sábado, 17 de outubro de 2020

JE SUIS ENSEIGNANT / EU SOU PROFESSOR

“É assustador ver que na França do século XXI
um professor pode ser decapitado na rua por fazer o seu trabalho”
Professor sindicalista (aqui).
 
Imagem recolhida aqui
Samuel Paty é o nome do professor que foi ontem assassinado na rua, numa localidade perto de Paris. Não havia ainda chegado aos cinquenta anos. Ensinava História e Geografia e, ainda, Educação Moral e Cívica (EMC). Terá sido neste último contexto que preparou com os seus alunos do equivalente ao 3.º ciclo do ensino básico português, um debate sobre Liberdade de expressão.


O valor em causa, perigoso desde as suas formas mais rudimentares, não deixou de o ser neste século XXI, no mesmo Ocidente que o inventou. No caso, terá desagradado a uma certa comunidade que fosse tratado numa escola pública, da maneira como o professor havia previsto: livremente. Iniciou-se um diálogo, por certo tenso, entre representantes da escola e elementos da comunidade. O professor, como era seu dever, manteve o que havia decidido. Terá dito: "continuarei a fazer o meu trabalho como o fiz até aqui". E pagou com a vida a defesa de um valor.

Imagem recolhida aqui

Em França os professores estão na rua: querem demonstrar solidariedade para com o colega e manifestar a recusa da barbárie, mas também para darem a conhecer uma certa forma de violência que os atinge em constante e que nem sempre é manifesta. Em vez de serem encorajados a defender o conhecimento universal e a racionalidade, é-lhes sugerido que tratem certos temas "sensíveis" com "prudência" ou que os evitem. Em vez de serem apoiados pela escola nesse propósito, são deixados à sorte. É a própria identidade da profissão que está em causa, dizem. 

“Não devemos mentir uns aos outros, há escolas onde certos assuntos são sensíveis”, declarou um professor e outro explicou que a "educação nacional escolheu fechar os olhos aos problemas e isso, como se vê, pode tornar-se mortal". Continuou, "os professores sentem-se profundamente desencantados, persegue-os um sentimento de abandono. Agora haverá uma homenagem um minuto de silencio (...) Muito bem, mas enquanto os professores não forem escutados, enquanto a sua palavra não for tida em conta pelas hierarquias, outros dramas poderão surgir."    
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Informação recolhida principalmente aqui, aqui, aqui, aqui

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu digo que "é a própria identidade da profissão que está em causa". Não nos deixam ensinar, porque assim os alunos aprendem melhor (quer dizer, têm altas notas na pauta)!

JE SUIS ENSEIGNANT

A construção do respeito disse...

Liberdade de expressão é humilhar, gozar, morder, portanto, sob o pretexto da liberdade de expressão, numa aula de educação cívica onde os muçulmanos estão dispensados por extraordinário respeito do professor e defesa da causa caricatural. Isto é identidade do quê?

"Os cartoons foram mostrados durante uma aula de educação cívica e moral, de frequência obrigatória, na qual Samuel Paty falava sobre liberdade de expressão, mas, ainda assim, teve o cuidado de permitir que estudantes muçulmanos abandonassem temporariamente a sala.
"“Era para que os alunos não se chocassem. O professor não quis faltar ao respeito”, relatou o pai muçulmano de um dos alunos da turma.""

O que estarei a ver aqui? Na pauta dos muçulmanos, nesta aula, que nota? Uma nota alta por terem saído ou por terem ficado? Pena que o professor não esteja cá para decidir.
Claro que o pai merece nota alta. Compreende que o seu Maomé seja caricaturado academicamente, por mentes superiores, e os filhos gozados por causa dessa premente necessidade de insultar os outros a rir, ou convidados a sair...
Tudo é inacreditável! Ação/Reação.

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