Dos diversos títulos publicado pela Direção Geral da Educação para ajudar os professores em tempo de pandemia a que aludi no texto anterior (aqui), transcrevi o texto do primeiro: "Trabalho entre professores e alunos".
"Estas sugestões devem ser usadas de acordo com soluções da sua escola.Os restantes títulos são exactamente do mesmo teor.
Professores partilham e colaboram em espírito de equipa.
Privilegiam as plataformas já usadas na escola.
Estabelecem o equilíbrio articulando entre as diversas disciplinas.
Têm em conta as áreas de competências do "Perfil dos alunos".
Equacionam o tempo total dedicado à aprendizagem.
Criam rotinas de trabalho para os alunos.
Preveem algumas actividades de carácter lúdico.
Comunicam com os alunos...
... sem inundar os alunos de múltiplas soluções de comunicação.
Privilegiam a tecnologia que estão habituados a usar na escola.
Usam metodologias diversificadas e enquadradoras.
Fomentam a autoreflexão e o trabalho autónomo dos alunos.
Promovem um papel activo do alunos no processo de novas aprendizagens...
Através de projectos interdisciplinares.
Incentivam a interajuda entre os alunos...
... e a colaboração na realização das tarefas
... e na regulação interpares
Valorize o progresso dos seus alunos.
Promova a aprendizagens diferenciadas que garantam a inclusão de todos."
5 comentários:
Atualmente, nas escolas EB 1,2,3 + S, a função principal dos professores, qual seja, ensinar, está em vias de ser completamente obliterada por uma série de normas que os professores devem cumprir, sendo convicção das altas instâncias internacionais, que superintendem os destinos da educação, que quando não se ensinar mesmo nada nas escolas então aí ninguém ficará para trás.
Há uns anos atrás, meia dúzia de demagogos da educação partiram do princípio de que a grande revolução do ensino devia começar pelos jardins de infância, depois estendeu-se a infantilização aos conteúdos abordados no liceu - que, evidentemente, teve de mudar de nome - e eis-nos chegados agora a este triste estado em que os professores propriamente ditos se limitam a cumprir ordens simples, de um calibre semelhante ao das frases destacadas a azul no texto.
O conhecimento, puro e duro, associado ao ato de pensar, já não mora na escola!
Caro leitor
Vi todos os onze vídeos que mencionei e confirmo: não é explicito o de conhecimento escolar nem o desenvolvimento da inteligência (entendida como a capacidade de pensar). Estes são os pilares da educação escolar; sem eles a escola deixar de ter sentido de existir. De resto, esta tem sido uma ideia a que se retornou, de modo muito vincado, nas últimas semanas. As crianças e os jovens podem estar em qualquer lado desde que tenham equipamento informático aprendem (há que perguntar: o quê? para quê?).
Cordialmente,
MHDamiãp
As causas e respetivos causadores são diversas. Mas, enquanto professor, o que mais me entristece é a conduta da maioria dos colegas. Entendo que a pressão exercida durante anos tenha a sua quota parte de responsabilidade. O medo, o servilismo e o nepotismo ganhou uma força tremenda. Nestas circunstâncias, qualquer tentativa de restabelecimento do óbvio (Savater) se reveste como um ato de enorme desgaste que tem tanto de heroísmo como de efémero. O consenso político é abrangente e só a resistência persistente e esclarecida lhe poderá fazer frente. É o que têm e terão da minha parte. Vender a alma é que não.
Subscrevo o que diz. Recuso-me a ensinar os alunos a aprender a aprender. Sem querer desvalorizar as indicações de alguns métodos de estudo, o que importa é pôr os alunos em contacto com a grande cultura (cirnetífica, literária, artística, técnica...). Aos alunos deve ser dado o que de melhor a ahumanidade produziu até ao momento. Isto é exatamente o contrário de qualquer infantilização ou de qualquer metodologia que vise pôr os alunos a pensar no vazio, sem conteúdos e sem ideias.
Recuso-me a ser o "entertainer" que querem fazer de mim. Estou cansado de ler disparates instrutórios. As competências são efetivamente combinações complexas de conhecimentos, capacidades e atitudes, mas a atitude para chegar a essas competências é fundamentalmente endógena e não exógena. Um aluno não é certamente um exemplo de condicionamento clássico pavloviano, mas o professor também não é o flautista de Hamelin. Tornar o conhecimento apetecível é bom, mas transformá-lo num espetáculo de variedades é dar a ideia errada do que é a aprendizagem e do que é a formação de massa crítica.
Concordo com o colega Rui Ferreira. Agradeço à Professora Doutora Helena Damião a possibilidade de comentar, seguindo os três requisitos enunciados, que - creio – sempre segui!
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