quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Steve Jobs (Apple), 1996


Na sequência do seu post anterior, Norberto Pires informa sobre a posição de Steve Jobs e de outros autores em relação ao uso de computadores na educação:

Do famoso Steve Jobs em 1996 à Wired:

Wired: Could technology help by improving education?

Steve Jobs: "I used to think that technology could help education. I've probably spearheaded giving away more computer equipment to schools than anybody else on the planet. But I've had to come to the inevitable conclusion that the problem is not one that technology can hope to solve. What's wrong with education cannot be fixed with technology. No amount of technology will make a dent.

It's a political problem. The problems are sociopolitical. The problems are unions. You plot the growth of the NEA [National Education Association] and the dropping of SAT scores, and they're inversely proportional. The problems are unions in the schools. The problem is bureaucracy. I'm one of these people who believes the best thing we could ever do is go to the full voucher system.

(...) When you have kids you think, what exactly do I want them to learn? Most of the stuff they study in school is completely useless. But some incredibly valuable things you don't learn until you're older - yet you could learn them when you're younger. And you start to think, What would I do if I set a curriculum for a school? God, how exciting that could be! But you can't do it today. You'd be crazy to work in a school today. You don't get to do what you want. You don't get to pick your books, your curriculum. You get to teach one narrow specialization. Who would ever want to do that?

These are the solutions to our problems in education. Unfortunately, technology isn't it. You're not going to solve the problems by putting all knowledge onto CD-ROMs. We can put a Web site in every school - none of this is bad. It's bad only if it lulls us into thinking we're doing something to solve the problem with education.

Lincoln did not have a Web site at the log cabin where his parents home-schooled him, and he turned out pretty interesting. Historical precedent shows that we can turn out amazing human beings without technology. Precedent also shows that we can turn out very uninteresting human beings with technology.

It's not as simple as you think when you're in your 20s - that technology's going to change the world. In some ways it will, in some ways it won't. "

Sobre o mesmo asunto, leia-se o Finantial Times (Maio de 2006):

"Throwing laptops at the education problem is, alas, a whole lot easier than figuring out how to actually teach kids."

Ou daqui esta opinião tirada daqui que refere o caso português:

"I'm not saying it's not important for kids to know how to use computers and the Internet. But there's a base level of knowledge that kids need to have first, in all subjects -- math, English, foreign languages, music, art, science and others. It's foolish to kill some academic programs (even music, as Oppenheimer documents in some cases) in favor of technology acquisition. Kids who have access to computers will quickly learn on their own how to make use of the machinery and how to navigate the Internet as needed."

Pois... there's more in this than meets the eye...

J. Norberto Pires

5 comentários:

LA disse...

Não sei o que o Steve Jobs percebe de educação, se algum dia experimentou educar, nem percebo porque se vem para aqui com isto em vez de coisas sérias, uma vez mais é apenas a opinião de uma pessoa como as outras. Estudos, onde estão eles?
Sobre a opião do gajo, concordo em quase tudo, acho que as outras coisas são mais importantes do que o pc, apesar de ele nunca dizer que o pc é mau "none of this is bad".
A única falha do gajo é perceber que há inteligências diferentes, e se o Lincoln não precisou de um pc, há outros hoje em dia que também não precisam, mas são gajos que nunca trabalharam em matemática ou outras coisas relacionadas com isso, porque talvez o pc seja um estimulo, não para os Lincolns, mas para os Steve Jobs do futuro.
Artigos científicos sobre putos e pc's, onde andais vós? Ai como anda este De Rerum, meu deus, ai jesus do céu vinde cá baixo ver isto!

João disse...

Segui as links todas deixadas pelo autor e cheguei a um artigo que conclui: "And finally, the evidence indicated
that using their laptops in this fashion helped them to become better writers in general, not just
better writers using laptops."

...Percebo que ha ainda pouca base cientifica que suporte o uso de computadores e sei que resultados pontuais devem ser vistos com reservas, aqui cedo um ponto ao autor. Mas creio que ha o suficiente para criar um argumento em que os computadores tem lugar no ensino, desde que haja uma adaptação ao facto. E de facto não penso que só por si os computadores alterem o panorama nacional (educativo), acho que é preciso que se usem nesse sentido e da melhor maneira possivel. Acho que dizer que não é possivel melhorar o ensino com a ajuda de computadores é que é a questão. Apesar de não ter mudado muito de ideias compreendo que os computadores possam trazer dificuldades. Mas eles ja ca estão. Agora é preciso descobrir como tirar o maior beneficio possivel deles. Programas educacionais interactivos? Trabalhos de pesquisa sobre um tema? Tem de ser possivel.

Fernando Martins disse...

Claro que os computadores são muito úteis nas Escolas e no Ensino - ninguém põe isso em causa.

Desde que:

- os professores tenham primeiro formação para os usar em contexto de aula;
- os quadros eléctricos das Escolas aguentem com dezenas de computadores ligados;
- haja Internet com fartura e não aos soluços;
- haja disciplina e regras no uso dos computadores.

Ora em Portugal estes pressupostos prévios não são um dado adquirido (na maioria das Escolas nada de isto existe).

Logo:
- os projectos e-escola e Magalhães são um logro caro e eleitoralista;
- são muito similares às ofertas do Major Valentim em véspera de eleições;
- dão mais prejuízo à aprendizagem do que lucro...

Unknown disse...

Caro Eng. Norberto Pires, agora compreendo o seu ponto de vista. Infelizmente sem esta referencia, as opiniões que expressou no texto anterior ficavam bastante descontextualizadas.

Como afirma Steve Jobs, a verdadeira discussão deve passar pelos currículos e métodos de ensino e não pelos meios técnicos utilizados. Mas parece lógico que os métodos de ensino, por melhores ou piores que sejam, podem sempre ser beneficiados com o emprego da tecnologia informática. No século passado várias gerações de alunos apenas dispunham de uma lousa e giz para aprender. As gerações seguintes - para escândalo de muitos da antiga geração que achavam um desperdício - já dispunham de cadernos e lápis de várias cores. Actualmente fico contente por os novos alunos, graças aos computadores e projectores de imagem, terem acesso a inúmeros vídeos, mapas e esquemas que os ajudam quotidianamente a compreender melhor as matérias leccionadas.
Seria ideal começarmos o edifício do Ensino pelas fundações, ou seja, pela reforma dos planos curriculares. A via tecnocrata, vocacionada para a hiper-especialização é o caminho para o insucesso no mundo actual, onde o mercado de trabalho exige formação contínua e capacidade de reconversão. Infelizmente esta parece ter sido a via escolhida pelos sucessivos governos portugueses desde 1974, não tendo o actual governo dado mostras de a abandonar.

Pedro Lima disse...

Este post e o anterior sobre o magalhaes fazem-me apetecer inventar posts semelhantes sobre outros dispositivos que no passado foram introduzidos no dia a dia e que certamente sempre tiveram alguém a tecer semelhantes comentários. Por exemplo, apetece-me voltar a meados do séc. XIX e começar a escrever que a máquina de escrever vai roubar o prazer de escrever à mão e, ao acelerar o processo de escrita, retirar a paz de espírito necessária à criatividade dos escritores. O meu comentário não deixaria de ter algum sentido (ainda ontem soube que o nosso Lobo Antunes escreve à mão os seus romances, por uma questão de princípio e prazer de escrita) mas certamente faria rir muita gente hoje em dia. Também li algures que, quando os primeiros combóios entraram em circulação, algumas vozes diziam que a velocidade faria mal à saúde... e poderia continuar com mais exemplos.

Eu percebo a ideia, e até posso concordar com ela genericamente. Não me venham é misturar alhos com bugalhos: é claro que os alunos não aprendem só por causa de terem um computador, mas certamente adquirem muitas competências que a nossa geração (excepto os que, por motivos profissionais, sempre trabalharam com eles, como os universitários) não adquiriu. Por causa disso, todos conhecemos exemplos do dia a dia, em que pessoas desqualificadas deste ponto de vista, mas cuja eficiência laboral é fundamental, levam horas a escrever um texto em word e não sabem o básico de uma folha excel, só para dar exemplos comezinhos. O magalhaes servirá, naturalmente, para que esta geração não tenha estes problemas, da mesma forma que a nossa e a anterior não escreviam à mão se tivessem uma máquina de escrever por perto...

O que me parece é que o post tem outras intenções... Se viesse de alguém como o Dr. Pacheco Pereira (que escreveu coisas parecidas, mas piores, sobre a introdução do magalhães nas escolas) eu até perceberia... mas de um professor universitário, ainda por cima da área das tecnologias, fico desconfiado.

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