De Paulo Guinote vale a pena ler também o texto
A Mistura Explosiva, publicado hoje no seu blogue. Destaco as seguintes passagens e tomo a liberdade de mudar o título.
"A promoção de uma Educação Mínima (poderemos considerá-la de “aprendizagens essenciais”) tem como efeito a promoção activa da Ignorância, disfarçada por retóricas que apresentam os “Conhecimentos” como algo “empilhável” e muito relativo, em que Ciência e Crença são como que equivalentes.
O resultado é uma maioria de cidadãos com um enorme défice para lidar com uma multiplicidade de informação.
É falso que a “competência” para usar as tecnologias corresponda a uma capacidade de selecção de informação, a qual só se consegue com bases sólidas de conhecimentos (...)
Os populismos na sua variante puramente demagógica e falsificadora crescem em ambientes em que o aumento do acesso à informação (e mesmo à “cultura”) vai a par do crescimento exponencial de uma iliteracia/ignorância funcional (...).
E a “Sociedade do Conhecimento” torna-se, mesmo em países desenvolvidos, uma Sociedade da Ignorância que promove a exclusão do que é encarado como ameaçador. A Crença (irracional) supera a Ciência (racional). As soluções autoritárias baseiam-se nos medos iraracionais e promovem discursos activamente anti-científicos. Apaga-se a Memória e faz-se acreditar que é possível recomeçar sempre todo um edifício que levou séculos, milénios a erguer.
A Educação é sempre a solução para romper este ciclo. A preservação da Memória Colectiva é indispensável. É o caminho para uma Cidadania plena, porque informada. Mas não pode ser uma Educação Mínima. Relativista. Essa é a que oferece apenas o “essencial” para dar uma aparência de universalismo democrático. Cria uma ilusão. Disfarçada com uma linguagem de boas intenções. Que promove uma massa de cidadãos facilmente manipuláveis. Pelo bombardeamento de informação. A falsa. A do Esquecimento. A que aposta no Medo."
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