terça-feira, 23 de maio de 2023

TERMINOLOGIAS INTRIGANTES

Por Eugénio Lisboa

No actual duelo crispadíssimo entre os sociais democratas e os socialistas, mas também, de uma maneira geral, nos confrontos entre estes dois partido, anda-se a dar como assente que se trata de uma confrontação entre a direita e a esquerda.

Isto deixa-me profundamente intrigado, porque o próprio líder do PSD se assume como parte dessa direita, embora, ambiguamente, apenas rejeite aliar-se à extrema direita. Em primeiro lugar, não me parece que um partido que se intitula “social democrata” se possa ter como de direita. Em seguida, um dos fundadores ainda vivo, o Dr. Pinto Balsemão, há bem pouco tempo sublinhou bem claramente que o PSD era um partido do centro-esquerda.

Pergunto: o Dr. Luís Montenegro revê-se nisto? Sá-Carneiro considerava o seu partido como sendo de centro-esquerda e, num cartaz eleitoral, não há muito publicado por Pacheco Pereira, o PSD de Sá-Carneiro ia até ao ponto de se considerar “socialista”. O Dr. Luís Montenegro revê-se nisto? A qualificação de “social-democrata” causa-lhe desconforto? Se causa, por que não propõe mudar-lhe o nome? Ou a ambiguidade é um modo de vida?

Seria muito importante que, antes das próximas eleições legislativas, os eleitores ficassem a saber, sem quaisquer dúvidas, se o PSD é o partido de centro-esquerda de Balsemão e Sá-Carneiro ou o partido aparentemente de direita de Luís Montenegro. A zanga, o desprezo e o acinte com que alguns gurus do PSD, incluindo o seu líder, se referem aos socialistas (como se estes tivessem lepra), leva-me a crer, com sólido fundamento, que o seu universo é de direita e mesmo de uma direita não particularmente moderada. E, seguramente, nada tranquila.

Seja como for, é importante que as palavras sejam utilizadas com todo o peso que têm e eu nunca tive conhecimento de uma social democracia que fosse de direita. A claridade de escrita não deve ser a boa fé só dos filósofos. Também fica bem aos políticos.

NOTA FINAL: Não sou nem nunca fui filiado em partido nenhum. Mas se tivesse de escolher entre o de Sá-Carneiro e o de Montenegro, não hesitaria. Montenegro não dá qualquer garantia de se poder vir a preocupar com o bem estar dos portugueses. Torna-se óbvio que está apenas interessado na felicidade de ALGUNS portugueses. 

Eugénio Lisboa

1 comentário:

Paulo Mariano disse...

Sr. Dr. Eugénio Lisboa
O que escreveu não faz sentido, a não ser de um prisma de esquerda contra a direita. Ou vice versa. Ora, tal dualismo está datado e não corresponde às dinâmicas dos conflitos actuais, porventura mais sofisticados.
Sugiro uma ida a este blogue, no que concerne em especial as últimas postagens dedicadas aos chamados "católicos progressistas"
https://portadaloja.blogspot.com/

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