De entre as diversas linhas de estudo que se organizaram, uma das mais produtivas é a que se tem dedicado ao mal/bem-estar na profissão, sendo que a maior parte dos trabalhos publicados incidem no primeiro aspecto.
Em Portugal, nesta matéria, têm-se por incontornáveis os trabalhos de José Esteve, professor da Universidade de Málaga, onde se esclarece que o mal-estar docente é um conjunto de reacções dos professores à mudança social, as quais se traduzem no sentimento de desajustamento em relação à profissão e na impotência para a exercer de modo correcto.
As pesquisas de carácter empírico que realizou permitiram-lhe apurar dois grupos de factores que contribuem para a formação de tais reacções:
- factores de primeira ordem “que incidem directamente sobre a acção do professor na sala de aula, modificando as condições em que desempenha o seu trabalho” eAlém disso, identificou várias fontes de mal estar:
- factores de segunda ordem que se referem “às condições ambientais, ao contexto em se exerce a docência” e sobre os quais o professor não tem controlo directo.
1) aumento das exigências sobretudo devido ao desempenho de novas tarefas que não são acompanhadas pela formação adequada;Batem certos, portanto, os resultados da investigação de Esteve com a espontaneidade patente no texto Querem que eu dê aulas!?
2) inibição educativa de outros agentes de socialização. Por exemplo, ensinar certas atitudes, que tradicionalmente eram da competência da família;
3) desenvolvimento de fontes de informação alternativas à escola, o que implica uma revisão do papel do professor;
4) ruptura do consenso social sobre o que deve ser a educação escolar: de um certo acordo tradicional passou-se para uma pluralidade de opiniões;
5) aumento das contradições no exercício da docência: o professor desempenha papéis que não são de fácil conciliação, por exemplo, prestar apoio afectivo e classificar;
6) mudanças de expectativas em relação ao sistema educativo: de um ensino de elite, baseado na selecção e competência passou-se para um ensino de massas mais incapaz de assegurar um trabalho adequado dos alunos;
7) modificação do apoio da sociedade ao sistema educativo: parece existir a ideia de que os professores são os únicos culpados do funcionamento escolar;
8) menor valorização social do professor, sendo o aspecto económico um revelador desta situação;
9) mudança dos conteúdos curriculares, devido ao extraordinário avanço das ciências e à transformação das exigências sociais;
10) escassez de recursos materiais e deficientes condições de trabalho;
11) mudança das relações professor-aluno: o grande número de alunos, as características particulares de alguns, a falta de autoridade do professor são exemplos de aspectos que contribuem para tal;
12) fragmentação do trabalho, dado que o professor é chamado a desempenhar múltiplos funções o que além de provocar dispersão é impeditivo de um desempenho adequado.
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Referências:
ESTEVE, J. (1991). Mudanças sociais e função docente. A. NÓVOA (dir.) (1991). Profissão professor. Porto: Porto Editora, 93 e seg.
ESTEVE, J. (1992). O mal estar docente. Lisboa: Escher.
16 comentários:
"Batem certos, portanto, os resultados da investigação de Esteve com a espontaneidade patente no texto Querem que eu dê aulas!?."
O facto de ser a mesma pessoa a escolher os dois textos é um pormenor, pelos vistos...
Talvez fosse interessante ler o que diz David Justino no seu livro "Difícil é Educá-los" editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, quando a pág 81, se refere aos professores: "O défice de avaliação do desempenho docente é claramente uma das causas do défice da qualidade da educação em Portugal, em especial do ensino público. O Estado de há muito prescindiu do direito de seleccionar os candidatos à docência."
O curriculum de David Justino fala por si e merece que as suas opiniões sejam, no mínimo, tidas em conta.
Bom, se no currículo de David Justino incluirmos o desempenho enquanto ministro da educação, estamos conversados..., quer dizer, fala (realmente) por si.
Também é interessante falar do défice de avaliação do desempenho docente como causa do défice da qualidade da educação, uma vez que nunca houve propostas de modelos de avaliação que não fossem uma macadada, como o actual... E é ainda mais curioso o reconhecimento de que o Estado prescindiu do direito (não terá sido da estrita obrigação?) de seleccionar os candidatos à docência. É que houve tempos em que parecia que para se ingressar na profissão bastava ser analfabeto, sofrer de vasta ignorância e ter umas horas disponíveis..., para além de ter uns ministros da educação a condizer... Há já longos anos, um amigo meu, que experimentou ir dar aulas, e fugiu ao fim de poucos meses, perguntou-me espantado, se o ensino não estava transformado num refúgio para incompetentes... E foi por aqui que o "edifício" da educação ruiu. Com muitos obreiros a trabalhar para o efeito. Desde o topo até à base da pirâmide. Quais serão os mais responsáveis?
Agora, claro, é preciso arranjar uns bodes expiatórios.
Pelos menos os coveiros parecem não ter perdido o brio. O futuro os reconhecerá, seguramente.
Caro Américo concorra a uma "escola" pública se faz favor e já agora solicite o mesmo ao David Justino... e depois apareça por aqui a dar o seu testemunho!
Caro Américo,
Já alguma vez tentou vender um produto a alguém que o não quer comprar? Isto é o que se passa na "escola" pública. Mas a geração que nos meteu nesta enrascada insiste no modelo, sabe perfeitamente que é um desastre, mas insiste e insiste e insiste e insiste. Isto já cansa! Se as empresas fossem geridas desta forma, estavam todas falidas.
Conhece alguma empresa com sucesso que não tenha segmentado o mercado? Conhece alguma empresa de sucesso que tente vender o mesmo produto a toda a população? Acha isto normal? Mas o nosso soviético Ministério da "Educação" insiste nisto! Insiste em "escolas" iguais para todos, diz que são "escolas" inclusivas e democráticas... são inclusivas e democráticas para os filhos e netos dos outros, porque filhos e netos deles estudam nos poucos colégios onde o Ministério não mete o bedelho...
Neste país, estuda-se muito em gabinete com muita alcatifa e ar condicionado, nunca se vai ao terreno! Elaboram-se modelos muito giros e pós-modernos. Como estes modelos chocam com a realidade, ouvimos sempre a conversa da resistência à mudança, da falta de formação, da incompetência, e blá, blá, blá, blá, blá, blá. Imagine um CEO de uma multinacional afirmar numa reunião de accionistas que o seu modelo era perfeito, mas houve uma enorme resistência à mudança, os trabalhadores não eram suficientemente bons e blá, blá, blá... e como tal os resultados não foram os esperados... Imagina o que aconteceria ao tal CEO? Pois, estava na rua!
Enquanto andarmos a brincar às escolinhas do aprender brincando e outras tretas do costume, o resto do mundo vai avançando...
Limitei-me a anotar o facto algo insólito de o comentário ter por base dois textos escolhidos pela mesma pessoa, colocando um a corroborar o outro, como se fosse por mero acaso.
Depois quis fazer uma outra abordagem ao problema recorrendo a uma publicação de uma Fundação que está a prestigiar-se dia após dia.
E eram estes dois aspectos que eu teria gostado de ver comentados, naturalmente.
Caro Américo
Quando David Justino conclui que
"o défice de avaliação do desempenho docente é claramente uma das causas do défice da qualidade da educação em Portugal, em especial do ensino público. O Estado de há muito prescindiu do direito de seleccionar os candidatos à docência"
permite que se faça a leitura do espelho:
"O défice de avaliação do desempenho docente é claramente uma das causas do défice da qualidade da educação em Portugal, em especial do ensino público. Os Ministros da Educação de há muito prescindiram do direito de seleccionar os candidatos à docência."
É por essa razão que me nego a ler manuscritos de ex-Ministros da Educação, porque se vislumbra a suposta opacidade do que não fizeram. É como se dissessem "se eu agora estivesse na 5 de Outubro faria assim, assim, e assim".
Simplesmente, agora, é tarde. Sabe porquê ? Porque os ex-Ministros só ficam a saber quais são os problemas a resolver, depois do estágio de 4 anos na 5 de Outubro. E um estágio só dá para, à saída, fazer manuscritos a dizer o que devia ter sido feito, e não o que os outros o deviam.
Também há outra versão lusitana que é a de os ex-Ministros serem excelentes, bons líderes, mas a nossa tendência, a nossa hexis grega, ou o nosso habitus latino, inclinam-nos a operar por tentativa e erro, com predominância do erro.
Agora é tarde para o Dr. David Justino resolver os problemas.
Repare que nas finanças e na economia, temos cabeças extraordinárias. Há teses, há manuscritos, há obras exemplares, de ex-ministros das duas pastas, que à saída se juntam aos profissionais das finanças e da economia. Há um corpus economicus que todos os dias escrevem, e explicam como as coisas funcionam ou devem funcionar.
E depois temos o descalabro na vida real financeira e económica. Sabe porquê ? Porque quando chega a hora da verdade, de actuar na prática, a tendência é fazer o pior possível.
Como sabe, somos periféricos, e fazemos jus à fama que vem de longe, dos tempos do Júlio César que, no seu "De bello Gallico", escrevia que ali, para os lados da Lusitânia, há um povo que não se governa nem se deixa governar.
Aí tem a nossa fotografia, a preto e branco.
Cordialmente.
Caro João Boaventura
Tem ideia de algum Ministro da Educação que nos últimos 35 anos tenha agradado aos docentes e aos seus sindicatos? Eu não me recordo.
Conhece aquela história de alguém que vai na auto-estrada e ouvindo na rádio a notícia de que há um carro a circular em contra-mão, comenta: "Só um?! Vão todos!!"?
No Público de hoje, a pp 33, a crónica semanal de Luís Campos e Cunha, Ministro das Finanças (de 2005-03-12 a 2005-07-21, ou sejam 132 dias), no XVII Governo Constitucional, do governo de Sócrates, com o título "Bes gere o Millenium", encimado com esta frase "Todos os dias se diz que o BPN vai ser privatizado, todos dentro da instituição estão sempre à espera de Godot", extraída do texto, como do texto é relevada em caixa, e corpo encarnado:
"Na vida há problemas que o tempo resolve, e outros que o tempo agrava."
O que esclarece a passagem pelo Ministério das Finanças pelo tempo de 4 meses e 4 dias, pela incerteza de o tempo não lhe resolver os problemas, e ainda o receio de o tempo lhos agravar.
Isto para dizer que este espírito proverbial se aplica aos ex-Ministros da Educação, desde o 25 de Abril, até à memorável entrada de Maria de Lurdes Rodrigues na 5 de Outubro, porque é aí, no tempo do magistério ministerial que devemos procurar o descuido e despreocupação com que é tratada a Escola.
Mais claramente, a Escola tem funcionado como uma ponte para os Ministros da Educação: entram, estagiam x dias, às vezes, x meses, e depois voltam a vida real, para relatarem as suas impressões.
Há uma persistente subalternização da educação, até nos períodos de maior crescimento económico e de estabilidade financeira, o que é testemunhado pelo tempo, desde 25 de Abril, de acordo com o quadro que a seguir apresentarei, e a quem possa interessar.
(continua)
(Continuação)
I Parte – Governos Provisórios
I Governo Provisório
• Eduardo Henrique da Silva Correia (1915-1991) - Ministro da Educação e Cultura de 16 de Maio de 1974 a 18 de Julho de 1974.
► (34 dias = 1 mês e quatro dias).
► Na hierarquia ministerial a Educação ocupa o 14.º lugar
II Governo Provisório
• Vitorino Magalhães Godinho - Ministro da Educação e Cultura de 18 de Julho de 1974 a 29 de Novembro de 1974.
► (135 dias = 4 meses e meio).
► O Ministério ocupa o 16.º lugar
• Vasco dos Santos Gonçalves - Ministro da Educação e Cultura de 29 de Novembro de 1974 a 4 de Dezembro de 1974, tendo delegado competências em Rui Grácio (1921-1991), Secretário de Estado da Orientação Pedagógica.
► (6 dias).
► Mantém o 16.º lugar.
III Governo Provisório
• Manuel Rodrigues de Carvalho (1929-1999). Ministro da Educação e Cultura de 4 de Dezembro de 1974 a 26 de Março de 1975.
► (114 dias= 3 meses e 3 semanas).
►O Ministério da Educação sobre para o 14.º lugar da hierarquia.
IV Governo Provisório
José Emílio da Silva - Ministro da Educação e Cultura de 26 de Março de 1975 a 10 de Setembro de 1975.
► (166 dias = 5 meses e meio).
► O Ministério da Educação desce para o 16.º lugar
• Vítor Manuel Rodrigues Alves - Ministro da Educação e Investigação Científica de 19 de Setembro de 1975 a 23 de Julho de 1976.
► (157 dias = 5 meses e meio)
► O Ministério mantém o 16.º lugar
Portanto, de 1915 até 1976, ano de entrada do I Governo Constitucional, o Ministros da Educação foi ocupado por 6 ministros que desempenharam o cargo numa média de 3 meses e 11 dias, o que significa, na prática, permitir que as escolas assumam a sua gestão, disciplina e direcção.
Isto para dizer que os Ministérios da Educação constituíam meras figuras simbólicas, que a administração funcionava institucionalmente apenas, porque o poder estava nas mãos das ideologias que se digladiavam, secundarizando a educação e privilegiando o movimento revolucionário.
E o mal estar da educação tem aqui a sua génese da qual dificilmente se divorciará, porque haverá um domínio permanente da luta ideológica, em detrimento da educação. Essa pode esperar dentro do critério do Dr. Luís Campos e Cunha: “Há problemas que o tempo resolve, e outros que o tempo agrava”. Portanto, primeiro a ideologia, que os problemas da educação podem esperar.
Quanto ao lugar que o Ministério da Educação ocupa na hierarquia do Estado, pela sua evidência, dispensa qualquer explicação, porque transmite a valoração que lhe é conferida.
(continua)
(continuação)
II Parte- Governos Constitucionais
I e II Governo Constitucional
• Mário Augusto Sottomayor Leal Cardia - Ministro da Educação e Investigação Científica de 23 de Julho de 1976 a 23 de Janeiro de 1978 e Ministro da Educação e Cultura de 23 de Janeiro de 1978 a 29 de Agosto de 1978
► (551 dias = 18 meses e uma semana = 1 ano e meio)
► Ministério da Educação era o 13.º na hierarquia dos I e II Governos Constitucionais
III Governo Constitucional
• Carlos Alberto Lloyd Braga (1928-1997) - Ministro da Educação e Cultura de 29 de Agosto de 1978 a 22 de Novembro de 1978
► (2 meses e 22 dias)
►Ministério da Educação em 11.º lugar na hierarquia
IV Governo Constitucional
Luís Francisco Valente de Oliveira - Ministro da Educação e Investigação Científica de 22 de Novembro de 1978 a 7 de Julho de 1979
► (7 meses)
►Ministério da Educação em 14.º lugar na hierarquia governamental
V Governo Constitucional
• Luís Eugénio Caldas Veiga da Cunha - Ministro da Educação de 7 de Julho de 1979 a 3 de Janeiro de 1980
► (6 meses)
►Ministério em 13.º lugar
VI, VII e VIII Governos Constitucionais
• Vítor Pereira Crespo - Ministro da Educação e Ciência de 3 de Janeiro de 1980 a 4 de Setembro de 1981 e Ministro da Educação e das Universidades de 4 de Setembro de 1981 a 12 de Junho de 1982, data em que deu lugar a Fraústo da Silva
► (18 meses e meio = 1 ano e meio)
► Ministério no 7.º lugar, no VI Governo, subindo para 5.º lugar nos VII e VIII Governos
• João José Rodilles Fraústo da Silva - Ministro da Educação de 12 de Junho de 1982 a 9 de Junho de 1983
► (361 dias = 1 ano)
IX Governo Constitucional
• José Augusto Seabra - Ministro da Educação de 9 de Junho de 1983 a 15 de Fevereiro de 1985
► (28 meses e 1 semana = 2 anos, 4 meses)
► Ministério no 5.º lugar na hierarquia ministerial
X Governo Constitucional
• João de Deus Rogado Salvador Pinheiro - Ministro da Educação de 15 de Fevereiro de 1985 a 6 de Novembro de 1985 e Ministro da Educação e Cultura de 6 de Novembro de 1985 a 17 de Agosto de 1987
► (691 dias = 23 meses = 1 ano e 11 meses)
► Ministério da Educação em 4.º lugar.
Em 12 anos, ou sejam 144 meses, 8 Ministros da Educação ocuparam o lugar, em média, durante 18 meses, ou seja um ano e meio que, não sendo representativo porque joga entre a certeza, na generalidade, e o erro, na particularidade, transmite a versatilidade do tempo de cada Ministério, versatilidade conjugada com o status na hierarquia ministerial, e que nos permite escrutinar a graduação ou importância que os sucessivos governos conferem à Escola do Conhecimento, e por extensão, à juventude. Ainda que simbolicamente.
(continua)
(Continuação)
XI Governo Constitucional
• Roberto Artur da Luz Carneiro - Ministro da Educação de 17 de Agosto de 1987 a 31 de Outubro de 1991
► ( 1528 dias = 4 anos e dois meses)
► Ministério em 5.º lugar.
XII Governo Constitucional
• Diamantino Freitas Gomes Durão - Ministro da Educação de 31 de Outubro de 1991 a 19 de Março de 1992
► (141 dias = 4 meses e 21 dias)
► 5.º lugar na hierarquia
• António Fernando Couto dos Santos - Ministro da Educação de 19 de Março de 1992 a 7 de Dezembro de 1993
► (631 dias = 21 meses = 1 ano e 9 meses)
► 5.º lugar na hierarquia
• Maria Manuela Dias Ferreira Leite - Ministra da Educação de 7 de Dezembro de 1993 a 28 de Outubro de 1995
► (693 dias = 23 meses e 3 dias = 1 ano e dez meses)
► 5.º lugar na hierarquia
XIII Governo Constitucional
• Eduardo Carrega Marçal Grilo – Ministro da Educação de 28 de Outubro de 1995 a 25 de Outubro de 1999
► (4 anos)
► O Ministério desceu para o 7.º lugar
XIV Governo Constitucional
• Guilherme Pereira D’Oliveira Martins - Ministro da Educação de 25 de Outubro de 1999 a 14 de Setembro de 2000
► (356 dias = 11 meses e 26 dias)
► 8.º lugar na hierarquia do Estado
• Augusto Ernesto Santos Silva – Ministro da Educação de 14 de Setembro de 2000 a 3 de Julho de 2001
► (356 dias = 11 meses e 26 dias)
► Ministério no 8.º lugar
• Júlio Domingos Pedrosa da Luz de Jesus - Ministro da Educação de 3 de Julho de 2001 a 6 de Abril de 2002
Ministro da Educação de 14 de Setembro de 2000 a 3 de Julho de 2001
►(278 dias = 9 meses e 8 dias)
► Ministério no 8.º lugar
XV Governo Constitucional
• José David Gomes Justino - Ministro da Educação de 6 de Abril de 2002 a 17 de Julho de 2004
► (827 dias = 27 meses e meio = 2 anos, 3 meses e 7 dias)
► Ministério em 7.º lugar na hierarquia do Estado.
XVI Governo Constitucional
• Maria do Carmo Félix da Costa Seabra – Ministra da Educação desde 17 de Julho de 2004 a 12 de Março de 2005
► (240 dias = 8 meses)
► Ministério em 16.º lugar na hierarquia do Estado
XVII Governo Constitucional
• Maria de Lurdes Rodrigues – Ministra da Educação a partir de 12 de Março de 2005 a 26 de Outubro de 2009.
► (1689 dias = 56 meses e 19 dias = 4 anos, 7 meses e 19 dias)
► Ministério em 13.º lugar da hierarquia do Estado
No cômputo destes 11 ministros que governaram durante 264 meses, a média indica que, cada ministro, sobraçou a pasta durante 23 meses e 7 dias, ou melhor, 1 ano, 11 meses e 7 dias.
Na hierarquia, começou, em 1987, em 5.º lugar, ocupando o 13.º lugar no consulado de Maria de Lurdes Rodrigues, sempre a descer.
Uma chamada de atenção para o tempo ocupado pelo Dr. David Justino, na vigência do XV Governo Constitucional: 2 anos. 3 meses e 7 dias.
(Continua)
(Continuação)
Por um lapso involuntário ou por inépcia, na lista dos Governos Provisórios, omiti o VI Governo Provisório, o que me obriga a reintroduzir esta parte, que aproveito para destacar a posição do Ministério da Educação na hierarquia que ocupou sempre o último lugar nos 3 primeiros Governos Provisórios, havendo Ministros sem pasta, por mero interesse de equilíbrio das forças políticas.
I Parte – Governos Provisórios
I Governo Provisório (3 Ministros sem pasta)
• Eduardo Henrique da Silva Correia - Ministro da Educação e Cultura de 16 de Maio de 1974 a 18 de Julho de 1974.
► (34 dias = 1 mês e quatro dias).
► Na hierarquia ministerial a Educação ocupa o último lugar, o 14.º
II Governo Provisório (4 Ministros sem pasta)
• Vitorino Magalhães Godinho - Ministro da Educação e Cultura de 18 de Julho de 1974 a 29 de Novembro de 1974.
► (135 dias = 4 meses e meio).
► O Ministério ocupa o último lugar, o 16.º.
• Vasco dos Santos Gonçalves - Ministro da Educação e Cultura de 29 de Novembro de 1974 a 4 de Dezembro de 1974, tendo delegado competências em Rui Grácio (1921-1991), Secretário de Estado da Orientação Pedagógica.
► (6 dias).
► Mantém o último lugar, o 16.º.
III Governo Provisório (3 Ministros sem pasta)
• Manuel Rodrigues de Carvalho (1929-1999). Ministro da Educação e Cultura de 4 de Dezembro de 1974 a 26 de Março de 1975.
► (114 dias= 3 meses e 3 semanas).
►O Ministério da Educação continua a ocupar o último lugar, o 15.º.
IV Governo Provisório (4 Ministros sem pasta)
• José Emílio da Silva - Ministro da Educação e Cultura, de 26 de Março de 1975 a 8 de Agosto de 1975.
► (166 dias = 4 meses e meio).
► O Ministério da Educação, em 20 Ministérios, ocupa o 16.º lugar.
V Governo Provisório (2 Ministros sem pasta)
• José Emílio da Silva - Ministro da Educação e Cultura, de 8 de Agosto de 1975 a 19 de Setembro de 1975.
► (43 dias = 1 mês e meio)
► O Ministério da Educação sobe para o 13.º lugar, em 18 Ministérios.
VI Governo Provisório
• Vítor Alves – Ministro da Educação e Investigação Científica, de 19 de Setembro de 1975 a 23 de Junho de 1976.
► (279 dias = 9 meses e 9 dias)
► O Ministério da Educação, em 17 Ministérios, sobe para o 11.º lugar
Portanto, de 1974 até 1976, ano de transição para o I Governo Constitucional, os Ministérios da Educação foram ocupado por 7 ministros que desempenharam o cargo numa média de 3 meses e meio, o que significa, na prática, permitir que as escolas assumam a sua gestão, disciplina e direcção.
Com as minhas desculpas.
(Continua)
Caro João Boaventura.
Foi interessante ler a informação que compilou sobre o tempo de permanência em funções dos diversos Ministros da Educação do regime democrático, ficando evidenciado que têm permanecido durante pouco tempo nos cargos.
O que eu acho verdadeiramente espantoso é que daí conclua da persistente subalternização da educação.
Seria muito interessante juntar à informação disponibilizada as palavras de ordem dos sindicatos da corporação nas manifestações públicas de desagrado para com cada um dos titulares. Por certo que encontraria uma que se vem repetindo: "Queremos outra política! Queremos outro Ministro!"
Cordialmente.
Caro Américo
Apoio a sua observação porque "as palavras de ordem dos sindicatos" corroboram que a educação está subalternizada, na hierarquia dos Ministérios e no tempo desajustado de permanência de cada Ministro da Educação no cargo, e por isso os protestos e arruadas, no bom sentido.
Não há uma continuidade, não há tempo para pensar e fazer planos a longo prazo, e quem os fizer, se é de uma ideologia, o que vier a seguir será de outra ideologia e destruirá os planos, mesmo que coerentes.
Mas agradeço a sua contribuição.
Cordialmente
Caro João Boaventura:
É digno de apreço o seu labor na compilação da listagem dos responsáveis máximos pelos destinos do sistema educativo desde o 25 de Abril.
Ora, com a tendência actual para classificar tudo e todos (lá virá o tempo em que se reconhecerá o desperdício de tempo, de recursos e de energia, bem como a inutilidade, ou até as consequências negativas e injustiça, de muitos desses processos...), não poderiam os próprios, antes de responsabilizarem terceiros, auto-analisar a sua (elevada) cota de responsabilidade no que temos (tido)?...
- Que decisões tomaram ou não tomaram?
- Que situações de favor permitiram ou não permitiram?
- Como tentaram entusiasmar ou mobilizar (ou afrontar) os subordinados, especialmente os professores?
- Como tentaram ou não tentaram gerir (ou disciplinar, ou extinguir...) as imensas e numerosas estruturas do ministério da educação?
- Que politicas de recrutamento de professores implementaram?
- Como controlaram a qualidade da formação de professores?
- Que punições aplicaram a (alguns) professores que abusaram durante décadas do regime de assiduidade?
- Que controlo propuseram para averiguar da sanidade mental de alguns (poucos) professores que deixaram de reunir condições mínimas para a docência?
Etc, etc.
E podiam, se o quisessem, fazer a história pessoal dos seus contributos para a melhoria do sistema...
Como podiam, se estivesse ao seu alcance, evitar colocar-se em plano de superioridade e de exigência de respeitabilidade que, pelos vistos, o "vulgo" (professores...) lhes não reconhece.
É por isso que é preciso arranjar desculpas e uns bodes expiatórios, convindo, ao mesmo tempo, que alguém os vá "envernizando" com pozinhos dourados... A coisa chega a ser chocante para quem, e foram muitos..., alimentou expectativas, por exemplo com a actual ministra, como com a sua antecessora (é verdade!!!), como com o próprio David Justino, ou Roberto Carneiro,ou Oliveira Martins. Agora, confessemos que, da maior parte dos outros, mesmo antes de entrarem, já "ninguém" esperava nada, excepto a política do costume. Que interessava a muitos, (muito) mais que aos próprios professores...
A mesma política que continua em voga.
Grato pelo seu trabalho.
Caro José Batista da Ascenção,
Assino por baixo.
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