Na exposição sobre os portugueses na Royal Society (fundada em 1660 e com carta régia desde 1662), que está patente na Biblioteca Joanina em Coimbra é exibido o original de uma carta da rainha Catarina de Bragança ao seu esposo, Carlos II de Inglaterra, datado de 1661, quando a rainha, casada à distância, ainda não tinha ido para Inglaterra.
Curiosamente, a jornalista e escritora Isabel Stilwell, incorpora parte do texto dessa carta na sua biografia romanceada "Catarina de Bragança. A coragem de uma infanta portuguesa que se tornou rainha de Inglaterra", Esfera dos Livros, 1ª edição, 2008. Lê-se na p. 257:
"Meu caro marido e senhor meu,A carta foi escrita pela mão da rainha em português porque ela não sabia inglês assim como o marido não sabia português. A armada inglesa veio buscá-la a Lisboa (uma magnífica gravura mostra, na exposição, a exuberância do cortejo), mas o marido não foi recebê-la a Portsmouth, mandando antes o irmão. O casamento, como é sabido, correu mal...
Se o contentamento de me ver com carta de Vossa Magestade pudesse ser satisfação igual da pena que me havia custado a falta dela, não seria necessário dizer-lhe a estimação que dela fiz, bem como a alegria com que festejei a chegada de quem ma trouxe.
(...) Mas quererá Deus trazer a armada breve e levar-me à vossa presença, pois só ver-vos apaziguará as minhas saudades. Entretanto, rogo que Ele vos dê prosperidade, como aquela de que depende toda a minha felicidade.
De Vossa Magestade
Sua mulher que mais o ama e sua mãos beija
Catarina R."
4 comentários:
Mal empregada Infanta! JCN
Anda na carta mão gongórica da mais fina e rendilhada expressão literária, sendo de notar a primeira alusão, suponho eu, ao que viria a chamar-se a "saudade do futuro": um amor de carta! JCN
Ao menos levou o chá aos ingleses!
Foi pena que a Rainha, enviuvando e regressando ao Reino, não trouxesse de volta o preço do seu dote! JCN
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