sexta-feira, 11 de abril de 2008

Cepticismo no pequeno ecrã?


Aqueles que nos trouxeram a Skeptic, o Skeptoid - o podacast semanal que desmistifica pseudo ciências sortidas - e blogs de divulgação de ciência como o Bad Astronomy ou o NeuroLogica, estão a preparar um episódio piloto para uma série em que o cepticismo é o mote.

Há uns dias fui entrevistada para o programa «A Voz do Cidadão», o programa do provedor do telespectador da RTP, sobre a existência de rubricas ou programas sobre astrologia na televisão pública (claro que a resposta foi um rotundo não) e que tipo de programas considerava serem de serviço público. Para além de para mim uma série como esta ser de facto serviço público, partilho a opinião de PZ Myers sobre o nicho de mercado que poderá abrir às televisões, para além claro de ser um oásis nas programações habituais das televisões - americanas como portuguesas!

E por falar em PZ Myers, este informa-nos que a saga Expelled continua do outro lado do Atlântico. São especialmente notáveis os dois artigos (absolutamente imperdíveis) na Scientific American, uma denúncia de violação de direitos de autor e, acima de tudo, uma crítica arrasadora na FOXNews. Diria que quando não convence sequer uma estação como a FOX, o filme está condenado antes de estrear (se é que chega a estrear, agora que vai ter de retirar pelo menos as partes científicas que plagiou descaradamente e provavelmente parte se não toda a música, tenho dúvidas que tenha obtido licença para as que foram utilizadas durante as pré-estreias, como o Imagine de John Lennon).

Mas também deste lado do Atlântico há reacções às sandices de inspiração religiosa do filme - e vale a pena ler sobre o tema o artigo «The different epistemologies of science and religion». Os colaboradores da Encyclopedia Britannica não apreciaram as mentiras descaradas do filme e deixaram-no bem claro numa crítica intitulada «How Low Can Ben Stein Go? (To the Maligning of Charles Darwin)». Deixo no original os parágrafos finais do artigo, por razões que se prendem com a impossibilidade de traduzir as deliciosas subtilezas que permeiam o texto:

He produces a shambles of an essay in the course of which he manages to malign the name of Darwin by association with both Communism and Naziism, a remarkable day’s work after which any civilized man would knock off early and call for cocktails. But not Ben. No, Ben toils on. By the time he’s through, every kook and monster who ever used the word “evolution” has become the satanic spawn of Charles Darwin. This sort of thing is doubtless effective in a sermonette at the Discovery Institute, but as a contribution to the public discourse it is simply shameful.

And what is all this perverseness in aid of? In support of a set of beliefs that parades as a scientific alternative to “Darwinism” even though it is supported by no evidence, while evolution by natural selection is controverted by none. More subversively, it is a set of beliefs held by people whose aim is to prevail not in the scientific journals or the universities but at the ballot box and in the public schools. Like Ben Stein’s arguments, they are not to be trusted.

10 comentários:

Unknown disse...

obigado palmira por estas informações preciosas. os artigos na Scientific american são fabulosos.

mas o artigo sobre as epistemologias da religião e da ciência é um clássico. O parágrafo final é um must:

So the next time you hear someone say that religion and science do not conflict, the key question to ask is: which religion? The speaker's? Of course they would say that. But is it true? Science constrains rational religion, while no religion, Plantinga notwithstanding, constrains rational science. So when the two conflict, as they must given that they often attempt to explain the same phenomena, which one is it rational to adopt and teach?

perspectiva disse...

As ideias que a Palmira promove em nome da ciência são as de que o Universo explodiu do nada por acaso, a vida surgiu por acaso, todos nós vimos de um ancestral comum e as espécies evoluem das menos complexas para as mais complexas.

A verdade é que nenhuma dessas afirmações pode ser validada empiricamente.

Nunca ninguém explicou como é que surgiu a singularidade primordial que deu origem a todo o Universo. Trata-se aí de um modelo matemático empiricamente indemonstrado e indemonstrável.

Também nunca ninguém demonstrou que a vida surgiu por acaso. Isso nunca foi observado por ninguém ou reproduzido em laboratório. A vida necessita de quantidades inabarcáveis de informação, codificadas dentro dos próprios seres vivos, sendo a probabilidade de ela surgir por acaso virtualmente zero.

O ancestral comum também nunca foi visto por ninguém, nunca foi encontrado qualquer vestígio fóssil da existência. Na verdade, toda a evidência observável é inteiramente compatível com a noção de um Criador Comum.

Também nunca ninguém viu uma espécie mais complexa a evoluir de uma menos complexa. O que nós observamos é mutações e selecção natural dentro da mesma espécie, podendo resultar em doenças, morte ou na criação de sub-espécies com redução do “pool genético” original.

Estas ideias não são científicas.

As mesmas são corolários da ideologia naturalistas que já existia no tempo e Epicuro ou do seu discípulo romano Lucrécio.

Para defender tais teorias é inútil apelar aos desenvolvimentos científicos e tecnológicos modernos.

Os mesmos só são possíveis com inteligência e informação, nada tendo a dizer sobre a indemonstrada origem acidental do Universo e a evolução aleatória de partículas para pessoas.

Anónimo disse...

Se nada mais tem a dizer se calhar o melhor é mudar de poiso, que aqui já ninguém o aguenta...

Anónimo disse...

Este "Skeptologists" é um programa de humor? Que paródia...!

Bem, mas não posso deixar de reconhecer algum "serviço público" prestado pelo próprio DRN nestas acções para desmascarar muitos dos embustes que proliferam por aí. E por isso os meus mais sinceros agradecimentos.

No entanto, parece-me que nesta ânsia desmesurada de combater tudo o que ameace o paradigma reducionista e materialista se mistura, cegamente, no mesmo "saco" tudo e mais alguma coisa.

É curioso, por exemplo, não ter surgido um único post sobre o Simpósio organizado pela Fundação Bial "Aquém e Além do Cérebro"...! Será porque teve a participação de um Dean Radin, que investiga (heresia das heresias no DRN) fenómenos como a telepatia? WHO KNOWS?

Espero também que a Palmira ou outro coloque um post sobre a notícia que saiu hoje na LifeScience.com que fala de uma nova descoberta que está a deixar em CHOQUE (a palavra não é minha!) a comunidade científica:

"Choque: Primeiro animal da Terra era surpreendentemente complexo" (http://www.livescience.com/animals/080410-first-animal.html)

Atenção: não venha alguém (já sabemos quem) depois dizer que se está aqui a defender qualquer tipo de criacionismo. NÃO! O que é (saudávelmente) discutivel é, por exemplo, o chamado gradualismo que obrigatóriamente teremos de encontrar de acordo com a Teoria Neodarwinista.

Para quem tem igualmente acompanhado a "saga do outro lado do atlântico" é confrangedor a inquietação e o espectáculo proporcionado ao longo destas semanas nos inúmeros blogs das hostes na "Igreja" dos Ateistas Fundamentalistas. Deve ser porque alguns dos destacados membros ateístas fundamentalistas aparecem por longos minutos no documentário a dizer aquilo que não queriam que ninguém ouvisse. Ainda mais agora que, parece, que o documentário tem já estreia marcada para cerca de 1000 salas (20 vezes mais do que por exemplo a estreia do VERDADE INCOVENIENTE de Al Gore).

Por cá, os devotos desta "congregação religiosa" continuam a sua "pregação", com as suas continuadas tentativas de colar toda e qualquer teoria que discorde do NeoDarwinismo ao (absurdo do) Criacionismo.

Mas percebe-se o erro de alguns cientistas bem intencionados que discordam da Teoria Sintetica da Evolução (leia-se, Neodarwinismo). Foi o mesmo erro que Michael Denton cometeu quando resolveu dar ao seu livro o título de "Evolução - uma Teoria em Crise". Tivesse ele colocado o título "Darwinismo - Uma Teoria em Crise" e pouco se teria passado. E disto se aproveitaram, infelizmente, os Criacionistas.

Isto levou o próprio Denton a afirmar:

"“Acusam o meu livro de ser um panfleto criacionista. Ora, desde o primeiro capítulo (aliás, intitulado “O Génesis rejeitado”) até ao fim, desafio quem quer que seja a encontrar a encontrar uma só frase que justifique essa crítica, a menos que interprete, de forma inquisitorial, cada um dos empregos da palavra “evolução” de outra forma que não seja “teoria neodarwiniana da evolução gradual por selecção natural”. Os leitores atentos compreenderam por si próprios que é esta teoria, chamada igualmente “teoria sintética da evolução” , que é objecto das minhas críticas.”»

Assim se podem observar algumas das tácticas usadas para desviar atenções de outras possiveis explicações, das falhas na Teoria Neodarwinista, nas limitações de uma Ciência Reducionista e Materialista.

É que, para quem não sabe, e neste blog pelo que me parece (se estiver errado que me desculpem) também não querem que se saiba, existem outras hipóteses para além das avançadas pelo Neodarwinismo (veja-se, por exemplo, as obras de Michael Denton, Michael Behe, Rosine Chandebois, Pierre Grassé, ou ainda os escritos do Prof. Máximo Sadín).

Percebem porque no início chamei paródia a esse "Skeptologists"?


JD

Unknown disse...

Estendo o conselho do anónimo ao JD.

Leve a sua pregação neocriacionista para outras bandas que aqui não angaria crentes.

Mas que falta de paciência para esta gente, bolas!

Anónimo disse...

Pedro,

vejo que o seu sentido crítico está bem "domesticado". Tão bem que, pelo que parece, qualquer coisa que mexa é para si Criacionismo!!! Ou neste caso o que decidiu apelidar de "neocriacionismo". Casos assim, já pouco se pode fazer.

Não lhe vou moer mais a sua paciência, fique tranquilo!

O DRN é todo seu.

Bom fim de semana!

JD

perspectiva disse...

No seu blogue KTreta o Ludwig Krippahl veio recentemente dizer que o DNA não codifica nada.

Isto, apesar de o DNA conter informação que pode ser descodificada e executada com sucesso, para construir os seres mais complexos que se conhecem.

Os criacionistas rejeitam totalmente este entendimento e explicam porquê.

Os mesmos chamam a atenção para o facto de que os ácidos nucléicos se encontrarem em células vivas como o DNA, RNAr, RNAm e RNAt, cada um com propriedades específicas.

Eles consistem de filetes de nucleótidos são compostos de uma base nitrogenosa, um açúcar e um acoplamento de fosfato.

O DNA leva a informação genética para o organismo enquanto RNA é usado na síntese de proteína.

Há quatro bases diferentes no DNA de dupla espiral.

As espirais são unidas através de laços fracos de hidrogênio entre as bases em cada espiral.

A estrutura das bases é tal que em cada espiral só une com um outro tipo de base na outra espiral.

Três bases sucessivas agem como um codão para transferir informação para especificar um aminoácido em particular, ou começar ou parar uma sucessão.

Esta informação sobre um filete de DNA (gene) é responsável para a formação de uma proteína em particular.

Já que há quatro bases, há 64 codões que passam informação como cartas e pontuação numa mensagem escrita.

Este é um mecanismo altamente preciso.

A transferência de informação é conferida a uma taxa rápida através das proteínas por alterações fortuitas, conhecidas como mutações que perdem informação.

Nenhuma mutação poderia conduzir a um aumento de informação, assim o neo-Darwinismo não pode ser um mecanismo para a macroevolução.

A teoria de informação afirma que a informação só vem de uma fonte inteligente, pelo que a quantidade e qualidade da informação genética só pode ter ter sido criada.

A informação, para além da dimensão matemática e estatística tem significado e propósito.

Isto é o oposto do acaso.

Como portadora de informação, a molécula de DNA é 45 triliões de vezes mais eficiente do que o megachip de silicone que foi feito por equipes de cientistas.


Na célula viva, o DNA codifica a informação para sintetizar proteínas e o DNA é construído usando proteínas.

É uma situação de galinha e ovo.

O circuito informacional está fechado desde a Criação. A origem da vida só pode ser instantânea e inteligente.

Foi sugerido que o RNA possui algumas das propriedades enzimáticas das proteínas enquanto que tem a capacidade de portar a informação do DNA.

Será um postulado para uma primeira proto-célula que dependeu do RNA para ambas as funções, resolver o problema?

A verdade é que nenhuma experiência de sopa primordial jamais produziu qualquer coisa que se assemelha ao RNA.

O RNA não se reproduz, uma necessidade principal para uma célula viva.

As propriedades enzimáticas do RNA não são suficientemente versáteis para até mesmo uma imaginável proto-célula mais simples.

O problema da origem de informação na RNA portador de informação permanece sem solução.

Alguns evolucionistas confessam que só um milagre é que poderia dar origem a RNA.

Uma proto-célula baseada somente em proteínas é igualmente impossível, pelo fato que às proteínas falta a habilidade para se reproduzirem.

Como temos dito, não existe informação sem inteligência.


Isto é inteiramente consistente com a crença em que foi Deus, e não o acaso, que criou a informação codificada para a vida.

Fernando Dias disse...

Isto é para ver em cinescope
Céptico que o filme seja mexicano
Vejo contrabandistas, prostitutas, trapezistas
E o Politeama atapetado de tremoços

Newton se voltasse teria vergonha
De tanto erro, tanta fibra óptica
Ilusionistas de farripas cor de laranja
Prismando um frasco com um cepo

Falta aqui o crepúsculo nas árvores da mata
Falta a buganvília e o roldão do tango
Falta Mahler, Fausta Goethe
Falta a inquieta azáfama da vida.

Anónimo disse...

Newton esse grande criacionista herético...

Anónimo disse...

Segundo o sr perspectiva, tudo o que não foi demonstrado e entendido é explicado pela intervenção de uma inteligência divina. Não se pode provar que esteja errado, mas usando esse sistema de pensamento nunca teríamos saído da idade média.
Não se postula que a origem da vida não é responsabilidade de uma entidade divina. Consideram-se, sim, hipóteses bem mais prováveis para a origem da vida, assentes em factos observados, e que podem ser aceites, ou não, pelo resto da comunidade científica. Os criacionistas é que postulam a existência de um deus e que a vida foi criada por ele.

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