segunda-feira, 28 de abril de 2008
Mestrado em quê!?
Mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe
in Diário da República, 2.ª Série, n.º 51, 12 de Março de 2008
E, se o leitor reparou, o Mestrado em causa confere duas especializações: "Gestão de Campos de Golfe" e "Manutenção de Campos de Golfe".
Por outro lado, pela ordem natural das coisas, segue-se o Doutoramento...
Para mais informações, consultar, por exemplo, o "Guia do estudante" do semanário Expresso.
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13 comentários:
Novas oportunidades?!!
Ao que chegou o “meu querido país”, pelas mãos de quem o conduz, da "sopa do lavrador" e suas confrarias chegamos aqui...CAMPOS DE GOLFE? Técnicos em gestão e manutenção, de campos de golfe, desde o século quinze que pensamos nisto, ninguém o fez, nos últimos cinco anos, mas, “pela primeira vez foi feito” diz o falso “filósofo”… ?... a "agricultura do futuro?!!! somos ricos em água, que se construam mais Alquevas e pastem e pastem e pastem milhões de bolas brancas e verde relva, milhões mas deixem os tostões, guerra no pó, o futuro... depois de ruminarem todo o pasto… arrotos de metano, dizem que o terceiro mundo é no Hemisfério Sul!!!…
Ainda teimam em dizer que o terceiro mundo se encontra no hemisfério Sul!!!!....
Que quer, professora Helena Damião? É a crise: crise de crescimento sem rei nem roque do ensino superior em Portugal e decréscimo vertiginoso da natalidade lusitana!
Só desta forma se compreende que Universidade do Algarve congregue os esforços de duas das suas faculdade e de uma escola do ensino superior politécnico nela integrada – a Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo – para com a sua bagagem científica, mochila técnica e cajado de “knou-how” se aventurar por caminhos de um turismo/desporto de uma região tida como o segundo reino da Coroa Portuguesa até à implantação da República.
Que se trate com desvelo os "greens" algarvios, que a Universidade do Algarve crie até um mestrado em Matemática para calcular as percentagens estatística de acertar nos "greens", tudo bem ou até tudo mal!
E as criancinhas? Nem sequer uma licenciatura(zinha)em Gestão e Manutenção de Camposdo Berlinde?!
Helena,
Penso que não vai demorar muito até aparecer aqui um defensor deste mestrado. Digo eu que também já escrevi sobre o assunto.
É inadmissível que ainda não existam estas especialidades para os verdes campos de futebol.
O que aqui se vê, embora sendo o essencial, é apenas uma parte. O original está disponível [aqui].
Por estranho que pareça ainda me consigo surpreender com estas deploráveis iniciativas. Não devia. Desde que tomei conhecimento de como funcionam os cursos das Novas Oportunidades (em que não é preciso pôr os pés na escola para ter equivalência ao 12º ano), passando uma vista de olhos pelo anunciado curso Profissional de Futebolista com equivalência ao 9º ano de escolaridade (iniciativa do Instituto do Emprego e Formação Profissional)... daí para cima, tudo é possível... mestrados, doutoramentos, pós-doutoramentos... tudo vale neste Portugal à beira mar plantado... até a ignorância... É disto que o país de Socrates precisa!?
Aposto que os responsáveis por esse mestrado em campos de golfe o justificam com um arrazoado qualquer acerca da abertura da Universydade (e das escolas em geral) à sociedade civil e à comunidade envolvente. Essa abertura, quando é feita com espírito crítico e sensatez, não é má ideia. Mas neste caso a abertura parece ter sido grande demais, tão grande que (parafraseando a expressão de Carl Sagan a propósito da “open mind”) o cérebro caiu.
No Ensino Secundário existem diversos cursos também motivados por uma semelhante abertura acrítica à sociedade civil e à comunidade envolvente: há, por exemplo, um Curso Tecnológico de Desporto onde se aprende a organizar eventos desportivos e um Curso Profissional cujo nome não recordo, mas onde se aprende a arte de iluminar espectáculos e outros eventos.
Noutras áreas (Economia, etc.) esses arrazoados, esses discursos ideológicos e sem relação com a realidade, são rapidamente refutados e desacreditados. Mas na educação são levados a sério por muita gente (como se pode constatar lendo os comentários a favor do “eduquês” escritos por alguns leitores deste Blog). Porquê?
Carlos Pires
Pessoal estava a pensar numa nova oportunidade, vou abrir um mestrado em hi5 e outro em facebox apenas por 1000€ cada que dizem?
Já tenho ideias para outros mestrados:
Mestrado em ajudante de fotocopiador, alguem que ajuda alguem a tirar fotcopias num qualquer serviço publico; mestrado em arrumação de veiculos alheios nas grandes metropoles; mestrado em aparador de relva nos jardins publicos; mestrado em introdução ao pós-modernismo aplicado ao desenvolvimento cientifico e educacional actual;
Haveria uma panoplia de mestrados estupidos que eu poderia inventar, daqueles que universidades fantasma em todo mundo vendem por correspondencia, ha uma quantidade inimaginavel por todos nós simples cidadãos que pagamos impostos, de cursos superiores e tretas de mestrados e afins que nem fazemos ideia, este mestrado em campos de golfe é sem duvida nenhuma a maior aberração que eu podia conhecer vindo dos mestrados no ensino superior nos ultimos meses.
Portugal caminha lentamente para o abismo, está confiante no passo em frente que irá dar assim que dele se aproximar..
Eu, que já fui empregador, aprendi rapidamente a ignorar as habilitações dos candidatos a emprego. Mesmo pessoas formadas em universidades muito conceituadas podiam ser umas completas nódoas. E tive um génio em electrónica que quase não tinha habilitações.
O Ensino tem de ser encarado como algo que a pessoa faz para se valorizar; a sua carreira profissional vai depender exclusivamente do que ela valer como profissional. Um "canudo", por sí só, não pode conferir direitos. O que interessa é o que a pessoa realmente aprendeu e o que vale.
Isto é assim em muitas áreas do privado, mas não é na função pública. Por isso, este é sobretudo um problema do Estado, que depende dos "canudos" nos seus processos de admissão.
A única solução para isto, parece-me, é a desvalorização total do "canudo". Em áreas que envolvam responsabilidades pessoais, caberá às clássicas Ordens atestar a competência dos profissionais.
Depois, as pessoas mais ambiciosas procurarão as escolas que as vão preparar melhor para a carreira profissional que pretendem.
É um sistema completamente diferente do que conhecemos na nossa adolescência. Mas é o que está a acontecer, não parece evitável, e a situação mais perigosa será ficar a meio caminho entre os dois sistemas. Mas esta mudança exige muita adaptação por parte das empresas, do estado e da sociedade.
Para quem acha que é só cá que há cursos de golf:
http://www.education.bham.ac.uk/programmes/applied_golf_management_studies.shtml
Eu não tenho opinião sobre o assunto porque não sei nada de golf.
Quando trabalhei como jardineiro, em Londres, tive uma colega que tinha um curso técnico sobre tratamento de greens, é a única coisa que sabia sobre cursos ligados ao golf, e ela disse-me que trabalhar nos melhores campos, onde se fazem os torneios mundiais, é uma coisa bem paga, que era o que ela queria fazer a seguir, qualquer coisa na Escócia.
Se estes mestrados tiverem especialização em gestão de água já não será mau.
Não será possível arranjar um doutoramento em caddy?
A propósito de golfe: A Câmara de Coimbra quer autorizar um campo de golfe numa zona da cidade, classificada como de reserva ecológica, que ardeu há alguns anos. Cheira-me a esturro! Será que os autarcas de Coimbra não viram o filme "Call Girl"?
Carlos Fiolhais
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