quarta-feira, 21 de junho de 2023

INVIOLADA NOIVA DE QUIETUDE

Thou still unravish’d 
bride of quietness
“Ode to a grecian urn”
John Keats

Inviolada noiva de quietude,
deixaste-me na terra, abandonado
a uma solidão que não é virtude,
antes me volve eterno condenado.

Passaste, suave, quieta, doce,
como quem pisa sem sequer pisar,
sendo o teu ser como se só fosse
uma brisa que nos vem visitar.

Inviolada noiva de quietude,
deixaste-me, podendo-me levar!
Havendo em ti tanta solicitude, 

por que me deixaste neste penar?
Como pôde tanta suavidade 
não tentar travar tanta saudade? 

Eugénio Lisboa

2 comentários:

Carlos Ricardo Soares disse...

Bastaria ao Eugénio Lisboa ter escrito este soneto para eu o admirar como grande poeta.

Eugénio Lisboa disse...

Obrigado, caro Amigo. Tento apenas, com pouca arte, retribuir a grande que me tem visitado e consolado.
Um abraço
Eugénio Lisboa