“Há quem defenda os seus
erros como se estivesse a defender uma
herança” (Edmund Burke)
A entrevista de Rodrigo
Guedes de Carvalho na “Sic”( 02/05/2020) à ministra da Saúde, Marta Temido, eu porque
me sinto desiludido do presente e sem esperança no futuro, recorro a Eça, meu escritor de eleição, por
esta frágil figura de governante, ser paradigma
do “achismo”, tão em voga hodiernamente, para justificar o que não tem justificação, como argumentos trapalhões “hesitando, tataranhando, amontoando, embaralhando
fazendo um pastel confuso que nem o Diabo lhe pega ele que pega em tudo”.
Sem intenções demoníacas, apenas
para me referir ao "eu acho", que ela repetiu várias vezes, quando se viu atrapalhada
na entrevista concedida a Rodrigo Guedes de Carvalho
que fazia soar o gongo da misericórdia, deixando-a
recompor-se no seu canto, mudando de assunto com novas e mais fáceis perguntas.
Se a razão não me fizer
companhia, penitencio-me perante Marta
Temido e o seu ministério até porque a procissão ainda vai no adro de uma
discussão em que as máscaras de combate ao coronavírus surgiram como se esta
discussão não fosse um assunto sério sem vestígios carnavalescos ou malabarismo
circenses porque hoje “só me diverte o circo da minha infância” (Fernando
Pessoa).
Uma virtude lhe reconheço: a
falta de patuá dos políticos que fogem aos assuntos que lhes não convêem
como enguias em mãos oleosas, dizendo uma coisa hoje e outra amanhã, como se
quem os ouve sofresse de amnésia de que eles sofrem por conveniência ocasional ou mesmo vício!
Sacudir a água do capote é
expressão da gíria militar que criou raízes em civis mesmo que não tenham
prestado serviço militar, ou dele tenham desertado numa retirada estratégica de
quem, apenas, dizia, não comungar da Guerra do Ultramar condenando maldosamente
Salazar por nos ter livrado da II Guerra Mundial em que morreram incontável número de soldados e civis deixando cidades completamente arrasadas, de que
Londres foi o exemplo mais citado! Ou seja, simples perspectiva enviesada ao sabor
de interesses convenientes e desonestos! Os mesmos argumentos não podem servir
para defender ou atacar causas desiguais. Ou seja, "pão, pão; queijo, queijo", na sabedoria popular.
Com falta de
verticalidade se sobe cada vez mais alto na frondosa árvore partidária carregada
de frutos rendosos e suculentos, ainda que mudando de partido como quem muda de
fato “Hugo Boss”, como se desculpam alguns janotas lusitanos, qual Petrónio
tido como modelo de elegância na Roma dos Césares.
É pecado vender a
alma ao diabo sob qualquer que seja o pretexto, "ipso facto", assumindo o papel de vira casacas
sem um mínimo de dignidade já que nela, evocando Pascal, “reside o
principio da moral”. Princípio ético tão
arredado da política nacional em que os crimes por mais hediondos que sejam
contra a fazenda pública comungam da benevolência, ou mesmo compadrio
partidário, da injusta justiça!
1 comentário:
Aditamento ao meu post aqui publicado, titulado “A recente entrevista da ministra da Saúde”, em que cheguei a pôr a hipótese de, se a razão me não fizesse companhia, me penitenciar perante Marta Temido e o seu ministério. Ingenuidade a minha!
O correr posterior da carruagem, obriga-me a não me penitenciar, bem pelo contrário, perante sua arrogância e do PS em cantarem uma muita discutível vitória, propagandeada em comentários e textos subscritos pelos seus correligionários.
Vitória que, por hipótese, a ter havido se ficou a dever ao facto , “eu acho”, plagiando a ministra nos seus “achismos”, de para esta entrevista ter sido sujeita a uma sabatina para papaguear o que lhe foi metido a martelo na cabeça.
Se assim tiver acontecido, mostrou ela ser aluna aplicada que lhe deu a prova de uma memória prodigiosa, ao invés de tempos anteriores em que argumentava esquecendo-se hoje do que tinha dito ontem!
Enviar um comentário