Imagem copiada do Diário de Notícias |
O que lá se conta era de esperar que um dia viesse a público: existe um "sítio" de internet a partir do qual se pode aceder a milhares e milhares de câmaras de vigilância de casas, lojas, cafés.. de todo o mundo. E, "salas, quartos, camas de bebés e tudo o que tenha uma câmara".
Portugal não está excluído (sim, Portugal, o país em que vivemos; nós, no "nosso quintal"). Eis um extracto da notícia:
"Numa loja de óculos de Matosinhos, vazia, uma funcionária vai consultando o computador enquanto conta o tempo que demora a passar. Na janela ao lado, outra pessoa serve vinho aos clientes num restaurante de Lisboa. Mais abaixo, no Funchal, as traseiras de uma casa albergam um conjunto de cadeiras, mesas e guarda-sóis que descansam, inutilizados, face ao mau tempo trazido por novembro (...).
Em Portugal o site observa 276 localizações de norte a sul e ilhas. O DN viu estas imagens num computador da redação, simplesmente acedendo ao site Insecam que garante ter acesso a 73 mil câmaras de vigilância, com recolha de imagens pela internet em todo o mundo."É paradoxal a atitude desse "sítio": expõe a privacidade de pessoas particulares para "altruisticamente" denunciar... a falta de privacidade das pessoas, em geral. Explico melhor: mostra ao mundo a realidade vivencial de pessoas concretas para explicar que isso pode ser feito, está a ser feito, mas não deve ser feito!
(Trata-se de uma atitude muito diferente do trabalho de encenação da realidade que a artista Gail Albert Halaban realizou. Isto é legítimo; aquilo não)
O jornalista ouviu um jurista, especialista em protecção de dados, que lhe disse que a prática do "sítio" não é legal, e ouviu também um inspector da polícia judiciária, que lhe disse tratar-se de um crime.
Sim, claro, mas acontece! E vai continuar a acontecer, seguir-se-á a divulgação de mensagens de correio electrónico, de redes sociais, etc, etc, etc. até o mundo se tornar num lugar absolutamente impossível para... vivemos. Apenas para isso: para exercermos o direito de viver a nossa vida.
A menos que as pessoas tomem consciência da destruição do valor inestimável que é a privacidade e se recusem a participar no que a pode perturbar, nada poderá parar o que a destrói.
3 comentários:
É o mundo das tecnologias a atacar por todo o lado. Aquilo que se "inventa" e se "consome" para comodidade pessoal, para defesa, para diversão, acaba por tornar-se, através de usos abusivos, na invasão da privacidade, na "coscuvilhice", que, em tempos remotos, era típica das vizinhas que se sentavam ao sol em tardes primaveris... É o preço a pagar. Já de nada vale o velho conselho: uti non abuti...
O abuso, é no caso, duplo: por parte de quem "coscuvilha" e por parte de quem denuncia a "coscuvilhice". Além de que é à escala mundial. Por comparação, as vizinhas são inofensivas, além de que têm o sentido de saber com quem coscuvilhar. A coscuvilhice anónima é imensamente, imensamente pior.
Um abraço,
Helena Damião
A tecnologia evolui, e com essa evolução, vai a facilidade de utilizar certos equipamentos. Com os equipamentos vai o manual de instruções e, por vezes, à distância de um click, vai até um guia prático de "como se proteger na internet". Quero com isto dizer que, se a informação está a ser divulgada para a rede pública (internet), quem a publica certamente não está preocupado com a privacidade. Portanto, parte-se do principio que as imagens dessas camaras estão na internet por indiferença do proprietário. Se não lhe fosse indiferente, certamente tomaria medidas para proteger o conteúdo que elas emitem.
Cumprimentos.
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