Benoît Jules Mure (1809-1858), discípulo de Samuel Hahnemann, o pai da homeopatetice, foi um grande apóstolo desta banha da cobra, nomeadamente foi o introdutor da dita no Brasil, onde chegou a 21 de Novembro de 1840 e onde permaneceu até Abril de 1848. Louis Léger Vauthier, um engenheiro revolucionário que desenhou obras emblemáticas do Recife, descreveu Mure de uma forma que se aplica como uma luva a todos os vendedores de banha da cobra «é um charlatão, mas enfim sabe usar da língua e palavras melífluas» (Diário íntimo do Engenheiro Vauthier, 1940, página 183).
Lembrei-me desta descrição ao ler as reflexões do Ludwig acerca do debate «Razão da Criação ou Fé na Evolução» incluído nas XX Jornadas Teológicas. Não me espanta minimamente que o Ludi tenha escrito, após descrever um dos dislates delirantes de Jónatas machado que:
«É por causa destas coisas que muitos recomendam não debater com criacionistas. A audiência assume que os participantes falam do que sabem e que são honestos e responsáveis nas suas alegações».
Como é óbvio, só alguém muito ingénuo - categoria em que não incluo o Ludwig - poderia pensar que os criacionistas fazem exposições objectivas de argumentos: a desonestidade intelectual e as mentiras puras e duras são o seu único apanágio. Como todos os bons vendedores de banha da cobra, a língua e palavras melífluas com que sem vergonha na cara debitam as maiores inanidades são muito eficazes em convencer os mais incautos ou mais cientificamente ignorantes de que não só sabem do que estão a falar como têm razão no que dizem.
Como refere igualmente o Ludi, a asneira é de tal calibre que se torna complicado rebater o óbvio, que tudo o que o Jónatas debitou não passa de mentiras puras e duras, sem dar a «impressão de recorrer a ataques pessoais por falta de argumentos».
Embora o que debita seja totalmente falso, importa conceder o benefício da dúvida: talvez as mentiras óbvias do Jónatas não sejam intencionais mas sim resultantes de uma completa e absoluta ignorância de ciência e a desonestidade intelectual não o seja de facto mas apenas uma postura pós-moderna que confere o mesmo valor epistémico a um mito e à ciência.
A minha total ignorância de pintura poder-me-ia levar a pensar ao olhar para o quadro «La Fortune» de Man Ray com que se inicia o post ou este «Mulher com uma flor» de Picasso que poderia pintar não só como eles mas francamente melhor. Se não gostasse de surrealismo, poderia mesmo, na minha total ignorância dos métodos e técnicas subjacentes, arrogar-me a dizer que Dali e estes geniais e emblemáticos artistas não sabiam pintar ou quejandos e apontar os «óbvios» problemas técnicos das suas obras!
Claro que qualquer estudante de Belas-Artes, se eu me atrevesse a tal prosápia, olharia com comiseração para mim e provavelmente consideraria uma tarefa inglória e uma missão impossível tentar explicar a alguém obviamente tão ignorante e tão insuportavelmente arrogante o b-a-ba da pintura. Ou apontar uma frase de Picasso, filho de um pintor e professor de desenho: «Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas precisei uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças». Mas provavelmente conseguiria convencer aqueles como eu totalmente ignorantes de arte (e da obra dos pintores referidos) de que as obras de Picasso, Dali, etc., não passam de rabiscos que qualquer um pode fazer.
Os dislates de Jónatas Machado assentam essencialmente no facto de que este, totalmente ignorante do que seja a ciência ou o método científico, olha a ciência da forma subjectiva com que muitos olham uma pintura surrealista: «rabiscos» que qualquer um pode fazer. Assim, não percebe que a ciência e os factos científicos não são obras de «arte» que cada um interpreta subjectivamente de acordo com as suas crenças e sensibilidade estética. De qualquer forma, considerando o fundamentalismo evangélico que o inspira para os disparates, é uma tarefa completamente inglória e fadada ao insucesso sequer tentar explicar-lhe o que é a ciência e o método científico ou recomendar a excelente série de artigos sobre evolução que a revista New Scientist publicou recentemente [Evolution: 24 myths and misconceptions].
No dia seguinte ao debate do Ludi com o Jónatas, tive uma inesperada experiência surrealista no estúdio do Rádio Clube Português, que contarei no próximo post e que corroborou o que penso sobre a génese pós-moderna desta onda de irracionalidade que varre o globo e sobre as culpas do eduquês na formação de cidadãos que não sabem distinguir realidade de ficção, ciência de pseudo-ciência ou pensamento crítico de pensamento mágico.
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35 comentários:
Esta coisa do pós-modernismo sempre me cheirou a "estrume"
Palmira que tal 1 artigo do que é realmente o pós-modernismo, quando surgiu e em que consiste..
olá Palmira... pena é que a sua reflexão sobre os mestres da pintura n tenha sido feita mais cedo, porque no seu post Química no ensino básico: quem nos liberta desta cruz? faz exactamente a mesma coisa que está a criticar: falar sem saber.
Não estou a falar dos currículos, nem que a educação em portugal está bem. Não está! Mas daí a começar a atirar para tudo quanto é lado sem saber sequer do que fala vai um grande passo. Nem parece uma adepta do método científico.
A minha mulher é especialista em educação há 20 anos e faz pesquisa nessa área. Ao lermos e discutirmos o seu texto ela disse-me: - lamento, mas antes de falar de construtivismo, ela tem que ler Vigotsky, dec. de 40, Piaget dec. de 70, passando por Ferreiro dec. de 80, Alves, dec. de 90 e o casal Formosinho actualmente. Depois terá toda credibilidade para argumentar contra o socio interacionismo contrutivismo. Isso porque nem citei Paulo Freire que para os Formosinho é o pai e precursor no mundo do Construtivismo.
E eu concordo com ela e a Palmira acabou de concordar também com este post que colocou.
O problema não está no currículo, está em todo o contexto social actual. A palmira critica as «diferenças individuais dos alunos», «estilos individuais de aprendizagem», «ritmos diferenciados» e nem sequer sabe que isso significa!! É exactamente a visão que o Jonatas tem da ciência. Rabiscos. Além de ser uma profunda desconsideração pelo trabalho das outras pessoas. É o mesmo que a Palmira, doutorada em Química, estar a discutir química com um economista. A Palmira não é uma educadora, é cientista e marca bem essa postura na frase "é esta ideia lírica que não se deve ensinar nada às criancinhas porque elas por artes mágicas redescobrem sózinhas todo o conhecimento acumulado em cerca de 2500 anos de civilização!" Posso perguntar-lhe como aprendeu a falar português antes de entrar na escola?
Leia o excelente trabalho pelo casal Formosinho da Universidade do Minho e conheça o projecto da escola da ponte, em Ponte de Lima.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_da_Ponte
http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/html2/portug/local/local.htm
Se puder, vá lá pessoalmente, marque uma visita e verá com os seus próprios olhos. Tenha uma postura científica.
Deixo aqui uns textos de um psicanalista que visitou a escola em 2000.
www.rubemalves.com.br/escoladaponte1.htm
www.rubemalves.com.br/escoladaponte2.htm
www.rubemalves.com.br/escoladaponte3.htm
www.rubemalves.com.br/escoladaponte4.htm
www.rubemalves.com.br/escoladaponte5.htm
www.rubemalves.com.br/escoladaponte6.htm
Nuno
Meu caro Nuno:
Para saber o que é construtivismo basta-me ler os textos de uma especialista em educação por quem tenho o máximo respeito e que por acaso também escreve no blog : a Helena (Damião)... para além claro de verificar que o que ela escreve se ajusta como uma luva aos resultados experimentais :)
Mas já agora eu não critiquei «diferenças individuais dos alunos», «estilos individuais de aprendizagem», «ritmos diferenciados» como diz.
Provavelmente estará pouco habituado a uma prosa sem palavreado oco nem duplos sentidos mas o que eu escrevi é para ser lido textualmente:
«expressões aparentemente inócuas» são mesmo expressões aparentemente inócuas, que todos nós não temos qualquer pejo em utilizar como, por exemplo ««diferenças individuais dos alunos». Como escrevi, «na pena do eduquês, se transformaram em armas de destruição massiva da literacia científica».
Assim como é para ser lido textualmente «Esta convicção mística [de que não é preciso ensinar nada já que as criancinhas sózinhas redescobrem todo oconhecimento acumulado] , uma verdadeira religião assente em crenças completamente injustificadas e imposta a todos na escola pública, traduz-se em dogmas enunciados com uma superabundância de termos...
por mim os eduqueses podem ter as convicções místicas que lhes apetecer nem eu tenho nada com isso. Agora já tenho quando as impoem a todos na escola pública e foi isso que critiquei.
E como devia ser óbvio para qualquer pessoa razoável, o problema está mesmo no curriculo. São necessários programas sólidos, com conteúdos igualmente sólidos e consistentes.
Não passa pela cabeça de ninguém que se pode aprender química, física, filosofia ou matemática, só para citar algumas disciplinas, por osmose, contrariamente ao que o Nuno parece pensar :)
E vamos lá a ver, eu dou aulas há 27 anos, contando com os anos em que fui monitora de Química Orgânica. Poder-me-á no mínimo conceder que pelo menos na prática não sou assim tão ignorante nestas coisas de educação e ensino :)
E garanto-lhe que não é por osmose que a química se ensina - já sei que a palavra é anátema para o eduquês, mas eu gosto desta perspectiva fascizante de ensinar mesmo os meus alunos,uns largos milhares até hoje, e despertá-los para um pensamento crítico em química. Nos últimos tempos tem sido especialmente penoso confirmar ser necessário para além de tudo ensinr muitos também a pensar.
A mim ensinaram-me que para ter um "pensamento crítico" não basta "ouvir um especialista" porque assim fica só com um dos lados da questão. Espero que não faça isso frequentemente... (sem querer desconsiderar a Helena Damião).
Não estou pouco habituado a uma prosa sem palavreado oco nem duplos sentidos, muito pelo contrário. Como engenheiro informático estou habituado a uma linguagem simples e concisa, mas seguindo uma determinada lógica, que me parece faltar nos seus textos.
Fala de novo em "convicção mística de que não é preciso ensinar nada já que as criancinhas sozinhas redescobrem todo o conhecimento acumulado" e isso não tem nada a ver com construtivismo. Acho que está obcecada pela religião. Agora tudo é religião e crenças excepto a sua opinião de leiga.
Eu não conheço os currículos nem é disso que estou a falar, porque provavelmente, como quase tudo em educação, foram construídos por pessoas que se basearam numa determinada teoria sem a entender.
A Palmira diz que "E como devia ser óbvio para qualquer pessoa razoável, o problema está mesmo no curriculo. São necessários programas sólidos, com conteúdos igualmente sólidos e consistentes."
E o que é que isso quer dizer? uma grelha de conteúdos sólidos e consistentes? Isso revela apenas o seu pensamento pensamento mecanicista e retrógrado. Construtivismo não é espontaneismo, não é deixar os alunos fazerem o que lhes apetece, mas é essa a visão que a Palmira e muitos professores têm, porque não têm formação em educação, e a prática não é tudo (agora lembrei-me da música "a gente não lê" do rui veloso/carlos tê).
O problema não está só nos currículos, está na compreensão dos fazeres pedagógicos pelos professores.
É por isso que digo que a Palmira parece ser boa investigadora mas não uma boa educadora. Nem toda a gente tem vocação para ensinar, assim como nem toda a gente atinge a mestria de Picasso.
Diz que expressões inóquas (para si porque evidentemente não se debruçou sobre elas) transformaram em armas de destruição massiva da literacia científica. Claro que num programa sólido e consistente estão contempladas as diferenças de aprendizagem... está-se mesmo a ver...
Sala de aula tradicional VS Sala de aula construtivista
O currículo é apresentado das partes para o todo, com ênfase nas habilidades básicas VS O currículo é apresentado do todo para as partes, com ênfase nos conceitos gerais
O seguimento rigoroso do currículo pré-estabelecido é altamente valorizado VS Busca pelas questões levantadas pelos alunos é altamente valorizada
As atividades curriculares baseiam-se fundamentalmente em livros texto e de exercícios VS As atividades baseiam-se em fontes primárias de dados e materiais manipuláveis.
Os estudantes são vistos como "tábulas rasas" sobre as quais a informação é impressa VS Os estudantes são vistos como pensadores com teorias emergentes sobre o mundo
Os professores geralmente comportam-se de uma maneira didaticamente adequada, disseminando informações aos estudantes [ "Um sábio sobre o palco"] VS Os professores geralmente comportam-se de maneira interativa, mediante o ambiente para estudantes. ["Um guia ao lado"]
O professor busca as respostas corretas para validar a aprendizagem VS O professor busca os pontos de vista dos estudantes para entender seus conceitos presentes para uso nas lições subsequentes.
Avaliação da aprendizagem é vista como separada do ensino e ocorre, quase que totalmente, através de testes VS Avaliação da aprendizagem está interligada ao ensino e ocorre através da observação do professor sobre o trabalho dos estudantes
Estudantes trabalham fundamentalmente sozinhos VS Estudantes trabalham fundamentalmente em grupos
Aposto que a Palmira prefere as primeiras afirmações às segundas, ou estou errado?
Concordo que é necessária uma intervenção do estado mas muito mais abrangente que apenas no currículo ou grelha de conteúdos ou receita para ensinar química.
No método construtivista o professor trabalha muito mais para conciliar o que os alunos querem sabe
Os professores construtivistas:
1. encorajam e aceitam a autonomia e iniciativa dos estudantes
2. usam dados básicos e fontes primárias juntamente com materiais manipulativos, interativos e físicos.
3. usam a terminologia "classificar", "analisar", "predizer" e "criar" quando estruturam as tarefas
4. permitem que os estudantes conduzam as aulas, alterem estratégias instrucionais e conteúdo
5. questionam sobre a compreensão do estudante antes de dividir seus próprios conceitos sobre o tema.
6. encorajam os estudantes a dialogar com o professor e entre si
7. encorajam os estudantes a resolverem problemas abertos e perguntarem uns aos outros.
8. estimula que os estudantes assumem responsabilidades
9. envolvem os estudantes em experiências que podem envolver contradições às hipóteses inicialmente estabelecidas e estimulam a discussão
10. proporcionam um tempo de espera depois de estabelecer as questões
11. proporcionam tempo para que os estudantes construam relações e metáforas
12. mantém a curiosidade do aluno através do uso frequente do modelo de ciclo de aprendizagem.
e já que não leu evidentemente os links que lhe passei aqui estão alguns excertos:
" Como são e têm sido as escolas? Que nos diz a memória? A imagem: uma casa, várias salas, crianças separadas em grupos chamados ‘turmas’. Nas salas os professores ensinam saberes. Toca uma campainha. Terminou o tempo da aula. Os professores saem. Outros entram. Começa uma nova aula. Novos saberes são ensinados. O que é que os professores estão fazendo? Estão cumprindo um ‘programa’. ‘Programa’ é um cardápio de saberes organizados em sequência lógica, estabelecido por uma autoridade superior invisível, que nunca está com as crianças. Os saberes dos cardápio ‘programa’ não são respostas às perguntas que as crianças fazem. Por isso as crianças não entendem por que têm de aprender o que lhes está sendo ensinado. Nunca vi uma criança questionar a aprendizagem do falar. Uma criancinha de 8 meses já está doidinha para aprender a falar. Ela vê os grandes falando entre si, falando com ela, sente que falar é uma coisa divertida e útil, e logo começa a ensaiar a fala, por conta própria. Faz de conta que está falando. Balbucia. Brinca com os sons. E quando consegue falar a primeira palavra, sente a alegria dos que a cercam. E vai aprendendo, sem que ninguém lhe diga que ela tem de aprender a falar e sem que o misterioso processo de ensino e aprendizagem da fala esteja submetido a um programa estabelecido por autoridades invisíveis. Ela aprende a falar porque o falar é parte da vida.
Nunca ninguém me disse que eu deveria aprender a descascar laranjas. Aprendi porque via o meu pai descascando laranjas com uma mestria ímpar, sem rebentar a casca e sem ferir a laranja, e eu queria fazer aquilo que ele fazia. Aprendi sem que me fosse ensinado. A arte de descascar laranjas não se encontra em programas de escola. O corpo tem uma precisa filosofia de aprendizagem: ele aprende os saberes que o ajudam a resolver os problemas com que está se defrontando. Os programas são uma violência que se faz com o jeito que o corpo tem de aprender. Não admira que as crianças e adolescentes se revoltem contra aquilo que os programas os obrigam a aprender."
"Pois os programas de aprendizagem a que nossas crianças e adolescentes têm de se submeter nas escolas são iguais à aprendizagem de receitas que não vão ser feitas. Receitas aprendidas sem que se vá fazer o prato são logo esquecidas. A memória é um escorredor de macarrão. O escorredor de macarrão existe para deixar passar o que não vai ser usado: passa a água, fica o macarrão. Essa é a razão por que os estudantes esquecem logo o que são forçados a estudar. Não por falta de memória. Mas porque sua memória funciona bem: não sei para que serve; deixo passar..."
"Aceitemos um fato simples: um programa cumprido, dado pelo professor do princípio ao fim, é só cumprido formalmente. Programa cumprido não é programa aprendido - mesmo que os alunos tenham passado nos exames. Os exames são feitos enquanto a ‘água’ ainda não acabou de se escoar pelo ‘escorredor de macarrão’. Esse é o destino de toda ciência que não é aprendida a partir da experiência: o esquecimento."
E não venha falar de resultados, porque se quiser conhecer o projecto educacional da escola da ponte é só pedir. E é exactamente nestes moldes que a escola funciona.
Ouça as sábias palavras do professor José Pacheco, coordenador da escola da ponte: http://www.youtube.com/watch?v=FIbbMEiVmoU
Gostaria de saber se ainda acha que é magia o método construtivista, perante o que o professor disse.
Do site:
Depois de os alunos saírem da escola, têm dificuldades em acompanhar o "ensino tradicional"?
Pensamos que a resposta a essa pergunta é: o ensino tradicional é que tem dificuldade em acompanhar estes alunos.
Os alunos que saem da Escola da Ponte e rumam a outras escolas têm tido, sempre, em média, melhores classificações do que os colegas de outras escolas.
Nós, na Escola da Ponte, não pensamos que as classificações sejam a melhor forma de avaliar os alunos, mas estes são os únicos dados de que dispomos vindos de outras escolas e, de qualquer modo, são os dados que são relevantes para as escolas mais tradicionalistas.
Nos últimos anos tem havido cuidado para, de alguma forma, preparar os alunos para o trabalho que se realiza noutras escolas: terem que estar sentados a ouvir o professor, não trabalharem em grupo, só terem o manual como auxiliar, terem que decorar a matéria toda para um teste, as notas, etc...
Acho que deveriam mudar o nome do blog para DE RESTELO NATURA, em homenagem ao velho do restelo.
Meu caro Nuno:
Podia ter começado por dizer que é um dos apóstolos do eduquês em vez de mandar as culpas para a sua mulher :) assim teria tudo ficado mais fácil!
Achei simplesmente fascinante a parte da filosofia do corpo para além do facto de considerar que os programas, isto é, conteúdos, são uma «violência». Aliás, achei toda a sua prosa fascinante, outra amostra em diferido e a cores dos delírios eduqueses.
Mas achei igualmente uma tarefa tão completamente inglória e fadada ao insucesso tentar racionalizar consigo como com o Jónatas Machado. Assim como com qualquer pessoa que deixa as suas crenças obliterarem-lhe a razão...
dispersei-te tanto e nem disse uma coisa essencial:
é óbvio que o problema do ensino actual não está nos programa. Isso é uma visão extremamente simplista do que está a acontecer realmente. Como se se mudasse o programa tudo entrasse nos eixos...
Não lhe parece uma solução simplista demais?
Os professores hoje em dia (muitos deles) não falam a mesma linguagem dos alunos (crianças e adolescentes, já que estamos a falar so ensino básico), então para que serviria uma lista de conteúdos?
O tempo de o professor subir ao palco e vomitar o conhecimento com a turma em silêncio já passou, e não é um programa que resolve isso. O professor tem que saber integrar-se no grupo, tem que organizar projectos temáticos com outros professores para ensinarem os alunos.
Eu só pegava nos livros de texto para fazer os exercicios para casa. E entrei na faculdade com média de 16, sem estudar mais que umas horas antes dos testes, acordava cedo às 5 - 6 da manha e revia a matéria. Mesmo as provas nacionais.
E nesse tempo apercebi-me de uma coisa: quanto mais eu gostava de um professor, quanto mais ele descia do pedestal para se sentar connosco e nos ouvia, menos eu precisava de estudar e melhores eram as minhas notas. Estabelecia-se uma relação aluno-professor, que me permitia aprender sem esforço. E é isso que o professor Pacheco fala. É isso que a Palmira não entende. Obviamente que o professor tem que ter capacidade para guiar os alunos, mas nada é imposto. Só pessoas realmente capazes e cientes do seu trabalho podem ensinar com este método.
Claro que os tradicionalistas preferem um programa rígido (no primeiro semestre dá-se X, no segundo Y, no terceiro Z) e pronto, preparam umas aulinhas com uns slides (que eu abomino!!) e passa mais um ano. Quem passou nos exames passou, quem não passou para o ano há mais. E ainda se dão ao desplante de utilizar os mesmos slides 3 ou 4 anos sem os actualizar!!
Não estudei na escola da Ponte, mas gostaria de ter estudado, um espaço sem salas, sem horários onde podemos aprender o que quisermos.
Palmira
Bata-lhes que ainda mexem!!! Nos eduqueses! Genial!
Isto era para quem tivesse dúvidas que as mulheres têm mais mau feitio!
A minha mulher é Psicóloga e especialista em educação, eu sou engenheiro em mestrado. O que sei aprendi não só da minha experiência pessoal, como também com os trabalhos que ela produz.
Acho que ela merece ser mencionada porque tal como você deveria fazer, eu sei que não tenho capacidade para aprofundar muito o assunto. (É muito bonito falar do Picasso, mas na prática custa n é?)
Não fui eu que disse isso, foi o psicanalista e educador Ruben Alves. Deveria ler o texto com mais atenção.
Engraçado que em momento nenhum falou dos resultados da escola da ponte... Cansou-se antes de chegar lá? Eles têm 30 anos de dados sobre as práticas educacionais. Mas se não quer o caso português, Veja a escola de Reggio Emilia na Itália, veja Pengreen na Inglaterra.
"Mas achei igualmente uma tarefa tão completamente inglória e fadada ao insucesso tentar racionalizar consigo como com o Jónatas Machado. Assim como com qualquer pessoa que deixa as suas crenças obliterarem-lhe a razão..."
Mas ao contrário da discussão ciência vs religião, eu tenho PROVAS e você tem teorias. Claro que não vai racionalizar comigo, não pode ir mais além do que isso...
Man, que praga estes eduqueses! Piores que os criacionistas, porque têm poder político.
Na FCUL os primeiros eduqueses eram o lixo incompetente e incapaz de fazer doutoramento em ciências que foram varridos para a Educação, onde se pensava que não podiam fazer estragos e pelo menos a sua estupidez não chateava. Erro crasso, não só não se extinguiram como se reproduziram auma velocidade assustadora. E como odiavam ciência trataram de produzir aberrações como este Nuno que reverencia a estupidez como se fosse uma grande coisa.
Sobre a escola da ponte, há uns dias o João Miranda escreveu uma das primeiras coisas com que concordo:
A maravilhosa escola da Ponte II
«É sobre o facto de a qualidade da Escola da Ponte se ter tornado num ideia credível na opinião pública portuguesa apesar da falta de provas. Não se tornou numa ideia credível por causa de dados independentes e objectivos. Esses, caso existam, não são do conhecimento da generalidade dos que consideram a Escola da Ponte um exemplo de excelência. Tornou-se numa ideia credível porque os responsáveis pela escola da Ponte e determinados jornalistas bem intencionados martelaram essa ideia durante anos.
O post é sobre a credulidade de uma opinião pública sempre disposta a aderir acriticamente a contos de fadas (como a comuna de Tatchai).»
"engenheiro em mestrado"... ahah
é engenheiro informático, o mestrado estou a terminá-lo
Abobrinha e Palmira: Construtivismo e eduquês são duas coisas diferentes. Uma é uma teoria epistmológica outra é um palavreado ininteligível.
Como é que comparam Piaget ou Paulo Freire a vendedores de banha da cobra????
n entendo... é isto que a Palmira pensa sobre o método científico? qualquer teoria diferente da minha está errada, é crendice ou patetice.
E ainda fala no texto de "factos científicos"...
rita,
estás a referir-te a um post que começa por: "Este Post não é sobre a qualidade ou falta de qualidade da Escola da Ponte"
A minha mulher estuda o projecto da ponte há 7 anos, penso que dizer que não conhece dados é fechar os olhos para não querer ver.
e você, conhece-a?
Como alguém colocou num comentário a esse post: Há quem demonize a escola da ponte com tão pouco conhecimento de causa como certos devotos da escola. A mitologização é uma coisa óptima, dispensa-nos de pensar. Basta crer.
Nuno
Não posso falar da intenção real deste post porque não fui eu que o escrevi. Posso sim falar dos olhos com que o li: são os olhos de quem assistiu ao debate do Ludwig Krippahl e do Jónatas Machado e assiste incrédula às manifestações de ignorância ou mentiras deliberadas que constituem os argumentos criacionistas.
São os mesmos olhos que assistem à degradação do ensino, que se iniciou algures quando eu andava no secundário (não se decora, compreende-se), com base em boas intenções e teorias que não tenho paciência para aprofundar e me fazem dores de cabeça. Do mesmo modo que acho importante debater (e bater, pura e simplesmente!) nos argumentos criacionistas e outros anti-conhecimento, acho importante que se faça algo que contrarie o que se tem passado na educação e que tem levado à degradação do conhecimento.
Neste aspecto o verdadeiro referencial da degradação do ensino secundário são professores universitários, porque os alunos chegam-lhes às mãos com todos os vícios que adquiriram depois de anos e anos de teorias de educação. E conhecimentos sólidos... poucos!
Tenho para mim que os professores universitários tiveram a sua culpa porque não se preocuparam a tempo com a qualidade dos alunos que lhes chegavam às mãos. Na minha altura os exames de acesso à Faculdade ainda eram feitos por professores Universitários. Passados 2 ou 3 anos o Ministério da Educação separou-se do da Ciência e Ensino Superior... e aí é que foi o descalabro total (falo por intuição e não com números ou estudos).
Ou seja, eu estou-me marimbando para o que é o construtivismo e o eduquês. E para o que é a escola da Ponte! O que eu quero é que a escola pública tenha qualidade e que seja inclusiva para quem quer aprender. Naturalmente, que aceite quem tenha uma vocação mais tardia para os estudos e que responda a necessidades de ensino mais técnico... mas já chega de palavreado oco e teorias de educação que todos criticam e que não fazem muito mais que fazer gastar caracteres!
As mulheres não têm só mau feitio: são também muito práticas. E as mulheres que aqui o criticaram mostraram esses dois aspectos. Falta, naturalmente, o resto: levarmos a água ao nosso moínho!
A Palmira Silva faz posts demasiado agressivos e cheios de termos e expressões valorativas (aliás, nada científicos, por causa disso...). Esse estilo arrisca-se a ser contraproducente. Pode alegrar os já convencidos, mas afasta os que têm dúvidas, e são esses que interessa não afastar.
abobrinha: porque a Palmira juntou no mesmo post construtivismo e criacionismo não quer dizer que sejam a mesma coisa (charlatanice e anti-ciência).
Como eu disse, o eduquês não está ligado ao construtivismo, apenas quem não é da àrea não se apercebe disso e mete tudo no mesmo saco.
Eu concordo que o que a Palmira escreve sobre química, tem imensamente mais conhecimento do que eu e respeito isso. Não concordo com estes posts sobre a educação porque acho que ela está a mostrar uma visão extremamente simplista de um problema que, como tu referiste, se agrava de ano para ano. Não concordei com o Desidério quando deciciu opinar sobre o open source, linux, e essa sim, é a minha àrea de conhecimento e tenho argumentos para suster a minha posição. Como é que a Palmira diz que não conhecia os programas do 8º anos (só conheceu porque esteve envolvida num proj.) e depois vem dizer que o programa e os conteúdos são os culpados. Uma pessoa que se afastou do ensino básico, nunca se preocupou, pelos vistos, e agora lembrou-se de falar contra o programa. O que eu estou a dizer é que o problema é muito mais geral. É dos pais, das escolas, dos professores e do ministério que não aposta na formação e investigação nesta àrea.
Eu compreendo que estas teorias te façam dor de cabeça, tal como outros domínios me fazem a mim, mas é por isso que existe investigação e peritos nessa àrea como em todas as outras.
Repara que para saber o que se está a passar na educação tem que se saber qual é a causa. Não achas que a geração actual (youtube, morangos com açucar) é muito diferente da de há 10 ou 15 anos atrás?
Então porquê o foco nos conteúdos programáticos e nas não nos professores, nas escolas e na sociedade como um todo? (que é precisamente o foco da teoria construtivista). Ir buscar às infuências, conhecimentos e dúvidas dos alunos a maneira de ensinar.
Mas tu achas que o ensino universitário está melhor?? espera mais uns 4 ou 5 anos... Eu acabei no ano passado informática no técnico e o curso é uma bela merda.
Salvo algumas excepções os prof. são extremamente autoritários. Não que não nos prepare, mas é um tormento, e eu acho que não devia ser assim.
Mantenho a minha posição e concordo em parte com vocês, disse-o em vários posts. O que temos em portugal não é um movimento construtivista, é eduquês. Não aceito que ataquem o construtivismo porque tive a sorte de ter professores que tinham essa filosofia (mas na altura eu não sabia) e senti na pelo os horrores daqueles professores que entram, sentam-se e falam, falam, falam e querem dar o programa sem se preocuparem se toda a gente entendeu.
Não te podes estar a marimbar para um assunto e vir aqui defender uma das partes. perdes a credibilidade toda. Como é que me acusas de defender o eduquês e depois dizes que não queres saber?
É impossível uma escola mais inclusiva que a escola da ponte (que aceita alunos que foram expulsos de outras escolas - os chamados problemáticos, e lá aprendem, junto com os alunos que têm síndrome de down). Não são precisas "aulas especiais". E porquê? porque o Ensino é voltado para cada um deles, não para uma entidade difusa chamada "turma". A única do mundo que tem um contrato de autonomia com o ministério da educação. Como é que o ministério tem esse contrato se a escola n tivesse resultados? e (também para a rita) como se medem esses resultados? pelas notas nas provas? A escola só ensina matéria dos manuais? não é lá que se aprende a conviver em grupo? a trabalhar em grupo? não devia ser a escola a preparar-nos para a vida em sociedade? Mas isso não implica desconsiderar o conhecimento, obviamente. Estes objectivos não são, a meu ver, mutuamente exclusivos.
Ao menos nos objectivos para a educação estamos todos de acordo. Falta escolher o melhor caminho para chegar lá. E pessoas capazes para o percorrer.
Há umas coisas que não percebo no Nuno: por um lado tem uma mulher que "estuda" educação há 20 anos; por outro acabou há pouco tempo o 1º ciclo de Bolonha (3 anos de ensino universitário); está a fazer o 2º ciclo e já arrota postas de pescada sobre educação :) Fantástico, melga!
Pelo que escreve percebo que tenha ficado traumatizado com o ensino mas não pode extrapolar o que sentiu para todos. Acho que é esse o problema dos eduqueses: querem poupar os outros aos traumas educacionais que tiveram. Mas nem toda a gente tem os problemas cognitivos dos eduqueses...
Eu sou completamente a favor de escolas de ensino especial como me parece ser a escola da Ponte. Acho mesmo que o ensino devia ser diferenciado. Não faz sentido negar o evidente, há gente burra, assim, assim, e de graus diferentes de inteligência.
Porque há gente burra não se deve nivelar por baixo e obrigar alunos inteligentes à tortura que são aulas desenhadas para pessoas com problemas cognitivos e manuais escritos para idades mentais de 6 anos.
Não são só as pessoas com problemas cognitivos que têm direito à vida: eu aborreci-me de morte na escola até ao 10º ano, se não fossem os meus pais em casa a ensinar-me o que nunca me foi ensinado na escola (para não traumatizar os burros) estava neste momento a engrossar as hostes dos analfabetos funcionais. Todos os que só concluiram o 9º ano.
O problema nas escolas agrava-se de ano para ano porque os eduqueses, com os traumas educionais e as opiniões tão líricas como o Nuno, infestaram o ME.
Em vez de constatarem que as tretas como o construtivismo e restantes patetadas simplesmente não funcionam insistem no mesmo.
Qualquer pessoa com o mínimo de formação científica percebia que o valor de uma teoria não é o palavreado com que ela é formulada: são os resultados práticos. Os resultados práticos do eduquês são calamitosos quando aferidos por padrões objectivos como o PISA. Estamos na cauda do mundo civilizado em tudo o que é literacia.
Claro que são excelentes quando aferidos pelos eduqueses que acham que o PISA é um mito, não é importante que as pessoas saibam matemática, entender um texto, ciência, etc., o que émesmo importante é que saibam descascar laranjas!
Perdão, o último parágrafo foi injusto para com o eduquês, neglicenciei a parte importantissima do trabalho em grupo e da cidadania. Deve ser:
Claro que são excelentes quando aferidos pelos eduqueses que acham que o PISA é um mito, não é importante que as pessoas saibam matemática, entender um texto, ciência, etc., o que é mesmo importante é que saibam descascar laranjas em grupo e que saibam que se deve reciclar o lixo orgânico (por outras palavras, lixo orgânico é uma expressão traumatizante...) !
Bolas, jovem Nuno, tão jovem e tão convencido que sabe tudo :)
Tanto que se dá ao luxo de catalogar os outros com os carimbos da sua predilecção: fascistas, elitistas, etc..
Não é muito boa educação despejar lixo aqui, já cá deixaste o link, se queres louvar os teus profetas e a tua religião arranja um blog, não empestes os blogs alheios com lixo.
Hello, DRN, ninguém limpa este disparate? são páginas e páginas de lixo!!!
Caro Nuno:
Já cá deixou suficientes links para os interessados ouvirem as «sábias palavras» dos seus mentores.
Asseguro-lhe que os leitores do De Rerum Natura sabem todos seguir um link. Agradecia que não fizesse copy&paste de lençóis como o que acabei de apagar.
Este é suposto ser um espaço de debate e cópias integrais da mensagens de gurus sortidos pode ser o que passa por debate na óptica construtivista mas aqui somos mesmo velhos do Restelo no que respeita ao conceito de debate :)
e o resto do meu post??
não interessa??
60 ou 70% desse post não era cópia.
Obridado pelo desrespeito às minhas opiniões.
rita, não estou mais convencido do que o resto das pessoas. Em vez de olhares para a minha idade devias ler o que escrevo com mais atenção.
no entanto gostaria de chamar a atenção da Palmira para um post seu de 9 de abril:
http://dererummundi.blogspot.com/2008/04/humboldt-e-educao-para-cidadania.html
"A cidadania constitui assim o tema central na sua filosofia política. A crítica de Humboldt à acção dos Estados assenta exactamente no facto de considerar que estes impedem o pleno desenvolvimento dos indivíduos, fornecendo-lhes regras «mastigadas» que os cidadãos devem engolir sem pensar muito. O único aspecto onde a acção do Estado se faz necessária, segundo Humboldt, é na garantia das seguranças individuais, não cabendo ao Estado a preocupação com a felicidade e o bem-estar da nação, pois isso poderia resultar nas piores formas de tirania."
e depois que respeito quer que as pessoas mostrem por si quando defende que deveriamos ter um "programa sólido"??
Palmira, releia o seu próprio post e veja se não vai de encontro às ideias construtivistas...
entende o que quero dizer quando lhe disse que não entendo a sua lógica?
engraçado que a rita tb não me respondeu à questão que lhe coloquei sobre os pais dela, que segundo a própria "se não fossem os meus pais em casa a ensinar-me o que nunca me foi ensinado na escola (para não traumatizar os burros) estava neste momento a engrossar as hostes dos analfabetos funcionais"
Se os pais lhe ensinaram o que ela queria saber quando queria saber e isso foi uma coisa boa, porque é que a escola não pode fazer isso?
Porque é que a escola tem que ser um espaço estanque de transmissão de conhecimento?
Oh Nuno: "os fazeres pedagógicos"? Isso é como a brassica no Astérix e os Belgas, não é?
Oh Jorge,
proqure aqui -
http://www.iec.uminho.pt/Default.aspx?tabid=9&pageid=65&lang=pt-PT
o contacto da prof. doutora Júlia Formisinho. Ela poderá esclarecê-lo bem melhor que eu.
O que parece ser típyco da maioria dos estudos levados a cabo na área das Ciências da Educação (o chamado “eduquês”) é algo muito pouco científico: fazer as perguntas em função das respostas desejadas.
Gostava de ler um estudo sobre a Escola da Ponte (funcionamento actual, mas também a análise dos percursos futuros dos seus alunos na Universidade e no mundo do trabalho) efectuado por pessoas independentes – empresas ou Universidades sem ligação ao “eduquês”. E, já agora, podia-se fazer o mesmo estudo a invenções aberrantes do “eduquês” como os Cursos de Educação e Formação (os tristemente célebres CEF´s) e as Novas Oportunidades.
O casal Formosinho e o Ministério da Educação não contam para o efeito, pois seriam juízes em causa própria (o que é, de resto, o funcionamento habitual do Ministério da Educação: avaliar situações em que é parte interessada).
Carlos Pires
Belíssimo, belíssimo, belíssimo, ó Nuno!!! :)
Só por essa absoluta maravilha da Escola da Ponte valeu bem a pena vir cá, há meses me tinha esquecido aqui do último reduto dos Sete Magníficos da ciência! ;)
E eu até vivo aqui pertíssimo da Vila das Aves, há quase 11 anos que estou em Famalicão, mas nunca tinha ouvido falar desse maravilhoso projecto pedagógico.
Vou já fazer publicidade furiosa em tudo quanto é sítio, ou seja, nos espaços de debate onde participo e nos quais a função do professor parece ser tão pouco compreendida, tantas vezes... isto além do ensino ser visto sobre uma perspectiva quase só utilitária, afinal dentro do prevalecente espírito reducionista que a tal ciência aos sete ventos apregoa...
Ainda nem sequer li metade dos comentários, mas será que essa escola tem algo a ver com a pedagogia Waldorf de Steiner? É que se assim for, é natural que por aqui torçam o nariz a tais misticismos... dêem eles resultado ou não!
Bem, vou então começar a bombardear os professores meus amigos com tais informações, mais ainda os que são pais e todos os que lidam com crianças, como eu próprio que sou tio-avô honorário...
Rui leprechaun
(...p'ra brincar e sem salário! :))
Ou seja, eu estou-me marimbando para o que é o construtivismo e o eduquês.
Ó Abobrinha... mas que confusão, ó (al)minha! :)
Olha, vou apenas deixar-te 2 links acerca de métodos pedagógicos que não são propriamente os vulgares de "galinhas de aviário" a que provavelmente te referes:
Pedagogia Freinet
Pedagogia Waldorf
Este é o conceito de "escola activa", porque a pedagogia é sempre viva!
Por fim, olha que essa rigidez conceptual fica mal! E pior ainda a comportamental...
Lê bem o que o Nuno diz e tenta informar-te um pouco melhor sobre o que é a pedagogia do ensino, onde a vida é e deve ser sempre MUITO mais importante do que tudo o resto!!!
...olha a ciência da forma subjectiva...
Não é a ciência que é subjectiva, mas sim o conhecimento que deve ser SEMPRE apreendido pelo sujeito... there simply is no other way!
Logo, é a consciência individual que tudo determina, ou seja, eventualmente confere o mesmo valor epistémico a um mito e à ciência... why not?!
Esta tentativa, continuamente frustrada, da ciência se impor pela força... de certa maneira... às pessoas, só confere ainda mais razão a todos os que sustenta a óbvia relatividade do conhecimento, fora daquele que é de facto o ÚNICO que importa e é deveras o máximo denominador comum entre todos os seres humanos: o autoconhecimento, só ele e mais nenhum!
É apenas desse modo que poderemos vencer as tais barreiras de todo o tipo que nos separam, incluindo esta incompreensível intolerância dogmática e repetida que a "sacrossanta" ciência se arroga, apenas porque vai desvendando diminutos segredos de um universo material incomensurável. Talvez quando chegar ao ainda mistério da consciência mude de agulha e discurso... já não é sem tempo!
De resto, basta apenas ler o tipo de considerações aberrantes aqui produzidas em relação a alguém que não partilha desta adoração saloia pelo boi Ápis da tecnologia científica tão endeusada, para se ver como autoconhecimento não é decerto o forte da autora de tais alarvidades. Claro, está confiante que como bom cristão o Jónatas dê a outra face. Bem, pelo que vejo ele de facto não é nadinha conflituoso, limita-se a expor os seus argumentos e nem sempre os vejo rebatidos, diga-se de passagem.
Deveras, nem a religião nem o tal bicho papão do "pós-modernismo" atacam a ciência como fonte de conhecimento válido no domínio da natureza material, que é o seu ÚNICO campo de acção. Mas pretender que a "physis" é algo estanque e independente da "meta-physis" só pode revelar grosseiro desprezo ou ignorância das próprias origens da ciência moderna.
Aquilo que o tal pós-modernismo, bem como a própria metafísica, contestam relativamente à ciência, é a sua pretensão hegemónica de se pretender alcandorar como fonte única ou suprema do conhecimento humano, num absolutismo que nada mais revela senão uma profundíssima e abismal ignorância da história do saber ao longo dos tempos.
Se existe algum conhecimento absoluto, ele deve ser referido ao autoconhecimento e nada mais. Apenas no seio da própria consciência pode existir essa perfeita união entre o objecto cognoscível e o próprio sujeito cognoscente, que é a unificação máxima do perfeito saber... e Ser!
Mas quantos compreendem na sua plenitude a incrível afirmação do templo de Delfos, quase sempre barbaramente amputada do complemento que esclarece o seu profundo significado?!
Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses!
Porque não existe conhecimento algum sem autoconsciência, é ela a última medida de toda a realidade, afinal.
Um último enigma, ainda, sensivelmente contemporâneo do anterior:
Since before time and space were,
the Tao is.
It is beyond is and is not.
How do I know this is true?
I look inside myself and see.
Tao Te Ching, 21
Once again... como o Hawking! ;) De resto, essa afirmação é repetida de novo no capítulo 54:
How do I know this is true?
I look inside myself and see.
Os sábios que meditem... se o compreenderem! Claro que tal nunca será possível para aquele que pensa que o conhecimento é exterior a si próprio, algo que vem de fora para dentro. Esse não é e nunca poderá ser "raj vidya" ou o conhecimento autêntico e real.
Logo, a ciência dá sem dúvida o seu contributo próprio a esta sede infinda de saber, mas QUEM é que conhece?... ou quem é deveras o sujeito último desse conhecimento?!
I AM... I AM... I always AM !!!!!
Palmira, Rita,
eles são cegos, dogmáticos, aniquilantes.
estão por todo o lado: invadem as escolas, invadem os professores, invadem os alunos, aniquilam a segurança profissional de qualquer um.
E não aceitam pontos de vista alternativos, num paradoxo incompreensível, têm um discurso enquistado e rochoso, como o tal Nuno tão bem demonstrou por aí..
Vêem o mundo a preto e branco, sendo que os branco, a luz são eles e o preto, a escuridão os outros.
Fazem tábua raza das condições reais de trabalho de uma escola, da dimensão das turmas, da indisciplina e argumentam que as aulas de 90' são uma boa ideia porque permitem a realização das actividades abertas/investigativas.
Pois a maioria das actividades propostas, não se conseguem fazer em 180' em turmas de 6º ano digamos com 26, 28 alunos.
Toda a gente começa a chegar à conclusão que as aulas de 90' estão a ser uma dificuldade.
Mesmo as turmas mais motivadas e interessadas, aos 60' começam a desligar, nem que a actividade seja a encenação do "dá-me o telemóvel já!".
Aliás , é quase contra-natura, actualmente, na época do fast food, do pronto-a-vestir, do plug and play, da Internet-Alexandria, do msn, dos sms, do YouTube, DO COMPUTADOR, ter miúdos assim tão motivados por experiências construtivistas.
No 1º ciclo, na pré, ok. Admito. Mas as crianças são tão individualistas..
A seguir, em que a adolescência se instala em toda a força e pujança, com o individulismo extremado que caracteriza estas idades, estas coisas só geram confusão em cabeças já tão confusas.
deixo isto:
http://sitio.dgidc.min-edu.pt/matematica/Documents/experiencia_matematicaEB.pdf
reparar bem, por exemplo, no problema aberto do "6x4" ou "4x6".
ps: volto a dizer que já não era sem tempo que vocês aí em cima nas cátedras se interessassem pelo patamar de baixo.
e que não fosse só em Coimbra porque como sabem, têm a fama (e se calhar o proveito) de serem tradicionalistas e conservadores.
E não aceitam pontos de vista alternativos, num paradoxo incompreensível, têm um discurso enquistado e rochoso, como o tal Nuno tão bem demonstrou por aí..
Vêem o mundo a preto e branco, sendo que os brancos, a luz são eles e o preto, a escuridão os outros.
Ó Pan... mas que grande confusão... rochosa!!!
O Nuno NÃO está a falar daquilo que se passa no ensino oficial, mas justamente de uma pedagogia alternativa, claro, focando um exemplo muito concreto e indesmentível que está bem documentado e pode ser amplamente consultado.
De resto, a pedagogia, tal como a ciência, não é nem nunca pode ser uma disciplina estanque. Claro que não se pode ensinar hoje como se fazia há meio século atrás, por exemplo, e a educação deve ser centrada no aluno, em 1º lugar. Isto parece muito consensual, ainda que implique uma flexibilidade muito maior por parte dos pofessores, como o caso da Escola da Ponte claramente demonstra.
Aliás, a existência de pontos de vista alternativos é uma condição da autonomia escolar que tanto tem sido debatida e da qual a tal escola da Vila das Aves é um exemplo paradigmático.
Logo, um tal modelo deveria servir de inspiração para os professores que se manifestam insatisfeitos com as orientações actuais do ME, insistindo justamente nessa descentralização de competências que é uma óbvia proposta da moderna pedagogia, centrada igualmente na relação natural da escola com a comunidade.
Por fim, é óbvio que a teoria - seja ela construtivista ou não - é sempre muitíssimo mais fácil do que a prática. E todas as mudanças enfrentam inevitavelmente resistência, mais ainda se não são preparadas convenientemente e se efectuam um pouco à revelia dos interessados.
Em suma: o tal discurso enquistado e rochoso nunca pode ser o das pedagogias que são por sua natureza flexíveis e resultam - vide a Finlândia e o seu modelo cooperativo de ensino com os resultados conhecidos - mas talvez o dos seus mentores, já que nada pode ser imposto à força e o ensino não deve ser rigidamente centralizado, algo que está inteiramente em desacordo com a ampla autonomia e liberdade que os novos modelos educativos muito justamente privilegiam.
E é esse belíssimo testemunho que o Nuno veio dar aqui, se bem que me pareça que não foi convenientemente compreendido, além de ter sido tomado por aquilo que obviamente não é.
Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular, ele não lhe desagrade. Toda atitude imposta é paralisante.
Célestin Freinet, pedagogo francês (1896-1966)
olá leprechaun... acho que foi o único que entendeu a mensagem que eu quis passar... aliás, complementou-a brilhantemente.
carlos: não sei se tal estudo serviria para alguma coisa. No blog que a rita falou, andei a "escavar" pelo post que lhe deu origem, e alguém nos comentários encontrou a escola da ponte na 202ª posição dos testes nacionais do universo de 1500+. Mas esses estudos são inúteis. Primeiro porque a escola da ponte não recusa alunos "problemáticos ou com dificuldade de aprendizagem" o que fará baixar a "classificação da escola". E depois, o carlos conhece alguma entidade que avalie cidadania, autonomia, cultura ao longo da trajectória do aluno? não, não conhece. A escola da ponte tem que se sujeitar aos métodos de avaliação podres da educação tradicional para provar alguma coisa. E note que digo podres com conhecimento de causa, porque raramente reflecte a realidade. Os alunos não são mais inteligentes ou estão mais preparados para fazer provas, apenas trazem uma visão deles próprios e do mundo muito mais abrangente. E isso vale quanto na escala da "avaliação"?
Pan, ó alminha, tão "zanóia"... (palavra inexistente em qqer lingua, mas perfeita para esta ocasião).
1º e antes de mais a frase "... aniquilam a segurança profissional de qualquer um" é optima! "segurança profissional" não deve ser um direito, mas sim uma conquista.
Fala depois das aulas contadas pelo relógio. Concordo que aulas de 90 minutos são piores que as de 60, do mesmo modo que bosta de cavalo cheira pior que bosta de vaca. Ambos são péssimos.
"Aliás , é quase contra-natura, actualmente, na época do fast food, do pronto-a-vestir, do plug and play, da Internet-Alexandria, do msn, dos sms, do YouTube, DO COMPUTADOR, ter miúdos assim tão motivados por experiências construtivistas."
ahh não é contra natura pensar português às 8:30, matemática às 9:25, Inglês às 10:30 e Ed. visial até às 12:30. Porque obviamente a geração de crianças e adolescentes actual desenvolveu a fantástica capacidade de desligar o pensamento arbitrariamente. É isso que me está a tentar dizer?
A curiosidade pelo mundo existe em todos desde a mais tenra idade e atrevo-me a dizer que a escola a sufoca com os seus programas mastigados pelo estado.
Como disse o leprechaun, porque é que os professores não aproveitam e descentralizam os "programas"?
"No 1º ciclo, na pré, ok. Admito. Mas as crianças são tão individualistas..." não deveria refrasear para: "mas a escola torna as crianças tão individualistas..."
leprechaun: Freinet inspirou o prof. Pacheco desde o início da idealização da escola da ponte em 1976 - Quando eu for grande, quero ir à primavera
"Human knowledge and skills alone cannot lead humanity to a happy and dignified life. Humanity has every reason to place the proclaimers of high moral standards and values above the discoverers of objective truth."
A. Einstein (outro "pateta", certamente)
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