sábado, 19 de abril de 2008
SALVEM O JARDIM BOTÂNICO E OS MUSEUS DE CIÊNCIA
Minha crónica do "Sol" de hoje:
O Jardim Botânico, apesar de ser um oásis no centro da cidade, tem sido esquecido pela Câmara Municipal de Lisboa. Mas agora e por iniciativa camarária está em discussão pública o seu futuro, assim como o dos Museus da Politécnica (Museu de Ciência e Museu de História Natural) que, tal como o Jardim, pertencem à Universidade de Lisboa. A Câmara fez e bem um concurso de projectos de arquitectura não só para a área do jardim e do edifício dos museus, mas também para a área contígua do Parque Mayer.
Muitos amigos do jardim estão preocupados com a eventual urbanização excessiva da zona ou com uma transformação do jardim que destrua o “espírito do lugar”, um sítio ao mesmo tempo romântico e de estudo. Oxalá os seus receios sejam infundados. Por mim acho que a oportunidade é excelente para que a Câmara e a Universidade, em conjunto com o governo, recuperem da melhor maneira um património que é de todos e que a todos devia orgulhar. Salvem o Botânico e os Museus da Politécnica, que se deviam aliás fundir num único museu.
Muito poucas universidades têm uma herança comparável à de Lisboa. Tem a do Porto, que também possui um jardim botânico. E tem, claro, a mais antiga de todas as universidades portuguesas, a de Coimbra, detentora de um magnífico jardim botânico do século XVIII (e de uma mata anexa infelizmente fechada), que a Câmara Municipal de Coimbra tem ignorado. Também no Porto e em Coimbra há museus de ciência guardando espólios valiosíssimos que importa recuperar e mostrar. Em Coimbra já se fez um único museu, com sede no Laboratório Chimico, do tempo do Marquês de Pombal, e planeia-se a instalação no edifício do Colégio de Jesus, bem mais antigo. O governo faria bem em tratar diferente o que é diferente, facultando programas que permitissem a essas universidades, agora com o cinto muito apertado, restaurar e exibir as suas colecções históricas. Se isso não for feito, não haverá respeito pelo melhor do nosso passado. E, não havendo respeito pelo passado, dificilmente ganharemos o futuro.
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5 comentários:
Bem opinado!
Luís Azevedo Rodrigues
Falta aqui a referência ao Campus da UTAD.
Campus, que é o resultado do trabalho (e muito carinho)do Professor Torres Castro.
Esteve mal o Professor Carlos Fiolhais, pois já cá esteve (eu assisti na Aula Magna a uma sua palestra a crianças de várias escolas) e esqueceu se de mencionar a beleza e riqueza do Campus na sua crónica.
O Professor Torres Castro acabou de se reformar e embora ele se recuse a abandonar o seu Campus, o futuro deste é incerto.
Como o Professor manteve o Campus vivo e a prosperar com os parcos recursos postos à sua disposição ninguem sabe.
Mas todos sabem que o Campus sem o seu criador (passe a expressão!) não terá grande futuro.
http://aguiar.hvr.utad.pt/
Caro Carlos Fiolhais
Começa por dizer-se que não há pessoal para cuidar do jardim (teremos 400000 desempregados?). Passados uns tempos diz-se que a zona está degradada e depois que é preciso requalificar a zona, então aparece um concurso de requalificação, diga-se urbanização... será que só os "tolos" vêm isto? Os inteligentes, fortes, poderosos e com capacidade de decisão onde estão?! Limitam-se a dizer, SIM simplesmente e não só?...
Não há dinheiro, dizem, então quem o destruiu, nunca ouvi falar, que alguém tenha destruído, o dinheiro fabricado (riqueza)... o Banco de Portugal queima o dinheiro como as polícias fazem com a droga?!..
Um abraço
Carlos Rebola
Um reflexão profunda e interessante.
São urgentes mais pressões desta. Eu também já o fiz:
http://rendarroios.blogspot.com/2007/07/o-jardim-botnico.html
e quem tiver a possibilidade de o fazer em blog que o faça, porque um dia destes poderemos deixar de ter este jardim secular como este importante em qualquer parte do mundo.
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