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A planta era conhecida pelos gregos que a designavam «amarantus», que significa «nunca murcha», e na Índia o reconhecimento das suas virtudes é evidenciado pelo seu nome em sânscrito: «amarnath» ou «rei da imortalidade». A realeza sueca recompensava os seus súbditos que se destacavam em exibições de força oferecendo-lhes coroas feitas desta planta. Os gregos, por sua vez, usavam a oliveira para as coroas de glória, nomeadamente, nos primórdios dos Jogos Olímpicos, os atletas vencedores eram homenageados com coroas de oliveira, tradição suplantada pelo louro com o domínio romano mas retomada nos jogos de 2004 na Grécia.
Na cultura mediterrânica, a oliveira, símbolo da paz, era considerada uma fonte de força e de saúde. Esta associação do amaranto e da oliveira a coroas de glória para feitos atléticos é curiosa uma vez que ambas as plantas se encontram entre as principais fontes vegetais de um anti-oxidante de efeitos reconhecidos, o esqualeno, um isopreno como as vitaminas E e A, compostos cuja estrutura foi descrita por Paul Karrer, laureado com o Nobel da Química em 1937.
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Outra semelhança entre estas plantas é o facto de uma dieta rica em ambas (ou seus derivados) contribuir para a redução dos níveis plasmáticos de colesterol, embora no caso do amaranto sejam necessários mais estudos para confirmar os resultados preliminares e elucidar o mecanismo da sua acção.
Os efeitos benéficos do azeite na saúde humana são desde há muito reconhecidos, nomeadamente está bem assente que a sua inclusão na dieta apresenta, entre outros benefícios, uma considerável redução do risco de cancro de mama. Theresa J. Smith (artigo em formato pdf) e Harold L. Newmark, sugeriram que o efeito protector se deve à elevada quantidade de esqualeno contido no azeite (especialmente no extra virgem). De facto, existem numerosos estudos sobre o efeito do esqualeno, em aplicação tópica ou em administração sistémica, sobre vários tipos de cancro, da pele, do intestino e do pulmão, induzidos quimicamente em ratinhos. Os resultados obtidos sugerem que o esqualeno possui efeitos anti-carcinogénicos notórios e alargados.
Mas as fontes vegetais deste triterpeno só começaram recentemente a ser consideradas uma vez que, como o nome indica, o esqualeno foi identificado pela primeira vez no óleo de fígado de peixes da família Squalidae, ou seja, óleo de fígado de tubarão, uma das fontes mais ricas de esqualeno.
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O esqualeno é um precursor da biossintese de esteróides que está presente naturalmente no corpo humano, estando concentrado na pele onde fornece protecção contra germes e contra os danos oxidativos causados por radicais livres. O esqualeno apresenta assim propriedades que o tornaram muito importante em cosmética (e medicina), já que para além da acção anti-oxidativa actua a nível celular melhorando a oxigenação e regeneração dos tecidos e é absorvido rápida e profundamente. Nos últimos anos, devido a preocupações ecológicas, muitas empresas de cosméticos deixaram de utilizar o óleo de fígado de tubarão nas suas formulações, substituindo-o por análogos vegetais, nomeadamente por óleos vegetais ricos em esqualeno.
A Oceana, uma organização de defesa dos oceanos, anunciou na terça-feira que a Unilever se junta este ano a outras empresas e irá substituir o óleo de fígado de tubarão, que utilizava em produtos como o Dove ou o Pond's, por esqualeno de origem vegetal. Esperemos que este bom exemplo seja seguido pelos fabricantes de suplementos alimentares naturais e que o tubarão deixe de ser pescado exclusivamente devido aos seus bons fígados.
E esperemos que cada vez mais pessoas se apercebam que o prefixo bio no nome de um composto químico não lhe altera as propriedades (embora lhe possa alterar as virtudes ecológicas): o esqualeno, como outra molécula qualquer, apresenta exactamente os mesmos efeitos quer seja obtido por síntese, da azeitona, do amaranto ou do fígado de espécies ameaçadas de extinção!
1 comentário:
Uma excelente notícia, que deve ser divulgada, para se obstar ao massacre desses animais.
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