JOÃO, UM MENINO QUE JOGOU AO PIÃO DA VIDA COM AS LETRAS DO ABECEDÁRIOBreve introdução: Por Moçambique fazer parte da História de Portugal desde que a nau de Afonso de Albuquerque aportou a estas terras (1497), enviando para lá os seus primeiros colonos (1600), tenho-me mantido informado sobre os seus acontecimentos mais relevantes com a saudade dos 18 anos em que aí vivi e iniciei uma frutuosa vida docente na Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque de Lourenço Marques, tendo-me nesta antiga capital nascido uma prole de meia dúzia de filhos.
Soube, anteontem, do falecimento de um dos seus mais destacados radialistas de que aqui dou conhecimento, chamado João de Sousa. Este o leitmotiv deste artigo em sua memória que reproduzo abaixo:
“La vida es una tombola, tombola” y todos en la tómbola tom tom tómbola encuentran un amor” (Letra de uma canção de Jhonny Laboriel”, popularizada pela cantora espanhola Marisol).
João de Sousa encontrou esse amor eterno no jornalismo que não era pessoa para deixar o seu destino rolar na tômbola de azar ou de sorte de um destino, por vezes, traiçoeiro jogando o rodopiar do final da vida nestes dia sombrios outonais portugueses e soalheiros em terras do Índico, que terminou, mas julgo que sem ser para sempre, porque a sua alma religiosa continuará a jogar o pião de menino nos jardins do éden sob o olhar atento e terno de Deus que tanto venerou em vida.
Não sei se por coincidência ou não de ter lido inúmeros textos de João de Sousa já impressos num livro pronto a publicar em recordação de pessoas que ele entendeu merecedores de destaque, entre elas eu mais por generosidade e menos por merecimento, quando, anos atrás, então eu docente da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física das margens do Mondego, ontem seco como os gomos de uma laranja chupada até mais não ficando só a pele nas mãos , hoje um verdadeiro espelho de água em que se reflecte a sombra da sua Velha Torre, numa cerimónia de "Pôr de Sol", nos jardins do Hotel Cardoso (da então Lourenço Marques), fui abordado por um dos presentes dizendo-me que o então ministro do Desporto, Doutor Joel Libombo, se iria deslocar à mesa onde eu estava com colegas de Coimbra para me cumprimentar. Claro que logo me prontifiquei ser eu a deslocar-me até ele. Ao chegar, perguntei-lhe se tinha sido meu aluno tendo-me respondido que não, mas que tinha ouvido falar muito de mim. Daqui a dúvida, até por não me conseguir situar no tempo, se este governante teria lido o texto de João de Sousa a meu respeito.
Passando à frente, ontem, aqui deparei-me com um vasto apanhado das cerimónias fúnebres que hoje se vão realizar em sua homenagem em Maputo – esta questão dos fusos horários deixam-me baralhado – ou já terminaram –, em que entre outras aparece uma “Homenagem do Governo” com três pontos de interrogação de dúvida sobre a sua efectivação ou não!
Em prova de gratidão teria gostado (na hora em que escrevo este meu muito sentido texto, não sei se aconteceu ou não) que a Embaixada Portuguesa desta sua terra que tanto respeitou em vida se tivesse feito representar no seu funeral. Hoje terei a confirmação se este meu apelo foi ouvido ou não pela entidade a quem o enderecei
Representam e competem às embaixadas dos países em que vivem cidadãos seus zelar pelos interesses legítimos dos seus nacionais. Um desses interesse teria sido seria, indubitavelmente, fazer-se representar na Cerimónia Fúnebre de João de Sousa, cidadão exemplar sem cara de “feijão frade” (expressão portuguesa que identifica os indivíduos que mudam de opinião consoante o vento de interesses seus ocasionais) que, em horas difíceis de antes e pós descolonização de Moçambique, soube estar sempre presente como os braços amigos de uma balança equilibrada ao serviço dos moçambicanos e dos portugueses aí radicados que fizeram de Moçambique uma segunda pátria. É só uma questão de esperar para saber!
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