segunda-feira, 11 de maio de 2015

SOBRE A PACC

Depoimento que prestei ao jornal Público:

 A prova de avaliação de professores (PACC) tal como a concebeu Nuno Crato, é uma aberração. Não se destina a escolher os melhores, que era o que o ministério devia fazer, mas sim a eliminar alguns candidatos de uma maneira muito duvidosa. A PACC parece ser uma arma de arremesso político contra os professores: em vez de reforçar a confiança neles, quer miná-la.

 Quando o Ministério diz que chumbaram 63% dos 68 professores que se apresentaram a concurso em Físico-Química, dizendo implicitamente que a culpa das falhas na educação nacional é dos docentes, esquece-se que há por todo o país vários milhares de professores dessa disciplina competentes e empenhados. Ainda há pouco estive em Braga numa acção de formação e estavam, só dessa cidade, mais professores do que aqueles que em todo o país fizeram a prova. Fui à margem do ministério, claro. Numa altura em que a formação de professores devia ser reforçada por haver novas metas e programas em Física e Química, o ministério demitiu-se por completo das suas responsabilidades.

O Instituto de Avaliação Educacional (IAVE) pouco sabe de estatísticas. É ele que anuncia que a média mais alta é a Educação Especial (3.º ciclo) com a nota de 88 em 100. Mas, pasme-se, só havia três candidatos, pelo que essa média não tem qualquer significado! E é o mesmo IAVE que nestas e noutras provas cometeu erros crassos. Para não falar das trapalhadas em que meteu as escolas e os professores de inglês com a prova em "outsourcing". Tal como está, o IAVE não tem credibilidade. Teria não só de ter competência técnica, mas também de mostrar independência relativamente ao ministro.

2 comentários:

Meditação holística disse...

Não deixa de ser monstruoso tanto chumbo - 63% de 68 professores. A reflexão deveria centrar-se no "porquê" e não no "quanto". Das três, uma; das três, duas ou das três, três:
Ou os exames se encontram discrepantes dos conteúdos que se trabalham nas faculdades;
Ou o ensino superior é incompetente e prepara mal os professores;
Ou os professores não sabem mesmo.

Unknown disse...

Tambem se deve escrutinar e bem a responsabilidade que tanta oposição e greve tem trazido para as alterações e rumo das avaliações. A unica preocupação que devia ser a qualidade do ensino -aferido sem inclusão de "eu acho", na altura das avaliações, tem sido preterido por abusos como "defesa da escola publica, praticas de gestão de escola e turmas que escondem os incompetentes...enfim artimanhas que quem por isso se interessa percebe que o resultado seja tão mau, como o que se verifica nas descidas nos rankings das escolas publicas. Em vez da prioridade da politica no seu pior devia mover o interesse das partes a qualidade e ajuda dos professores e do ensino e resultado dos alunos. Como sempre os mais afectados, os pais nada dizem.

NO AUGE DA CRISE

Por A. Galopim de Carvalho Julgo ser evidente que Portugal atravessa uma deplorável crise, não do foro económico, financeiro ou social, mas...