Transcrevo notícia do jornal I de 22/11, baseado num despacho da Lusa:
"Para o físico, "o futuro está, hoje, nos laboratórios de investigação", pelo que Portugal "terá futuro", se conseguir "reconhecer o valor da ciência e ligá-la mais à economia", às empresas
O físico Carlos Fiolhais defendeu que o futuro de Portugal está na relação "de confiança" entre cientistas e empresários, alertando que faltam no país investigadores a trabalhar nas empresas, a produzir riqueza a partir da inovação.
Em declarações à agência Lusa, o docente universitário assinalou que "há alguns bons exemplos de pequenas empresas formadas por cientistas", contudo, "as empresas maiores, que têm mercado", e que poderiam tirar Portugal da crise "não têm setores de investigação e desenvolvimento".
Carlos Fiolhais participa hoje, no Porto, na conferência "Ciência, Economia e Crise", enquanto coordenador do Programa de Educação e Ciência da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que promove o encontro entre cientistas, economistas e empresários.
Segundo o docente, Portugal tem "uma débil relação entre economia e ciência", não obstante a ciência se ter "desenvolvido nos últimos 20 a 30 anos".
O cientista realçou que "a maior parte dos investigadores está nas universidades e não nas empresas", contrariamente ao que se passa nos países desenvolvidos, onde "as grandes multinacionais têm laboratórios que fazem a investigação que lhes interessa e contratam cientistas".
Para o físico, "o futuro está, hoje, nos laboratórios de investigação", pelo que Portugal "terá futuro", se conseguir "reconhecer o valor da ciência e ligá-la mais à economia", às empresas.
"Sem esta relação, não vamos conseguir nunca sair da presente situação", sustentou, vincando que "a riqueza" de Portugal está nos cientistas, que, no entanto, "estão a emigrar", por falta de colocação nas universidades ou oportunidades para trabalhar e criar empresas.
Para Carlos Fiolhais, o país não tem "conhecimento mais avançado nas empresas", uma vez que o desenvolvimento científico é recente e "o tecido económico está muito fragmentado", com "muitas pequenas empresas" geridas por pessoas "sem formação superior elevada".
O coordenador dos Programas de Educação e Ciência da Fundação Francisco Manuel dos Santos entende que, se houver "mais confiança entre cientistas e empresários", é possível "mudar melhor" a "estrutura que produz valor, riqueza" no país.
Na conferência participam, ainda, entre outros, Daniel Bessa, ex-ministro da Economia, Manuel Sobrinho Simões, presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, Luís Portela, que dirigiu a farmacêutica Bial, e Pedro Echenique, presidente do júri do Prémio Príncipe das Astúrias das Ciências.
O encerramento do encontro, que decorre na reitoria da Universidade do Porto, está a cargo do sociólogo António Barreto, que preside à Fundação Francisco Manuel dos Santos."
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