sexta-feira, 29 de junho de 2012

NANO T


Informação que recebi da companhia de teatro marionet:

Decorreu ao final da manhã de hoje uma conversa com os jornalistaspara apresentar a peça que encerrará a Semana Cultural da Universidadede Coimbra (UC), estiveram presentes o encenador, Alexandre Lemos, odirector do Teatro, Fernando Matos Oliveira, e o cientista e professorda UC, Carlos Fiolhais. Estiveram ainda presentes o Director Artísticoda marionet, Mário Montenegro, e o elenco da peça.

A conversa começou com a apresentação da peça peloencenador, contextualizando-a na história da marionet e no seu percursode criação de diálogos entre arte, ciência e tecnologia. “Neste caso aarte e a ciência dialogam sobre nanotecnologia. O que fizemos nosúltimos meses foi uma viagem ao presente da investigação a essa escala,no fundo fomos conhecer o estado da arte da nanotecnologia, com umasérie de visitas e conversas com convidados mais e menos distantes daactualidade tecnológica da nano-escala.”. Alexandre Lemos destacou apropósito das peças da companhia, “a capacidade de comunicar as ideiasde ciência pretende impulsionar e convidar o público a participar emcada novo conceito abordado” referindo-se depois à peça que encenoucomo um convite “a visitar o que nós próprios visitamos, nos últimosmeses”.

O professor catedrático do Departamento de Físicada Universidade de Coimbra, Carlos Fiolhais, também esteve presente naconversa, ele que foi um dos convidados que a equipa visitou naconstrução da peça e que é uma presença regular nos trabalhos damarionet desde que a companhia criou pela primeira vez uma peça emdiálogo com a ciência, no caso A Revolução dos Corpos Celestes,em 2001. O cientísta falou inevitavelmente da sua área de saber edestacou o facto desta não se encontrar em crise “a ciência é acuriosidade humana e dificilmente se apaga, tal como aliás a arte.” Quandoquestionado sobre nanotecnologia, Carlos Fiolhais salientou que esta é umapalavra que está a entrar nas nossas vidas, “uma palavra que já aparecenos títulos dos jornais e que há uns anos não se usava. Nano é umprefixo que vem do grego e significa anão: é uma medida do muito pequeno.”

Durante a conversa recuperou-se uma das perguntasmais vezes feita durante o processo de criação: qual foi a coisa maispequena que já viste? O mesmo Carlos Fiolhais respondeu que já viucoisas da ordem do nanometro, explicando o que significa ver nestecontexto “hoje dispomos de instrumentos que são postos avançados davista e a vista, por sua vez, é um posto avançado docérebro. O nosso cérebro fica maior quando o nosso olho fica maior: vemos mais, sabemos mais, somos mais capazes.”

O director do TAGV, co-produtor da peça teveoportunidade de contextualizar o trabalho da marionet e as suasexpectativas para esta nova estreia: “é interessante o modo como trazempara cena, para o espaço público, um exercicio de comunicação atravésde divulgação científica, mas também questionar o alcance ético ecientífico desta pesquisa de campo que consegue estabelecer um diálogoentre as áreas que não é redutor (...) não me canso de dizer isto, nãohá muitos exemplos assim em Portugal, nem na Europa”.

Em vésperas da estreia desta peça, parece-nospertinente destacar as palavras de Carlos Fiolhais sobre a função destetrabalho: “o teatro consegue levar a ciência ao público etransformá-lo, em particular transformar a noção que ele tem de ciência. Pensa-se que a imaginação não tem um papel na ciência, maso motor do conhecimento é, de facto, a imaginação”.

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