"Quero que o mundo inteiro nos ouça e veja onde chegamos
para tentar escapar da guerra. Vivo um grande sofrimento.
Faço esta declaração para evitar que outras pessoas vivam o mesmo.”
Pai de Aylan Kurdi (aqui)
Quem inventou esse slogan (não sei quem foi) teve o dom de traduzir em três palavras a tragédia de toda uma gente a quem a desgraça da guerra tocou, que tenta escapar da morte pelas armas e acaba morta no oceano ou perdida em caminhos e campos, mas traduz igualmente a tragédia de toda uma outra gente que pensa estar a salvo da desgraça no seu conforto quotidiano não percebendo que também morreu ou se perdeu algures no que há de mais profundamente humano: a compaixão.
O nosso sangue deveria congelar não só pelo pequeno Aylan ("O meu sangue congelou", foi o que disse Nilüfer Demir que o retatou) e por quem partilha da mesma sorte mas, talvez, sobretudo por quem poderia fazer valer esse sentimento e nada faz ou, como temos visto, impede que outros o façam.
Cartonistas de diversas do médio oriente representaram esta dupla tragédia aqui (uso o artigo da jornalista Helena Bento do Expresso).
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