sexta-feira, 1 de junho de 2012

O GENOMA DO CHIMPANZÉ



Minha crónica no "SOL" de hoje (coluna "HELIOSFERA"):

No tempo de Darwin discutia-se se o homem descendia do macaco. Hoje sabemos, graças aos avanços da teoria da evolução, que o homem actual (homo sapiens) e o chimpanzé (pan troglodytes) tiveram um antepassado comum, isto é, são ramos próximos da grande árvore da vida.

Em 1955 descobriu-se, com algum espanto, que os humanos tinham apenas 23 pares de cromossomas, em contraste com os 24 dos chimpanzés. O  cromossoma 2 humano parecia ter resultado, no processo evolutivo, da junção de dois cromossomas menores que aparecem noutros primatas (chamados cromossomas 2A e 2B). Mas hoje sabemos mais. Em 2005, passados apenas dois anos após ter sido finalizado o Projecto do Genoma Humano, foi sequenciado o genoma do chimpanzé. Concluiu-se que a diferença genética entre o homem e o chimpanzé era maior do que se supunha: existia entre os dois uma diferença de cerca de quatro por cento no código genético, quando a variabilidade dentro da espécie humana não ultrapassa um por cento. De então para cá, à medida que as técnicas de decifração do genoma foram evoluindo, tornando-se muito mais acessíveis, foram sequenciados, de um modo completo ou apenas parcial, grupos de indivíduos, tanto humanos como de outros primatas. Hoje estão disponíveis na Internet os genomas de mil pessoas (projecto Mil Genomas) distribuídas por várias etnias. Somos todos iguais, por todos possuirmos a informação que dá origem a seres humanos, mas também somos todos diferentes, em virtude de pequenas alterações de letras no ADN. E começam a aparecer estudos que se debruçam sobre a variedade genética dos nossos parentes biológicos mais próximos.

Um dos mais recentes desses estudos, publicado em Março passado na revista de acesso livre PloS Genetics, para além de ter identificado uma subespécie nova do chimpanzé, apresentou uma conclusão curiosa. A variação entre chimpanzés que vivem em África separados apenas por um rio era maior do que a variação entre humanos que vivem em diferentes continentes, separados por grandes mares. Esse facto fala a favor de uma maior deslocação das populações humanas e também de um maior cruzamento entre elas. Entre as muitas diferenças entre os seres humanos não podemos deixar de incluir a maior capacidade de viajar e de se misturar.

Sem comentários:

A ARTE DE INSISTIR

Quando se pensa nisso o tempo todo, alguma descoberta se consegue. Que uma ideia venha ao engodo e o espírito desassossegue, nela se co...