quinta-feira, 8 de novembro de 2018

COMO SURGIU O UNIVERSO?


Já está nas bancas o novo livro de Peter Atkins, químico e escritor de ciência que estará em Lisboa no Auditório do Oceanário na próxima sexta-feira para fazer uma conferência a convite da Fundação Francisco Manuel dos Santos. O livro, uma edição apoiada por aquela Fundação,  intitula-se "Como surgiu o Universo" (colecção "Ciência Aberta" da Gradiva, excelente tradução de Fátima Carmo)  e subintitula-se "As origens das leis naturais".  Para Atkins o Universo surgiu espontaneamente, sem necessidade de intervenção de um criador.  Transcrevo o seu breve prefácio:

Prefácio

"O funcionamento do mundo foi por alguns atribuído a um Criador espantosamente metediço, mas incorpóreo, a guiar activamente cada electrão, quark e fotão até aos respectivos destinos. As minhas entranhas revolvem‑se perante esta visão extravagante do funcionamento do mundo e a minha cabeça segue o mesmo caminho das entranhas. Nas páginas seguintes considero a possibilidade de haver uma visão mais simples do que realmente se passa. Ao fim e ao cabo, os cientistas são especialistas a extrair simplicidade da complexidade, preferindo geralmente o que é menos elaborado. Exploro os recônditos deste labor de simplificação e defendo que as leis da Natureza — os resumos que fazemos do funcionamento do mundo — surgem da forma mais simples possível. Defendo que surgem simplesmente da indolência e da anarquia, apimentadas aqui e ali por uma pitada de ignorância. 

Limitei o campo do meu discurso ao que é familiar. Assim, conduzo o leitor através da mecânica, tanto clássica como quântica, da termodinâmica e do electromagnetismo. Com confiança decrescente — mas, espero, de uma forma que interpele o leitor —, levo‑o à origem das constantes fundamentais e concluo interrogando‑me sobre a eficácia da matemática na formulação das leis naturais e a sua possível revelação da estrutura profunda da realidade. Parte do que escrevo é mera especulação, pois o entendimento total está ainda para além do alcance da ciência, apesar dos progressos notáveis realizados em três séculos de trabalho empenhado. Se o leitor quiser obter uma justificação mais profunda de algumas das minhas observações, encontrá‑la‑á nas notas no final do livro, que considerei um espaço adequado para conter algumas equações.

Espero responder nas páginas seguintes a algumas questões que poderão ter ocorrido ao leitor e para as quais ainda não tinha obtido resposta, e que as minhas palavras revelem alguns aspectos da simplicidade espantosa deste nosso mundo gloriosamente complexo.

 Peter Atkins
 Oxford, 2017"

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