segunda-feira, 6 de junho de 2011

Os tonys

Ouvi recentemente uma pequena notícia, salvo erro nas European News, à qual não pude deixar de dar atenção. Dizia-se que na Coreia do Sul se desenvolve um projecto que consiste em substituir professores por robôs (todos chamados Tony).

Começou-se com o ensino de inglês a crianças de dez anos e os argumentos a favor são de peso: convém que os alunos, para aprenderem a falar esta língua tenham contacto com professores nativos; as aulas com professores nativos são muito caras e só alguns alunos têm acesso a elas; os robôs foram programados à semelhança dos professores, fazendo o mesmo que eles; os alunos não são deixados sós com o robô, pois professores acompanham e controlam à distância o que se passa em sala de aula.

Além disso, parece que um representante do projecto afirmou que a ideia não é substituir todos os professores, apesar de admitir que ter-se professores ou robôs a ensinar é exactamente a mesma coisa… Bem, a mesma coisa não será, pois os robôs têm vantagens: os alunos acham-nos mais interessantes e por isso participam mais, sobretudo os que, por timidez, falam pouco ou nada. Assim, numa solução de compromisso, esperam que, mantendo-se os professores, eles sejam coadjuvados por robôs.

Alguns professores de carne e osso não concordam nada com isto e andam a dizê-lo e que um especialista em educação faz notar que essas vantagens dependem do “efeito novidade”, que depressa passa. Também dizem que a interacção humana é fundamental na educação e que, por muito domínio que os alunos tenham o inglês, quando encontrarem alguém que fale inglês, ficarão nervosos porque nunca treinaram essa capacidade com pessoas.

Limitei-me a descrever o que ouvi e que depois aprofundei aqui... pois, de momento, não consigo ir além do pensamento de Hannah Arendt que tenho por certo: as crianças não aprendem sozinhas nem umas com as outras, precisam de adultos. Por isso acho muito estranho retirar os adultos da relação pedagógica...

8 comentários:

Anónimo disse...

O melhor de cada professor é aquilo que os restantes não possuem, ou seja, a sua insubstituível personalidade. JCN

Cláudia S. Tomazi disse...

A vaidade tecnológica tem desencadeado um comportamento que requer maior prudência cujo resultado, poderá reflectir ao distanciamento do que seja humano para futuras gerações, quanto a questões de aprendizagem. Ao que seja o fio tênue, de amizade e lembranças da tenra idade, norteados diante da frieza robótica...

Anónimo disse...

A cultura asiática é diferente da nossa em alguns aspectos e aceita melhor este tipo de situações do que a nossa.
Faltou apenas referir que esta iniciativa está relacionada com a falta de professores de inglês na Coreia do Sul.

Fartinho da Silva disse...

Por cá já tivemos o Magalhães :)

Fartinho da Silva disse...

Gostava de saber quem é o professor dos filhos de quem colocou isto em prática. Será um robô ou um ser humano?

Anónimo disse...

Quantas vezes desejei para os meus filhos, como professor, em vez de um ser (des)humano... umaa qualquer espécie de robô! JCN

Pedro disse...

a raiz do problema está em formar melhores professores, humanamente, psicologicamente, tecnicamente

fica mais barato desenvolver robôs
no imediato

depois
que adultos vão ser os miúdos formados assim?

(pensamos que) resolvemos um problema
e quantos problemas criamos?

Pedro disse...

"If you want to make a difference in the life of our nation; if you want to make a difference in the life of a child: become a teacher!"
President Barack Obama on his State of the Union Address, 25/01/2011

de avanços e recuos é o mundo feito
hoje robôs
amanhã que feito

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...