quinta-feira, 5 de setembro de 2019

CONTRA A MAIORIA ABSOLUTA


Início do meu artigo de opinião no Público de hoje:

Assistimos a uma disputa política com poucas novidades. São os mesmos a fazer o mesmo da mesma maneira. Cada vez menos gente acredita nos mesmos, tal como revela a crescente abstenção. Nas legislativas de 1975 foi de 8,5%, nas de 2015, foi de 44,1%, a mais alta de sempre. Nas europeias é diferente, mas nas últimas a abstenção foi de 69,3%! Existe o risco de uma maioria absoluta formada pelas pessoas que não querem saber. Esse absentismo é particularmente notório entre os jovens.

As pessoas não querem saber porque não se revêem nos maiores partidos. Que estes funcionam em circuito fechado é bem nítido no modo como foram escolhidos os candidatos a deputados. No PS António Costa quer, pode e manda, fazendo escolhas que o partido aceita sem pestanejar, até porque o PS não passa actualmente de uma máquina de poder que distribui benesses e mordomias. No PSD Rui Rio quer, mas não pode nem manda. A luta que os carreiristas laranjas lhe movem deve-se precisamente à ânsia de manutenção das suas regalias.
(...)
Para o resto ler o jornal, on-line (mediante assinatura) ou em papel, pois é um conteúdo exclusivo:
https://www.publico.pt/2019/09/05/politica/opiniao/maioria-absoluta-1885498

3 comentários:

Rui Ferreira disse...

Serenidade e sensatez, características em desuso, leia-se, características que, não sendo espectáculo, não vingam na maioria das pessoas.
A exemplo, cito, "São os mesmos a fazer o mesmo da mesma maneira", fim de citação. Palavras simples e sábias. Sem espectáculo.
Savater diz, cito, "tristes são os tempos em que a reafirmação do óbvio se torna absolutamente necessário", fim de citação.
A leitura do jornal logo no café da manhã trouxe-me felicidade. Muito obrigado.

Anónimo disse...

Com o 25 de abril de 1974, o povo português ganhou a liberdade toda, mas o Estado perdeu a pouca independência política e económica que ainda lhe restava. Com tantos professores, básicos e secundários -que junto com os numerosos educadores de infância formam a Carreira Única -, enfermeiros e escrivães de direito, já não há lugar para mais ninguém à volta da exaurida gamela estatal! Quer dizer, o futuro da juventude portuguesa é lá fora e não é determinado pelo número votos no Costa, no Rio, ou na Martins!

Carlos Ricardo Soares disse...

Concordo com a análise do Carlos Fiolhais. Não existe o voto contra. Os extremos (esquerda e direita) apresentam-se como representantes do voto contra. Mas votar em qualquer outro partido não é votar contra o(s) partido(s) que governa(m). Quanto mais informação e noção das realidades político-partidárias houver, apostaria que maior será a abstenção. A democracia está refém das instituições político-partidárias, mas a inversa não é verdadeira. Se as instituições político-partidárias estivessem reféns da democracia, isso seria um bom princípio de governabilidade.

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