sábado, 28 de novembro de 2015

Para sobreviverem, as humanidades...

"Num mundo visivelmente acelerado, as humanidades são mais 
necessárias que nunca. Existe, sem dúvida um vazio que afecta
os processos formativos e diversas dimensões de reflexão."
Josep Ramoneda
(Director da Escola Europeia de Humanidades)

Imagem publicada aqui.
Foi recentemente inaugurada em
Barcelona a Escola Europeia de Humanidades, projecto idealizado por três amigos de longa data, com formação académica diversa.

A sua preocupação é recuperar a tradição humanista europeia de pensamento.

Um dos seus objectivos é colmatar a lacuna das universidades nesta matéria: "nas faculdades espanholas uma pessoa pode licenciar-se em Económicas sem ter aprendido nada de história das ideais económicas, ou cursar filologia catalã ou espanhola sem estudado Shakespeare, Goethe ou Voltaire. Vamos oferecer isso mesmo", disse um deles. Outro dos objectivo é envolver o grande público: "aproximar as humanidades de todo e qualquer cidadão inquieto",

Entre os nomes que aderiram ao projecto constam os de Victoria Camps e de Adela Cortina, que tenho em grande conta. Fazem-me crer que se trata de um projecto que cumprirá aquilo a que se propõe.

Sendo as múltiplas actividades gratuitas, de onde provém o financiamento? Do Estado, a quem, em primeira instância, caberia a função educativa em causa, a ter lugar sobretudo na escola? Não. É a Fundação Bancária "la Caixa" que assegurará as condições de funcionamento.

Chegámos a esta situação na Europa: tudo o que não se vê economicamente como rentável, para existir tem de ser assumido por entidades economicamente rentáveis.

Sobre este assunto ver notícias aquiaqui, aqui.

3 comentários:

Graça Sampaio disse...

Muito boa ideia!!! É por falta do conhecimento da filosofia, da história, da literatura e das culturas e instituições que as atuais "elites" são o que são...

Fernando Caldeira disse...

O problema da ignorância em humanidades na formação académica de cientistas e o seu complemento, a ignorância em ciências dos intelectuais das áreas das humanidades e das artes, já não é novo tendo sido cunhado por C. P. Snow (1959) pela expressão “as duas culturas”. Para Snow, os intelectuais das áreas das humanidades não conhecem, ou conhecem mal, os conceitos básicos da ciência e os cientistas ignoram muitas das dimensões sociais e éticas das questões científicas. Desde aí é mais ou menos consensual a necessidade da formação das pessoas, mas particularmente dos intelectuais, nestas duas áreas, como forma de possibilitar o diálogo e uma maior aproximação entre todos. Não é no entanto evidente, na minha opinião, que a formação em humanidades, ou em ciências, possa, por si só, desenvolver no indivíduo valores éticos como, por exemplo, o respeito e a solidariedade para com os seus semelhantes; quando muito poderá potenciar esses valores…

Helena Damião disse...

Prezado Leitor Fernando Caldeira
Penso, tal como Rómulo de Carvalho, que Ciências e Humanidades (acrescento as Artes) fazem parte do todo que é o conhecimento civilizacional. Dispensar-se uma parte com o argumento de que não é economicamente rentável revela, no meu entender, uma grande irresponsabilidade. Noto que nesta terraplanagem são também as Ciências que se ressentem, uma vez se vai sendo retirado do seu ensino tudo o que é não é da ordem da tecnologia ou que se possa converter nela. As tecnologias são evidentemente fundamentais, mas o conhecimento que importa passar às novas gerações está longe de se reduzir a elas. As pessoas das Ciências, das Humanidades e das Artes deviam juntar-se e reivindicar esse conhecimento.
Cordialmente,
MHD

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...