sábado, 27 de maio de 2023

POETA DA ÁGUA

À memória de Glória de Sant’Anna 
Bela poetisa, que viveu no norte de Moçambique, 
face à esplendorosa baía de Pemba


Eras discreta e boa ouvinte,
sabias ouvir a dor e o mar.
Era com um sossegado requinte,
que tu conseguias auscultar.

Eras curiosamente daltónica,
não distinguias o branco do preto.
Tua arte era suave, mas tónica,
dando ânimo aos que estavam num gueto.

O silêncio azul da tua água
continha em si vozes bem profundas,
capazes de acolher tanta mágoa!

Com tua água transparente,
afundas tanto ódio e tanto preconceito,
deixando o malfeitor desafeito!

Eugénio Lisboa

Sem comentários:

CONTRA A HEGEMONIA DA "NOVA NARRATIVA" DA "EDUCAÇÃO DO FUTURO", O ELOGIO DA ESCOLA, O ELOGIO DO PROFESSOR

Para compreender – e enfrentar – discursos como o que aqui reproduzimos , da lavra da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Ec...