sexta-feira, 8 de maio de 2015

Não podias ter sentimentos


"Se tivesses sentimentos estavas morto.
Não podias ter sentimentos."

(Abraham Bomba, barbeiro)

Já me haviam falado do longo documentário que tem por título Shoah, mas nunca o tinha visto. A sensibilidade que nele perpassa equivale ao terror que desvenda. Sensibilidade e terror que emerge em muita gente quando interroga profunda e corajosamente, como acontece neste caso, a enigmática condição humana, a condição de cada um, de cada "eu".

A realização é de Claude Lanzmann, a fotografia é de Dominique Chapuis, Jimmy Glasberg, William Lubchansky, o som de Bernard Aubouy, Michel Vionnet, a produção é de Les Fims Aleph e Historia Films com a participação do Ministério da Cultura Francês França. Foi publicado em 1985 e tem passado na RTP 2, entre 5 a 8 de Maio, às 23h30 (ver aqui)


Eis a sua apresentação:

"Aclamado como uma obra-prima por muitos críticos, Shoah é um registo cinematográfico sobre o maior dos males dos tempos modernos. Uma série documental, baseada no filme de nove horas de Claude Lanzmann, contra o esquecimento e sobre o impensável: a morte de mais de seis milhões de judeus pelos nazis, o Holocausto.
Realizado ao longo de 12 anos, apresenta entrevistas feitas em 14 países com sobreviventes, testemunhas e criminosos. Sem recorrer a imagens de arquivo histórico, usa entrevistas que visam “reencarnar” a tragédia judaica e visita os locais onde os crimes ocorreram.
O filme nasceu da preocupação de Lanzmann com o facto de o genocídio perpetrado apenas 40 anos antes começar a ficar escondido nas brumas do tempo, uma atrocidade que começava a ser higienizada pela História. 
O foco principal de Shoah são as histórias dos sobreviventes do Holocausto, perpetradores e testemunhas. Em vez de recolher depoimentos das testemunhas de uma forma tradicional, Claude Lanzmann realiza entrevistas muito longas e detalhadas com os intervenientes, tais como os elementos das SS Franz Suchomel e Franz Schalling, cuja filmagem foi feita em segredo. As entrevistas aos sobreviventes incluem, por exemplo: Simon Srebnik, um sobrevivente do campo de extermínio de Chelmno, Abraham Bomba, um barbeiro que cortava o cabelo às mulheres antes de estas entrarem nas câmaras de gás de Treblinka, e Rudolph Vrba, que conseguiu fugir de Auschwitz.
Os criminosos entrevistados incluem personagens como o acima mencionado Suchomel, que descreve as verdadeiras procissões de prisioneiros para as câmaras de gás em Treblinka e da construção de câmaras de gás adicionais. Outro entrevistado é Henryk Gawkowski, que conduzia embriagado, com vodka fornecida pelos nazis, os comboios que traziam os prisioneiros para Treblinka. Como testemunhas do Holocausto, Lanzmann entrevista Jan Karski, incumbido pelos líderes judeus do gueto de Warsaw de informar os aliados do extermínio em massa e da aquisição de armas para a insurreição. Também os sobreviventes de Treblinka testemunham sobre os residentes judeus que eram enviados para guetos. Numa cena especialmente marcante, eles falam sobre estes acontecimentos com Lanzmann, na presença de Simon Srebnik. 
Lanzmann também entrevista o historiador Raul Hilberg, especialista no Holocausto, que fala sobre a logística utilizada pelos nazis no transporte de milhares de vítimas para os campos através do sistema ferroviário. Hilberg explica a economia por detrás da deslocação e extermínio das vítimas. 

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