Acaba de sair a segunda edição portuguesa do livro mais popular de Peter Singer: Libertação Animal (Porto: Via Óptima, com tradução de Maria de Fátima St. Aubyn). (Notícia e imagem via A Filosofia no Ensino Secundário.)
Republico aqui a minha crítica aquando da edição original do livro, em 2000, publicada na revista Livros (Julho de 2000).
Como muitos dos debates internacionais que animam a opinião pública, as universidades e os intelectuais dos países mais desenvolvidos, o problema dos direitos dos animais tem passado despercebido em Portugal. Temos até o caso de Barrancos a lembrar-nos até onde a crueldade portuguesa pode ir em nome da tradição (como se qualquer tradição, só por ser uma tradição, devesse ser respeitada — afinal, também a escravatura era uma tradição milenar e foi abandonada). Com a publicação em Portugal da obra Libertação Animal, de Peter Singer, a Via Óptima vem dar aos portugueses a possibilidade de participar no debate internacional de ideias e de repensar algumas das suas convicções mais enraizadas. Esta obra foi originalmente publicada em 1975 e foi responsável pela vitalidade dos mais importantes movimentos em prol dos direitos dos animais. A edição a que agora temos acesso em português, traduzida por Maria de Fátima St. Aubyn, é a edição revista de 1990.
O livro tem 6 capítulos, dois prefácios (referentes às edições de 1975 e de 1990), três apêndices e várias fotografias ilustrativas do modo como os animais são tratados. Os apêndices apresentam uma útil bibliografia comentada, indicações que ajudam a viver sem pactuar com a crueldade para com os animais, e ainda uma listagem de organizações que, um pouco por todo o mundo, lutam contra o modo como tratamos os animais. O editor português incluiu nesta lista, e bem, referências a organizações congéneres portuguesas.
O primeiro capítulo é semelhante ao capítulo 2 da obra Ética Prática e tem por título "Todos os animais são iguais". Trata-se de discutir a ideia de igualdade e de mostrar que restringir esta ideia aos seres humanos é uma forma de "especismo" — um preconceito indefensável e semelhante em tudo ao racismo. A ideia de igualdade é muitas vezes mal compreendida pelo grande público. Pensa-se que as mulheres e os negros ou os ciganos têm os mesmos direitos que as outras pessoas por serem iguais às outras pessoas. Mas isto esconde ainda uma forma de racismo e de sexismo. Em primeiro lugar, os homens são muito diferentes das mulheres: têm sexos diferentes. Mas daí não se segue que os direitos das mulheres se subordinem aos direitos dos homens. Em segundo lugar, é óbvio que há pessoas mais inteligentes que outras. Newton ou Einstein ou Descartes foram mais inteligentes do que a maior parte de nós; mas daí não se segue que tenham mais direitos do que nós. Em conclusão: não é por os ciganos, negros, etc. serem iguais aos outros seres humanos que têm os mesmos direitos. É verdade que são realmente iguais, em termos genéricos, nomeadamente quanto à inteligência; mas mesmo que não fossem, isso não determinaria que tivessem menos direitos. Afinal, um deficiente mental não tem a mesma inteligência de uma pessoa normal, mas não deve ser discriminada por isso.
Quando compreendemos a igualdade correctamente, compreendemos que é difícil não a alargar aos outros animais; discriminar com base na espécie é tão aleatório como discriminar com base na etnia ou no sexo. O que é moralmente relevante para ter direitos é a possibilidade de sofrer. Dado que os animais podem sofrer, têm direitos. No primeiro capítulo, Singer procura mostrar que a correcta compreensão da noção de igualdade implica que os animais têm direitos, respondendo a muitas das objecções que é comum levantar neste ponto do debate: será que os animais sofrem realmente, ou serão meros autómatos incapazes de sentir dor por não terem alma, como defendia Descartes? Será que faz sentido falar de direitos dos animais quando eles não têm sequer a noção do que é um direito? Singer responde com imparcialidade, rigor e bonomia a estas e outras objecções.
O segundo capítulo, intitulado "Instrumentos para a investigação" apresenta a realidade das experiências científicas com animais. Tanto este capítulo como o seguinte baseiam-se em ampla documentação. O autor conduziu uma investigação sobre o modo como os animais são usados na investigação científica — e os resultados são surpreendentes. A ideia que se tem geralmente é que as experiências com animais permitem avanços importantes em medicina, o que ajuda a salvar vidas humanas. Isto é falso. Grande parte das experiências científicas com animais são levadas a cabo por psicólogos que estudam o comportamento dos animais em situações anormais. Por exemplo: colocam um cão vivo numa espécie de forno, o qual aquecem lentamente até o cão morrer por ser incapaz de suportar o calor. Dão choques eléctricos a ratos e cães, para determinar como reagem a situações de dor permanente. Grande parte deste capítulo consiste em descrever experiências deste género, com base nos relatórios publicados nas revistas da especialidade.
Além de grande parte das experiências com animais levadas a cabo pelos cientistas ser perfeitamente irrelevante para o progresso do conhecimento, não é também verdade que algumas experiências sejam determinantes para salvar vidas humanas. Na verdade, nunca tal coisa aconteceu; e o contrário está mais próximo da verdade. Alguns avanços médicos cruciais que salvaram milhares de vidas jamais teriam sido alcançados caso se baseassem em experiências com animais: "a insulina pode provocar deformações em coelhos e ratos pequenos, mas não nos seres humanos. A morfina, que actua como calmante nos seres humanos, provoca delírios em ratos" (p. 53). E a penicilina é tóxica para os porquinhos-da-índia.
A maior parte das pessoas que defendem os direitos dos animais estarão dispostas a concordar com os argumentos do autor até chegarem ao capítulo 3, intitulado "Visita a uma unidade de criação intensiva". Neste capítulo descreve-se a forma como os animais que comemos são tratados pelas modernas unidades de criação intensiva e o sofrimento a que são sujeitos. E é aqui que começam as dificuldades para o defensor dos animais, pois agora não se trata só de uma opinião sobre coisas que não o afectam; para ser consequente, o defensor dos direitos dos animais terá de deixar de comer animais, dado que é o nosso gosto por carne e peixe que determina o modo como os animais são tratados. O modo como as galinhas, os porcos e as vacas são tratados nas unidades de criação intensiva é descrito de forma imparcial, com base nas revistas da especialidade.
Dada a forma como os animais são tratados para produzirem carne, ovos e leite, que pode o defensor dos direitos dos animais fazer para ajudar a resolver a situação? O tema do capítulo 4, "Ser vegetariano", defende um estilo de vida vegetariano como resposta a esta questão, para que o defensor dos direitos dos animais não seja hipócrita e inconsequente, defendendo com palavras o que contraria nos seus actos: "É fácil tomar posição acerca de uma questão remota, mas os especistas, como os racistas, revelam a sua verdadeira natureza quando a questão se torna mais próxima. Protestar contra as touradas em Espanha, o consumo de cães na Coreia do Sul ou o abate de focas bebés no Canadá enquanto se continua a comer ovos de galinhas que passam as suas vidas amontoadas em gaiolas, ou carne de vitelas que foram privadas das mães, do seu alimento natural e da liberdade de se deitarem com os membros estendidos, é como denunciar o apartheid na África do Sul enquanto se pede aos vizinhos para não venderem a casa a negros" (p. 152).
Surpreendentemente, há ainda outras razões para abandonar o consumo de carne. A produção intensiva de animais para abate é, em termos ecológicos, um disparate. "São necessários cerca de 11 kg de proteínas em ração para produzir o 1/2 kg de proteína que chega aos seres humanos. Recuperamos menos de 5 % daquilo que investimos" (p. 155). As fezes dos animais que são produzidos para abate contribuem em larga medida para o efeito de estufa; as urinas contaminam os solos e os lençóis subterrâneos de água. A água é consumida em grandes quantidades pelos animais para abate, contribuindo assim para o esgotamento progressivo das reservas de água potável. "A água necessária a um boi de 500 kg faria flutuar um contratorpedeiro" (p. 157). Os animais para abate são alimentados com rações que são produzidas a partir de cereais que os seres humanos podem consumir directamente, de forma muito mais vantajosa. "Se os americanos reduzissem o seu consumo de carne em 10 % durante um ano, libertariam pelo menos 12 milhões de toneladas de cereal, que […] seria suficiente para alimentar 60 milhões de pessoas" (p. 156).
O capítulo 5, intitulado "O domínio do Homem" procura dar conta das origens históricas do especismo. O pensamento grego, romano e cristão é profundamente especista — coloca os animais fora da consideração moral, tratando-os como meros objectos inanimados. A ideia de ver um animal a sofrer e de explorar o seu comportamento nessa situação tem raízes antigas, subsistindo ainda nos dias de hoje em espectáculos como a tourada. Peter Singer acompanha a história do especismo, que começa a tornar-se cada vez mais difícil de sustentar, sobretudo depois de Darwin. Mas trata-se de um preconceito de tal modo enraizado que mesmo T. H. Huxley, um dos maiores defensores do darwinismo, compreendendo que não há um fosso biológico entre nós e os outros animais, continua a acreditar nele, resistindo à refutação do especismo. Mas "a resistência à refutação é uma característica distintiva de uma ideologia. Se os fundamentos de uma posição ideológica lhe forem retirados, encontrar-se-ão novas construções ou, então, a posição ideológica permanecerá suspensa, desafiando o equivalente lógico da lei da gravidade" (p. 197).
O capítulo final do livro, "O especismo hoje", apresenta objecções e respostas à causa dos direitos dos animais e alguns dos resultados prometedores a que já se chegou. Diz-se por vezes que os animais não podem ter direitos porque não têm deveres nem entendem o que é ter direitos. Mas os deficientes mentais e os bebés também não têm deveres nem compreendem o que é ter direitos — e no entanto têm direitos. Afirma-se também por vezes que os seres humanos não podem passar sem comer carne; mas isto é pura e simplesmente falso, como o atestam os milhões de vegetarianos saudáveis em todo o mundo. Também se coloca por vezes a questão de saber por que motivo nos devemos coibir de matar os animais para comer, se os animais se matam uns aos outros com o mesmo fim. Mas ninguém acha que podemos matar outros seres humanos para comer, apesar de sabermos que os animais matam seres humanos para comer se tiverem oportunidade de o fazer.
Libertação Animal é uma obra de leitura obrigatória. Pela clareza, seriedade e honestidade. Pelo rigor lógico. Pela inteligência dos seus argumentos. Está de parabéns a Via Optima. E quando uma editora está de parabéns, somos todos nós que ganhamos.
terça-feira, 6 de maio de 2008
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19 comentários:
A escravatura uma tradição??????
Mas que afirmação mais estúpida!
Eu leio todos os dias nos jornais coisas sobre experiências com células estaminais, etc, em ratos e outros.
Há até uma polémica no UK com os defensores dos animais que não querem que se façam experiências com bichos, mas que ironicamente têm agredido animais cientistas, e os gaijos de Cambridge dizem que isso é uma estupidez, a violência contra eles e o parar as experiências na área da medicina porque isso pararia o desenvolvimento da medicina.
Quem tem razão? Parece-me que são os cientistas de Cambridge, não confio no Murcho.
A nossa tendência é construirmos elaborados raciocínios para justificar aquilo que já decidimos a priori. Creio que será o caso deste livro, pois não li nada sobre as vantagens que existem para os animais pelo facto de nós os comermos
Porque, convenhamos, se não comessemos vacas, ou bebessemos o seu leite, eles estavam extintas, não é? Tudo o que não é útil para nós acaba extinto, não é (excepto as baratas...)
Uma coisa é respeitar os direitos dos animais, outra é a questão de os comermos
Cem por cento a favor dos direitos dos animais! Mas defender os direitos dos animais não é ser vegetariano, muito longe disso.
Mesmo em relação às touradas, eu tenho grandes dúvidas. Porque de uma coisa estou certo: se eu tivesse nascido vitelo, preferia ter o destino do touro, crescer em liberdade e lutar na arena, a ser capado e criado para carne em cativeiro.
A verdadeira razão que move muitas pessoas contra a tourada não é o interesse do touro, é o seu próprio interesse, porque o espectáculo incomoda-as. O que compreendo perfeitamente, mas o que não aceito é uma solução que só serve os interesses de quem se sente incomodado mas não dos animais.
A criação de animais tem de obedecer a regras que respeitem os direitos dos animais. Isso acontece na criação de vacas dos açores, por exemplo. Mas não acontece em muitos outros sítios.
É por isso que devemos lutar em minha opinião: regras e fiscalização na criação de animais.
Mas também não tiro valor ao livro: este problema tem de ser falado e ainda bem que alguem escreve sobre o assunto.
Hummm... bem, como se trata apenas de um resumo não é possível fazer considerações mais aprofundadas ao livro só a partir dele.
Contudo, e deixando já de parte o muito problemático e discutível conceito de especismo - onde ficam aí os microrganismos patogénicos e respectivos portadores? - a afirmação de que o pensamento grego, romano e cristão é profundamente especista — coloca os animais fora da consideração moral, tratando-os como meros objectos inanimados é um grosseiro disparate, e isto para ser delicado. Mas dizer isso só pode ser mesmo mera provocação inconsequente!
Já agora, e até porque há um capítulo dedicado ao vegetarianismo, suponho que aí se fale do budismo, brahmanismo e jainismo, 3 concepções filosóficas e religiosas que estão imunes ao tal especismo, em especial quando defendem a possibilidade da reencarnação animal e evolução de TODAS as entidade vivas, incluindo aí também o reino vegetal.
Por outro lado, como já foi notado acima, não é de modo algum correcto dizer que os testes em animais são perfeitamente irrelevantes para o progresso do conhecimento. Claro que há experiências realizadas com animais que são perfeitamente equiparáveis às de Mengele em seres humanos, mas confundir a excepção com a regra é não apenas incorrecto como pouco ético.
Para complicar ainda mais a questão muito controversa dos direitos dos animais, as ideias de Pete Singer sobre temas muito difíceis, tais como eutanásia, aborto, infanticídio ou zoofilia, estão bem mais próximas de um utilitarismo ou mesmo hedonismo ético do que da ética e moralidade humanas mais comummente aceites. Quer isto dizer que Singer pode de facto ser visto como demasiado radical para que "Libertação Animal" consiga servir de forma prática os direitos específicos dos animais, para além de falar aos já convertidos, claro.
Por fim, vivemos o que dizemos ou esperamos apenas que os outros o façam? Mas insisto que essa aberrante afirmação de que o pensamento grego, romano e cristão é profundamente especista — coloca os animais fora da consideração moral, tratando-os como meros objectos inanimados, se consta mesmo da obra de Singer, a desvaloriza em extremo e a remete para uma simples questiúncula ideológica, retirando-lhe deste modo o impacto positivo que, de outro modo, com argumentos sérios e verídicos poderia ter. Mas não com esse, claro, porque tal não é simplesmente defensável.
“The greatness of a nation and its moral progress can be judged by the way its animals are treated”. A frase é atribuída a Gandhi, não sei se correcta ou apocrifamente. Seja como for, é excelente para reflectir no país em que vivo.
Um país de «espectáculos» tauromáquicos – não faz mal, os touros não têm sistema nervoso, não sentem; de cães abandonados antes das férias – não ia agora perder o dinheiro do hotel, não é; e de caçadores tipo rambo da esquina, em que um em cem (sou um optimista) lá sabe distinguir uma frisada de um arrábio. Com efeito, fico satisfeito por a «Libertação Animal» ter sido publicada em Portugal.
Todavia, desconfio que será mais um daqueles livros a ser lido por aqueles que com ele estão predispostos a concordar, e deslido pelos a quem incomoda.
Sejamos realistas - contra um bitoque e uma imperial, que pode a racionalidade da exposição, seja no livro, seja no «post»?
Aliás, veja-se como este último aparece classificado. E estamos no De Rerum Natura... :)
O Peter Singer pode ser um excelente filósofo mas os seus bias em relação aos animais são totalmente cretinos!
Assim como é total o seu desconhecimento de biologia senão não dizia as coisas estúpidas e perigosas que diz em relação à investigação com animais. Ou as coisas estúpidas que diz em relação ao veganismo.
Se ele quer defender o sexo entre pessoas e animais e acha que humanos e os animais podem ter relações sexuais "mutualmente gratificantes" como defende em Dearest Pet: On Bestiality, por mim à vontade. Não tenho nada com isso :)
Já tenho quando ele inventa mentiras contra a investigação com animais (não é verdade que "Grande parte das experiências científicas com animais são levadas a cabo por psicólogos que estudam o comportamento dos animais em situações anormais.").
Só pode ser completo desconhecimento da realidade. Mas tal como eu não escrevo sobre o que desconheço ele devia abster-se de mandar bitaites que incitam desvairados como os da ALF, que tem uma organização igualzinha à da al-qaeda, que realiza acções terroristas contra laboratórios, peixarias (para salvar lavagantes) e talhos.
Uma coisa é violência gratuita contra animais (que sou contra) outra coisa são as palermices "especiistas" do Singer que pôr um rótulo anatemizante em quem não partilha as suas crenças palermas!
A iRita parece querer dizer:
"Se algumas experiências com animais são verdadeiramente úteis para o homem, todo o opositor à crueldade é um nabo".
Estordinário.
Acho que raramente li algo tão estúpido como esta coisa:
"discriminar com base na espécie é tão aleatório como discriminar com base na etnia ou no sexo"
ou esta:
"Quando compreendemos a igualdade correctamente, compreendemos que é difícil não a alargar aos outros animais"
O Singer é frequentemente mal interpretado...
leiam esta entrevista à Veja:
Veja – Em seu último livro, o senhor volta ao tema dos direitos dos animais. Não é contraditório justificar o aborto e a eutanásia mas defender a vida dos bichos?
Singer – Sempre fui mal interpretado nesse aspecto. Em nenhum momento disse que não devemos comer carne porque é errado matar animais. O alvo de minhas críticas é a maneira antiética como os animais são criados e abatidos para consumo.
Discordo completamente do ALF, da Rita e do Pedro. Se não comessemos vacas elas já estavam extintas- Mas ele é parvo? Então e antes de as comermos também se extinguiram? Em relação à Rita palermices "especiistas", e que é contra a violência gratuita contra os animais? Eu já tive um debate com esta investigadora, e não concordei nada com ela. Os seus argumentos são meramente profissionais, nada têm nada haver com ética, portanto o melhor que fazia era não dizer nada, era bem melhor do que vir dizer disparates. Qual será a diferença entre pôr um animal a sofrer dentro de um laboratório por questões de ganância finaceira (diga-se de passagem mas muitas experiências são levadas a cabo somente por lucro especulativo com a desculpabilização de que servem para o progresso e bem estar humano o que é totalmente falso) e metê-los em espectáculos primitivos e bárbaros como as touradas? Nenhuma. Existe um especiecismo sem qualquer dúvida que permite dar razão às mais disparatadas opiniões com argumentos balofos de altruísmo humano. Quanto ao Pedro, a estupidez de facto não encontra limites e a resposta que ele dá revela isso. Se está assim tão ofendido com o assunto, tem bom remédio ofereça-se para rato de laboratório ou para um restaurante chinês, vai ver como muda de opinião depressa.
Aconselho vivamente a leitura destes dois textos:
Armchair moralising. Roger Scruton demolishes Peter Singer, perhaps the most famous philosopher in the world and a passionate founder of the modern animal rights movement
http://www.newstatesman.com/200101220048.htm
e...
Death with a Happy Face:
Peter Singers Bold Defense of Infanticide
by Scott Klusendorf
http://www.equip.org/site/c.muI1LaMNJrE/b.2717001/k.AFB8/DD801.htm
Quero indicar um texto do filósofo australiano David Oderberg. Chama-se "The illusion of animal rights". Está disponível no site dele.
Link directo para o artigo citado pelo Marco:
http://www.rdg.ac.uk/AcaDepts/ld/Philos/dso/papers/The%20illusion%20of%20animal%20rights.PDF
Muito obrigado ao LPedroMachado e ao Marco Aurélio pelos links :)
Gostei imenso de os ler e de perceber explicado por quem sabe os sofismas e erros da pseudo-filosofia que é na verdade anti-ética do Singer!!
Fiquei mais sossegada que a maioria dos filósofos reage ao que o Peter Singer escreve como eu: profundos disparates e perigosas patetices!
São patetices muito perigosas porque inspiram terroristas como os da ALF e dão alento a gente que escreve os disparates que o joão carlos escreveu aqui e no outro post em que se falava de eco-terroristas, The meaning of Life.
Para além das referências indicadas, gostei de ler o paper de Jenny Teichman, ‘The False Philosophy of Peter Singer’, que chama às patetadas de Singer “a false and dangerous philosophy”
ou o de J.A. Laing, ‘Innocence and Consequentialism: Inconsistency, Equivocation and Contradiction in the Philosophy of Peter Singer’.
Só tenho pena que o Desidério tenha ficado ofuscado com o barulhos das luzes que rodeiam o Singer e tenha escrito uma crítica laudatória ao monte de lixo perigoso que são as parvoíces do Singer!!
«monte de lixo perigoso que são as parvoíces do Singer!!»?? Meta uma coisa nessa cabeça dura Rita- lixo perigoso são os que tentam escamotear os direitos dos animais em nome de um pseudo-altruísmo humano, que muitas vezes encobre a ganância humana. Esse é que é o único lixo perigoso. Eu já o disse, e volto a repetir: de ética a Rita não percebe nada, e todas as respostas à cerca desta questão já foram dadas por mim, no «outro post» que a própria Rita indica. O que o Singer defende acerca do que devemos fazer, pode ser objecto de debate, mas, uma coisa é certa, as bases em que assenta as suas ideias na defesa dos direitos dos animais e que estes também devem ter direitos, não são discutíveis, são verdade. Quem tenta ocultar esse facto, é incoerente e não está interessado em defender os direitos dos animais. Está interessado na ganância e no seu próprio umbigo. Mas, a verdade essa não pode esconder. Os animais têm direitos, e deviam ser protegidos, mas não são. Continuam, às descaradas e muitas vezes às escondidas, a serem utilizados como se objectos se tratassem, sujeitos às mais inimagináveis atrocidades, enquanto determinadas pessoas, como algumas que aqui aparecem, pelos meios mais disparatados deturpam factos, como se isso, fizesse mudar a sensibilidade e o conhecimento de causa acerca da questão. Os sites que aqui aparecem contra Singer, são filosofia balofa, alguns são de origem duvidosa e são quase ilegíveis, basta que estejam contra a verdade dos factos, para que esta filosofia não passe de delírio de quem a escreve e de quem a adopta para justificar o injustificável. E não nos venham com a história do terrorismo da ALF, porque essa não pega. Isso não altera nada. O Desidério está de parabéns pelo post.
Ah, só mais outra coisa. Em relação ao «alento» que Rita refere, o Singer não me dá alento nenhum. Aqui não está em causa a filosofia do Singer, estão em causa factos que ele utiliza para defender a ética que defende. Se o Singer não existisse, ía dar no mesmo. Não mudava os factos- os animais têm direitos independentemente do Singer existir ou não. Portanto, afirmações dessas que a Rita faz, não têm qualquer tipo de valor. Não se tratam de disparates. Como já disse, são verdades, que alguns tentam a todo o custo escamotear utilizando a ridicularização de quem os defende, mas isso não altera nada.
Pessoal,
Tem novidades na área científica. O papo aqui se encerrou há algum tempo, mas temos que divulgar. Veja em
http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=cientistas-replicam-doencas-em-laboratorio-usando-linhagens-de-celulas-tronco&id=3393
[]s
Moisés
Na Universidade do Minho, no curso de Filosofia, existe um Seminário de um semestre, dedicado ao tema «Animal Studies». E é muuuuito interessante.
Concordo plenamente com o que o Shang Di diz.É sem dúvida um tema muito interesante que andamos a abordar no Curso de Filosofia na Universidade do Minho. Este tema leva-nos por caminhos que talvez não davamos tanta importância como dá-mos agora que nos debruçamos sobre esta temática. Quanto a Singer, não o acho tão patéico como alguns referem mas sim, talvez não seja muito explicativo e exacto daquilo que realmente quer, mas é sem duvida um autor que zela pelo interesse animal que ao fim ao cabo acaba por zelar pelos nossos, visto sermos todos animais num mundo tão cruel onde inflizmente só os mais fortes vencem!Devemos saber interpretar bem aquilo que Singer nos propõe pois sem dúvida que é muito inteligente no que afirma e defende. Boas Leituras para todos e interpretem bem tudo o que lêm pois nem sempre o que achamos é o mais correcto.
Obrigada
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