Meu artigo de opinião no "Público" de hoje:
Habituados como estamos às más notícias já
nem reagimos quando surge mais uma. A notícia vinda das Nações Unidas devia ter
provocado ondas de choque, mas deixou-nos indiferentes. No relatório que acaba
de ser publicado, baseado em dados de 2012, Portugal caiu dois lugares no
Índice de Desenvolvimento Humano, estando agora na modesta 43.ª posição, na
cauda da primeira liga e quase a ser despromovido para a segunda. Essa queda
soma-se às quedas dos anos anteriores: no relatório de 2011 tínhamos caído um
lugar e no de 2010 tínhamos caído seis lugares. Já basta de tanto cair!
O referido índice classifica os países com
base não apenas na riqueza, medida pelo PIB, mas também na saúde, medida pela
esperança média de vida, e na educação, medida pelo número de anos na escola.
Se o PIB português está dolorosamente a cair (segundo os cálculos das Nações
Unidas, está a descer desde 2007, estando hoje abaixo do valor de 2000), o
progresso na longevidade é apenas ligeiro (actualmente a esperança média de vida é de 79,7 anos) enquanto
na escolaridade há estagnação (nuns confrangedores 7,7 anos de escolaridade
média na população adulta). No global, e devido ao declínio económico, o nosso
índice está desde o início desta década praticamente imóvel após décadas de
crescimento. E, em contraste connosco, a maior parte dos países estão a
desenvolver-se, alguns ultrapassando-nos. O relatório chama precisamente a
atenção para a acentuada subida de numerosos países, principalmente do
hemisfério sul. Em todo o mundo, os “campeões” da descida, em valor absoluto,
são a Grécia e a Líbia, com Portugal logo a seguir, com quedas semelhantes às
de Chipre, Barbados, Zimbabwe e Madagáscar. Repito para que conste: à escala
planetária, em 186 países há apenas sete nações a descer e a portuguesa é uma
delas.
Quem são os responsáveis? A principal
culpa é, obviamente, dos maus governos que temos tido. Os professores Daron
Acemoglu e James Robinson, do MIT e de Harvard respectivamente, no seu livro “Porque Falham as Nações” (Temas e
Debates, 2013) informam-nos, com abundantes e eloquentes exemplos, que a falta
de prosperidade dos países não tem a ver nem com a geografia nem com a cultura,
mas sim com o funcionamento das instituições políticas. Os nossos “anos
perdidos” no passado recente não eram uma fatalidade, atribuível à nossa
situação no mundo ou à nossa particular tradição, mas sim uma consequência dos
nossos erros políticos e económicos. Acrescem, claro, os erros alheios, pois a
Europa não está bem: vão longe as expectativas de crescimento da Estratégia de
Lisboa no ano 2000.
Os governos que elegemos nos últimos anos
têm rostos. Independentemente das responsabilidades que não são poucas dos
governos anteriores (António Guterres já assumiu uma quota parte), elas são de
José Sócrates, que governou de 2005 a 2011, e de Pedro Passos Coelho, que
governa desde 2011. O primeiro – os números não enganam – governou mal e o
segundo – os números voltam a não enganar - está a governar mal. Não interessam
nesta altura a não ser ao próprio as justificações de Sócrates em penosas
prédicas televisivas. Ele já foi afastado por eleições de um modo claro. Uma
vez que o governo anterior já foi mudado, resta-nos mudar o actual governo. As
próximas eleições autárquicas vão ter uma leitura política nacional, ao revelar
nas urnas a grande angústia das pessoas. E, como Passos Coelho já afirmou
querer que se “lixem as eleições”, será provavelmente feita a sua vontade nas
legislativas de 2015, que ele com grande antecedência já vê perdidas.
Poderá Passos Coelho fazer alguma coisa
para evitar a sua queda, que decorre da queda do país? Sim, pode ainda mudar
alguns dos seus ministros e secretários de estado. Não podendo alterar a troika externa, que nos manieta a
todos, pode mexer nessa troika
interna que o assessora, formada pelo inefável Miguel Relvas, pelo
desacreditado Vítor Gaspar e pelo desorientado Carlos Moedas. Sendo Passos
Coelho político desde que nasceu deveria saber que está a ser arrastado
para mais fundo pelos seus colaboradores
mais próximos. Neste momento, os seus eleitores não estão com ele, o seu
partido dificilmente está com ele (é público e notório que os “barões” não
estão, multiplicando-se em comentários televisivos) e o seu parceiro de
coligação só finge que está com ele (Paulo Portas, matreiro, deixa que os
outros digam o que ele pensa).
E a oposição? Que diz António José Seguro?
Se não há confiança no governo, menos há na oposição. O líder da oposição vê o
país em queda, vê o governo em queda e nada mais lhe ocorre do que esperar que
um e outro caiam mais. Não oferece solução nenhuma. Eleições agora para quê?
Não esqueçamos, como mostram os dados das Nações Unidas, que a queda do país
não é de hoje e que o maior partido da oposição é co-responsável por ela.
12 comentários:
MUITO OPORTUNO.
Cometei-o no post anterior.
abraço
akuettner
SORRY: COMENTEI-O!!!!!!
E mudamos para quem?
Como? De que modo? Por que meios?
Se a nossa democracia é como é, e produziu o que produziu?
Que valemos nós, os votantes, e para que servimos/temos servido?
Como encontrar quem nos represente, e nos respeite?
Eis o (meu) drama.
Eis os verdadeiro drama: não há em quem confiar. Nem Governo, nem oposição, ninguém. Não há pior descrença. A escuridão é de breu e faz gatinhar todo um Povo, que sem a mínima luz que seja farol anda à deriva. É demais! Até quando? Até que surja alguém que saiba galvanizar a Nação, despertando energias adormrcidas. Mas está a ser difícil. Entretanto, sem rumo estamos cada dia pior...
Que uma coisa, uma coisa! E, que outra: doutra.
Haveria quantas, entre tanta?! Bem, sabem-na da saudade.
Eis, que vos nem lamente; elaborai.
Conquistara vossa memória; fora ontem à provê-la.
QUERO VER SE HOJE NÃO VEJO TELEVISAO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Para começar, revoguem o AO90 que é uma fonte de cretinização. E quanto mais cretinas, menos as pessoas são capazes de pensamento e acção. E depois arregacem as mangas.
és mais egotista que este fiolhais no jornal do incontinente
mas tirando tu ó batista esta gente escreve toda crónica no púbico e queres fazer-lhes con corrência
chiça que ego
ó fiolhais o miguel mota morreu e herdaste o lugar?
ou é o lugar cativo do tipo da gradiva?
por falar nisso o velhote inda está vivo?
o jorge nuno é que é cunhado dele né?
comé que vai a matemática dos jogos dele?
Ah não isto não se descretiniza pá, tal como não se desnazifica ou se desbaifica.
Esta cousa chamada fio olhais diz que o país caiu?
Mas caiu dentro do quê?
Duma singularidade quântica?
Acho que foi uma queda que ele teve e o traumatismo anda a afectar-lhe a razão, ou isso ou está a soldo de alguma máfia.
Tendo em conta a crónica no público, que tem de tudo, até das velhas máfias salazaristas, acho que deve ser uma das que o tio Belmiro dá uns trocos pelos bons serviços prestados.
Ó da primazia
O que tu sabes sobre mim. Quase me sinto grato!
Porque não destapas a careta?
Tens medo?
Do ridículo?
Cuida-te, que se mordes a língua morres envenenado.
Talvez isto não seja sítio para ti.
Procura os da tua igualha, vais ver que não (te) falta canalha.
Adeus.
então esta não apagas nem prometes apagar?
o que sei sobre ti está em actualização constante
e é desinteressante
também não tens aí as fuças pois não?
não como profes estamos habituados né?
iste nã é sítio
fizeste adeus com as mãos ou com um dedo? nã te tou a ver bem
há nevoeiro acho
tu de certezinha do ridículo nã tens medo nenhum
nem reparas né?
beijinhes
Um texto eminentemente político, de grande profundidade. Subscrevo-o integralmente. Que futuro nos espera?
Enviar um comentário