Depois de quase extintas no sistema educativo público português, as línguas e culturas clássicas estão a recuperar o lugar que lhes cabe tanto no ensino básico como no ensino secundário.
O Ministério da Educação e Ciência abriu a possibilidade às escolas de integrarem na sua proposta curricular uma componente designada por "Introdução à Cultura e Línguas Clássicas" nos três ciclos do ensino básico. Também recomendou a abertura, como opção, do Latim e do Grego no ensino secundário.
Cabia aos professores e aos directores a concretização dessa proposta e dessa recomendação.
Nas mais difícies condições (restrição de tempo, iniciação de um trabalho novo, desconhecimento da reacção da comunidade...), muitos directores e professores deram, durante Junho/Julho, um passo em frente, de modo que neste Setembro, passados dois meses, temos a "Introdução à Cultura e Línguas Clássicas" em muitas escolas do continente e das ilhas, na forma que foi possível encontrar (disciplina, clube, projecto, tema de biblioteca...). Temos também mais turmas de Latim e de Grego.
Dado que muitos professores de Clássicas se aposentaram enquanto esta área definhava e poucos jovens entraram no sistema, temos, também, a inciar-se uma acção de formação contínua que acompanhará aqueles que entendem necessitar de suporte para leccionar "Introdução à Cultura e Línguas Clássicas" ou que se preparam para a leccionar.
Em suma, apesar de ainda não conhecemos "os números", os dados dispersos que vamos recolhendo fazem-nos crer que o título do Diário de Coimbra de 22 deste mês está certo; é um "regresso" em força da Cultura e Línguas Clássicas à escola pública.
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5 comentários:
Parece ser uma boa noticia. Digo "parece" porque, tendo em conta o periodo, seria ingénuo excluir por completo que este anuncio seja uma medida meramente eleitoralista. Resta-nos esperar que não.
Boas
Prezado Leitor João Viegas
Na verdade, o trabalho que, felizmente, agora ganha visibilidade nesta área fundamental do currículo inicou-se há muito tempo (intensivamente, há mais de dois anos), nada tendo a ver com posições políticas, agendas eleitorais ou outros interesses marginais àquilo que a educação escolar deve ser.
Poderá esta declaração parece-lhe ingénua face ao conhecimento que terá e que eu tenho de forças e poderes que interferem nos sistemas educativos, empurrando-os num determinado sentido (o nosso está longe de ser excepção) mas é preciso reconhecer que há muitos professores e escolas que sabem e podem ensinar o que é importante aprender. Apenas isso.
Cordialmente,
MHD
Obrigado pela resposta. Muito bem, congratulemo-nos então e felicitemos aqueles que tiveram esta excelente iniciativa e tornaram possivel esta medida de bom senso.
Boas
Não podemos analisar sempre as notícias com o sentido de oportunidade política. Esta surgiu AGORA com certeza porque a jornalista quis escrever um artigo sobre o início do ano lectivo e, perante as informações que recolheu, deu-lhe aquele título forte. Além disso, a luta pelo regresso das línguas clássicas às nossas escolas é contínua,há muitos anos, independentemente dos titulares da pasta da governação.
OK, fiquei esclarecido. Excelente iniciativa.
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