanto estimo, pelo muito
que, com as suas intervenções, me ensinam, e me aturam, pelas
respostas frontais que me merecem o descaro, a impertinência e a
petulância de quem se me dirige com base nas mais tristes e
inconcebíveis asneiras (asneiras reafirmadas, sublinho, e não opiniões).
Mas enfim.
Não fora a situação incómoda, que repudio com todas as minhas forças , pela forma venenosa como é escrito por si neste comentário de ser eu o principal editor deste blogue, e eu nem sequer me daria ao trabalho de lhe responder.
Mas por esse facto, apenas esse facto, sinto-me obrigado a prosseguir neste esclarecimento por respeito ao leitor que possa, porventura, estar interessado na verdade. A elevada craveira cultural e científica dos restantes autores do blogue não o autoriza a faltar à verdade, a não ser por patológica propensão para confundir a realidade com aquilo que gostaria de ser a verdade como forma falaciosas de argumentar.
O meu comentário, 18 de Junho: 00:51, encontra-se fora do lugar.
Para o situar convenientemente, é a ninha resposta ao comentário de "Anónimo Inveterado", 17 de Junho; 15:37.
Do engano me redimo, pedindo desculpas ao "Anónimo Inveterado" e a possíveis leitores.
Acredito que o "eduquês" tem os dias contados, pelo menos por agora. Mas temo que logo que as cores governamentais mudem se volte ao mesmo.
É de imaginar que a dificuldade dos exames tenha como resultado médias inferiores este ano. Talvez até no próximo. E é importante que não se reaja com a redução da exigência. Se quando há um mau resultado se reduz a exigência, tornar-se-á vicioso. Como foi dito!
É bom que a Escola volte a ser vista como lugar de exigência, porque a ideia de que a excelência pode ser gratuita é fatal para uma civilização.
A memorização não é o papão que se pinta. É instrumental. Mas por ser um instrumento não significa que seja inútil. É o contrário: o essencial constrói-se por via da utilização proficiente dos meios, dos instrumentos. A memorização é um meio. Não é o fim em si mesma, posso concordar, mas que por isso se diga que não interessa que os alunos memorizem conhecimentos, é conclusão abstrusa.
E os exames são momentos de avaliação. São momentos que permitem criar nos espíritos noções como a de responsabilidade, e também ajudam a criar um hábito de manejo de situações decisivas. A dificuldade, o rigor, e exigência não têm que ser perversas. Pelo contrário. De resto, a vida não é um mar de rosas, e parece-me maldoso levar os alunos de um país a travessar mais de uma década de ensino na base do "oferecido de mão beijada", e depois lançá-los no mundo real onde as coisas se conquistam, onde se luta e se tem que fazer pela vida.
O assunto é importantíssimo.
Em lógica matemática não é possível ligar duas afirmações simultaneamente com "e" e com "ou", pelo que muita gente pensa que esta regra se transfere na íntegra para a expressão escrita - e não é assim, a literatura não é (ou não é só) matemática.
Por ex., será que as notas dos actuais exames são más porque
- eles são difíceis e trabalhosos?
Ou será porque
- eles são apenas difíceis ou apenas trabalhosos?
Um conceito que pode ser simplificado pela frase "Será que as notas dos actuais exames são más porque eles são difíceis e/ou trabalhosos?"
Quanto ao post em si, estou obviamente de acordo, mas faço notar que o que se tem verificado, em algumas destas provas, não é propriamente um grande aumento ao nível da exigência de conhecimentos mas antes a introdução de rasteiras e falácias que não fazem "jogo limpo" com o aluno, mesmo com aquele que não tem dificuldades mas que, na pressão de um teste, não está à espera que lhe surga uma mina em cada esquina...
Não são necessários métodos desses para fazer a distinção.
Dervich
Caro José Batista Ascencão,
Eu não disse nem digo que a Matemática deva contar para uns cursos e não contar para outros. O que provavelmente está errado são os critérios de acesso ao Ensino Superior.
Para a generalidade dos profissionais de saúde, a Matemática do 3º Ciclo é mais do que suficiente, desde que sabida. A mim preocupa-me mais que muitos candidatos e alunos de cursos de saúde não tenham frequentado as disciplinas de Biologia e de Química no 12º ano. Ou que jovens ingressem em engenharia sem terem frequentado Física. Em ambos os casos, naturalmente com exame final.
Rendo-me, tem razão, considerações de ordem estética hoje não interessam para nada. A Professora Graça Sampaio é que está certa.
Este meu comentário tem por objetivo deixar aqui um pedido, ao Sr. Ministro Nuno Crato, e com a esperança que alguém do DRN o consiga fazer lá chegar;
O Pedido é: Senhor Ministro da Educação Nuno Crato é um imperativo Nacional, é um acto Patriótico homenagear o Professor José Sebastião e Silva e dizer ao Mundo que ele foi um dos grandes matemáticos no Mundo, porque o foi, e por isso peço ao Senhor Ministro que no exercício das funções proceda nesse sentido com os meios que dispõe.
E este seria um primeiro passo para a afirmação de Portugal no Mundo, um estimulo para os nossos estudantes.
Uma das formas poderia ser o Estado fazer os possíveis para recolher o testemunho de Alexandre Grothendieck, ele que já é, reconhecidamente, um dos maiores matemáticos do século XX, como já mencionei aqui neste blog a respeito do livro do Professor Jorge Buescu.
P.S. Este é o meu pedido, vem do estado de espírito que me deixou alguém que escreveu, desta forma UNITED KINGDOM quando se referia ao seu pais e no mesmo texto escrevia desta forma "portugal" para se referir ao nosso PORTUGAL.
Caro Senhor Rui Baptista:
A forma como me respondeu destoa completamente do que é habitual nos seus comentários, tratando-se, desnecessariamente, de uma resposta violenta e despropositada.
Eu sou um mero visitante do De Rerum desde há algum tempo. Leio aqui frequentemente textos que, pela sua qualidade e interesse temático me levam a voltar sempre que os meus afazeres profissionais o permitem.
Foi a primeira vez que deixei um comentário, pelas reacções de algumas pessoas, incluindo o senhor, será de certeza a última.
A dado passo, confrontado por um comentador, o senhor Professor Ascenção, este disse-me que deveria despir a burka e identificar-me; referi-lhe então que não só neste blogue não é exigida identificação aos comentadores, como o senhor, o principal editor, não se chamaria Rui Baptista. E fi-lo, ainda assim condicionalmente, por não querer cometer alguma imprecisão envolvendo terceiros. Disse então: «Se a memória não me atraiçoa, o principal editor do blogue, Rui Baptista, não se chama assim, pois foi em tempos confrontado com um comentador e confirmou-o (o que digo poderá ser confirmado ou infirmado nos posts anteriores).»
Se o senhor não o desmente neste seu último comentário a que respondo, por exemplo, acusando-me mais uma vez de, de forma venenosa, ter feito uma afirmação gratuita, quiçá caluniosa, presumo não ter cometido nenhuma imprecisão quanto à sua identidade.
Quanto ao incómodo que diz ter-lhe sido causado por essa minha afirmação, dado que foi involuntária, desde já lhe apresento as minhas sinceras desculpas.
No entanto, gostaria que me explicasse, por favor, o que o habilita a ter afirmado que o nomeei como o principal editor deste blogue de forma venenosa?
Depois diz: «A elevada craveira cultural e científica dos restantes autores do blogue não o autoriza a faltar à verdade, a não ser por patológica propensão para confundir a realidade com aquilo que gostaria de ser a verdade como forma falaciosa de argumentar.»
Eu não conheço pessoalmente nenhum dos editores do De Rerum, conheço apenas, como figura pública, o reputado cientista e importante divulgador de ciência senhor Professor Carlos Fiolhais (do qual comprei, por exemplo, todos os livros de divulgação científica da Física para o meu filho). A minha afirmação pecou apenas por não ser precisa, pois baseou-se tão só na sua presença assídua, quer como autor de textos, quer como comentador. Nada mais, uma imprecisão desfaz-se com um esclarecimento, não com afirmações como a sua, essas sim bastante venenosas e perfeitamente gratuitas. E nós nunca devemos fazer aos outros aquilo que lhes atribuímos e que julgamos ser incorrecto.
A seguir acusa-me de «patológica propensão para confundir a realidade com aquilo que gostaria de ser a verdade». Um comentário meu, apenas, permite-lhe caracterizar-me psicologicamente?
E que verdade, acerca de esta coisa tão comezinha como o senhor ser o principal editor do De Rerum ou apenas um dos editores mais presentes no dia-a-dia, eu gostaria que fosse realidade?
E porque é falaciosa a minha forma de argumentar?
Três questões que conviria serem por si esclarecidas, não por minha causa, mas por respeito para com os restantes visitantes deste blogue.
E toda esta tempestade num copo de água porquê?
Porque, perante uma simples chamada de atenção a um dos visitantes e comentadores mais assíduos do blogue, o senhor Professor Ascenção, acerca do uso de um adjectivo (o modificador dos substantivos) em vez de um advérbio (o modificador dos verbos) – no caso presente um advérbio de modo –, ele, como é habitual devido à sua falta de humildade, reagiu da pior forma, o que faz sempre que alguém se atreve a contestá-lo ou, simplesmente, a fazer o que eu fiz.
No melhor espírito gregário, o senhor respondeu à chamada em sua defesa: os amigos apoiam-se em todas as situações, com ou sem razão, os «inimigos» atacam-se em todas as situações, com ou sem razão.
«Exames a sério» tem de ser igual a «decorar, papaguear etc»? Valha-me Deus e valham-me António e os outros santos todos pq a mim, apesar de ser ateu, ainda me podem salvar! (à colega é que não)
Caro Emanuel Mendonça
Também questiono os critérios de acesso ao ensino superior. E só não
os contesto com receio de que os mudem... para pior. Custa-me muito
que o meu trabalho esteja tão condicionado pelo funil de acesso à
universidade quando o que eu queria era ensinar crianças e jovens. E
asseguro-lhe que, se o nosso país tivesse outras práticas, era eu o
primeiro a reclamar que cada instituição de ensino superior
selecionasse os seus alunos.
Quanto à importância da matemática, saliento o que diz sobre a
matemática do 3º ciclo, "desde que bem sabida", embora me pareça que
pode ajudar muito, em certos casos, saber bastante mais. Já a sua
preocupação com os alunos que seguem para cursos de saúde sem
biologia e química no 12º ano, ou os que vão frequentar engenharia
sem a disciplina de física, essa encontra em mim pleno acordo. E não
é só o pleno acordo, é também a satisfação de verificar que os
professores do meu país, de modo geral, sabem o que está mal e o que
deve ser feito.
Muito obrigado pelos seus comentários.
O esclarecimento do Anónimo 17 de Junho de 2012 18:52 sobre a tolice da barra é perfeito. Acrescento apenas que é errado dizer que
«e/ou (sem espaço antes e depois da barra) é uma forma simplificada de apresentar duas hipóteses alternativas.»
dado que «ou» é mais simples que «e/ou» e diz o mesmo.
As universidades ensinam esses erros? é natural, somos humanos. As universidades vão persistir nesses erros? Sim, é natural.
Mais sugestões para o Senhor Ministro Nuno Crato;
- A adoção de um plano de estudos de Matemática Elementar (e respetiva metodologia) para as crianças com idades de 10-12 anos, inspirado na portaria nº 23601 de Setembro de 1963, conforme aí elaborado pelo Professor Sebastião e Silva (aos pais com crianças destas idades peço-lhes que vejam esta portaria no Diário da Republica eletrónico, e que nela se guiem para o acompanhamento do estudo dos seus educandos);
- A reedição dos compêndios de matemática das edições GEP do Professor Sebastião e Silva, por forma a estarem acessíveis a todos os alunos, com grandes benefícios para eles, e em especial para aqueles alunos que por natureza são bem dotados para a matemática (alunos que não encontram agora nos nos manuais escolares atuais nada que estimule as suas capacidades e imaginação);
- Que tenha em especial consideração o problema de modernização da forma do ensino da matemática e o conteúdo dos programas, que promova a preparação técnica e didática nos Professores de matemática;
- E por último, um apelo, ao Senhor Ministro, que com a sua sabedoria conduza os jovens deste País ao sucesso na Matemática, que é fundamental, é disso que precisamos para sermos um povo que se possa afirmar no Mundo, para que deixemos de ser um País de emigrantes, que os filhos deste País não tenham de ser eles a fazer aquilo que os outros nos seus países não querem fazer.
Correção: A portaria é do ano de 1968 e não 1963 como escrevi erradamente.
As minhas desculpas.
Caro Dervich, o seu esclarecimento é interessante mas não sei se notou a ambiguidade introduzida pelo uso do «e/ou». Por exemplo: das pessoas que aceitam que só a conjunção «D e T» explica as más notas, algumas responderão «sim» à sua pergunta porque uma das alternativas apontadas é verdadeira - e será a resposta correcta segundo a explicação do Dervich; outras responderão «não» porque não aceitam que basta uma delas, a «D» ou a «T», para explicar as más notas, exigem a conjunção das duas e pensam que o «e/ou» serve apenas para eliminar um suposto (ou possível) carácter exclusivo do «ou». Isso não o preocupa?
Caro julio;
"... a palavra 'ou' (que em gramática se chama conjunção disjuntiva) não permite, só por si, distinguir a disjunção inclusiva da exclusiva."
[Fonte: Compêndio de Matemática do Professor Sebastião e Silva]
Caro senhor Rui Baptista:
Ontem deixei uma resposta a este seu comentário.
Depois disso já foram publicados mais 10 comentários de outras pessoas e o meu não.
Espero que tenha havido um problema técnico e que ele se tenha simplesmente perdido.
Tanto mais que é feito de forma cordata, educada, com linguagem clara e ajustada às circunstâncias.
Qualidades que o senhor sempre tem valorizado neste espaço de diálogo.
Espero que tenha ocorrido apenas um problema técnico, de outra forma seria demasiado grave para ser verdade.
Reenvio então a minha resposta.
Grato pela atenção.
(Se decidir publicar a resposta abaixo, poderá retirar esta parte se assim o entender.)
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Caro Senhor Rui Baptista:
A forma como me respondeu destoa completamente do que é habitual nos seus comentários, tratando-se, desnecessariamente, de uma resposta violenta e despropositada.
Eu sou um mero visitante do De Rerum desde há algum tempo. Leio aqui frequentemente textos que, pela sua qualidade e interesse temático me levam a voltar sempre que os meus afazeres profissionais o permitem.
Foi a primeira vez que deixei um comentário, pelas reacções de algumas pessoas, incluindo o senhor, será de certeza a última.
A dado passo, confrontado por um comentador, o senhor Professor Ascenção, este disse-me que deveria despir a burka e identificar-me; referi-lhe então que não só neste blogue não é exigida identificação aos comentadores, como o senhor, o principal editor, não se chamaria Rui Baptista. E fi-lo, ainda assim condicionalmente, por não querer cometer alguma imprecisão envolvendo terceiros. Disse então: «Se a memória não me atraiçoa, o principal editor do blogue, Rui Baptista, não se chama assim, pois foi em tempos confrontado com um comentador e confirmou-o (o que digo poderá ser confirmado ou infirmado nos posts anteriores).»
Se o senhor não o desmente neste seu último comentário a que respondo, por exemplo, acusando-me mais uma vez de, de forma venenosa, ter feito uma afirmação gratuita, quiçá caluniosa, presumo não ter cometido nenhuma imprecisão quanto à sua identidade.
Quanto ao incómodo que diz ter-lhe sido causado por essa minha afirmação, dado que foi involuntária, desde já lhe apresento as minhas sinceras desculpas.
(continua)
(continuação)
No entanto, gostaria que me explicasse, por favor, o que o habilita a ter afirmado que o nomeei como o principal editor deste blogue de forma venenosa?
Depois diz: «A elevada craveira cultural e científica dos restantes autores do blogue não o autoriza a faltar à verdade, a não ser por patológica propensão para confundir a realidade com aquilo que gostaria de ser a verdade como forma falaciosa de argumentar.»
Eu não conheço pessoalmente nenhum dos editores do De Rerum, conheço apenas, como figura pública, o reputado cientista e importante divulgador de ciência senhor Professor Carlos Fiolhais (do qual comprei, por exemplo, todos os livros de divulgação científica da Física para o meu filho). A minha afirmação pecou apenas por não ser precisa, pois baseou-se tão só na sua presença assídua, quer como autor de textos, quer como comentador. Nada mais, uma imprecisão desfaz-se com um esclarecimento, não com afirmações como a sua, essas sim bastante venenosas e perfeitamente gratuitas. E nós nunca devemos fazer aos outros aquilo que lhes atribuímos e que julgamos ser incorrecto.
A seguir acusa-me de «patológica propensão para confundir a realidade com aquilo que gostaria de ser a verdade». Um comentário meu, apenas, permite-lhe caracterizar-me psicologicamente?
E que verdade, acerca de esta coisa tão comezinha como o senhor ser o principal editor do De Rerum ou apenas um dos editores mais presentes no dia-a-dia, eu gostaria que fosse realidade?
E porque é falaciosa a minha forma de argumentar?
Três questões que conviria serem por si esclarecidas, não por minha causa, mas por respeito para com os restantes visitantes deste blogue.
E toda esta tempestade num copo de água porquê?
Porque, perante uma simples chamada de atenção a um dos visitantes e comentadores mais assíduos do blogue, o senhor Professor Ascenção, acerca do uso de um adjectivo (o modificador dos substantivos) em vez de um advérbio (o modificador dos verbos) – no caso presente um advérbio de modo –, ele, como é habitual devido à sua falta de humildade, reagiu da pior forma, o que faz sempre que alguém se atreve a contestá-lo ou, simplesmente, a fazer o que eu fiz.
Bastava-lhe que tivesse feito a prova dos nove: que substituísse a palavra «rápido» por «lento» – «as coisas mudam menos lento do que nós queríamos».)
No melhor espírito gregário, o senhor respondeu à chamada em sua defesa: os amigos apoiam-se em todas as situações, com ou sem razão, os «inimigos» atacam-se em todas as situações, com ou sem razão.
Não preocupa porque quem exige a conjunção de "D" e "T" para responder afirmativamente tem lá essa opção na pergunta, logo, se responde negativamente é porque pensa que os exames são difíceis por outra razão qualquer que não as indicadas, seja cumulativamente seja separadamente.
Dervich
Caros julio e Dervich;
Serão os Senhores Professores?!!
Esta pergunta vem na sequencia do exercício que os senhores fazem, discutem algo, porque sabem, mas não explicam, e é isto que temos; tão típico de muitos dos nossos ambientes;
Sinto por isso a necessidade de explicar aos leitores do DRN aquilo que os Senhores discutem, para que eles possam, julgar, - uma vez esclarecidos sobre os conceitos - e se faz algum sentido esse confronto de opiniões entre os Senhores;
Recorro para isso ao compêndio de Matemática do Professor Sebastião e Silva.
“c) Disjunção. Consideremos as duas seguintes proposições [Presume-se que estas frases são ditas em circunstâncias particulares, em que assumem um significado preciso e, portanto, um valor determinado]
’Carlos é médico ou professor, ou ambas as coisas’.
’Vamos ao teatro ou vamos dar um passeio, mas não as duas coisas’.
No primeiro caso está-se a indicar que uma, pelo menos, das proposições ’Carlos é médico’, ’Carlos é professor’, é verdadeira, podendo sê-lo ambas. No segundo caso está-se a precisar que uma e só uma das proposições ’Vamos ao teatro’, ’Vamos dar um passeio’ é verdadeira.
De um modo geral, quando, a respeito de duas proposições, se indica que uma delas, pelo menos, é verdadeira, forma-se uma nova proposição, que se chama disjunção inclusiva das primeiras. Quando se indica que uma, e só uma, das proposições consideradas é verdadeira, forma-se uma nova proposição, denominada disjunção exclusiva das primeiras. Também se dá o nome de disjunção (inclusiva ou exclusiva) à operação lógica que consiste em passar das proposições dadas para a sua disjunção (respetivamente inclusiva ou exclusiva).
Assim, a primeira proposição do exemplo anterior é a disjunção inclusiva das proposições ’Carlos é médico’, ’Carlos é professor’, enquanto a segunda é a disjunção exclusiva das proposições ’Vamos ao teatro’, ’Vamos dar um passeio’.
Como se vê, a palavra ’ou’ (que em gramática se chama conjunção disjuntiva) não permite, só por si, distinguir a disjunção inclusiva da exclusiva. Em latim, a palavra ’vel’ tem aproximadamente o significado do ’ou’ inclusivo; daí o adotar-se, em lógica matemática, para a disjunção inclusiva, o sinal ’V’ que, por comodidade, se lê simplesmente ’ou’. Assim, a primeira proposição do exemplo anterior pode escrever-se, agora, sem perigo de confusão:
Carlos é médico V Carlos é professor.
Segundo esta convenção, serão verdadeiras, como é fácil ver, as proposições:
3 < 5 V 3 + 2 = 5 , π = 4 V π < 4
e falsas as proposições:
5 < 3 V 3 + 2 = 7 , √−4 = −2 V √10 = 3
Para a disjunção exclusiva usaremos o sinal 'V'(com pontinho em cima do V).
Normalmente, quando se diz apenas ’disjunção’ subentende-se que se trata da disjunção inclusiva."
Pelo interesse que me mereceu o seu comentário, e por ser meu hábito (com o intuito de clarificar situações menos claras ou ambíguas) responder aos comentários que entendem dedicarem-me, acabo de publicar um post/resposta : "A minha resposta a um 'Anónimo Inveterado'".
Cordialmente,
Rui Baptista.
Onde foi dito que exame sério é isso?
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