domingo, 3 de maio de 2020

A RECENTE ENTREVISTA DA MINISTRA DA SAÚDE

“Há quem defenda os seus erros como se estivesse a defender uma herança” (Edmund Burke)

A entrevista de Rodrigo Guedes de Carvalho na “Sic”( 02/05/2020) à ministra da Saúde, Marta Temido, eu porque me sinto desiludido do presente e sem esperança no futuro, recorro a Eça, meu  escritor de eleição, por esta frágil figura de governante, ser paradigma do “achismo”, tão em voga hodiernamente, para justificar o que não tem justificação, como argumentos trapalhões “hesitando, tataranhando, amontoando, embaralhando fazendo um pastel confuso que nem o Diabo lhe pega ele que pega em tudo”. 

Sem intenções demoníacas, apenas para me referir ao "eu acho", que ela repetiu várias vezes, quando se viu atrapalhada na entrevista concedida a Rodrigo Guedes de Carvalho que fazia soar o gongo da misericórdia, deixando-a recompor-se no seu canto, mudando de assunto com novas e mais fáceis perguntas. 

Se a razão não me fizer companhia, penitencio-me perante Marta Temido e o seu ministério até porque a procissão ainda vai no adro de uma discussão em que as máscaras de combate ao coronavírus surgiram como se esta discussão não fosse um assunto sério sem vestígios carnavalescos ou malabarismo circenses porque hoje “só me diverte o circo da minha infância” (Fernando Pessoa).

Uma virtude lhe reconheço: a falta de patuá dos políticos que fogem aos assuntos que lhes não convêem como enguias em mãos oleosas, dizendo uma coisa hoje e outra amanhã, como se quem os ouve sofresse de amnésia de que eles sofrem por conveniência ocasional ou mesmo vício!

Sacudir a água do capote é expressão da gíria militar que criou raízes em civis mesmo que não tenham prestado serviço militar, ou dele tenham desertado numa retirada estratégica de quem, apenas, dizia, não comungar da Guerra do Ultramar condenando maldosamente Salazar por nos ter livrado da II Guerra Mundial em que morreram incontável número de soldados e civis deixando cidades completamente arrasadas, de que Londres foi o exemplo mais citado! Ou seja, simples perspectiva enviesada ao sabor de interesses convenientes e desonestos! Os mesmos argumentos não podem servir para defender ou atacar causas desiguais. Ou seja, "pão, pão; queijo, queijo", na sabedoria popular.

Com falta de verticalidade se sobe cada vez mais alto na frondosa árvore partidária carregada de frutos rendosos e suculentos, ainda que mudando de partido como quem muda de fato “Hugo Boss”, como se desculpam alguns janotas lusitanos, qual Petrónio tido como modelo de elegância na Roma dos Césares.

É pecado vender a alma ao diabo sob qualquer que seja o pretexto, "ipso facto", assumindo o papel de vira casacas sem um mínimo de dignidade já que nela, evocando Pascal, “reside o principio da moral”. Princípio ético tão arredado da política nacional em que os crimes por mais hediondos que sejam contra a fazenda pública comungam da benevolência, ou mesmo compadrio partidário, da injusta justiça!

1 comentário:

Rui Baptista disse...

Aditamento ao meu post aqui publicado, titulado “A recente entrevista da ministra da Saúde”, em que cheguei a pôr a hipótese de, se a razão me não fizesse companhia, me penitenciar perante Marta Temido e o seu ministério. Ingenuidade a minha!

O correr posterior da carruagem, obriga-me a não me penitenciar, bem pelo contrário, perante sua arrogância e do PS em cantarem uma muita discutível vitória, propagandeada em comentários e textos subscritos pelos seus correligionários.

Vitória que, por hipótese, a ter havido se ficou a dever ao facto , “eu acho”, plagiando a ministra nos seus “achismos”, de para esta entrevista ter sido sujeita a uma sabatina para papaguear o que lhe foi metido a martelo na cabeça.

Se assim tiver acontecido, mostrou ela ser aluna aplicada que lhe deu a prova de uma memória prodigiosa, ao invés de tempos anteriores em que argumentava esquecendo-se hoje do que tinha dito ontem!

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