sábado, 2 de junho de 2012

O Ministério da Economia, a Ordem dos Professores e a Fenprof


“Considero professores e professoras como a corporação mais necessária, mais esforçada e generosa, mais civilizadora de quantos trabalham para satisfazer as exigências de um Estado democrático” (Fernando Savater, filósofo e escritor espanhol contemporâneo).

Mercê de um anteprojecto de Lei-Quadro sobre um novo Regimento das Associações Públicas, pretende o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, reformular os princípios legislativos a que devem obedecer as associações profissionais públicas limitando alguns dos seus poderes tradicionais.

Tenho como necessária esta brevíssima nota introdutória para situar a criação da Ordem dos Professores  num formulário jurídico que se desenha em moldes de acesso à profissão sem o assentimento das ordens profissionais, obrigando-as, consequentemente, a responsabilizarem-se  por  actos docentes realizados por diplomados por instituições “de vão de escada” que de superior têm a simples adjectivação. Ou seja, existem razões para temer que as ordens profissionais deixem de poder assumir o exemplar papel da Ordem dos Engenheiros que não permitiu a inscrição do ex-primeiro ministro José Sócrates, condição sine qua non para a atribuição do prestigiado e almejado  título profissional de engenheiro a esta elevada figura de Estado. Ou seja, depois do anterior Governo do Partido Socialista, em desforço e fragilizado perante a opinião pública por este badalado caso, ter assumido idêntica atitude, a Ordem dos Professores, tratada como uma pobre enjeitada, volta às luzes da ribalta, depois da sua criação ter sido discutida na Assembleia da República sem a aprovação da maioria. E, ipso facto, a ser motivo de uma discussão  em que esta forma de associativismo de natureza pública se torna personagem de uma polémica que arde em achas de  fogachos onde tudo se discute e nada se resolve.

Não se desse, entretanto, o caso de haver problemas gravíssimos, e deveras preocupantes da nossa depauperada Economia, que podem empurrar Portugal  para fora da zona euro, e não se desse, porventura e para além disso, a intenção de querer fazer pagar o justo pelo pecador, talvez, eu compreendesse a  bondade deste anteprojecto de Lei-Quadro, como coisa importante e de elevada urgência. Isto não impede, todavia, que aplauda, desde já, sem vislumbre de generosidade, a passagem do referido anteprojecto que determina “mais exigência na criação de novas Ordens e Câmaras Profissionais”, não permitindo, como até aqui, roda livre à criação de ordens profissionais sem preocupações de natureza académica em que, em algumas ordens existentes, se misturam diplomas de licenciatura com diplomas que pouco mais vão além da antiga 4.ª classe do exigente ensino primário. Isto é, como se diz na gíria futebolística, uma espécie de táctica de "tudo ao molho e fé em Deus"!

Esta exigência, se cumprida por todos sem o impedimento de direitos (mal) adquiridos por alguns, pode vir a servir de cabouco sólido a um edifício em risco de implosão pelo descarado facilitismo com que foram criadas novas ordens profissionais sem atender aos escopos de exigência que nortearam o aparecimento das tradicionais ordens profissionais dos advogados, dos médicos, dos engenheiros e dos farmacêuticos “com poderes de autoridade, conferidos por lei, para o exercício de determinadas funções públicas que, em princípio, pertenceriam ao Estado”, segundo Diogo Freitas do Amaral.

É de lamentar, todavia, que esta medida surja como açoites tardios a forças de pressão política e socioprofissional que subalternizaram o importante papel dos professores em conturbados tempos de desvarios revolucionários e em suas sequelas que ainda hoje perduram. Apesar de tudo, ou por isso tudo, julguei importante dar conta da exigência do referido anteprojecto de Lei-Quadro que em nada contraria a criação da Ordem dos Professores, reforçando-a até. E reforça-a pelo facto de os professores não merecerem continuar privados “da justiça justa” (Jorge de Sena) pelo não reconhecimento do seu importante e inabdicável  papel na formação dos jovens e por constituir um tributo de gratidão devida aos antigos professores do ensino liceal que tanto fizeram para que o prestígio social dos professores nada ficasse a dever a outras profissões de igual exigência académica, com excepção, talvez, da profissão médica por lidar com a doença e ser a esperança na sua cura.

Sem precedente noutras profissões organizadas em ordens profissionais e sindicatos, importante é, outrossim,  dar a conhecer ao país  o non sense de ser a Fenprof,  uma organização sindical de professores, a tentar, por todos os meios, obstaculizar a criação da Ordem dos Professores. Situação estranha e anómala  se tivermos em conta o apoio dado por outros sindicatos à criação de ordens profissionais do mesmo sector de actividade profissional. E isto apesar de, cada vez mais, em comentários de blogues, aparecerem manifestações de professores em apoio à criação da Ordem dos Professores ao serviço de interesses que  transcendem um sindicalismo docente que se revê, ainda hoje, como se a sociedade actual fosse a de ontem, em  formas de sindicalismo que tiveram a sua época em fins do século XIX em defesa de questões meramente laborais de um mundo de trabalho de verdadeira escravatura.

Sem mais delongas, em ónus de prova que me compete, e a que me não escuso, nada melhor do que transcrever de um site da Fenprof (20/06/2008) a respectiva “doutrina” sobre a sua discordância em aceitar o inegável interesse público da profissão de professor. Atente o leitor, “sem trazer às costas a mochila do regimento”, como diria Mestre Aquilino, nesta argumentação pretensamente histórica, filosófica e política. Reza essa ”doutrina", sem necessidade de comentários pois o texto por si só prova uma lamentável, premeditada e declarada ignorância sobre o papel das ordens profissionais lato sensu (v.g., representatividade e regulamentação da profissão, atribuição do título profissional, assunção de responsabilidades dos actos próprios da profissão, regulamentação da deontologia profissional):

“Em movimentos agudos de ataque à classe e à profissão, tem caminho fácil a ilusão de que uma ‘ordem’ contribuiria para unir a classe eventualmente dividida e, por essa via, aumentar a capacidade reivindicativa. É uma óbvia ilusão. A criação de uma ordem, no actual contexto, seria mais um factor de divisão. E é uma ilusão enganadora. O campo de intervenção de uma ordem restringe-se ao plano de questões éticas e deontológicas [em sublinhado meu] que não são, para já, as questões centrais das preocupações dos professores e das escola – até porque há uma ética e uma deontologia historicamente construídas, assumidas e respeitadas pela classe docente. Os Sindicatos dos Professores têm sido e continuarão a ser espaço de análise e discussão das questões da Ética e da Deontologia da profissão, conscientes que da sua clara assunção também beneficia a imagem social dos professores que só ilusoriamente seria melhorada pela criação de uma eventual ordem”.

E isto é tanto mais grave que, para evitar esta amputada concepção sobre o papel dos sindicatos e ordens profissionais, tinha bastado à Fenprof ter estado atenta a uma conferência que António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, realizou  no Brasil (em Outubro de 2006), a convite do Sindicato dos Professores de São Paulo, intitulada “Desafios do trabalho do professor no mundo contemporâneo”. 

Na sua notável peça oratória, António Nóvoa “teceu considerações sobre uma melhor organização das profissões”. Com generosidade e votos de bom proveito para um sindicalismo que faz ouvidos de mercador a tudo quanto não seja em prol dos seus interesses, transcrevo extractos dessa conferência:

“O primeiro desafio é a ideia de uma melhor organização da profissão. Os modelos de organização dos professores e, em particular, dos modelos sindicais – falo da Europa que conheço melhor – , não têm sido capazes de atender aos grandes debates da profissão e ao grandes debates da escola. Isto é, eles não se renovaram suficientemente ao longo dos últimos 30 ou 40 anos. Ficaram um pouco prisioneiros de um combate num plano mais macro, que é um plano importante, sobre questões salariais, sobre determinadas conquistas dos professores, um plano absolutamente essencial. Mas eles não conseguiram criar um modelo de organização mais centrado nas escolas.

A profissão tem um déficit grande de organização no interior das escolas. Enquanto outras profissões conseguiram manter as duas camadas, uma mais macro, a exemplo das grandes ordens dos médicos, dos farmacêuticos ou engenheiros, que conseguiram manter um nível de debate político macro muito forte, mas isso não os impediu de terem modelos de organização nas instituições muito mais fortes do que os nossos. Os modelos de organização dentro das escolas são muito débeis, muito burocráticos. E isso tem-nos prejudicado muito”.

Em conclusão, a docência, em contornos contemporâneos, não pode continuar herdeira da distinção que na Roma Antiga se estabelecia entre profissões livres e profissões servis, estando destinado aos escravos gregos o papel de pedagogos ou meros acompanhantes dos filhos da classe dominante dos patrícios. E esta mudança de paradigma só se consegue quando os professores, que colocam o ensino num pedestal livre de fanatismos  políticos, interiorizarem que “voltámos à instrumentalização dos sindicatos como ‘correia de transmissão’ do PCP”, como escreveu Mário Soares (DN, 29/01/2008). E se, para Camilo “a vontade enérgica é uma esperança meia realizada”, falta realizar a outra metade da esperança: a criação da Ordem dos Professores sem mais delongas ou entraves!

22 comentários:

José Batista da Ascenção disse...

Eu, professor, declaro que, em minha opinião, as

questões éticas e deontológicas são, agora como há

muito tempo, preocupação central no que respeita ao

desempenho da (minha) profissão.

E mais declaro que não reconheço a nenhuma

organização sindical o direito de negar a expressão

do meu pensamento e da minha vontade.

Públio Athayde disse...

Que horror! Com esse corporativismo voltamos à Idade Média à cavalo. Considero as "ordens" existentes responsáveis por desordens suficientes.
Mais essa agora! Ainda bem que isso é bem longe do Brasil.
Públio Athayde.

Joaquim Manuel Ildefonso Dias disse...

Professor Rui Baptista;

Estive a ler de forma breve, a Pronúncia da Ordem dos Engenheiros, sobre o projeto de Proposta de Lei n.o 172/2012, de 19 de abril, que revê o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas profissionais, entregue ao Sr. Ministro da Economia e do Emprego.

Ressalvo, da leitura que fiz a proposta da Ordem dos Engenheiros relativamente às alterações propostas ao Artigo 44o - Tutela Administrativa.

Cumprimentos cordiais.

Mónica Rolo disse...

Assino por baixo: venha a Ordem dos Professores com urgência pois precisamos dela mais do que nunca!
Os professores precisam de sentir reforçada a sua identidade profissional, reconhecido publicamente o seu papel na sociedade e acompanhada / avaliada a sua prática por uma entidade com competência para o fazer!

Mónica Rôlo

Rui Baptista disse...

Caro Públio Athayde:

Consultei o “google”, por querer saber qual o exercício profissional que exerce, para melhor poder avaliar uma sua possível experiência pessoal negativa, devidamente documentada, para com o seu "horror", quase diria pavor!, às ordens profissionais, quando escreve no seu comentário: “Considero as ‘ordens’ existentes responsáveis por desordens suficientes” (sic.).

Na minha consulta (salvaguardando o facto se tratar de outra personalidade da vida cultural brasileira, o que é deveras duvidoso ou mesmo impossível) encontrei as seguintes referências: “Académico nas áreas de Arte, História, Letras, Direito, Sociologia, Política e Educação”.

E só então compreendi o seu sufoco se, para o exercício profissional, de cada uma delas, lhe fosse exigida a inscrição nas respectivas ordens profissionais que as tutelam em nome do interesse público.

Agradeço o seu comentário. E obrigo-me a responder-lhe pelo respeito que me merece o contraditório, mesmo que em mera e sintética opinião pessoal que o seu texto denuncia.

Cordialmente,
Rui Baptista

Rui Baptista disse...

Caríssimo Colega António Batista da Ascenção: Pelo seu companheirismo nesta cruzada contra os infiéis da Ordem dos Professores, o seu comentário impõe-me uma reflexão cuidada. Em devido tempo, publicarei a minha resposta.

Cumprimentos amigos,

Rui Baptista disse...

Prezado Joaquim Manuel Ildefonso Dias: Obrigado pelo seu comentário que, a exemplo de outros seus, trazem-me sempre a certeza de virem por bem, trazendo-me à memória este pequeno texto de D. Francisco Manuel de Melo: “Quem vem lá…Amigos , senhor soldado”.

Ao contrário do seu caso, por ser engenheiro de profissão e, por isso, ter acesso ao “site” da Ordem dos Engenheiros, não me foi possível ler a “Pronúncia da Ordem dos Engenheiros” que refere. E não me atrevo sequer a pensar que ela me possa chegar às mãos por via oficial, com grande pena minha.

Cordiais cumprimentos,

Rui Baptista disse...

Prezada Mónica: Pena é que, a seu estimado exemplo, os professores que defendem a criação da Ordem dos Professores não venham a terreiro em defesa dos seus legítimos ( e tão maltratados!) interesses.

Cumprimentos gratos,

joão boaventura disse...

Caro Rui

A proposta de lei n.º PL 172/2012, de 2012.04.19, é, como norma legística, um documento envenenado, aconselhando inúmeras ressalvas, porque permite as múltiplas variações interpretativas, onde o governo tem sempre a última palavra da sua pretensa razoabilidade.

Logo nos preparos pedagógicos ínsitos na Exposição de Motivos, se encontram avisos premonitórios escondidos no primeiro parágrafo:

[… objectivo de promover a autorregulação e a descentralização administrativa com respeito pelos princípios da harmonização e da transparência. ]

Primeiro, para animar, concede às Ordens, na linha do liberalismo neoclássico, o favor de se autorregularem – o que significa, sem intervenção externa – e descentralizarem, isto é, ter autonomia administrativa.

Depois, para não se aterem nem agarrarem demasiado às concessões autorreguladoras e descentralizadoras, surgem os avisos à navegação, onde a “harmonização e a transparência” fazem parte do vocabulário luso-europeu,pelo que o governo, antecipadamente previne que os exames impostos pelas Ordens (Advogados e Engenheiros), bem como a rejeição de licenciados de formação duvidosa, não respeitam os princípios da harmonização, o que equivale a dizer que todos os licenciados são legítima e licitamente considerados licenciados pelo Estado, e as Ordens não podem desarmonizar nem obnubilar o que transparentemente estatuído está, porque bem ou mal formados é da responsabilidade do Governo, não cabendo à Ordens o papel de inspectores críticos justiceiros.

Ora a harmonização e transparência deveria ser apanágio do Ministério da Educação que trucidou toda a estrutura do ensino, multiplicando escolas superiores, politécnicos, universidades, e cursos ao Deus dará de tal forma que alguns foram morrendo pelo caminho, como se houvesse doutorados suficientes para tantos clientes, e professores preparados para tantas instituições de ensino.

Perante a ruinosa e aparatosa queda da educação, a entrar quase em insolvência e, como se tanto não bastasse, pretendeu-se tapar os erros com outros erros através da criação utópica, irreal e irresponsável, das Novas Oportunidades multiplicadas até à exaustão em todo o país, como se vivêssemos no país da legitimada e lícita mentira.

Mas tanto não admira, porque as mentiras têm a continuidade na nova proposta de lei n.º PL 172/2012, de 2012.04.19, toda ela a pedir cesto de papéis, e não vale a pena escalpelizá-las, porque cheia de armadilhas e enganos.

Um abraço

Fernando Martins disse...

Caro amigo:

Venha a Ordem, para contrapor à desordem profissional e à falta de ética de muitos "professores" (veja-se o caso daquela menina que tirou as roupinhas e fez uma reportagem extraordinária, com fotografias do mais colorido possível...). Há ainda o casos de uns senhores, que dizem "professores" e adivinham o futuro, nuns anúncios nos jornais e colocados diariamente nos nossos carros, que fazem lembrar o caso do pseudo-engenheiro que se "pirou" (com o nosso dinheiro e o nosso futuro) para Paris...

Continue - a sua luta há-de dar frutos e cá estaremos para celebrar!

Joaquim Manuel Ildefonso Dias disse...

Professor Rui Baptista;

Peço-lhe todas as desculpas por citar um documento que não lhe está acessível, e também aos restantes leitores do DRN, vou tentar enviar-lhe esse documento, esperando contudo que outro colega amavelmente já o tenha feito, certo que, e oportunamente, a OE o irá tornar acessível ao público.

Sinto no entanto o dever de dizer do que trata o artigo 44º do referido documento;

São sobretudo dois os aspetos que a OE reivindica no art 44º:

- Associações públicas profissionais estão sujeitas somente a tutela de legalidade;
- A tutela administrativa sobre as associações públicas profissionais é de natureza inspetiva.

Cumprimentos Cordiais,

Rui Baptista disse...

Caro João: Já nada me espanta! Numa época de contenção de despesas, só lamento a tinta da minha impressora gasta para imprimir 39 (trinta nova páginas) do projecto de proposta de Lei n.º 172/2012, de 19 de Abril. E não sei porquê (ou melhor, sei) , ocorre-me a passagem de um livro de Pio Barojo, sobre a redacção de uma determinada lei. Embora picaresca ( por vezes, nada há de mais cómico do que a realidade do dia-a-dia!), aqui a relato: “Um ministro espanhol, virando-se para o seu secretário, adverte-o: - “Senhor Rodriguez, veja lá se a lei está escrita com a suficiente confusão!”

Já agora, que estou em altura de recordações, uma vez mais, não sei porquê (ou melhor, sei!), ocorre-me, por analogia, a história de um meu amigo que quando lhe perguntava a opinião sobre um determinado filme, me respondia: “É chato e comprido!”

E porque falei de contenção de despesas, não resisto em transcrever esta notícia, que não foi desmentida por quem o devia fazer para desintoxicação do que corre na Net; e que eu teria o maior prazer em divulgar a bem da verdade. Segue a respectiva listagem das despesas diárias em alojamento:


“O diário espanhol “As” quis perceber quanto é que as várias selecções em competição vão gastar com o alojamento, e o resultado acabou por ser surpreendente se tivermos em consideração as constantes medidas de austeridade que têm vindo a ser aplicadas em Portugal. Segue a respectiva listagem em despesas diárias:

1. Portugal – Opalenica 33.174 euros
2. Rússia – Varsovia 30.400 euros
3. Polónia – Varsovia 24.000 euros
4. Irlanda – Sopot 23.000 euros
5. Alemanha – Gdansk 22.500 euros
6. Rep. Checa – Wroclaw 22.200 euros
7. Inglaterra – Cracóvia 19.000 euros
8. Holanda – Cracovia 16.200 euros
9. Italia – Wieliczka 10.500 euros
10. Croácia – Warka 8.300 euros
11. Dinamarca – Kolobrzeg 7.700 euros
12. Espanha – Gniewino 4.700 euros”.

Ou seja, a Espanha uma das sérias candidatas ao título europeu de futebol, depois de se ter sagrada Campeã do Mundo na África do Sul, vai gastar, “grosso modo”, sete vezes menos que Portugal. Está criada, assim, uma responsabilidade sete vezes maior da equipa das quinas se sagrar à frente da Espanha. E com isso levar de vencida, também, Alemanha, por exemplo, que, a fazer fé nas quantias diárias gastas bem menores, se deve encontrar em situação económica bem mais debilitada do que a nossa. Venha, portanto, a Taça de Campeã da Europa para este país à beira mar plantado e tudo será esquecido e voltarão a ser repetidas ou mesmo aumentadas estas despesas no próximo Campeonato Mundial de Futebol.


Quanto à audição das ordens profissionais para se pronunciarem sobre este assunto, há um prazer sádico dos poderes públicos ouvirem os interessados para fazerem precisamente o contrário! Será esta, porventura, uma excepção? Como nos avisou Mark Twain, “a profecia é algo muito difícil, especialmente em relação ao futuro!” Para não me cansar, esperarei sentado para assistir ao desenrolar e desfecho desta “procissão legislativa” que ainda vai no adro do Ministério da Economia!


Recebe um abraço grato pelo teu comentário que, em vez de acamar as minhas desconfianças por aquilo que se anuncia como obra asseada capaz de melhorar as associações profissionais de interesse público, mais me desassossegou. E muito!

Rui Baptista disse...

Prezado Joaquim Ildefonso Dias: Obrigado pela sua transcrição, embora parcial como era aconselhável e eu próprio o tinha reconhecido.

Um abraço grato,

Rui Baptista disse...

Caríssimo amigo: De há muito me habituei à sua preciosa amizade e apoio à criação da Ordem dos Professores, ainda que aposentado de há anos para cá não esmoreço na minha luta, quase diria, diária. Isto porque me considero professor e identificar, assim, com Miguel Torga: "Maldito seja quem se nega aos seus em horas apertadas"!

E se, como li na "Gazeta Madrid", n.º 53, 21/03/193, "um partido é uma loucura de muitos para proveito de poucos", "mutatis mutandis", não se poderá aplicar este princípio a uma certa forma de sindicalismo partidarizado fortemente a ponto de se reconhecer como alma gémea do respectivo patrono. "patrono"?

Como bem s refere no seu comentário, por não estar protegido por lei, qualquer um se pode intitular professor. Palo contrário, se um pândego qualquer se fizer passar por médico fica sujeito a uma legislação punitiva que o faz incorrer no crime de falsa identificação profissional.

Um grande abraço, e apareça por aqui mais vezes. Como habitualmente, será sempre bem vindo.

Rui Baptista disse...

Devido ao adiantado da hora, em que escrevi o meu comentário anterior, nele pousaram algumas pequenas gralhas que a benevolência do leitor detectará, corrigirá, emendará e desculpará para evitar que me deite a horas impróprias quando o João Pestana já me deixa cair as pálpebras.

Rui Baptista disse...

Rectificações:

- Na última linha do 2.º§, do meu comentário anterior, onde escrevi, "É chato e comprido", deverá ser feito o seguinte acrescento: "É chato e comprido como o peixe espada!"

- Na 1.ª linha do último §, rectifico "acamar" para acalmar.

José Batista da Ascenção disse...

Caro João Boaventura

Muito oportunos, incisivos e esclarecidos são os seus alertas.

São, realmente, muitos os escolhos.

Difícil é o caminho.

Mas temos que "caminhá-lo". Porque estamos nele e vamos nele. E não

podemos prosseguir como carneiros...

Muito obrigado pelo favor de estar atento. E de ir alertando.

Grande abraço.

motta disse...

Caro professor
Já em momentos anteriores o felicitei por essa sua luta desigual, quase soldado único na trincheira, pela criação da Ordem dos Professores. Felicito-o de novo, pelo seu exemplo. Só luta assim quem acredita e sabe que tem razão.
Dispensando-me de comentar ouros aspectos, refiro apenas a não estranheza da posição da Fenprof. A defesa, o quase culto, da mediocridade, na carreira dos professores, tem ali o seu ponto mais alto. Apresentar as últimas versões do ECD como vitórias dos professores (designadamente na terraplanagem da carreira), revela mais do que gostariamos sobre uma organização que se arvora de defensora dos professores. Isto levar-nos-ia à formação, ao acesso, ao exercício da profissão e, fatalmente, aos problemas com que somos confrontados nos tempos que correm. Que seriam muitos certamente, mas de natureza bem diferente dos "meros" problemas laborais a que tantos pretendem reduzir a ignomínia de tratamento ético e moral a que os professores vêm sendo sujeitos.
Mais do que nunca é urgente a criação da Ordem.
Cumprimentos.

Rui Baptista disse...

Caro comentador:

Não fora o alento que me chega de comentários como seu, e eu sentir-me-ia, como escreve, "quase soldado único na trincheira". E com isso teria que me contentar ou mesmo…desertar1

Embora esses comentários de apoio que me vão chegando não serem em número suficiente para amedrontar os opositores à criação da Ordem dos Professores, uma vez mais, com respaldo em ditados populares, que me são caros ciar, lembraria que “grão a grão enche a galinha o papo”.

Por vezes têm comparado a minha tarefa, na defesa da criação da Ordem dos Professores, a uma impossível tarefa de Sísifo, mas no seu cumprimento encontro uma renovada esperança num poema de Miguel Torga, “Sisifo”,em que tenho encontrado inspiração quando me assalta a desesperança que logo atiro para trás das costas. Recordo-os aqui, por serem um hino de esperança de que as tarefas tidas como impossíveis estão ao nosso alcance:

“Recomeça / Se puderes / Sem angústia e sem pressa. / E os passos que deres / Nesse caminho duro / Do futuro / Dá-os em liberdade /Enquanto não alcances / Não descanses / De nenhum fruto queiras só metade”.

Cumprimentos gratos,

Rui Baptista disse...

Onde está (última linha do 2.º §) "ciar", corrijo para "citar".

Rui Baptista disse...

Caro José Batista da Ascenção: O prometido é devido. Acabo de publicar um post, "Ainda a Ordens e Câmaras Profissionais e o Respectivo Ante-Projecto de Regulamentação".

Anónimo disse...

Não é fácil encontrar um bom professor que goste dar aule e ensine bem a seus alunos.
Eu tinha um professor tao bom, que uma vez ele pediu comida japonesa delivery sp para todos seus alunos porque aprovamos o exame!

O QUE É FEITO DA CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS?

Passaram mil dias - mil dias! - sobre o início de uma das maiores guerras que conferem ao presente esta tonalidade sinistra de que é impossí...