terça-feira, 2 de maio de 2023

MUSEU DO QUARTZO

O Museu do Quartzo, em Viseu é um dos museus municipais mais visitados. No ano que findou recebeu 7885 visitantes. Nasceu por proposta minha, em 1995, ao então Vereador de Câmara Municipal, Dr. Américo Nunes. A total aceitação desta proposta por parte do autarca, a atenção que lhe dedicou, ao longo dos 17 que se seguiram até à sua inauguração, em 2012, o trabalho que lhe dediquei e continuo a dedicar e toda a colaboração que nos foi oferecida, com destaque para o arquitecto e museólogo Mário Moutinho (autor do projecto do edifício) transformaram um sonho em realidade, era Presidente da autarquia o Dr. Fernando Ruas.

No passado dia 28 o Jornal de Notícias, pela pena de Mariana Rebelo Silva, que falara comigo no dia anterior, escrevia ao alto da página 19, “Fernando Ruas investe no Museu se houver dinheiro”. A uma pergunta da jornalista o autarca, no seu novo mandato, respondeu: “A autarquia tem todo o interesse naquilo porque foi ela que o criou. Se não faz mais é porque não pode”.

Uma outra pergunta da jornalista, dirigida à vereadora da Cultura, Dr.ª Leonor Barata, teve por resposta: “Brevemente vamos apresentar um plano de alterações de funcionamento e de gestão”. Rematando, vincou.Criámos com muito amor o Museu do Quartzo”. São palavras esperançosas, apesar de tudo.

Galardoado com o Prémio Nacional do Ambiente (Autarquias) em 1997, teve condigna inauguração, presidida pelo então Ministro da Educação, Professor Nuno Crato, a 30 de Abril de 2012, faz hoje 11 anos.

Na versão preliminar do programa museológico que entreguei à Câmara Municipal, em 2004, tive os apoios especializados do Doutor Roberto Irwin Gayt, do Royal Ontario Museum, de Toronto, mineralogista e cristalógrafo de reconhecida projecção mundial na investigação do quartzo, e do internacionalmente reconhecido coleccionador e mineralogista amador Luís Teixeira Leite. No respectivo guião expositivo tive o apoio do meu filho, Rui Galopim de Carvalho, gemólogo com carreira essencialmente internacional, e do Prof. Fernando Barriga que, em 2003, assumiu a direcção do Museu Nacional de História Natural, após a minha aposentação.

O Museu do Quartzo, que nós saibamos, é o único museu do mundo dedicado a uma única espécie mineral e o quartzo é o mineral mais abundante à superfície da Terra. O quartzo é, também, o mineral com o maior número de variedades e modos de ocorrência. Tão grande que, por mais espaço que haja no Museu, há sempre necessidade de o alargar para receber as muitas e muitas que ficam por arrumar. O número de indústrias baseadas no quartzo é grande e muito diversificado, com destaque para: fundição, siderurgia, refractários e isoladores, porcelanas, faianças e azulejaria, óptica e fibra óptica, vidraria, cristalaria, química (com múltiplas derivadas), silicones, plásticos, borrachas, joalharia e bijuteria, electrónica e relojoaria.

As reservas de quartzo, em Portugal, são imensas e suficientes para satisfazer todas as nossas necessidades neste sector da indústria nacional. O quartzo foi a matéria-prima da primeira indústria - o vidro - e a sua variedade microcristalina, conhecida por sílex, foi a primeira matéria-prima dos nossos antepassados pré-históricos

O Museu do Quartzo foi concebido para se desenvolver em três fases: 

PRIMEIRA FASE - De âmbito local, esta primeira fase visa servir as escolas da região e divulgar conhecimentos entre o cidadão comum. Para tal, começou por reunir uma representação significativa de exemplares desta espécie mineral (e suas variedades) e das suas múltiplas aplicações industriais e artísticas, a par de oficinas pedagógicas e de um conjunto de equipamentos interactivos adequados. Esta fase está concluída e em curso desde a inauguração, em 2012. 

Presentemente, ainda nesta fase, o Museu do Quartzo, que já serviu milhares de alunos das mais diversas escolas e universidades do país, para além do público anónimo, diz-se que por dificuldades de tesouraria, não está a merecer, a necessária manutenção e, praticamente, todo o equipamento interactivo e outras ofertas pedagógicas deixaram de funcionar, perdendo, por isso, toda a capacidade de exercer a sua função mais básica. 

SEGUNDA FASE - De âmbito nacional, aspira-se a uma colaboração activa com as Universidades e as Empresas interessadas no quartzo como matéria-prima nas mais variadas tecnologias. Aspira-se, ainda, ampliar o seu alcance através da criação de uma plataforma digital e pela geração de conteúdos bilingues. Uma vez criada a citada transformação, importa gizar um plano de acção, que, além de todos os impactos directos na comunidade educativa, cultural e académica em Portugal, abra uma forte vertente de comunicação internacional que, no campo do turismo cultural e científico, colocará Viseu no mapa de locais de interesse a visitar por uma vasta comunidade internacional de profissionais e amadores da mineralogia e das ciências da Terra, em geral, acrescentando valor à já reconhecida oferta turística da região. 

TERCEIRA FASE. – De âmbito internacional. Na eventualidade de previsível sucesso deste embrião de saber, e se as entidades competentes (a Autarquia e/ou o Poder Central) assim o entenderem e apoiarem, o Museu do Quartzo poderá e deverá evoluir para um Centro de Investigação Científica e Tecnológica, a nível internacional, em torno desta temática. Tenha-se em atenção que esta fase, domínio amplamente justificável, é, por si só, susceptível de atrair patrocínios por parte de grandes empresas interessadas na investigação científica e tecnológica do quartzo.

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

"Vai ter lugar no próximo dia 30-04-2012, 2ª feira, pelas 21,00 horas, a cerimónia de abertura deste invulgar museu, concebido e construído junto à escarpa da pedreira de quartzo abandonada, no Monte de Santa Luzia, em Viseu. (...)"
"Por decisão camarária de 28 de Abril de 2012, este museu vai ter o nome de Galopim de Carvalho, o autor desta ideia e no qual trabalhou ao longo de quase duas décadas."
....
29 de Abril de 2012
A. M. Galopim de Carvalho

Perante estes factos, pergunta-se:
Será que a vereadora da Cultura, Dr.ª Leonor Barata, ao afirmar:
“Brevemente vamos apresentar um plano de alterações de funcionamento e de gestão" e ainda: “Criámos com muito amor o Museu do Quartzo”,
'Ignora ou Desconhece' o magnífico e único trabalho desenvolvido pelo Prof. Galopim de Carvalho?!

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