segunda-feira, 14 de abril de 2008

Biocombustíveis e o aumento do preço dos cereais

No passado dia 8, o subsecretário-geral para os assuntos humanitários e coordenador da ajuda de emergência da ONU, John Holmes, avisou que a subida dos preços dos alimentos pode ameaçar a estabilidade política mundial. Holmes referiu ainda que o aumento dos preços vai desencadear protestos e tumultos em nações mais vulneráveis (isto é, nas mais pobres).

Os comentários do responsável da ONU seguiram-se a dois dias de tumultos no Egipto causados pela duplicação dos preços dos alimentos básicos no período de um ano, cenário que se repete em outras partes do mundo.

Por exemplo, em Dhaka, a capital do Bangladesh, 10.000 trabalhadores têxteis envolveram-se em confrontos com a polícia despoletados pelo aumento do preço dos alimentos. Pelo mesmo motivo houve uma greve geral no Burkina Faso. No Haiti, manifestantes tentaram invadir o palácio presidencial após a subida em 50% dos preços de alimentos básicos. O governo caiu este sábado na sequência de uma semana de motins.

No Egipto, na Indonésia, na Costa do Marfim, na Mauritânia, em Moçambique, no Senegal, Etiópia, Guiné, Filipinas, Indonésia, Madagáscar, Mauritânia, México, Marrocos, Senegal, Uzbequistão, Iémen e nos Camarões, milhares de pessoas têm-se manifestado contra a fome.

No Vietname há agricultores que acampam armados nos seus campos de arroz para tentar impedir os roubos nocturnos; no Paquistão e na Tailândia, foi necessário destacar os militares para evitar o saque de lojas, armazéns e campos. Os grandes produtores de arroz, como a India, China, Vietname e Egipto, impuseram restrições à sua exportação, o que afecta seriamente países importadores onde se incluem as Filipinas, o Afeganistão e o Bangladesh.

Dia 9, Jacques Diouf, o director-geral da FAO (a agência da ONU para a alimentação) repetiu o alerta em Nova Deli: «Os preços subiram 45% nos últimos nove meses e há uma séria falta de arroz, trigo e milho». De acordo com esta organização, há apenas cereais para 8 a 12 semanas nos stocks mundiais e o fornecimento destes atingiu o nível mínimo desde a década de oitenta do século passado.

Segundo a Blomberg, no último ano (entre Março de 2007 e Março do corrente ano) o preço do trigo subiu 130%, o da soja 87%, do arroz 74% e o do milho 31%.

Ontem foi a vez do presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, e do director do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, que repetiram o aviso do responsável da ONU. Os comentários dos dois líderes foram feitos no encerramento da reunião de primavera do FMI e do Bird, em Washington.

De acordo com Zoellick, a política energética nos Estados Unidos e na Europa que se traduziu num incentivo da produção de biocombustíveis é o factor importante que subjaz à espiral de aumento do preço dos alimentos básicos que se tem verificado um pouco por todo o mundo.

«Está claro que os programas públicos na Europa e nos Estados Unidos acarretaram um aumento da produção de biocombustíveis, o que provocou a intensificação da procura de produtos alimentares.É preciso reconhecer que o aumento da procura de biocombustíveis tem um impacto em todos os preços dos produtos alimentares, e isso representa um grave perigo em algumas partes do mundo, como no Haiti ou em África», explicou.

Como já afirmei, nunca achei especialmente boa esta ideia de substituir gasolina por biocombustíveis primários, ideia sobre a qual existem muitas dúvidas se será ou não eficaz na diminuição das emissões de gases de efeito de estufa. Na realidade, sempre achei esta medida uma forma de «sossegar» ou «entreter» a consciência ecológica das populações, sem efeitos reais a nível da redução de emissões de CO2 e, como estamos a confirmar, com efeitos dramáticos que eram há muito previstos mas para os quais só agora os responsáveis mundiais estão a despertar. Esperemos que a tempo...

Posts sobre o tema no De Rerum Natura:

Biocombustíveis e Sustentabilidade
Ecologia e biocombustíveis
Biocombustíveis podem agravar aquecimento global
Ler os outros: Um futuro menos verde do que se pensa

38 comentários:

JSA disse...

O curioso nisto é que ainda ninguém se lembrou de puxar o Malthus para a discussão (faço-o eu agora). Este é o exemplo claríssimo do esgotamento dos recursos naturais do planeta por causa do sobrepovoamento. A crise alimentar não é causada directamente por este sobrepovoamento, mas a questão dos biocombustiveis não faz mais que actuar como catalisador dos problemas. Esta crise estaria condenada a surgir, mais cedo ou mais tarde.

Creio que as causas para tudo isto sao demasiadamente complexas para serem analisadas assim tão levianamente, mas podem apontar-se causas.

1. O sistema económico, baseado no crescimento constante da população, em que a nova geração substitui e sustenta a anterior, o que condena o sistema a necessitar constantemente de mais e mais gente. Como problema acrescido, advém que é nos países mais desenvolvidos e ricos que este sistema está mais implantado, retirando assim recursos humanos aos países menos desenvolvidos e aumentando a pressão (alimentar e outras) nos países desenvolvidos, os quais, sendo ricos, podem comprar desigualmente os recursos (consomem uma percentagem de recursos superior à da população que representam).

2. A fé na Ciência tem levado as populações a acreditarem que os cientistas encontrarão sempre alguma solução. O problema é que a população e o desenovolvimento económico e humano crescem muito depressa e certas áreas científicas vão tendo desinvestimento (a agricultura, por exemplo). Isto levará inevitavelmente a uma situação de ruptura.

3. A Lei de Lavoisier. Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Isso significa que os recursos de um sistema fechado (o planeta Terra) são limitados. Poderemos reinventar paradigmas quanto queiramos, mas um dia chegaremos ao limite.

4. A estupidez política não conhece limites, mas os mandatos sim. Os políticos querem é ser reeleitos, o que significa que agem sempre de forma populista, mais cedo ou mais tarde. As actividades em "defesa" dos biocombustíveis inscrevem-se neste ponto. Servem para apaziguar agricultores, mostrarem proteccionismo aos eleitores e para embarcar na onda ambientalista sem terem que pensar muito no assunto.

O caminho caminha a passos largos para problemas insuperáveis pelo actual paradigma de desenvolvimento. Com o fim do petróleo (barato), ou a crise será energética por falta de alternativas, ou alimentar porque as alternativas desviam os recursos. O mais provável é virem a ser energéticas e alimentares em simultâneo, porque os novos combustíveis não avançam depressa o suficiente para substituir o petróleo e isso causará uma ainda maior crise alimentar. Estes problemas têm sido no Haiti e outros países do género. Até agora. Vamos a ver se não nos vêm bater à porta.

Anónimo disse...

Ok, não dúvido que o JSA tenha toda a razão naquilo que diz, mas é melhor apontar mais alguns defeitos como sejam os políticos corruptos do 3º mundo que desviam os recursos para proveito próprio e não do povo; o desvio, nalguns casos, da raiva das populações contra o ocidente e não contra os políticos corruptos que também os exploram; o alimentar do cepticismo bacoco contra a ecologia e quem tenta adoptar medidas imparcialistas para proteger o ambiente; o modo de vida supérfulo que o ocidente leva e que as populações do 3ª mundo aspiram; as religiões e filosofias que apregoam o homem centro do universo em quase todo o mundo; a incapacidade que os países do 3º mundo têm em conseguir encontrar os seus próprios modelos de desenvolvimento sustentável, etc, etc. É caso para dizer que assim não vamos lá.

Bruce Lóse disse...

Palmira, ignota e pulquérrima

Parece-me que faz uma certa falta ao plantel um economista para agregar criticamente os nomes aos bois. Não desfazendo na sua análise do problema (que decidi avaliar em cinco estrelas), noto um certo tremor de mão no que toca à responsabilização da especulação e da cegueira glandular da grande finança, que nada tem de química mas pode muito bem transcender em culpas o bio nos combustíveis. Até a mim que sou bruto me salta à vista: chega de ter os mercados e os bancos de investimento em roda livre, e nunca deixar as cantigas de benfeitores como o Robert Zoellick galgar a cerca. Convém não esquecer que foi precisamente o Banco Mundial a fixar a bitola do limiar da pobreza (1 dólar/dia em 1990) no despudor insultuoso de amenizar estatísticas. E mais se poderia dizer sobre o esforço do FMI para a administração correcta dos oceanos de financiamento a estes países que agora têm e penúria no horizonte.

Por isso digo, Pal. Se estão numa de combater o obscurantismo, passem-nos um economista para o grelhador. De preferência daqueles que fazem um esgar sobranceiro quando os comunistas falam em neocolonialismo.

Anónimo disse...

JSA,

Na teoria, é realidade que o sistema económico dos países desenvolvidos se baseia no crescimento constante da população, em que a nova geração substitui e sustenta a anterior.

Mas na prática os dados indicam que o sistema não anda a funcionar exactamente assim. Aliás, se funcionasse mesmo assim não se colocariam os problemas de sustentabilidade de segurança social, pois a nova geração asseguraria os gastos com a anterior. O que tem acontecido é diferente.

O sistema necessita de mais gente. Mas as taxas de natalidade contrariam a necessidade juntamente com os números da esperança média de vida.

O que tem acontecido nos países mais desenvolvidos não é um crescimento global da população mas sim o aumento da população idosa e a diminuição de população jovem.

Em Portugal verifica-se isso de tal maneira que gente com conhecimentos na área económica, incluindo dados relativos a Portugal, profetiza o fim do sistema de segurança social para breve (próximos anos). Indicando às novas gerações outros meios de investimento privados que garantam uma remuneração na reforma.

Portanto, apesar do sistema necessitar de mais e mais gente, não é isso que na realidade acontece. Como tal não é esse um dos problemas fundamentais da actual situação de carência de produtos essenciais (hortículas).

Repare que há anos que há vários países desenvolvidos e tem havido um equilíbrio que só se foi quebrando em maus anos agrícolas.

Repare bem em quando é que se começou a observar esta situação anormal. É algo recente. Não há notícias de ter havido um mau ano agrícula. E por acaso a situação coincide aproximadamente com o surgimento de novas potenciais potências económicas (China, Brasil...) e com a produção de biocombustíveis. Daí serem estes os motivos por aí indicados.

Os países desenvolvidos podem comprar recursos em maior quantidade mas também não vão comprar a quantidade que lhes apeter, compram a quantidade necessária e já antes desta situação eles o faziam e os preços não escalavam assim por aí acima. Além disso estão em discussão trocas económicas. Ou seja, os países desenvolvidos compram os sub-desenvolvidos produtos e em troca atribuem uma contrapartida que geralmente é monetária e pode servir para que eles continuam a produzir ou para que produzam mais se conseguirem investir em teconologia.

Por fim, não convém esquecer que apesar de os combustíveis terem vindo à discussão não é de petróleo que se fala, mas sim de produtos hortícolas, relativamente aos quais o consumo nos países desenvolvidos normalmente mantêm-se mais ou menos constante.

Aliás, basta comparar um restaurante de duas estrelas com um de cinco estrelas. A quantidade de comida acaba por ser mais ou menos a mesma e até, por vezes a do restaurante de duas estrelas é maior. O que varia mais é a variedade e tipo de produtos e outros aspectos como a apresentação e o custo.

Não sei se é a estupidez política que não conhece limites. Por vezes a estupidez política é como um palhaço no circo. Ou seja, as atitudes estúpidas são um meio para alcançar o fim e o fim claro está, é ganhar as eleições.

Mas, nem sempre os políticos agem de forma populista. Basta ver o que se tem passado em Portugal. Uma vez que, os políticos têm de se assegurar que o sistema não cai na falência, pois assim nem valia o esforço para se ser reeleito. Veja-se o que acontece com os impostos, ora sobem, ora descem. Geralmente sobem no início dos mandatos e descem no fim deles.

As atitudes estúpidas dos políticos derivam de muitos factores e um deles é a ignorância da maioria dos votantes.

Parece-me que a crise será alimentar o que será uma visão muito má. Alternativas ao petróleo há e com o tempo poderão tornar-se mais eficientes e com custos menos elevados. O problema é que será à custa dos mais pobres que se conseguirá desviar de uma eventual crise energética.

Convém não esquecer que esta crise alimentar que começa a dar sinais, se se alargar não vai afectar apenas países pobres. Vai bater à porta de todos os habitantes do planeta (claro que alguns vão escapar), tal como já está a fazer, basta comparar os preços de produtos essenciais como o pão, o arroz, a farinha, de entre outros, do início do ano passado para este ano.

Anónimo disse...

Não há razão para alarme.
O preço dos cereais está subir face ao aumento da procura de cereais para a produção de bio-combustível. E qual é o problema? Os preços sobem? E daí? O desiquilibrio de mercado vai proporcionar que produtores de cerais entrem no mercado atendendo à aos altos preços de mercado. Este processo vai desenvolver-se até ao momento em que o mercado vai encontar um novo equilíbrio. Se calhar os preços dos cereais vão manter-se altos durante algum tempo. Mas só o tempo necessário até que os produtores actuais e os novos produtores se ajustem às novas condições.
A história económica está cheia de exemplos desta natureza. Com os bio-combustíveis a pressão do aumento de consumo de petróleo vai atenuar-se e, entretanto outras alternativas vão aparecer e, possivelmente a longo prazo, os Árabes vão ter de rever toda a sua política de produção petrolífera e, certamente, o mundo vai ficar a ganhar.

António

Anónimo disse...

Eh, e o tio sam não pára de chamar-te a ver se queres ir viver e trabalhar para os states, que, apesar da apelação, nunca mais enchem bastante, enquanto a China, a crescer, ainda tem que dar pa traz no crescimento.

JSA disse...

Alexandra: nada de novo. Tudo o que eu disse está de acordo. Pelo que leio, concorda com o conceito de a economia se sustentar numa nova geração que sustenta a anterior. Não falei no risco de falência da segurança social porque não era esse o tema, fiquei-me antes pelas ligações que vi com o tema que a Palmira levantou.

Apenas discordo desta frase: «Os países desenvolvidos podem comprar recursos em maior quantidade mas também não vão comprar a quantidade que lhes apetecer, compram a quantidade necessária». Isto não é exactamente verdade. Os países ricos consomem bem mais que o necessário. É, aliás, uma das premissas do marketing e da publicidade: procurar desenvolver procura para o produto. As acções de marketing levam então a que os consumidores acabem a consumir bem acima das suas necessidades. Isto não está longe da questão que levantou com a parte sobre a estupidez dos eleitores.

Repare também que refiro esta questão como catalisadora, não como iniciadora. Ou seja, o que quero dizer é que, embora este problema já comece a fazer-se sentir de tempos a tempos, foi a questão dos subsídios aos biocombustíveis que a veio precipitar. Não teríamos agora esta crise sem estas políticas, mas estou em crer que a teríamos mais tarde.

JSA disse...

António: para muita gente, a subida dos preços é um problema bem sério. Se não o é para si, ainda bem. Ainda assim, o grande problema não é a subida dos preços, é a escassez dos produtos. Se eles não existirem em quantidade suficiente, apenas os ricos os poderão consumir. Melhor para si se fizer parte desse grupo.

Santomas, parece-me estar mal informado. Se há coisa que os americanos estão a fazer é a fechar as portas do país. E isso ainda lhes vai custar caro.

Anónimo disse...

A despropósito deste tema e a propósito de outro tema que costuma ser alvo de inflamações por estas bandas, aqui deixo o apontador para um artigo interessante do The Guardian que dá pelo não menos interessante título "The atheist delusion": http://books.guardian.co.uk/departments/politicsphilosophyandsociety/story/0,,2265446,00.html#article_continue

Anónimo disse...

JSA,

Depois de ter reflectido melhor sobre a questão, admito que os países ricos consomam para lá do necessário. O que se vê até facilmente, dado que uma parcela não insignificante da população dos países desenvolvidos tem excesso de peso.

Concordo que as acções de marketing e a publicidade levam a que os consumidores acabem por consumir mais do que o necessário para satisfazer as suas necessidades.

Anónimo disse...

"os políticos do terceiro mundo"
Claro, a culpa é dos que estão por baixo. Como todos sabemos, entre gente fina e educada não há corrupção. A propósito, e para nos entendermos, qual é a definição de corrupção?

Anónimo disse...

Seriam os Bocombustíveis responsáveis pelo aumento do preço do ouro ? E do minério de ferro ? E dos fertilizantes ? O preços das commodities agrícolas e minerais sobrem pelo saudável aumento de consumo mundial, fruto da maior onda de crescimento da económia mundial em muitos e muitos anos.

Associar isso aos Biocombustíveis, uma oportunidade ímpar de países de fora da bonanza global participarem do jogo, é um crime e um ato de covardia dos poderosos de sempre.

Sem biocombustíveis, cidades como São Paulo seriam impraticáveis.

Por favor, tragam os números. Isso aqui é um sítio de ciência e crítica.

Anónimo disse...

António,

À excepção de uma parcela da população planetária, maior nos países desenvolvidos e menor nos países sub-desenvolvidos, todos irão ser afectados. Estão em questão milhões de seres humanos. Logo, há razão para alarme.

O desiquilibrio de mercado vai proporcionar a que mais produtores de cerais entrem no mercado atendendo à aos altos preços de mercado mas, parte desses produtores para produzir apenas bens para produção de combustíveis, através do uso de áreas anteriormente utilizadas para o cultivo de produtos para consumo daas populações.

O desiquilibrio de mercado vai proporcionar que milhões de seres humanos deixem de ter acesso a bens essenciais à sua sobrevivência.

O problema é que se está a usar recursos que serviriam para produção de bens indispensáveis à satisfação de necessidades básicas humanas para produção de combustíveis, algo que não é absolutamente indispensável à sobrevivência humana.

O processo até pode desenvolver-se até ao momento em que o mercado vai encontar um novo equilíbrio. Mas, até lá, como se resolve esse desiquilíbrio? É que ainda falta muito para se chegar lá, se é que se lá vai chegar, uma vez que a tecnologia e ciência teriam de evoluir muito mais e estão em causa muitas vidas humanas.

Agora, imagine que pelo meio desse desiquilíbrio ocorriam alguns maus anos agrícolas.. Abviamente que os preços disparariam de forma abismal. E numa situação extrema poderia chegar-se ao ponto de as pessoas terem dinheiro para pagar os bens mas não haverem bens suficientes para todos esse individúos. O que me diz a isto?

O que é mais importante para si: poder usar o seu veículo e/ou transporte público, ter electricidade em casa, ou poder satisfazer a sua necessidade de alimentação (que é recorrente)?

A história económica está cheia de maus anos agrícolas, mas não está cheia de exemplos em que se trocou a produção de bens essenciais por bens secundários.

Com os bio-combustíveis a pressão do aumento de consumo de combustíveis vai passar em parte do petróleo para os biocombustíveis. Isso é bom?

Nem o argumento verde serve aos biocombustíveis nem eles alimentam bocas de seres vivos.

Se quer saber, os árabes também não devem rever toda a sua política de produção petrolífera afinal, como se sabe, o petróleo é um bem não renovável.

Estão a ser utilizados investigadores nas pesquisas relativas aos biocombustíveis que, poderiam estar a ser utilizados na descoberta de outras soluções ou aperfeiçoamento de outras já pensadas.

Anónimo disse...

Alexandra

É desejável que parte da pressão por combustíveis passe do petróleo aos bicombustíveis, alenco algumas razões:


- São produzidos em nações periféricas da Asia, Africa e América Latina, não sendo uma dádiva, como o petróleo. Ou seja não há uma acumulação de riquezas e um equilíbrio geopolítico tão instável quanto o petróleo


- Possuem ciclo relativamente fechado: uma grande parte do dióxido de carbono que é liberado na combustão, está sendo fixado nos novos cultivares que crescem ano a ano.

- O Petróleo é um bem limitado e precioso e está sendo usado para mover carros ! Há milhares de utilidades mais nobres para esse insumo finito, que não implicariam em consequências ambientais tão sérias...


Querem os países do norte, maior oferta de produtos agrícolas ?

Abram mercados, países agrícolas do hemisfério sul têm condição de duplicar sua produção agrícola em 3 anos... sem margens de erro.

Anónimo disse...

Duplicariam e ainda produziriam biocombustíveis. Hoje, no Brasil, como exemplo que conheço bem, todo o biocombustível é produzido em 5 milhões de hectares... há 70 milhões de hectares ociosos em pastagens ou áreas agrícolas não utilizadas.

Porque não mais cereais ? pq há barreiras que impedem sua exportação... solamente !

Unknown disse...

Anónimo:

Pois, no Brasil há milhões de hectares de terra ociosa à espera de serem plantados para produzir biocombustível. Na Amazónia, no Pantanal, na mata atlântica...

As florestas tropicais brasileiras e asiáticas ainda não foram totalmente destruídas para produzir biodiesel. Bora dar cabo do que resta das florestas da Sumatra, Bornéu, Malásia e Indonésia. E do Brasil, Colômbia e Equador claro! Mais Argentina, Paraguai,..

as plantações de soja na Argentina ainda não acabaram com as florestas de quebracho no Chaco, nem com o Pantanal no Paraguai e há ainda muita Mata Atlântica e Chaco para destruir.

No Brasil então, há imensa floresta amazónica, pantanal, Mata Atlântica, cerrado e caatinga para destruir

Unknown disse...

JSA:

De facto, o modelo político e económico no Ocidente é completamente insustentável. O tal famoso crescimento económico, que é o credo de todos os políticos, é completamente insustentável.

Mas a coisa está de fal forma montada que vai dar um estrondo bem grande quando começar a cair. E é simplesmente impossível não cair, por muitas voltas que inventem para dar a ilusão de crescimento, como negócios virtuais. Que dão barraca como o subprime americano ou podem vir a ser catastróficos como os créditos de carbono.

Os recursos da Terra são limitados e estamos a dar cabo e a diminuir ainda mais esses recursos com estas políticas. Mas não é provável com o aumento exponencial do populismo e do anti-intelectualismo que surjam políticos a sério nos tempos mais próximos. Primeiro vai ser preciso o estrondo para o pessoal acordar. E aí pode acordar do lado errado da cama, porque com a nuvem de obscurantismo e pensamento mágico que domina a cena mundial o estrondo pode originar uma regressão...

JSA disse...

Rita, o problema relativo à produção dos biocombustíveis é ainda anterior a qualquer destruição de florestas para a criação de campos de cultivo. Começa logo pela libertação de NO2 devido ao uso de fertilizantes, tal como a Palmira referiu em tempos.

Em termos económicos, o problema passa parcialmente pelo que o anónimo fala: o proteccionismo ao mercado europeu e americano que impede a entrada de produtos alimentares oriundos de países em vias de desenvolvimento. Já no lado das commodities, coisa de que deve ter lido num sítio qualquer, há uma certa verdade: a velocidade a que a China (e parcialmente a Índia) os está a consumir provoca a subida dos preços. Só que isso nada influencia o ouro. O ouro sobe por razões completamente distintas. Sobe quando há momentos de crise, uma vez que é um dos activos mais interessantes de manter, já que não se desvaloriza realmente, mantendo sempre valor e sendo sempre um bem facilmente transacionável.

Misturar economia e ciência nunca é boa ideia. É por isso ser feito que a crise alimentar e de combustíveis está onde está.

Anónimo disse...

Perdão! Estou a ler bem ou querem derrubar as florestas para produzir o biocombustível?... Eh pá, é que se é assim, é mais uma pedra no charco. Pensem lá bem: então tapamos um buraco para destapar outro?.... Hoje a amazónia está a ser desvastada pela ganância dos fazendeiros para produzir carne para alimentar bocas sedentas em número crescente neste planeta. Se os recursos do planeta são limitados, porque é que a população mundial continua a crescer?... Já sei qual é a resposta: devido à falta de conhecimento dos países pobres. Não vamos negar que as elites dos paises pobres exploram as classes baixas... O problema da sobrepopulação do planeta é o maior entrave a um mundo mais harmonioso. Agora é moda dizer mal do ocidente. Para quem não saiba um cientista, que vem dos EUA, já propôs a redução da população mundial e é contra o aumento do número de filhos no ocidente para renovar as gerações. O Único problema que nós seres humanos temos, é que perdemos demasiado tempo a olhar para nós, quando devíamos olhar para o universo no seu todo. Não é com o abate de florestas roubando a casa aos outros animais, que a situação se resolve. É que as leis que regem o mundo, não estão interessadas só na nossa preservação.... a estupidez humana, apesar da ciência demonstrar o contrário, ainda não percebeu isso.

Anónimo disse...

Os biocombustiveis sao apenas uma parte do problema no aumento do custo dos cereais. Sao ate um factor de importancia relativamente pequena. O problema e multifactorial a saber:

1 - Alteracao de padroes alimentares de consumo em economias emergentes como a China e India, as populacoes comem mais carne e leite, e os animais que produzem essses produtos consomem mais cereais, a titulo de exemplo, um ruminante produz 1 quiilo de carne por cada 7 ou 8 quilos de cereal que consome, os monogastricos (como os porcos ou galinhas) sao mais eficientes mas mesmo assim ha uma perca de eficiencia na transformacao de cereais em carne.
2 - O aumento desmesurado dos inputs da economia agricola, o petroleo e um input essencial para a agricultura e a partir dele que produzem a maioria dos pesticidas e e essencial na mecanizacao do trabalho no campo, para nao falar no transporte dos produtos. Nao esquecer que o preco do petroleo subiu mais de 300% desde a invasao do Iraque.
3 - Ao contrario daquilo que alguns por aqui disseram houve muito maus anos agricolas tanto este ano, como o ano passado, a onda de frio este ano na China por exemplo destruiu uma significativa parte das culturas, este Verao no Reino Unido houve cheias.
4 - Nas ultimas decadas o FMI tem incentivado muitos paises com economias baseadas em agricultura em diversificar as suas economias, isto porque havia um excedente brutal na producao de comida mundial. Na UE, houve politicas activas para nao incentivar a producao que estava a causar dumping dos precos mundiais de cereais. Estas politicas tiveram algum sucesso em reduzir a producao.
5 - A populacao mundial esta a aumentar, ha 6 bilioes de pessoas no mundo neste momento e em 2050 provavelmente 9 bilioes. 50% em 40 anos.

Os biocombustiveis tambem estao a contribuir para este ambiente altista mas nao sao assim tao importantes no computo geral. O problema e um pouco mais complexo e prede-se essencialmente com uma certa inercia associada a agricultura para se adaptar a procura e isto e inerente aos proprios metodos produtivos. Com o aumento dos precos e previsivel um aumento da producao nos proximos anos e uma estabilizacao dos precos. Nao esquecer que vastas areas do planeta estao sub-aproveitadas por variados motivos na producao alimentar. O continente africano e um exemplo paradigmatico.

Anónimo disse...

Os homens são de facto um paradigma: tudo o que disse aqui concorda com o que alguns posteriormente disseram. Mas não querem dar o braço a troçer. Todos querem ter o protagonismo para si próprios. No entanto, é de salientar algumas pessoas bem esclarecidas. A questão é: será que os governantes deste mundo não estão também?... Seria um bocadinho díficil que soubessem menos. Mas os governantes são pessoas como as outras. Iguais às que escrevem aqui, por exemplo. Quase todos sabem muito, mas são incapazes de inverter a situação, é que a vontade fala sempre mais alto que a objectividade dos factos. E isso, é o que ninguém compreende aqui. A vaidade humana tem destas coisas. Assim que podem, qualquer indivíduo não perde tempo a acumular para si os recursos que são afinal de todos. É evidente que os «cérebros» andam aqui às voltas a tentarem diagnosticar o problema, só não se dão conta, que quando tapam um buraco, destapam outro... podíamos estar aqui a apontar causas para o problema e soluções a vida toda, que tapavamos um buraco para destapar outro. A partir do momento em que a tecnologia e a ciência permitiram aumentar a ganância e vaidade humana,tapam-se buracos para destapar outros, e já não se sai deste ciclo vicioso, esse é que é o grande problema do mundo, o resto é apenas paisagem...é caricato como algumas pessoas utilizam aquilo que eu já tinha dito, só que não querem dar o braço a torçer... é por aí que temos que começar.

Anónimo disse...

OBVIAMENTE que falava em 70 milhões de hecatares sem incluir um único da Amazônia, Pantanal ou Mata atlântica. Ataques gratuítos como o acima só mostram pobreza de espírito. Que triste.

Anónimo disse...

Caro JSA, acompanhe um gráfico de evolução do Ouro, é impressionante: há um descolamento total á crise do subprimes. Mas tudo bem, o Ouro é ainda reserva de valor. Entretanto, isso pode ser visto em muitos insumos, básicos ou industrializados. Todos estão em alta. Não há navios, aviões, maquinários leves ou pesados, sem fila de espara no mundo. Cobre, Manganês, Estânio, Zinco, Chumbo, Café, Milho, Arroz, feijão... operam nos preços máximos de sempre. Biocombustíveis culpados ? Complicado.

O programa de Biocombustíveis, baseado no álcool de cana de açucar está em funcionamento a mais de 30 anos no Brasil. É um sucesso absoluto. Por que não analizá-lo á fundo, ao invés de analizar um programa que parece mal sucedido nos Estados Unidos e, que não tem uma década ?

Anónimo disse...

Ao anónimo, até aí estamos de acordo em relação à amazónia. Mas essa terra existe porquê?... não é a Amazónia que está desde há muito a ser desvastada. Possivelmente muita dessa terra que fala, hoje está inutilizada, porque as más práticas agrícolas e pecuárias deram cabo dela. Então é necessário constantemente abater mais floresta para criar novas áreas de cultivo e de pastoreio, onde a palavra de ordem é a de avançar constantemente pela floresta porque a terra utilizada vai ficando pobre e degradada. Em relação ao que diz da corrupção "os políticos do terceiro mundo"
Claro, a culpa é dos que estão por baixo. Como todos sabemos, entre gente fina e educada não há corrupção. A propósito, e para nos entendermos, qual é a definição de corrupção?». Isso pergunto eu?... Qual é a diferença entre os poderosos do mundo mais rico e dos mais pobre? Então vocês são contra os políticos do primeiro mundo e os outros são diferentes porquê?... Não são todos iguais? Agora a moda é carimbar quem tem poder nos países ricos e absolver quem detém o poder nos países pobres. Que eu saiba, os países menos desenvolvidos são os que têm mais corrupção. E só não é corrupto quem não pode. E atenção que não falo só nos políticos, falo da sociedade no seu todo em geral. Diz-me «que entre gente fina e educada não há corrupção». Mas eu alguma vez disse isso?... Agora se me disser que nos países mais avançados existe uma outra mentalidade que impôe limites à corrupção e que permite educar as pessoas de maneira diferente para produzir riqueza e não tirar eu já posso aceitar. Se o ocidente explora o resto do mundo não sei. Mas sei que a corrupção emperra desde há muito o desenvolvimento dos países menos desenvolvidos, explorando mal os seus recursos e deixando que alguns mais ricos se aproveitem disso. Como vê, entre uns e outros, não existe grande diferença. Diz você que são Ataques gratuítos como o acima só mostram pobreza de espírito? Acha que é um ataque e ter pobreza de espírito as veraddes que eu disse?... Todos são seres humanos iguais com a mesma vaidade e ganância, só que uns podem-na exercer, outros nem tanto...

Anónimo disse...

meu amigo, por anónimo, existem várias pessoas aqui... obviamente que o texo sobre corrupção é um disparate. Bem, sou anónimo pq por alguma razão minha identidade não está validando...

Anónimo disse...

Qual é que é disparate? O meu ou o do outro? Não vale a pena definir corrupção?

Anónimo disse...

Porra!

Podem ficar no anonimato e mesmo assim escolherem um nome. Não custa nada e pelos menos evitam-se estas confusões.

Ou então criem uma conta no typepad e assim ninguém se faz passar por vocês e ficam na mesma no anonimato.

Jorge Oliveira disse...

Não será estultícia pensar que o cultivo das espécies destinadas à produção dos biocombustíveis (milho, soja, colza, cana de açúcar, etc, etc) permitirá obter, em tempo real, as quantidades colossais de hidrocarbonetos líquidos que levaram milhões de anos a acumular, a partir de muitos milhões de toneladas de várias camadas de matéria orgânica sobrepostas?

Alguém já fez as contas? O que é que os biocombustíveis acrescentam à nossa felicidade? Não será um perfeito disparate inutilizar milhões de hectares de terra arável com esta finalidade? Para mais quando se torna previsível que o automóvel do futuro tem de ser, e será, um veículo com motor eléctrico e um acumulador eficaz?

Entrámos noutro dos delírios em que a humanidade frequentemente se deixa arrastar pelos arautos das desgraças e simultaneamente salvadores da espécie?

Anónimo disse...

Por que inutilizar? São terras agrícolas a mais... produtos agrícolas a mais... inutilizar? como?

Motor eletrico séria ótimo mas de onde viria a Energia ? Hoje ela simplesmente inexiste e a crise seria maior. Por hora, queiramos ou não, não existem muitas alternativas limpas...

alf disse...

Eu tenho a suspeita de que por detrás deste aumento de preços dos produtos agricolas estará o facto de a agricultura ser hoje sobretudo uma indústria, moderna, poderosa, que domina os circuitos de produção e distribuição.

Já não está na mão do agricultor coitadinho ignorante e explorável pelos colarinhos brancos.

Com o caminhar para o fim dos subsídios, os industriais da agricultura fazem agora valer a sua força aumentando os preços.

Afinal, eles são tão vitais como as empresas petrolíferas, não é? Se as empresas petrolíferas conseguem aumentar os preços dos combustíveis desta maneira, porque razão as empresas agrícolas não haveriam de o conseguir?

Isto não seria propriamente um problema se grande parte da humanidade não dependesse da outra. A solução também é simples: passa-se a subsidiar mais a alimentação destinada aos paises que não produzem o que precisam. Mas não demais, porque eles têm de começar a tomar medidas de controlo populacional e soluções de autosuficiência.

A autosuficiência básica é essencial como se vê e um pais que não cuida disso fica joguete destes fenómenos

Anónimo disse...

Os comentários deste tema já vão longos, amplos e com uma taxa de acerto igual à taxa de asneiras.
Por isso gostava apenas de fazer duas chamadas de atenção que parece que se impõe:
- Alguém pediu a adição de um economista no Blog/Discussão. Dispenso-os. Há 25 anos que tento descobrir a sua utilidade. E neste caso em concreto parece-me que esses senhores têm alguma (ou muita culpa). Portanto em minha opinião, para manter o nível, dispensam-se.
- Cuidado com os nomes que se chamam às Pessoas. Os políticos fazem política. Que é o mesmo que enganar o povo à procura do voto. Felizmente que é só de 4 em 4 anos.
Penso que os comentadores que falaram em políticos se estavam a querer referir ao Governantes! Isto é Ministros, Secretários de Estado, Presidentes de câmara e outras funções preenchidas directa ou indirectamente por sufrágio universal. Estas são as pessoas que têm a responsabilidade de desenvolver políticas (não confundir desenvolver ou implementar políticas com o fazer política) económicas, de Saúde, Educação, de segurança, sociais etc. São coisas, funções e pessoas diferentes (infelizmente).
Se fosse tudo exactamente a mesma corja, as despesas com eles seriam muito menores.

Jorge Oliveira disse...

Caro Anónimo das 12:31

O seu comentário sucede ao meu e tentou ser uma resposta às questões que levantei. Pois, não me considero esclarecido.

Terras agrícolas a mais? Porquê, então, arrasar tantos hectares de floresta, inclusivamente da sua Amazónia, para dispor de terrenos destinados ao cultivo das espécies produtoras dos biocombustíveis?

Produtos agrícolas a mais? Porquê então esta alta de preços dos produtos agrícolas?

Motor eléctrico? Sim, claro. É o futuro.

A energia virá de uma célula de combustível, ou de uma bateria de iões de lítio ou de hidretos metálicos de níquel, com recurso à nanotecnologia, … enfim, um mundo de possibilidades a que só falta algum aperfeiçoamento e vulgarização para dispormos disto tudo a preços aceitáveis.

E de onde virá a energia que vai carregar todas essas baterias? Ah! Talvez alguém aqui saiba responder.

Anónimo disse...

Anónimo das 21:10 e das 21:17,

Quem disse que não há cumulação de riqueza, relatimente à produção biocombustíveis?

Os biocombustíveis são um negócio, tal como o petróleo. Tal como o petróleo, os biocombustíveis vão ter imensa procura, cada vez mais à medida que conseguirem aumentar a sua eficiência. Logo, vai haver acumulação de riqueza, nas "mãos" dos produtores de biocombustíveis.

Os biocombustíveis não são apenas produzidos em nações periféricas da Asia, Africa e América Latina. Os biocumbustíveis já são produzidos em países desenvolvidos, inclusive pelos Estados Unidos e por Portugal (há duas ou três unidades de produção de biocombustíveis a laborar em Portugal). E com o aumento da sua procura, é provável que todos os países passem a aproduzir biocombustíveis.

Uma grande parte de dióxido de carbono que é libertado na combustão, durante o processo de produção desses combustíveis não é fixada, pois as árvores, mais eficientes nesse processo têm vindo a ser destruídas pelo mundo, várias delas para dar lugar a terrenos de produção agricola e no Brasil parte dessa produção destina-se à produção de biocumbustíveis.

Convém referir que o aumento de CO2 leva à diminuição das defesas químicas naturais de algumas plantas contra os insectos que delas se alimentam, destruindo assim as colheitas ou parte delas. Curiosamente a soja, utilizada para a produção de combustíveis, é uma dessas plantas.

O Petróleo está a ser usado para mover carros porque ainda não há um eficiente solução alternativa. Mas está-se a trabalhar nisso. Qualquer que seja a utilizade que se dê ao petróleo a nível energético, as consequências ambientais serão sempre más. E engane-se quem pensa que os biocumbustíveis são melhores nesse aspecto.

Não, os países do sul não têm condições para duplicar sua produção agrícola em 3 anos. Os países do sul não são desenvolvidos, não têm individuos devidamente habilitados, nem tecnologia decente, nem meios suficientes (a escassez de água é um dos problemas), nem meios monetários para investir. A abertura de mercados está dependente da vontade do poder político, não podendo ser resolvida facilmente em vários países.

Duplicariam e ainda produziriam biocombustíveis? Isso é muito utópico tendo em conta o período que referiu: 3 anos.

O Brasil tem dos maiores PIB per capita do mundo mas não é dos países mais ricos. Muitos pobres tem esse país. É um exemplo de acumulação de riqueza numa parcela de individuos. Por enquanto, o Brasil não é lá grande exemplo.

Diz que há 70 milhões de hectares ociosos em pastagens ou áreas agrícolas não utilizadas. No entanto, continua-se a destruir a floresta amazónica... É sabido que parte dessas hectares não utilizados deve-se a políticas agrícolas intensivas que terão danificado os solos. Os recursos naturais têm um limite de eficiência, não podem ser utilizados sem as devidas precauções.

Anónimo disse...

Obrigado Alexandra, mas em relação à destruição da selva amazónica eu já dito isso, não era necessário copiar. E quanto ao Fernando Carias, dado que falei em políticos, disparates ponto e vírgula, eu não me incluo dentro dos disparates que ele acusa as pessoas que falaram em políticos aqui fazerem. Alguns podem dizer disparates, eu não disse. Quem diz disparates é ele, porque vê-se logo que não sabe o que diz. Soube criticar, mas foi incapaz de desenvolver o tema com coerência. E atenção que eu não falo só em políticos. Por acaso é capaz de negar as responsabilidade da política nesta questão?... Os políticos são gente como outra qualquer, com qualidades e defeitos, e são pressionados quer pelo eleitorado como pelos interesses financeiros, como todos nós sabemos. A mentalidade dos políticos são a mentalidade da sociedade que governam. Disparates diz o Fernado Carias.

Anónimo disse...

bem, quanto á amzónia, sào disparates ditos por quem não conhece a realidade. Nào se produz biocombustíveis na amzónia. Há uma expansào devido á pecuária, mas isso é questào de ordenamento. Bem, abram mercados e em 3 anos a producao agricola do brasil dobra. garantido ! Já é o segundo maior produtor, portanto dobrar significa muito. Quanto á tecnologia, é detentor de muita, mas isso é só ir a um sítio de métrica cientifica e comprovar...

Somente os países da América Latina, Asia e Africa teem condicao de prover grande quantidade de biocombustível. É necessário ter terra, agua e sol. Capital nunca foi limitacao em nacoes abertas.

alf disse...

Puz um post no meu blogue sobre este assunto que, pelos vistos, continua activo nos comentários.

Alexandra, onde descobriu que o aumento de CO2 torna as plantas mais susceptiveis aos insectos? É exactamente ao contrário. Nos paises mais avançados, ninguém faz já estufas sem ser em atmosferas enriquecidas em CO2.

Anónimo disse...

alf,

Não esteja tão convicto disso. É certo que as plantas necessitam de CO2 para o seu desenvolvimento mas, eu não me referi a níveis razoáveis/normais de CO2 mas a níveis anormais e elevados.

Não me recordo ao certo onde li, mas sei que o caminho é por aqui: http://www.life.uiuc.edu/delucia/

Anónimo disse...

Anónimo de 17 de Abril de 2008 23:56,

Não me referia à produção fabril propriamente dita de biocombustíveis mas sim à produção agrícola, que é precisamente o primeiro processo na produção de biocombustíveis. E em locais onde era amazónia hoje há produção agrícola.

E acha mesmo que os países da América do Norte e da Europa não têm terra, água e sol? Podem ter é em menor quantidade. Falta de capital é barreira em matéria económica.

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