Não é a lezíria e o rio azul
E cinzento na tarde a ondear.
Não é o juncal ereto a rondar
A água tão trémula a rumar ao sul.
Não é o pelourinho da cidade
Nem são as praças submersas em luz.
Não é do nome a materialidade
Ou o sublime sonho rente à cruz.
Não é a alta imponência do pilar
Nem é a ribeira cheia de chagas.
Não são no relevo as calcárias fragas
Nem a ponte sobre as crianças magras.
Quem me prende com enlevo o olhar
É da espadana do monte o teu ar.
Ângelo Alves
Shakespeare: "Somos feitos da matéria dos sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono"
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