O Instituto para a Investigação sobre a Felicidade existe e é dinamarquês. Apresenta-se como um think tank onde se pensam sobre as questões relacionadas com a felicidade, se fazem hipóteses que são testadas para tirar conclusões. São financiados pelo Estado e por privados, têm um site que é um regalo para os olhos e para a clareza de exposição, já foram notícia em Portugal, e agora são citados pelo mundo inteiro - curiosamente tornando-se virais através da plataforma que descobriram ser uma fonte de infelicidade, o Facebook.
Num documento claro e objectivo, impecável visualmente e interessante pelo conteúdo, relatam os resultados que encontraram num estudo que envolveu 1095 dinamarqueses. Começaram por lhes perguntar a todos sobre a sua felicidade e sobre o seu envolvimento com o facebook. Depois disso, metade deles continuaram a usar a rede social e a outra metade ficou interdita de aceder, e ao fim de uma semana foram ver como se sentiam cada um deles.
Antes da experiência, 94% das pessoas usavam regularmente o facebook e 78% destas navegavam por lá mais de meia hora por dia. Ao fim de uma semana sem clicarem no F azul, o que será que meio milhar de pessoas tinha feito com o tempo a mais? O grupo "tratamento" não parece ter ficado a olhar para as paredes, ou a chorar a olhar para o telefone esperto inesperadamente inútil. Os que não navegaram pelo facebook demonstraram maiores níveis de felicidade, de bem-estar, maior satisfação com a sua vida social e menos stress do que aqueles que continuaram a clicar pelo feed fora. No entanto, não nos é dito se deixaram de usar a internet por completo nem outras redes sociais. Todo o estudo neste link.
As redes sociais são ferramentas interessantíssimas de comunicação, mas tal como qualquer chave de parafusos apenas podem ser úteis de forem bem usadas. Em Janeiro deste ano publiquei com o António Granado e a Ana Sanchez o livro Redes sociais para cientistas, versão pdf disponível gratuitamente online. Defendemos que as redes sociais oferecem novas possibilidades para que os cientistas possam divulgar a sua ciência e interagir com colegas em qualquer lado do mundo, e damos algumas ajudas e orientações para maximizar os resultados. O livro surgiu na sequência dos resultados animadores que temos tido com o curso da Escola Doutoral da Nova com o mesmo nome, que temos vindo a leccionar para estudantes de doutoramento e investigadores da Universidade Nova de Lisboa.
As redes sociais podem não trazer felicidade aos utilizadores distraídos, mas acreditamos que possam levar mais ciência a mais pessoas. E isso, ainda que não seja a felicidade em si mesma, manda vir.
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