sábado, 3 de abril de 2010

A "portugalização" dos conteúdos

Depois do Professor Marçal Grilo ter denunciado a estranha forma de falar e de escrever que algumas pessoas ligadas à educação usavam quando se dirigiam ao comum dos mortais, muitos foram os que reforçaram essa denúncia, contribuindo, penso eu, para que, a pouco e pouco, o tal «eduquês» dê lugar a português corrente.

Seria importante que noutras áreas se seguisse o exemplo, para ver se nos livrávamos das “trepadeiras de palavras sem sentido”, no dizer do ex-Minsitro da Educação. Nesse sentido, e parafraseando Nuno Crato, espero que se venham a editar livros com títulos como os seguintes: O politiguês em discurso directo, O sociologuês em discurso directo, O economês em discurso directo...

Talvez isso nos permitisse perceber quando estamos perante um verdadeiro Doutor Fox e, desta maneira, tivéssemos mais sentido crítico perante discursos que começam assim:

"A PT, ao contrário dos seus concorrentes em Portugal, sempre apostou na portugalidade, sempre apostou na "portugalização" dos seus conteúdos. É um termo português errado, mas que eu uso, facilita-me explicar as coisas."

E que continuam como o leitor pode ler aqui.

3 comentários:

Ana C disse...

Não me choca nada:

em todas as épocas houve grandes escritores que "aportuguesaram/simplificaram/adaptaram" termos, criaram novas palavras e verbos a partir de palavras que davam uma imagem mais precisa da ideia que queriam transmitir.

Eça de Qreiroz tomou uma "Chazada" e "chinelou" pela casa numa tarde de tédio.

Não há como manter o espírito aberto quanto à evolução da linguagem; como em tudo!

guna disse...

O espírito tem limites. Mas o vídeo mostra a realidade que se passa em muitas empresas. A isto se pode juntar os muitos os termos importados do outro lado do Atlântico Sul. Tudo se torna hilariante quando a ignorância vem ao de cima como no caso do futebol e da "goal-average"!

Aristes disse...

O problema, se bem entendo, não são os estrangeirismos ou a "liberdade poética", mas o uso das palavras, como no eduquês, para ocultar, ofuscar, aquilo que se diz ou, pior ainda, fingir que se fala não dizendo nada.

UM TIPO DE CENSURA DE LIVROS AINDA SEM DESIGNAÇÃO

Não sabemos ao certo, mas podemos colocar a hipótese, muito plausível, de a censura da expressão humana, nas suas mais diversas concretizaçõ...