A razão e a razoabilidade nem sempre vencem, isto para não dizer que, por si mesmas, tendem a não vencer, sobretudo se atentam contra as nossas crenças mais profundas e forem veiculadas por pessoas a quem não reconhecemos crédito. Já o maior disparate, caso encaixe nessas crenças e seja veiculado por pessoas que admiramos, tem tudo para vencer.
Se razão e a razoabilidade marcarem o discurso de pessoas que admiramos, talvez tenham alguma possibilidade de vingar. Por isso, Tom Hanks veio a público (em entrevista à “BBC Radio 4”) manifestar-se contra as tristíssimas “guerras culturais” que, sobretudo nos países anglo-saxónicos, já são uma tragédia para a cultura e a arte em geral, para a educação, e para as relações sociais. Afirmou o actor que não lerá livros que sejam reescritos com a intenção de não ofender “sensibilidades modernas”
“Somos todos adultos e todos entendemos o tempo e o lugar em que estes livros foram escritos”. “Não é difícil dizer: isto hoje não é aceitável. [Mas] há que ter fé nas nossas próprias sensibilidades, em vez de ter alguém a decidir aquilo que nos irá, ou não, ofender. (…) Deixem-me decidir aquilo que me ofende e aquilo que não me ofende. Sou contra a leitura de qualquer livro, de qualquer era, que tenha sido truncado” (In Expresso online, 12 de Maio de 2023)
1 comentário:
Aplauso total, sem dúvida. Parece que se segue uma geração de mentecaptos que é preciso proteger de palavras e ideias perniciosas (?). Deixem as crianças ler 'negro', ler 'gordo', ler 'escravo'. Essa é que é/foi a realidade, e como sempre cabe aos educadores o desafio de explicar e contextualizar.
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